quinta-feira, dezembro 27, 2012

Durban a Port Elizabeth, Africa do Sul:

2012-12-26 Durban a Port Elizabeth, Africa do Sul:
Chegamos a Durban depois de quinze horas de uma travessia tranquila com vento e mar a favor, vindos de Richard's Bay, acompanhando o Scorpio e o Prynee II, com a unica exceção sendo a entrada no porto, pois vim muito aberto para aproveitar melhor a corrente assim como evitar navegar proximo às dezenas de navios ancorados fora, e acabei tendo que forçar muito de lado com as ondas que estavam na área de tres metros de altura, para chegar na boca do porto. O Fred Coelho do Estrela do Mar, um brasileiro que vive em Durban a mais de 30 anos, estava nos esperando já com uma vaga na marina de Durban.

Confortaveis e bem atracados em um pier da marina, mergulhamos na nossa maratona de serviços agendados para o barco, uma lista enorme de consertos, acertos e mudanças, que nos tomou trinta e seis dias de tempo integral, uma façanha que não teriamos conseguido sem o suporte fantastico que o Fred e a Cristina Coelho nos deram no tempo total que ficamos em Durban. Desses trinta e seis dias, somente tres dias nós não jantamos juntos, e durante a semana que o barco ficou no seco pintando e polindo, o Fred e a Cris nos acolheram na sua casa, onde eu e a Lilian tivemos o prazer de preparar alguns dos nossos pratos especiais como meu polvo e rabada, e a Lilian com seu frango no alho poró, cassarola de filet mignon, farofa, e pastas com molhos elaborados. O Fred e a Cris também prepararam alguns dos seus pratos preferidos, como a perna de carneiro, macarrao com molho branco, entre outros. Foi uma estadia maravilhosa com esses dois novos amigos.

Haviamos reservado com o Bowman no proprio Iate Clube a pintura e polimento do barco, mas no dia e hora marcados por ele, aproveitando a maré alta, faltou quinze centimetros para o barco subir na carreta, o que nos forçou a procurar alternativas diferentes e que no final, foram melhores e mais em conta do que se tivessemos feito no Bowman. Essa é uma situaçao preocupante, pois, mesmo existindo uma marina de serviços na baia com capacidade de guindaste para barcos até sessenta toneladas, a imagem plantada pelo pessoal do Iate Clube e o prórpio Bowman em interesse próprio, é que esse guindaste cobra preços explorativos, e que confirmamos não ser verdade. Na verdade, essa marina pertence ao Consul Dinamarques em Durban, que infelizmente não entende muito de marketing, então os comentários maldosos feitos pelo pessoal do Iate Clube acabam afugentando potenciais fregueses desses serviços em Durban, que procuram alternativas em Cape Town, causando uma perda de potencial receita para Durban.

Enquanto o barco estava no seco, contratei a raspagem e pintura do casco juntamente com um polimento completo do barco, com aplicaçao de cera no final, troquei o helice fixo de duas pás pelo KiwiProp com tres pás e pitch regulavel, além de dar uma checada geral na quilha, leme e sail drive. Aproveitei para retirar os adesivos de nome antigos que ja estavam completamente sem côr somente tres anos depois de colocados, e contratar a fabricaçao dos novos adesivos, agora com uma cor só e uma expectativa de vida acima de sete anos. No dia de descer o barco choveu a cantaros e isso promoveu que o guindaste encalhasse na lama que se formou no patio da marina. Entrei para coordenar o desencalhe, pois tinhamos hora certa para sair da marina com a maré na alta, e na euforía acabei dando uma cabeçada no helice, que só não abriu um belo corte na testa e na bôca porque eu estava usando um boné de aba larga que protegeu meu rosto na batida, mas sai tontinho.

Com a minha ajuda e coordenaçao, conseguimos desencalhar o guindaste e puzemos o barco na agua, deixando-o preso nos cabos até eu testar se tinha algum vazamento de aguá para dentro e se o helice estava funcionando corretamente. Com tudo parecendo normal, saimos da marina a caminho de volta para o Iate Clube, uma navegada em vento Sudoeste de quase trinta nós, o que ajudou quando, no meio do porto, o motor parou por falta de combustivel! Esquecemos de checar o nivel de diesel no tanque conectado! Foi um corre-corre danado para abrir velas, por o barco navegando a vela dentro da area do porto, conectar outro tanque e bombar o diesel até o motor, mas logo resolvemos isso e colocando o barco de volta no motor, para em seguida tentarmos entrar novamente na nossa vaga na marina, vaga que eu havia deixado paga mesmo sem o barco nela, para garantir que teriamos uma vaga quando retornassemos com o barco, mas o Iate Clube deu a vaga para outro barco... Isso nos deu algumas dorzinhas de cabeça, pois a proxima vaga cedida pelo Iate Clube não tinha profundidade para o barco na mare baixa, e acabamos sentados na quilha durante a proxima maré baixa. Olhando a tabua de mares, a proxima baixa iria ser trinta centimetros ainda mais baixa, entao foi correria para achar outra vaga. Mudamos para a nova vaga cedida pelo Iate Clube, mas dez minutos depois do barco atracado com segurança, veio o dono da vaga e pediu para a gente mudar de novo! Aceitei pois a explicaçao dele foi que a vaga do lado era usada para treino de controle de manejo de barco e ficava com estudantes entrando e saindo da vaga o dia todo e todos os dias! Na hora de pagar nossa estadia, não concordei em pagar por vaga ocupada por outro barco...

Enfim na vaga onde ficamos até nossa partida de Durban, que acabou atrasando por conta da demora do Clyde em entregar a cobertura nova do bimini, dog-house, conexão entre eles e fechamento da popa, proporcionando agora um fechamento total do cockpit, um conforto que deviamos ter feito desde o primeiro dia do barco na agua, mas que por falta de conhecimento, acabou demorando cinco anos para decidirmos a melhor forma de conseguir isso.

Com o barco pronto para sair, ficamos na dependencia de uma janela de tempo propício para as proximas pernas, nesse caso, a perna mais longa e uma das mais perigosas da Africa do Sul, chamada de Costa Selvagem, pois em um espaço de duzentas e cinquenta milhas não tem nenhum abrigo para o caso de mal tempo. Mal tempo nessa area quer dizer um Sudoeste entrando forte, o que pode formar ondas de até vinte metros de altura e que já causaram a perda de muitos barcos e navios, criando o maior cemitério de barcos do mundo. Nessa costa selvagem, o maior problema é que a corrente de Agulhas passa muito próximo da costa em alguns lugares onde a plataforma continental é curta, ficando impossivel para barcos procurarem aguas rasas para evitar as ondas enormes.

No dia vinte e um, abriu uma janela propícia e, depois de fazer a papelada de saida de Durban, zarpamos com a intençao de ir até Knysna se a janela permitisse, mas acabamos tendo que entrar em East London por recomendaçao da NET PERIPERI que entra no ar pelo SSB 8101khz todos os dias as sete e desessete horas, ajudando todos os barcos navegando pela costa Leste da Africa com informaçao de tempo e mar, e alternativas disponiveis em caso de problema ou perigo.
East London:
Entramos facilmente em East London, com uma arrancada ajudado pelo motor a 90% para descarbonizar e para conseguir entrar antes da saida de um navio atracado dentro que zarparia as dezessete horas, chegando na area de ancoragem na frente do Iate Clube de Buffalo River antes da saida do navio. Logo atrás entrou o Ainia, um barco do Canada tripulados pelo Bruce e a June. Depois de uma noite bem dormida, desci o bote e montei o motor para ir conhecer os outros três barcos ancorados por ali tambem, o Ainia que havia chego junto conosco e que vimos em Durban mais ainda não os conheciamos pessoalmente, o Camara que haviamos também visto em Durban, e o Jargo que já conheciamos de Mauricios. Organizei que ficariamos em contato no canal oito do VHF, e tentei organizar uma ceia de Natal juntos, caso ficassemos retidos em East London por conta do tempo. A tarde, fomos dar uma volta subindo o Buffalo River de botinho, voltando depois para receber no barco a visita do Ricardo e Paula mais seus dois filhos, sogro e sogras, outros brasileiros residentes de Durban que conhecemos através do Fred e Cristina, e que estavam passando férias, coincidentemente nas mesmas cidades onde poderiamos estar parando por conta do tempo.

