Ainda em Fatu-Hiva:
Ainda em Fatu-Hiva:
10°27'646S 138°40'135W
Ancorado em Fatu-Hiva
Desde que chegamos, fiz algumas manutenções no barco. Tirei novamente o guincho para cortar um buraco maior para a corrente passar, pois ela estava emperrando muito na largada da âncora, e aproveitei para inverter a peça que puxa a corrente, pois desgastou mais de um lado devido ao guincho ter sido usado fora de alinhamento esses dois anos.
Instalei também um ventilador de CPU de computador embaixo do sofá, empurrando o ar de dentro para fora por uma abertura, pois toda vez que usamos o gerador para carregar as baterias dá super-aquecimento no Prosine (carregador-inversor). Para ligar/desligar, instalei uma chave elétrica de duas posições, assim podemos ligar quando rodamos o gerador e o ventilador suga o ar quente de dentro do sofá, forçando a entrada de ar frio de fora pelos respiros que instalei em Joinville em 2007.
Fiz mais alguns ajustes no estaiamento, pois havia notado alguma folga quando atravessamos de Tahuata para Fatu-Hiva. Não tenho medidor de tensão dos estais, e não entendo muito de regulagem de estaiamento, então vou fazendo pouco a pouco e testando no vento.
Fiz um rolo novo para a corrente da âncora, pois o antigo estava parafusado demais e travado e a corrente comeu o rolo até o parafuso central, então, cortei o rolo original em três pedaços, e peguei uma peça menor que o Etienne me deu e adaptei no meio das duas peças de fora do rolo que cortei. Com isso a corrente tem novamente um trilho e fica mais difícil ela sair fora do rolo e ficar de lado na peça de aço inox da proa do barco, um problema que acontece todas as vezes que vamos recolher âncora, o que implica em demora na manobra. Quando se tem vento forte e barcos por perto, não podemos nos dar ao luxo de demorar a manobra de recolher a ancora.
Reapertei o prato de inox que fica no pé do mastro, pois esta entrando muita água salgada pelo mastro. Depois consertei uma rachadura que tinha na madeira em volta do pé do mastro, e pus sicaflex onde eu achava que podia estar entrando água. Do lado de dentro, desmontei o saco que cobre o mastro na passagem entre o deck e a cabine, e enchi de sicaflex as áreas por onde a água salgada passava. Agora é testar de novo.
Chegou um outro barco, mas só depois notei que era o Nokia, do John e Linda, americanos de São Francisco. Eu os conhecia pela Pacific Net, na freqüência 8143.0 as 23h UTC, pois durante toda a nossa passagem entre Galapagos e Marquesas, ele era o Net Líder e gerenciava a net. Meu radio SSB está muito bom depois da limpeza dos contatos e melhorias no aterramento, então é freqüente eu fazer "relay" (re-transmitir mensagem de algum barco que o líder não consegue ouvir), e o John já conhecia o Matajusi de nome. Ele veio nos visitar no barco e combinamos de ir mostrar um pouco da cidade e apresentar alguns nativos que faziam trocas, para eles trocarem alguns dos seus itens sem uso no Nokia.
No dia seguinte fomos juntos para a cidade visitar o Teko. Foi uma boa troca para os dois, o Teko com quatro cabos novos, e o John com três TIKIs esculpidos em madeira rosa. Ainda passamos por outras casas e ele trocou uma corda velha por quatro toranjas, e vimos umas esculturas lindas, que reconhecemos como sendo de Hapatoni, pois em Hanavave o forte é TIKI esculpido em madeira ou pedra, e tapas. Fiquei encantado com uma espada com ponta de bico de peixe espadarte, e cabo todo esculpido em madeira rosa, com um peixe cuja calda era um TIKI. Ofereci uma troca, que eles concordaram e pediram que eu fosse ao barco buscar meus itens. Voltei pouco depois com uma sacola com itens, incluindo um casaco argentino a prova de chuva e forrado com lã, que eu trouxe para o barco, mas nunca usei, pois é muito quente. Trouxe também uma garrafa de dois litros de vinho tinto chileno, e dois óculos escuros. Ele quis a garrafa, um óculos e mais US$100. A Lilian ofereceu os US$100 como presente de aniversário adiantado, e fechamos assim. De lá fomos para a casa do Teko e Marie Christine fazer uma visita. Lá, a Lilian deu de presente para a Marrie Christine algumas peças de roupa que ela não usa mais, para ser guardado para a filha dela. Em retribuição, a Marie Christine deu de presente para a Lilian um TIKI e mais duas tapas. Na saída, o Teko me deu um galo vivo! No final, boas trocas para o dia. Ainda trocamos com os garotos que sempre querem trocar conosco, um saco de laranjas por duas fieiras com anzol mais alguns pirulitos e barras de cereal da Nuttry.
