sexta-feira, setembro 21, 2012

Mauricius

Incrível! Fui ver quando escrevi o último blog e nós ainda estávamos em Rodrigues! Quanta água passou pela nossa quilha, quantas mudanças nas nossas vidas, nós ocupados com isso ou aquilo e o tempo foi passando, então, vamos fazer um sumário das nossas atividades desde nossa vidinha tranquila de Rodrigues.

Depois de termos ficado quase um mês inteiro em Rodrigues, tivemos que continuar nossa viagem ainda sem saber onde deixar o barco e dar um pulo de dez semanas no Brasil, para tratar de negócios, saúde e passar os nivers dos meus filhos com eles. A opção foi vir para Ilhas Mauricio e avaliar a possibilidade de deixar o barco aqui. Outras opções seriam La Reunion, e Richards Bay na África.

Percorremos a distância de quase quatrocentas milhas entre Rodrigues e Mauricio em um período onde os ventos baixaram, então fomos ajudando no motor quase que o tempo todo. Queria também acabar com todo o diesel do barco para trocarmos por diesel novo em Mauricio. Fizemos uma travessia sem incidentes, chegando em Port Louis já anoitecendo, mas com um pequeno incidente a bordo, onde o timão ficou travado depois de um bordo que dei, decidi por ancorar em Tombeau Bay, logo acima de Port Louis, uma ancoragem tranquila, mas proibida para ancoragens por conta de um cabo submarino que atravessa o fundo da baia. Com a carta Navionics marcando a posição do cabo, seguimos mais próximo da praia, ancorando em quatro metros com fundo de areia firme, onde passamos a noite, e onde tive oportunidade de trabalhar com o travamento do timão. O prendedor do timão, que quando parafusado segura o timão para não ficar de cá para lá com a maré, vento e corrente, foi instalado com uma arruela maior do que devia, e com o uso, e o encaixe do parafuso ir folgando, em uma certa condição, quando o parafuso fica muito solto, ele joga muito, e a arruela trava a corrente do volante. Até trocar essa arruela, vamos ter que ficar de olho nessa nova situação...

Cedo pela manhã, ja tínhamos saido da ancoragem e a caminho do porto para dar entrada, recebi uma chamada da Guarda Costeira pelo VHF pedindo para eu sair da área de ancoragem proibida. Respondi que estava navegando no meio dos navios do porto de Port Louis e que deveria estar na área reservada para a atracagem dos barcos de cruzeiro em minutos.

Depois de feita a documentação de entrada, fomos para a Le Caudan Marina, dentro da área do porto e atracamos a contra-bordo do Tago Mago, um barco francês comandado pelo Frederic, navegando em solitário.

Uma vez na marina, fizemos algumas compras locais, e fomos a procura de possibilidades para deixar o barco em Mauricio. Depois de avaliar todas as possibilidades, optamos por deixar o barco em Gran Bay, no Norte da ilha, em uma poita especial para segurar barcos durante furacões a um custo aproximado de US$500 por mês. Isso incluia uma raspagem do casco a cada trinta dias. Com o barco preparado para ficar sozinho, voamos para São Paulo.

Nossa estadia em São Paulo foi um furacão, entre exames de saúde, visitas às propriedades, e principalmente uma mudança muito grande e complicada na minha empresa, culpa da volta ao mundo, pois fico no barco com tempo livre para pensar, e vou arquitetando essas mudanças. Simplificando, troquei um acerto pela minha saída da empresa americana para quem trabalho a vinte e seis anos, pelos ativos deles no Brasil, assim, eles não tiveram que desembolsar e eu fico com o negócio no Brasil. Boa troca. De agora em diante, trabalho para mim mesmo, novos horizontes...
Outra decisão complicada foi a de optar por continuar e terminar a viagem sem parar para olhar mais a fundo no resultado do meu exame de PSA que vem aumentando nos dois últimos anos. Tendo todos os homens mais velhos da minha familia direta um histórico de tumor na próstata, o indicado pelos três médicos que procurei foi de eu fazer uma biópsia. Na minha avaliação, depois de considerar que esse tipo de tumor tem crescimento a longo tempo, e que PSA aumentando pode indicar outros problemas e não necessariamente um tumor, resolvi por fazer um tratamento para uma prostatite e refazer o PSA antes de voltar ao barco, mas não quero saber o resultado. Nada que eu possa fazer até chegar de volta no Brasil, e preciso da minha cabeça concentrada nas rotas, condições de tempo, mar e embarcação. No ano passado, na minha volta para o Brasil, fui diagnosticado com um carcinoma espinocelular no dedo do meio da mão direita. Entre diagnóstico e operação foi menos de uma semana. Voltei ao cirurgião para ver como estamos e passei nos testes. Temos que esperar cinco anos para saber se realmente eliminamos o problema, mas quando penso nos riscos que já corri na minha vida cheia de adrenalina, acredito que o dia que chegar a minha hora, não vai ser eu que vai conseguir adiá-la.

Com esses problemas, a minha empresa partindo para vôo solo, a empresa americana que administro seguindo para um congelamento, seguido de um encerramento de atividades; voltamos para o barco à uma semana, encontrando quase tudo bem. Sempre tem-se algo para fazer em um barco de cruzeiro. Algumas coisas vamos adiando, outras vamos eliminando, outras vamos aprendendo a conviver com elas. Dessa vêz, os maiores problemas a serem sanados incluiram uma limpeza mais eficaz do casco, quilha, leme, sail drive e hélice, pois a serviço pago para o pessoal da poita foi mal feito, o conserto do alto-falante amplificador do rádio VHF que estava com a fiação completamente oxidada, e um vazamento no boiler que ainda não resolvi.

O motor do bote, comprado em 2006 na Regatta em São Paulo, quebrou. Fiz de tudo que conhecia para consertar, mas o problema estava em algum lugar da parte elétrica, a qual conheço pouco. Então, vendi como estava para o taxista que ajuda os barcos de cruzeiro por aqui, e comprei um Tohatsu 8HP novo. No primeiro teste do motor, logo depois da entrega pelo distribuidor local, ja caiu o hélice, pois quem conferiu o motor não pôs a trave da porca. Foi só uma engatadinha de leve na ré, e lá foi o helice para o fundo. Sem problemas, o distribuidor veio e instalou um hélice novo, e tudo funcionando perfeitamente.

Estamos provisionando e partiremos para La Reunion nesse domingo, aproveitando que as condições de tempo e mar são favoráveis para a entrada na marina de Saint Pierre, ao sul da ilha, que só é permitida com previsão de ondulação até o maximo de dois metros e meio.

Mauricio tem tráfego intenso, oitenta por cento da população de origem indiana, e o povo não tem a mesma educação e postura com os turistas como em Rodrigues. A comida também não é tão saborosa quanto a de Rodrigues. Não passeamos muito por aqui, por conta de estarmos sempre ocupados com uma coisa ou outra. Temos que partir por conta da agenda de travessias, sendo Outubro o mês indicado como inicio para travessias para a África, onde queremos chegar logo para fazer uns safaris e preparar o barco para a travessia do Atlântico.

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