Aproveitando uma janela propícia, levantamos ancora e preparamos para partir para Port Elizabeth, com o Ainia nos seguindo. Quando aviso o Controle do Porto que estavamos saindo, ele pergunta se haviamos feito o plano de viagem e entregue na policia local, um procedimento que desconheciamos, além de termos já subido bote e motor e preparado o barco para a próxima travessia. Depois de uma discussão no radio de mais de quinze minutos, veio um barco local que estava escutando tudo e se ofereceu para levar-nos até a policia local, ali mesmo na margem do rio, para fazer essa documentaçao de saida. Aceitei, desci um pouco de corrente da ancora, entendendo que a Lilian tinha deixada a ancora no fundo, mas com pouca corrente, e passei para o barco deles para ir fazer a papelada, que fizemos bem rapidinho, por sorte, pois a ancora não estava no fundo e o barco estava correndo solto dentro do porto! Com a Lilian dentro se despedindo pelo Skype, ela não notou que o barco estava quase batendo na parede do porto. Cheguei a tempo de ligar motor e voltar para o meio do porto, e terminei de levantar ancora, partindo em seguida, agora com a permissão do Controle do Porto.

A travessia de cento e trinta milhas entre East London e Port Elizabeth foi feita em vinte e duas horas, com mar calmo e quase que cem porcento no motor, pois o vento era fraco de Sudoeste, somente com o Staysail aberto no meio do barco e seguro pelas duas escôtas, para ajudar a diminur o balanço lateral. Na reta final, quando acelerei a noventa porcento para descarbonizar, a temperatura subiu muito. Isso pode ter causado por algum plastico que tenha tampado a entrada de ar do motor, entao, depois de abrir o filtro de agua dentro do motor e checar que nao estava entupido, desengatei esperando o barco diminuir bem a velocidade, engatei ré acelerando um pouco para empurrar o que quer que estivesse tampando a entrada de agua na rabeta para fora, voltando a engatar frente e acelerar para chegar no porto, mas a temperatura nao desceu rapido como eu esperava. Mais uma manutençao a ser feita na proxima marina...

Chegamos na marina de Algoa Bay em Port Elizabeth no final da tarde do dia vinte e quatro, prendemos o barco, tomamos um banho e ligamos para o Ricardo e Paula que ja estavam em Porto Elizabeth, ja em um restaurante local. Pedimos um taxi e fomos nos juntar a eles para a ceia de vespera de Natal voltando para o barco alimentados e cansados da travessia na noite anterior, fizemos internet, falamos com familia e amigos pelo Skype, postamos algumas mensagens no FB, e fomos dormir.

No dia de Natal, conbinamos um almoço juntos com o Bruce e June do Ainia, atracado do nosso lado, e preparamos um coelho ensopado no molho de vinho tinto mais uma salada, com eles contribuindo com o arroz, vegetais e sobremesa que foi um pudim de leite com pessegos em calda, nada mal para uma ceia de Natal improvisada de ultima hora, que estava ótima por sinal! Com a comida toda pronta fomos para a sede do Iate Clube onde outros cruzeiristas locais e internacionais se reuniram para a ceia, cada qual com sua comida. Lá conhecemos o Dinho, um mexicano criado no Colorado, que hoje vive de filmes documentarios que faz durante sua volta ao mundo e que é comprado pelas TVs de turismo no mundo. O Dinho, viuvo de sua esposa Russa que morreu em um acidente de automóvel, estava acompanhado de sua filha de doze anos, de quem é pai e professor e nos convidou para participar de um dos documentarios sobre as particularidades dos muitos cruzeiristas que encontra pelo caminho e devemos estar gravando entrevista por esses dias, enquanto aguardamos uma janela para seguir até Knysna onde nossos amigos do Mr Curly se encontram esperando a gente desde o Natal que já passou e agora para o Ano Novo, um encontro comprometido pelo tempo ruim anunciado por todos os sites e modelos de tempo que estudamos. Parece mais que nenhum barco vai estar navegando por essas aguas na proxima semana...

MATAJUSI Navegation Information:
At 12/27/2012 07:10 (utc), Position was 33°57.99'S 025°38.12'E, Direction was 015T, Speed was 0.2

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sexta-feira, novembro 16, 2012

Travessia da Corrente de Agulhas e Primeiros Safáris na Africa:

2012-11-14 Richards Bay, Africa do Sul:
A travessia do canal de Madagascar demorou seis dias, sem grandes problemas para atravessar a corrente de Agulhas que nos ajudou com quase cinco nós de corrente a favor, pondo-nos na entrada do Porto de Richards Bay no final da tarde do dia seis. Chamei o Port Control pelo radio no canal doze, e recebi permissão para entrar na area do porto. Logo em seguida ouvimos o Orca, um veleiro de trinta pés que tomou um knock-down de uma onda maior e perdeu algumas coisas do cockpit para o mar agitado. A apenas seis horas de Richards Bay, eles não puderam atravessar a corrente de Agulhas pois o vento estava de Sudoeste com até cinquenta nós e nessas condiçoes as ondas podem chegar a trinta metros, então tiveram que desviar para Moçambique e velejar outras seissentas milhas para esperar o tempo melhorar. Eles estavam logo à nossa frente, e combinamos de parar lado a lado na parede do International Quay. Ficamos assim até ontem a tardezinha, pois vamos partir para Durban hoje e eles sairam para os safaries hoje pela manha, entao rearranjamos os barcos para ficarmos prontos para zarpar hoje as dezesseis horas. São noventas e tantas milhas até Durban, e com a corrente ajudando, estimamos fazer em menos de doze horas, planejando chegar lá entre seis e oito da manha de amanha.

O Fred do Estrela do Mar, um brasileiro que vive em Durban vai estar nos esperando para nos guiar até o lugar na marina onde o barco dele fica. Temos varios serviços no barco agendados para fazer em Durban, pintar novamente o fundo, polir o barco todo, trocar o helice fixo de duas pás pelo KiwiProp, mais leve, com tres pás, e que abre as pás para diminuir o arrasto enquanto velejando. Isso vai contar bastante durante a travessia do Atlantico. Chamei o tecnico da Raymarine para ver porque o profundimetro desliga do sistema E80, uma praga que estamos vivendo desde a Nova Zelandia. A geringoncia só funciona quando quer, e nunca quando precisamos! Enfim, vamos deixar o barco bonito de novo, com nome refeito, brilhando, para chegarmos no Brasil com o mesmo barco que saimos, novinho saido da forma, mas agora com uma bagagem imensa de memorias e experiencias, depois das mais de trinta mil milhas navegadas desde que saimos com ele de Joinville, onde foi construido.

Safaris com adrenalina!
As principais razões de virmos para Richards Bay foram a facilidade de dar entrada na Africa do Sul, e a proximidade com varios parques dessa parte da Africa. Temos o Thula Thula a apenas quarenta e cinco minutos de carro da marina, o iMfolozi e Hluhluwe a duas horas a Norte daqui, e o Lake St Lucia com seus hipopotamos e crocodilos, e passamos os ultimos tres dias visitando esses parques.