Voltamos ao barco e me pus a matar e limpar o galo, minha primeira vez! Convidei o John e Linda, que declinaram e o Etienne e a Chantal que confirmaram, para vir comer o galo a noite. A Chantal me deu um pouco de vinho tinto e sugeriu que eu usasse um pouco de farinha no molho para dar uma engrossada. Temperei com uma cebola, seis dentes de alho, vinho e minha pimenta especial, que trouxe de Granada quando por lá estive, e cozinhei em panela de pressão por uma hora e vinte. A Lilian fez um arroz e a Chantal trouxe umas batatas cozidas. Um scotch de aperitivo, com o gelo que eles trouxeram, e de sobremesa, brigadeiro que a Lilian fez. O jantar de despedida deles foi maravilhoso, com todos lambendo os dedos no final. Não sobrou nada do galo!
No dia seguinte lá pelas oito e meia, o Gabian partiu para Atuona. Combinamos de tentar nos re-encontrarmos no ano que vem em algum lugar do Pacifico. Eles vão deixar o barco em Raiatea, e eu em Nova Zelândia, então eu tenho umas mil milhas a mais do que eles para navegar até Novembro. Temos que ir andando, pois havíamos planejado partir na quarta-feira, mas fui convidado pelo Jack para uma caçada de porco selvagem, que não perderia por nada, e resolvi ficar mais uns dias em Fatu-Hiva. No final, o Jack bebeu muito na noite anterior e deu tilt no dia seguinte, e acabamos não indo caçar. Eu estava super preparado para passar a noite na caça, e fiquei um pouco desapontado de não ter acontecido, mas fica para a próxima.
Logo em seguida à partida do Gabian, vi o Nokia levantando ancora. Ele havia ido à cidade, então estranhei ele estar levantando ancora. Pensei que ele ia por o barco na única poita da cidade, que estava sendo usada pelo Gabian, mas ele falou qualquer coisa sobre ter sido expulso que não entendi, então por sinais combinamos de falar pelo radio VHF assim que ele estivesse em controle do barco a caminho. Ele me chamou no VHF e disse que um policia havia pedido seus passaportes, que eles disseram não ter ainda sido carimbados em Atuona, então o policia mandou eles partirem imediatamente. Na duvida, ficamos o dia inteiro no barco, limpando e fazendo manutenção. Fui somente até a margem da baia de pedras onde os garotos que sempre nos trazem frutas estavam pescando e me chamando. Fiz duas fieiras boas, com anzol grande e tudo, para eles pescarem alguma garopinha da margem de pedra da baia, e fui entregar a eles de botinho. Eles adoraram o presente e eu fiquei contente de proporcionar alguma atividade melhor do que a bebida para esses garotos.
O Teko passou pelo barco, e dei para ele também uma fieira grossa, para peixe grande, um CD de reggae em formato MP3 com mais de quatrocentas musicas, e um DVD do Piratas do Caribe 1, 2 e 3. Eles vão lembrar da gente por muito tempo.
Estamos planejando partir depois de amanhã, assim que o Teko tiver tempo de pegar umas frutas para a gente levar. Estamos com bastante limão e toranja, algumas laranjas, mas as bananas que colhi na ida à cachoeira e amarrei em um saco na targa, de alguma forma caiaram no mar quando não estávamos no barco, então estamos sem banana.
Tenho recebido muitos emails com pedidos de fotos, mas só consigo mandar quando tenho internet, e não tenho desde Atuona. Ontem tentei mandar algumas fotos comprimidas pelo sailmail, e consegui, mas meu irmão Sergio, que faz a manutenção do blog para mim disse que a qualidade não fica boa para postar. Vou continuar tentando mandar fotos pelo sailmail, assim pelo menos algumas fotos consigo postar no blog.
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