Thula Thula:
Alugamos um carro juntos com o Henrick e a Mala do Scorpio, com ele dirigindo, e fomos primeiro passar o dia no Thula Thula, um parque particular de quarenta e cinco mil hectares, com os animais vivendo livres pelo parque, cercado com cerca eletrica. Os animais procurados por caçadores ilegais pelos seus chifres e outras partes acreditadas com alguns poderes de cura, sempre protegidos vinte e quatro por sete por guardas armados. Chegamos cedo para o café da manha no parque, acompanhados por macacos ladrões que não disperdiçavam uma oportunidade de tirar algo da mesa ou mesmo da sala onde o cafe estava servido. Depois do café fomos para a caminhonete de safari, aberta, com tres assentos altos e cintos de segurança para os turistas não cairem nas sacudidas causadas pelas trilhas mais desniveladas. Os primeiros animais avistados foram os Impalas, sempre em abundância em todos os parques, e chamados de hamburger da Africa, por serem o prato preferido dos carnivoros. Em seguida, de longe, ja avistei os elefantes. Durante todos os safaris que fizemos, quem mais avistava animais era sempre eu, com meus olhos treinados pelo incentivo do meu saudoso pai, quando eu ainda era criança e íamos caçar de estilingue. Estranhamente, ou não, me sinto mais no meu habitat natural quando estou em lugares como esses, tanto que, um dos lugares da nossa volta ao mundo que mais me atraiu foi Vanuatu, onde a vida ainda é selvagem, onde o homem sai para caçar e trazer comida para a familia.

De volta para o safari, seguimos os elefantes até chegarmos bem proximos de dois machos e por ali ficamos um pouco, curtindo a presença desses outros habitantes do nosso planeta. Por ali vimos mais impalas, alguns wilderbeasts, kudus, babuinos, e algumas aves. Proxima parada foi para ver porque um Ganso Egyptian estava se arrastando por terra. Paramos e o nosso motorista chamou um guarda-parque que estava pelas imediaçoes, que chegou e logo agarrou o ganso, notando que ele tinha um arame farpado enrolado em uma das suas patas, provavelmente brincadeira de algum nativo local que tentou domesticar essa ave selvagem, ou simplesmente usa-lo como decoy para atrair outros, sabe-se lá. Arame retirado, ganso solto, e fomos procurar mais animais, logo vendo na distancia as cabeças salientes das girafas sobre a copa das arvores. No caminho para onde vimos as girafas, passamos por um grupo de zebras e logo adiante chegamos onde as girafas estavam, um grupo com umas oito girafas, mas com dois bebês-girafas de alguns meses. Tiramos muitas fotos e uma em particular com quatro girafas, duas a duas, formando o M do Matajusi que depois posto no blog.

Ficamos por um tempo perto desses animais gentis e curiosos, que nos olham tanto quanto nós olhamos para eles, depois seguindo para onde o motorista ouviu que estavam os rinocerontes. Não conseguimos chegar muito perto e só conseguimos ver um, sempre acompanhado do guarda-parque armado para defendê-lo contra caçadores de chifres. De lá fomos a uma area alagada onde vimos alguns crocodilos, tartarugas e um lagarto de agua.

iMfolosi & Hluhluwe:
E assim foi nosso primeiro safari na Africa, retornando para Richards Bay para jantar e dormir no barco e partir cedo na manha seguinte para os parques de iMfolozi e Hluhluwe. Esses dois parques ficam a umas duas horas de carro de Richards Bay, assim partimos as seis e meia da manha para chegar la ainda sem sol muito forte, aumentando nossa probabilidade de ver animais antes deles se esconderem do calor dentro de florestas e areas densas de vegetaçao. No caminho, uma serie de coincidencias que promoveram nos perdermos por um tempo, indo parar em uma agregaçao religiosa africana, abarrotada de carros e gente, e nós, os unicos quatro brancos em muitos quilometros a nossa volta! Aconteceu porque, em uma area onde a estrada estava em conserto, seguimos o fluxo de carros que viraram para o que parecia ser um retorno, mas na verdade era essa congregação religiosa. Eu não percebi, pois o GPS apontava para um Z na estrada exatamente onde saimos com os outros carros. Outra coincidencia foi o conserto na estrada exatamente nesse ponto, dando a impressão que não se podia ir em frente. Enfim, meia hora depois, voltamos a seguir a estrada correta, chegando no primeiro parque lá pelas nove e meia da manha.

Ali mesmo decidimos pernoitar no HillTop Hotel, dentro do Hluhluwe, e por pura sorte, tinha um chale que estava disponivel, pois nessa epoca do ano estao sempre lotados. Com o hotel garantido, seguimos pelo parque adentro onde fui logo avistando e reconhecendo animais africanos. Como sempre, Impalas e Gazelas sempre abundantes, mas logo vi um grupo de babuinos andando perto da estrada, paramos para umas fotos. Em seguida, avistei dois rinocerontes, abundantes nesses dois parques. No final da nossa visita tinhamos visto uns trinta rinocerontes! Seguindo, consegui ver um desses lagartos de cabeça verde, que fica balançando a cabeça, mas fui o unico que conseguiu ver, então tirei fotos para mostrar depois. Mais alguns rinos e consegui ver dois leões em cima de uma arvore meio distante, com mais uma fêmea no chão. Dos big five, ja tinhamos visto dois! Rinos e leões! Esses parques são abundantes em animais africanos, e foi um animal depois de outro o dia inteiro. Antilopes de muitos tipos, porcos selvagens, zebras, elefantes, mais babuinos, mais rinos, mas dessa vez bem de perto, pois, sempre abusando, desci do carro e entrei no mato para ver de perto quatro Rinos que estavam deitados em um buraco de agua. Olhei bem e fui com cuidado e com todos os sentidos em alerta, mas a unica coisa que vi, na verdade ouvi, foi um guarda-parque gritando dizendo que eu não podia sair do carro! Fiquei mais preocupado com os rinos, que ouvindo o barulho ficaram mais atentos e em alerta. Voltei de mansinho para o carro e seguimos com o safari.

Wahlberg's eagle, Helmeted Guinefowl, Hamerkop, Crested Francolin, Black Crake, African Fish Eagle, Hadedah Ibis, Woolly-necked Stork, Black-Headed Oriole, Cape-Turtle Dove, African Hoopoe, Thumpeter Horbill, Village Weaver, White-Browed Scrub-Robin, foram alguns dos passaros avistados e reconhecidos usando os livros de passaros africanos.
Continuamos avistando muitos animais, até encontrarmos um bando grande de elefantes, metade de um lado e a outra metade do outro lado da estrada de terra que usávamos. Paramos o carro, e eu sugeri ao Henrick para ficar atento, pois tem um numero razoavel de incidentes entre elefantes e visitantes desses parques. Dito e feito, uma fêmea que estava muito perto começou a demonstrar desconforto. Eu percebi e avisei o Henrick para ficar esperto. Logo em seguida ela atacou! Gritei para o Henrick, GO! GO! GO! Ele acelera tudo e solta a embreagem em primeira... ou seja, não fomos a nenhum lugar e ficamos patinando os pneus dianteiros fazendo um pó tremendo, e isso, assustou a elefoa, que foi para um lado enquanto nós fomos para outro... Ufa! Essa foi por pouco!

Um pouco mais adiante e já entrando no entardecer, ou seja, hora de carnivoro sair para a caça, encontramos um buraco de agua, onde animais se agregam para beber no final do dia, e carnivoros se escondem por perto para caçar sua janta. Saimos da estrada e entramos nessa area, cheia de grandes buracos, e o Henrick distraido, acabou caindo dentro de um! Rapidamente olhei em volta e nao vendo carnivoros pedi para todos sairem do carro para eu tentar tirar o carro de lá, mas em vão, as duas rodas da frente estavam completamente no ar, e o carro preso pelo chassi, não parecendo possivel sair de lá sem ajuda. Mesmo assim não desisti e pus todos a empurrar o carro para trás, o que conseguimos fazer um pouco, mas não o suficiente para ele sair do buraco. Entao pus a Lilian dentro, marcha-a-ré engatada, com instruçao de soltar devagar a embreagem enquanto todos nós do lado de fora empurravamos o carro, e isso funcionou! Ufa! De novo! Ja estava pensando nos head-lines locais: "casais estupidos saem do carro em water-whole e são comidos por leões!".

Vimos também alguns búfalos, animais responsaveis pelo segundo maior numero de mortes de humanos na Africa, mas esses não nos deram muita atençao. Nessa altura ja tinhamos visto quatro dos grandes cinco africanos, só faltava agora um leopardo.

Ja anoitecendo fomos para o hotel, nos ajeitamos no chale que reservamos e fomos jantar.O chale tem dois quartos, um em cada extremo, com uma sala e cozinha no meio, facil de fazer a nossa própria comida, mas cansados, o buffet do hotel foi uma opçao bem mais confortavel, e saborosa.

Dormimos bem, levantamos, tomamos um otimo café da manha, e fomos ver o parque de Hluhluwe que fica ao norte do iMfolozi. Esse parque tem mais florestas do que savanas, e em florestas fica muito mais dificil ver animais, mas mesmo assim consegui ver antilopes, porcos selvagens, mais rinos, girafas, e finalmente, demos de cara com um bando de bufalos! Eles se assustaram e formaram a frente usual de combate a inimigos, e nós ficamos prontos para cair fora se algum atacasse. Mas eles mantiveram distancia confortavel e ficamos um tempo por ali para tirar boas fotos.

Lake Sta Lucia:
Com isso encerramos nossa visita a esses dois parques, e rumamos para o Lago St Lucia, que tem hipopotamos e crocodilos vivendo soltos. Mais umas duas horas de carro com o Henrick dirigindo e chegamos a St Lucia. Fomos a pé ver os hipos e crocs, mas como eles estavam do outro lado do alagado que por ali passa, demos a volta e fui chegando perto, até que um macho grande resolveu mostrar quem mandava por ali, e por que os hipos são o animal que mais causam mortes humanas na Africa, e levantou me encarando, como dizendo, vai abusando, vai?! Não abusei mais e depos de umas fotos, fui retrocendendo calmamente, o que tranquilizou o bando.

Logo em seguida avistei um saltie, crocodilo de agua salgada, que também parecia ter os olhos fixos em mim, e decidi voltar para areas mais tranquilas...

Hoje estamos zarpando para Durban, pois ja fizemos o que viemos fazer em Richards Bay, uma area que lembra muito a Florida, pelas planicies, construçoes, estradas, areas populadas e shopping centers. Bom provisionamento, barco lavado de graça, pois ficamos na parede que pertence à cidade e não à marina, que supre agua e eletricidade de graça. Eu quase nunco ligo em eletricidade de cais, pois o barco é tão bom em energia solar e baixo consumo que nunca precisamos ligar em tomada de cais. Estamos saindo em 30 minutos.

MATAJUSI Navegation Information:
At 11/16/2012 06:59 (utc), Position was 29°51.87'S 031°01.51'E

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segunda-feira, novembro 05, 2012

Outras experiencias em Madagascar:

Chegamos a Minorodo no dia seguinte da saida de Galions Bay, no meio do dia, depois de velejada tranquila, a maior parte somente de genaker. Passamos pelo passe sem incidentes, mas o vento rondou em seguida e tivemos um trabalhinho para recolher a genaker, pois o lugar onde o cabo da camisinha estava amarrado arrebentou e tive que trazer na marra, o que me custou alguns roxos nos dois braços.

Logo estavamos recebendo as boas vindas dos outros oito barcos ancorados na baia pelo VHF e o convite para drinks (BYOB) no Contrails não tardou muito depois disso. Demos uma ajeitada no barco, recebemos as primeiras canoas, mas sem artefatos para troca, somente pedindo algo. Acabamos distribuindo mais lapis com papel, e esmalte com acetona.

Ao entardecer, o pessoal do Taipan, Baraka, Elaine, e nós, nos reunimos no Contrails para drinks , aproveitando para trocar bastante experiencias sobre as nossas travessias. Nenhum de nós ia parar em Madagascar, mas o tempo estava anormal, sem possibilidades de atravessar para a Africa, entao os muitos barcos que partiram de Mauricio e Reunion, foram amontoando em Madagascar e Moçambique.

O vento na ancoragem de Minorodo estava forte, algumas vezes ultrapassando os trinta e cinco nós. Estavamos ancorados em cinco metros, com quarenta metros de corrente, mas naquela noite, entre a mudança de um vento Nordeste e um vento Sudoeste, o barco que estava com os quarenta metros esticados para Oeste, foi empurrado pelo vento, esticando oitenta metros para o Leste, dando um tranco bem forte na corrente. Sem saber, um elo da corrente se partiu nesse impacto, e ficamos amarrados no resto da corrente e na ancora por esse elo partido. Só soubemos disso no dia seguinte pela manha, quando resolvemos procurar ancoragens mais para o Norte e levantamos ancora. Foi de uma sorte incrivel a ancora não ter sido perdida, e não ficarmos sem ancora durante o resto da noite, com ventos acima dos trinta nós. Mais sorte ainda que nos dias seguintes o vento chegou aos cinquenta nós em Minorodo!

Pela manha, rumamos para Tulear, um porto de entrada de Madagascar a umas cento e trinta milhas mais ao norte de Minorodo, com ventos entre os vinte e cinco e trinta e cinco nós de Sudoeste, nem mexi na mestra. Fui somente com a genoa risada, e quando o vento apertou mais ainda, enrolei a genoa e abri a staysail até o final da travessia, na manha do dia seguinte.

Chegamos a Tulear e ancoramos ao Norte do porto, mas logo chegaram dois locais com uma canoa e disseram que ali era perigoso a noite, pois os bandidos da mafia local costumavam atacar barcos naquela area. Quando ele se apresentou como José, logo perguntei se ele era taxista, o que confirmou. Ai disse que já o conhecia de relatos de outros barcos que passaram por Tulear no ano passado. Com isso começamos uma amizade que durou até nossa partida. O Jose fazia de tudo que precisavamos e queriamos. Nos levou para fazer a documentacao de entrada, foi comprar diesel, trouxe duzentos e cinquenta litros de agua doce para cada barco, nos levava de manha para a cidade, nos levava ao mercado e supermercado, e combinamos uma viagem ao parque nacional de Isalo, a uns duzentos e cinquenta quilometros terra adentro. Fomos de manha e voltamos a noite do dia seguinte, pernoitando em um hotel perto do parque.

O parque custou vinte e cinco mil Airiares (1US$ = 2000A), mas para entrar tinha que contratar um carro, mais quarenta mil airiares, e tinha que ser acompanhado por um guia por mais quarenta mil airiares, ou seja, meio carinho. No parque vimos varios tipos diferentes de lemures e alguns pássaros unicos de Madagascar, tirando muitas fotos. Entravamos no parque de carro, e uns tres quilometros adentro, o carro para em um estacionamento e continuamos a pé. Existem muitas trilhas e muitas atraçoes, mas nosso interesse era somente nos lemures, então caminhamos não mais do que uns tres quilometros entre ida e volta da area dos lemures. No caminho consegui ver um lemur de rabo com aneis branco e preto, da raça Maki, mas no parque não conseguimos encontrar nenhum, por mais que eu tenha entrado mata adentro.
Depois de uma noite relativamente bem dormida, por conta de um pernilongo que conseguiu entrar dentro da tela que cobre a cama, mas como as luzes se apagam as vinte e uma horas, entao foi caça ao pernilongo á luz de vela e finalmente conseguimos dormir em paz depois de esmagar o abusado.

Mais duzentos e cinquenta quilometros de volta, uma viagem que passa por varias aldeias das mais diversas, desde as mais pobres, até as bem ricas, nas areas de mineraçao de safiras. Na chegada de volta a Tulear, o Jose, que ficou chateado por não termos conseguido ver os Makis no parque, nos levou ao Hotel LaLa, onde havia um casal dentro de uma pequena jaula, que para nossa surpresa tinha tido um bebê Maki recentemente. Fui logo comprar bananas para alimentar o casal, pois o bebê ficava mamando quase que o tempo todo, e os animais não aparentavam estarem bem alimentados. Durante os dias que ficamos em Tulear, sempre que possivel, eu comprava bananas e ia alimentar o casal de Makis no Hotel. Eles me ofereceram levar o bebê, e a tentaçao era grande, mas, imaginem, eu com um lemur Maki em São Paulo, então, mesmo sabendo que aquele bebê teria uma vida muito melhor comigo do que naquela jaula, entendi que lugar de lemur é em Madagascar.

Almoçamos todos os dias no Bo Beach, um bar-restaurante onde os estrangeiros se encontram em Tulear. Sempre muitos estrangeiros, e muitas mocinhas locais procurando arrimo... Tulear é uma cidade com sessenta mil habitantes, muitos morando em casebres minusculos, alguns feitos somente com arbustos secos, com muita gente nas ruas, andando de lá para cá, e um veiculo bastante interessante, os push-push, pequenas carroçinhas movidas por um homem a pé, que podem levar até tres pessoas. Não esperimentamos uma por falta de oportunidade. Os produtos do mar são abundantes, mas, sem refrigeraçao não duram muito. Carne de cabra esta sempre disponivel, mas também sem refrigeraçao e com muitas moscas em cima. Fomos muito bem recebidos em Tulear, e não tivemos qualquer incidente desconfortavel. O Chefe de Policia local, que fêz a nossa entrada, dedicou dois seguranças para tomarem conta dos barcos dia e noite, e os pôs responsaveis por qualquer problema. Documentação de entrada e saida foi rapida e sem complicaçoes.

No total ficamos uma semana em Tulear, sempre esperando uma janela de tempo para atravessar para a Africa do Sul e finalmente zarpamos numa quinta-feira onde a janela estava ruim para a saida, mas parecia ser boa para a chegada em Richards Bay. Com ventos acima dos vinte nós, saimos de Tulear as quatorze horas, só para encontrar um tremendo swell logo fora dos recifes que cobriam a area do porto. Foram dois dias de muita ondulação e ventos fortes, mas como a janela prometia, seguimos direto na direçao de Richards Bay na Africa do Sul, ao invés de seguir na direcáo mais a Oeste da costa de Moçambique que oferece algumas ancoragens mais protegidas. Muitos barcos já estavam por lá, e quase todos sairam dois dias depois que saimos de Tulear, mas nós tinhamos umas quatrocentas milhas a mais para atravessar, pois estavamos vindo do Oeste de Madagascar. Hoje, segunda-feira, quatro dias depois da nossa saida de Tulear, estamos atravessando a temerosa corrente de Agulhas, a cento e cincoenta milhas de Richards Bay, onde chegaremos amanha a noite. Nossa janela foi bem escolhida, e fora a dureza da saida, o resto da travessia foi bastante confortavel.
MATAJUSI Navegation Information:
At 11/5/2012 08:56 (utc), Position was 27°23.62'S 035°38.62'E, Direction was 233T, Speed was 5.4

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sexta-feira, outubro 26, 2012

Primeiras experiencias em Madagascar

A travessia para Madagascar durou quatro dias. O primeiro com algum desconforto de mar, o segundo e terceiro perfeitos, não fosse a cabeçada da baleia, e o quarto, com ventos fortes, mar alto e ondas quebrando, enfim, uma boa mistura. Hoje mergulhei e chequei o barco por baixo, e encontrei uma marca de batida uns três metros da proa, do lado direito do barco, na altura da linha dágua, o que para mim confirma ter sido uma baleia, tecido mais mole do que um container ou um tronco ou árvore. Acredito que o barco passou do lado dela, tocando a barbatana lateral esquerda, ao primeiro barulho, ela reagiu jogando a cabeça para aquele lado, batendo no barco. Concluo que tivemos mais do que sorte, pois quando se bate em uma baleia, ela bate o rabo com força para sair fora, e se esse rabo bate no barco, pode enfiar o sail-drive para dentro, causando quase que certamente o afundamento do barco. Considero essa a parte mais frágil de um veleiro com rabeta. Mesmo os com pé de galinha, se empurrados com força, quebram também o casco, podendo causar o afundamento.

Na noite de terceiro dia, falando com o Scorpio e o Elaine pelo SSB, entendemos que eles iriam parar na Galions Bay, no Sudeste de Madagascar e mesmo já estando em outra rota, uma que nos levaria por fora do Banco de Etoile até passarmos por todo ele, e ai rumando para Noroeste, procurando abrigo na Baia de Minorodo, resolvemos nos juntar a eles em Galions Bay, uma rota que nos punha com ventos acima dos vinte e cinco nós no través, e ondas até três metros de altura, e quebrando, mas duas horas depois, estavamos ancorados, molhados mas seguros dentro da Galions Bay. O Erica já tinha estado aqui antes e tinha postado as coordenadas de entrada e ancoragem, embora tenha perdido a ancora com sessenta metros de corrente pois não conseguiu recolhê-la, por isso me passou as coordenadas da garrafa pet que deixou amarrada na ponta da corrente, para ver se eu conseguia trazer no mergulho. Eu bem que tentaria, mas, água muito suja, apenas um metro de visibilidade, e eu não conheço os tubarões ou outros perigos por aqui, então, não tentei.

Entrei na baia ainda com luz do dia, segui até a área de seis metros de profundidade e virei a direita, para ir para tras de uma ponta, e assim ficar fora da ondulação, ancorando em seis metros, com trinta metros de corrente, o suficiente para ventos até trinta nós, e fomos arrumar o barco, ou tentar. Explico: assim que entramos na baia as canoas com os nativos já começaram a sair de terra vindo na nossa direção. Nem bem ancoramos e já estávamos rodeados de canoas, todos pedindo algo, em uma língua onde não conseguimos entender absolutamente nada. Através de gestos, entendemos que eles queriam camisas e linhas de pesca. Eu respondi que queria fazer trocas, pois queriamos peixes, côcos e banana. Logo estavam chegando canoas com peixes, côcos, bananas, mangas e tomates, e ficamos fazendo trocas até quase o anoitecer. Espero que, no entusiamo, tenham sobrado algumas camisas para mim!

Quando anoiteceu, ficamos curtindo o visual a nossa volta, com uma vila em frente onde ancoramos, duas enseadas com praias, um delas com ondas quebrando fazendo o barulho usual, montanhas por toda a volta, fora a entrada da baia, mas a aparência de um lugar arido, parecido com o nordeste brasileiro, fora as montanhas.

A Lilian preparou o peixe frito com cuscuz, jantamos e fui fazer as NETs do SSB e acessar o email do barco. Depois de toda essa atividade, ficamos com sono e fomos dormir, apenas para acordar meia hora depois com o vento passando dos trinta nós. Por segurança, desci mais quinze metros de corrente, e dormimos até as seis e meia da manhã, quando novas canoas chegaram para fazer mais trocas! Mais côcos e tomates, pois nos peixes não deu troca... percebi que as trocas estavam ficando mais caras... ai começamos a recusar as ofertas.

O Andrei, com quem já tinhamos feito trocas ontem, veio e foi falando uma palavra ou outra em ingles, e entendi que ele tinha feito varias atividades com o Erick, do Erica, então sugeri irmos no meu bote até a desembocadura de um rio que tinha visto pelo Google Earth para subir o rio de bote, único problema que a praia ficava acima da água do rio, e as ondas estavam altas, quebrando na praia, mas nada que nos empedia de tentar. Escolhi o melhor lugar para aterrar, onde as ondas eram menores e quebravam com menos força, mas isso era um tanto longe da saida do rio, e lá fomos nós, no meio de duas ondas, rumo a praia. La chegando, virei o bote contra as ondas e pulamos para fora, segurando com as mãos. Conseguimos manter o bote batendo de frente nas ondas enquanto fomos levando ele mais proximo da praia. Nisso apareceram mais dois nativos para ajudar, tirei o motor, que o Andrei levou nas costas, e em quatro, levantamos o bote e o levamos para a praia. De lá, para a entrada do rio foram uns duzentos metros de carregar o bote e o motor, mas logo estavamos com o bote no rio. Os dois que vieram nos ajudar pularam também para dentro do bote, e agora, em cinco, subimos o rio cuja água era salobra.

O Andrei me apontou para uma área onde eu podia mergulhar e lá fui eu para dentro dágua, antes mesmo de pensar se em Madagascar haviam salties, os famosos crocodilos de água salgada. Depois de tentar acertar algum peixe, com uma visibilidade menor do que trinta centímetros, voltei para o bote, mas não consegui me fazer entender com o Andrei, sobre a existência ou não de salties...

Nisso vimos um grupo de nativos puxando uma rede mais para o meio dessa area alagada do rio, e para lá fomos nós, curioso em conhecer os tipos de criaturas que eles tirariam daquela água. Peixes pequenos, enguias, siris, e camarões. Perguntei para o Andrei se eu podia comprar um pouco de camarões, e ele logo negociou mais ou menos um quilo, ou oito latinhas de massa de tomate, a medida que eles usavam para medir quantidade de camarões, cujo preço ficou em hum mil Ariary, equivalentes a dois mil Ariarys igual a um dollar, ou seja, um Real por quilo, outra moda que podia pegar no Brasil.

Mais uma aventura levando o bote de volta para o mar, mas conseguimos voltar para o Matajusi ainda secos. No caminho perguntei para o Andrei onde podia mergulhar, e ele me indicou uma área que separava as duas enseadas a Leste dentro da pequena Galions Bay. Parei no Matajusi para deixar o camarao e a Lilian já ir tratando do almoço, e fui mergulhar na área indicada pelo Andrei. Quando chegamos na praia, já tinham varios nativos com coisas para trocar, e acabei trocando tres polvos e uma lagosta por mais tres camisas. E eu achando que as camisas ja tinham acabado! No mergulho, vi budiões, mas estava com o estilingue havaiano de pequeno alcance, então fui a procura de vieras da pedra, e me diverti pegando algumas grandes e comendo, oferecendo para o Andrei que comeu uma.

Quando retornei do mergulho fui descansar e ficamos no barco trabalhando, lendo e escrevendo emails. Depois de uma noite bem dormida, no dia seguinte, depois dos afazeres no barco, fomos visitar a vila, chamada Italy. Nunca havia visto gente tão pobre, nem mesmo no Nordeste brasileiro! Alguns tinham apenas um trapo cobrindo seus genitais. Eles falam malagashi, mas alguns trocavam palavras em francês, uma ótima oportunidade para treinar o nosso. Visitamos a vila inteira, conhecendo a escola, uma construçao em alvenaria, mas só com metade do telhado, as duas igrejas, catolica e protestante, e as pequenas casinhas de não mais que 3m x 2m onde moravam uma familia inteira. As casas eram feitas de paus, com telhados e parede que pareciam de pau de caraguata amassado. A vila tem trezentos e cincoenta habitantes, com muitas crianças, e por todo lugar que íamos, éramos seguidos por quase uma centena de crianças de todas as idades. Eu e a Lilian estávamos de óculos escuros, então as crianças não conseguiam ver para onde estavamos olhando, elas andavam na nossa frente, olhando para trás, e dando trombadas em coisas pelo caminho, observando cada detalhe da nossa roupa, pele e fisionomia.

Além dos óculos, eu estava com um chapel de abas largas, camuflado em verde, e eventualmente, quando o sol deixou de bater forte, tirei o chapel. Foi uma gritaria total! As crianças me rodearam e gritavam sorrindo. Entendi que eles nunca tinham visto um branco calvo, pois todos os homens por aqui tinham cabelo. Aproveitei para tirar também os oculos, e lá veio de novo grande estardalhaço feito pelas crianças, que finalmente conseguiram ver meus olhos. Incrivel como coisas tão simples e corriqueiras podem ser de tanto interesse.

Depois de dois dias e meio em Galions Bay, partimos com destino a Minorodo Bay, a cento e trinta milhas de distancia e para onde ja haviam ido sete outros barcos, aguardando uma janela propicia para atravessar as oitocentas milhas até Richard's Bay.

MATAJUSI Navegation Information:
At 10/26/2012 04:41 (utc), Position was 23°22.53'S 043°39.74'E, Direction was 124T, Speed was 0.2

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sábado, outubro 20, 2012

Batemos em uma baleia!!!

Hoje às 2h da manhã, em uma noite sem lua, completamente escura, navegando a 4.5 nós, com 8 a 12 nós de vento de popa, com as velas armadas em asa de pombo, tivemos um forte impacto no barco, que imaginamos ter sido uma baleia, em abundância por aqui nessa época do ano. Um pouco de falta e muita sorte combinaram para que tenhamos passado por esse susto enorme, mas aparentemente sem consequências para o barco. Não diria o mesmo de nós dois! O susto de passar por essa situação em alto mar, distante de tudo e todos, é indescritível, e dá uma gelada no nosso ânimo... Aproveitamos para relembrar as ações de cada um em uma situação de abandono de barco, mas não se fala muito por aqui hoje... Aproveito então para escrever.

Ilha Mauricio:
Acabamos ficando bem mais tempo na Ilha Mauricio, por conta das mudanças nas empresas no Brasil, onde eu tive que acompanhar de perto algumas situações, e por já ter internet fácil e barata no barco via um celular pré-pago da Emtel, pude me dedicar ao trabalho por mais umas semanas, aproveitando e amaciando bem o novo motor de popa do botinho que comprei, um Tohatsu 8HP. Motor aprovado, plaina o bote bem facilmente com os dois dentro, mais carga, agora podemos ir pescar mais longe quando ancorados.
La Reunion:

Quando tudo resolvido, barco devidamente provisionado e time preparado, partimos para Richard's Bay na Africa, mas, nossa travessia em passagem por La Reunion, onde haviamos decidido não parar e ir direto para Richard's Bay, foi uma combinação de mar bravo, vento indefinido, falta de prática, que depois de provocar quatro jibes indesejados, me promoveu a por o barco em capa e ir dormir. Lá pelas duas da manhã pus o barco de novo em movimento, depois de avaliar os problemas que já tinhamos tido nessa pequena travessia de vinte e quatro horas. Resolvi ir para St Pierre, no Sul da Ilha, pois lá se encontravam alguns amigos que ainda não haviam partido para Madagascar ou Africa. Depois de tentar por algumas horas, percebi que não íamos chegar com luz do dia e mudei rumo para Le Port, ao Norte da Ilha, onde chegamos as quatro e meia da tarde.

Pedimos autorização para entrar no porto e informação sobre para onde ir, e seguimos direto para a marina. Incrivél que, essa foi a única vez que conseguimos falar com uma autoridade de La Reunion. Os oficiais de Emigração e Alfandêga não vieram registrar nossa entrada e saida! Soube pelo gerente da marina que eles ligaram para saber de onde éramos, nossa aparência e do barco e nosso comportamento, e com isso concluiram que tudo bem ficarmos em La Reunion sem documentação. Eles só pediram uma cópia do documento de entrada na marina, que tinha basicamente todos os dados que eles estariam colhendo da gente. Puxa! Como gostaria que essa moda pegasse no Brasil!

Bom, já que estamos aqui, por que não conhecer o lugar? Alugamos um carro por uma semana e acho que dirigi mais de seicentos quilometros, conhecendo basicamente a ilha inteira! Os destaques são: os vulcões, os penhascos, alguns cobertos de quedas d'água, chegamos a contar doze quedas em um desses penhascos, sem esquecer do pão, genuinamente o baguete francês, uma delícia!

O maior problema de La Reunion é a falta de ancoragens, não tem nenhuma, portanto, tem-se que ficar em marinas pagas o tempo todo, onde aproveitamos para dar uma boa limpada no barco. Provisionamos novamente com frutas e vegetais frescos, e muito queijo, e saimos dia quinze no final da tarde com destino a Richard's Bay na Africa, uma travessia de mil e quatrocentas milhas com tempo estimado de doze dias. As primeiras vinte milhas tem muita influência da ilha no vento, depois, quando o vento ficou normal, estava ventando em média vinte nós, vindo do Sudeste, e seguimos com esse vento as primeiras vinte e quatro horas, sacudindo bastante com um mar agitado, mudando depois para vento entre dez e quinze nós, de Leste Sudeste, com mar mais baixo. Durante esses três primeiros dias de travessia, passamos pelas situações normais em uma travessia nessas latitudes, com um mar nervoso que a qualquer momento pode mudar, com a única diferença entre outras travessias a batida no que pensamos ser uma baleia, pois não vimos nenhuma marca no barco. Assim que puder vou mergulhar pra ver se identifico mais algum sinal do que foi que aconteceu.

O barco estava com motor desligado pela primeira vez, desde que saímos de La Reunion, pois estava tentando ganhar tempo e alcançar outros barcos amigos que haviam saído de La Reunion na parte da manhã, e quando chegamos próximos a eles, desliguei o motor. Acredito que se foi uma baleia, não nos viu pela noite totalmente escura, e não nos ouviu, pelo motor desligado e o barco navegando a apenas quatro nós e meio. Eu estava dormindo na cabine da frente, e a Lilian tinha acabado de entrar da ronda a cada hora, e estava deitada na sala, esperando pegar no sono. Na batida, eu fui projetado para a frente da cabine e do barco, mas levantei rápido e sai correndo, já pensando no pior, que iríamos afundar. A Lilian já estava saindo para o cockpit, mas eu pedi para ela levantar os painéis do chão echecar se estavam entrando água. Enquanto ela fazia isso, eu chequei estaiamento e velas, e depois fui na proa ver se tinha algum furo no casco. Não encontrei nada errado, e a Lilian não encontrou nenhum lugar no barco entrando água. Depois fui procurar no motor, também tudo normal, e liguei o motor, com tudo continuando normal. Enfim, fora o tremendo susto, parece que estamos bem.

Estamos agora rumando para o sul de Madagascar, onde pretendo dar a volta, aproveitando a corrente e ir para uma ancoragem do lado Sudoeste de Madagascar para dar uma descansada e checar o barco por baixo.

A partir de amanhã e por 3 dias, nenhum barco consegue chegar a Richard's Bay, por conta de um Sudoeste forte que está entrando, e vai levantar ondas enormes na corrente de agulhas. Todos os dias, duas vezes por dia, entramos na NET SSB Peri Peri, na frequencia 8101 as 05:00 e 15:00 ZULU (UTC), mudando depois de meia hora para 12353, onde o Paul fala com todos os barcos que estão navegando na costa da Africa do Sul, passando instruções. Imaginem, ele faz isso todos os dias, duas vezes por dia, sete dias por semana, e não ganha nada por isso!

Estamos juntos com uns quinze barcos, quase todos interessados em participarem do primeiro BRally, só espero que os pessoal de terra esteja trabalhando em fazer dessa oportunidade de termos tantos cruzeiristas estrangeiros, uma experiência memorável, que eles possam reportar para os próximos barcos a virem conhecer o Brasil.

MATAJUSI Navegation Information:
At 10/19/2012 14:26 (utc), Position was 25°09.00'S 046°45.17'E

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sexta-feira, setembro 21, 2012

Mauricius

Incrível! Fui ver quando escrevi o último blog e nós ainda estávamos em Rodrigues! Quanta água passou pela nossa quilha, quantas mudanças nas nossas vidas, nós ocupados com isso ou aquilo e o tempo foi passando, então, vamos fazer um sumário das nossas atividades desde nossa vidinha tranquila de Rodrigues.

Depois de termos ficado quase um mês inteiro em Rodrigues, tivemos que continuar nossa viagem ainda sem saber onde deixar o barco e dar um pulo de dez semanas no Brasil, para tratar de negócios, saúde e passar os nivers dos meus filhos com eles. A opção foi vir para Ilhas Mauricio e avaliar a possibilidade de deixar o barco aqui. Outras opções seriam La Reunion, e Richards Bay na África.

Percorremos a distância de quase quatrocentas milhas entre Rodrigues e Mauricio em um período onde os ventos baixaram, então fomos ajudando no motor quase que o tempo todo. Queria também acabar com todo o diesel do barco para trocarmos por diesel novo em Mauricio. Fizemos uma travessia sem incidentes, chegando em Port Louis já anoitecendo, mas com um pequeno incidente a bordo, onde o timão ficou travado depois de um bordo que dei, decidi por ancorar em Tombeau Bay, logo acima de Port Louis, uma ancoragem tranquila, mas proibida para ancoragens por conta de um cabo submarino que atravessa o fundo da baia. Com a carta Navionics marcando a posição do cabo, seguimos mais próximo da praia, ancorando em quatro metros com fundo de areia firme, onde passamos a noite, e onde tive oportunidade de trabalhar com o travamento do timão. O prendedor do timão, que quando parafusado segura o timão para não ficar de cá para lá com a maré, vento e corrente, foi instalado com uma arruela maior do que devia, e com o uso, e o encaixe do parafuso ir folgando, em uma certa condição, quando o parafuso fica muito solto, ele joga muito, e a arruela trava a corrente do volante. Até trocar essa arruela, vamos ter que ficar de olho nessa nova situação...

Cedo pela manhã, ja tínhamos saido da ancoragem e a caminho do porto para dar entrada, recebi uma chamada da Guarda Costeira pelo VHF pedindo para eu sair da área de ancoragem proibida. Respondi que estava navegando no meio dos navios do porto de Port Louis e que deveria estar na área reservada para a atracagem dos barcos de cruzeiro em minutos.

Depois de feita a documentação de entrada, fomos para a Le Caudan Marina, dentro da área do porto e atracamos a contra-bordo do Tago Mago, um barco francês comandado pelo Frederic, navegando em solitário.

Uma vez na marina, fizemos algumas compras locais, e fomos a procura de possibilidades para deixar o barco em Mauricio. Depois de avaliar todas as possibilidades, optamos por deixar o barco em Gran Bay, no Norte da ilha, em uma poita especial para segurar barcos durante furacões a um custo aproximado de US$500 por mês. Isso incluia uma raspagem do casco a cada trinta dias. Com o barco preparado para ficar sozinho, voamos para São Paulo.

Nossa estadia em São Paulo foi um furacão, entre exames de saúde, visitas às propriedades, e principalmente uma mudança muito grande e complicada na minha empresa, culpa da volta ao mundo, pois fico no barco com tempo livre para pensar, e vou arquitetando essas mudanças. Simplificando, troquei um acerto pela minha saída da empresa americana para quem trabalho a vinte e seis anos, pelos ativos deles no Brasil, assim, eles não tiveram que desembolsar e eu fico com o negócio no Brasil. Boa troca. De agora em diante, trabalho para mim mesmo, novos horizontes...
Outra decisão complicada foi a de optar por continuar e terminar a viagem sem parar para olhar mais a fundo no resultado do meu exame de PSA que vem aumentando nos dois últimos anos. Tendo todos os homens mais velhos da minha familia direta um histórico de tumor na próstata, o indicado pelos três médicos que procurei foi de eu fazer uma biópsia. Na minha avaliação, depois de considerar que esse tipo de tumor tem crescimento a longo tempo, e que PSA aumentando pode indicar outros problemas e não necessariamente um tumor, resolvi por fazer um tratamento para uma prostatite e refazer o PSA antes de voltar ao barco, mas não quero saber o resultado. Nada que eu possa fazer até chegar de volta no Brasil, e preciso da minha cabeça concentrada nas rotas, condições de tempo, mar e embarcação. No ano passado, na minha volta para o Brasil, fui diagnosticado com um carcinoma espinocelular no dedo do meio da mão direita. Entre diagnóstico e operação foi menos de uma semana. Voltei ao cirurgião para ver como estamos e passei nos testes. Temos que esperar cinco anos para saber se realmente eliminamos o problema, mas quando penso nos riscos que já corri na minha vida cheia de adrenalina, acredito que o dia que chegar a minha hora, não vai ser eu que vai conseguir adiá-la.

Com esses problemas, a minha empresa partindo para vôo solo, a empresa americana que administro seguindo para um congelamento, seguido de um encerramento de atividades; voltamos para o barco à uma semana, encontrando quase tudo bem. Sempre tem-se algo para fazer em um barco de cruzeiro. Algumas coisas vamos adiando, outras vamos eliminando, outras vamos aprendendo a conviver com elas. Dessa vêz, os maiores problemas a serem sanados incluiram uma limpeza mais eficaz do casco, quilha, leme, sail drive e hélice, pois a serviço pago para o pessoal da poita foi mal feito, o conserto do alto-falante amplificador do rádio VHF que estava com a fiação completamente oxidada, e um vazamento no boiler que ainda não resolvi.

O motor do bote, comprado em 2006 na Regatta em São Paulo, quebrou. Fiz de tudo que conhecia para consertar, mas o problema estava em algum lugar da parte elétrica, a qual conheço pouco. Então, vendi como estava para o taxista que ajuda os barcos de cruzeiro por aqui, e comprei um Tohatsu 8HP novo. No primeiro teste do motor, logo depois da entrega pelo distribuidor local, ja caiu o hélice, pois quem conferiu o motor não pôs a trave da porca. Foi só uma engatadinha de leve na ré, e lá foi o helice para o fundo. Sem problemas, o distribuidor veio e instalou um hélice novo, e tudo funcionando perfeitamente.

Estamos provisionando e partiremos para La Reunion nesse domingo, aproveitando que as condições de tempo e mar são favoráveis para a entrada na marina de Saint Pierre, ao sul da ilha, que só é permitida com previsão de ondulação até o maximo de dois metros e meio.

Mauricio tem tráfego intenso, oitenta por cento da população de origem indiana, e o povo não tem a mesma educação e postura com os turistas como em Rodrigues. A comida também não é tão saborosa quanto a de Rodrigues. Não passeamos muito por aqui, por conta de estarmos sempre ocupados com uma coisa ou outra. Temos que partir por conta da agenda de travessias, sendo Outubro o mês indicado como inicio para travessias para a África, onde queremos chegar logo para fazer uns safaris e preparar o barco para a travessia do Atlântico.

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quarta-feira, julho 25, 2012

terça-feira, julho 10, 2012

Noonsite divulgando o BRally!!!

O maior site de cruzeiro do mundo divulga o BRally, um reconhecimento de que o evento é importante e de relevância internacional.

http://www.noonsite.com/General/Rallies/?showAllEntries=1#Atlantic/Caribbean

http://www.noonsite.com/Countries/Brazil/?rc=GeneralInfo#Events

quarta-feira, junho 27, 2012

Novas fotos de Mauricius postadas no Blog:

Fotos de Mauricius postadas no Picasa

quinta-feira, junho 21, 2012

terça-feira, junho 12, 2012

Matajusi trazendo barcos estrangeiros na sua volta ao Brasil:



Quando passamos pela Nova Zelandia, Singapura, Malasia e Tailandia, pudemos notar as centenas de barcos de cruzeiristas estrangeiros que estavam nas enseadas desses países, mas quando olhamos as ancoragens brasileiras, raramente vemos algum barco estrangeiro ancorado ali.

Conversando com muitos desses cruzeiristas que fomos conhecendo pelo caminho, ouvimos deles as razões pelas quais eles não vêem ao Brasil. 

Principalmente agora, com a passagem para a Europa e Caribe pelo Mar Vermelho impossibilitada pela presença dos piratas da Somália, mais e mais barcos de cruzeiro vão ter que passar pela África do Sul para continuar seu caminho a Oeste, para completar sua volta ao mundo e isso cria uma oportunidade para esses barcos passarem pelo Brasil.

Hoje, menos de 1% desses barcos visitam a área mais ao Sul do Brasil. Alguns deles passam somente por Fernando de Noronha, e isso, quando passam.

Por isso desenvolvi o Projeto Brazilian Rally, onde estamos promovendo muitos desses barcos a virem para o Brasil conosco. 

No site que desenvolvi para o rally, procurei esclarecer todas as duvidas que me foram levantadas por esses barcos e muitos barcos demonstraram interesse em participar dessa maravilhosa aventura que vai mostra-lhes algumas das nossas melhores ancoragens e cidades costeiras. Eles também vão ter uma boa experiência, passando seu primeiro Carnaval Brasileiro no Brasil com a gente.

Estamos tentando suporte da imprensa, de associações afins, e outros mais, para proporcionar a esses nossos convidados uma experiência inesquecível, que eles possam publicar nos seus blogs e contar para seus amigos, assim, quem sabe, começamos a contar com mais desses barcos em nossas ancoragens.

Aos amigos, peço que me ajudem a divulgar e organizar esse projeto, assim podemos criar uma imagem super positiva do Brasil para nossos convidados.


segunda-feira, maio 28, 2012

Nossa vidinha em Rodrigues

Rodrigues é uma ilha extremamente pacata, com um povo muito simpático e uma comida deliciosa, então, ficar aqui é como parar a vida em um instante e curtir aquele instante mais tempo, e assim temos feito.

A cada dois ou três dias, convidamos o pessoal de dois barcos aqui ancorados para um jantar no Matajusi, e já fomos apelidados dos mais sociáveis do grupo. Mas, essa vida de viver a bordo fazendo travessias oceânicas, faz muito mais sentido se você divide suas experiências com outros, então essas reuniões sociais são uma oportunidade de se contar a nossa historia e ouvir a historia dos outros cruzeiristas.

Quando não estamos recebendo cruzeiristas a bordo do Matajusi, estamos sendo recebidos por algum dos barcos aqui ancorados. Nossa culinária tem sido bastante elogiada, aumentando a vontade desses barcos estrangeiros de irem visitar o Brasil no ano que vem, quando eles estiverem a caminho do Caribe. Entre os pratos que temos servido, um dos mais freqüentes tem sido algo com polvo, dada a enorme quantidade de polvos por aqui, mas todos eles comprados de pescadores, pois não tenho ido mergulhar por falta de companhia e pela água ser bem mais fria do que estávamos acostumados mais perto do Equador. Risoto de polvo, polvo a vinagrete, macarrão ao molho de polvo, pratos árabes como kibe, babaganushi, húmmus, tabuli, risoto de frango, brigadeiro, rocambole de chocolate, caipirinha de pinga de Rodrigues, estão entre os pratos que temos servido.

Quase todos os dias vamos para terra, caminhar, andar de bicicleta, ou fazer trilhas. Aproveitamos e compramos pão fresco e outros mantimentos, incluindo frutas e vegetais frescos. Têm um supermercado bom, e vários outros menores. O mercado de produtos frescos funciona a semana inteira, mas o melhor mesmo é no sábado, e tem-se que chegar cedo para encontrar produtos como o mamão e o alface.

Nas quartas-feiras, chega o navio de provisionamentos que vem de Mauritius, e todos os barcos atracados tem que sair da parede, e alguns dos ancorados tem que sair da área do porto para o navio poder fazer a manobra de atracagem. Depois da chegada do navio e distribuição dos produtos a bordo, é a melhor hora de se ir ao supermercado, pois se acha produtos novos e mais variados.

Para fazer as trilhas mais distantes, pegamos um ônibus e subimos as montanhas, indo para vilarejos no topo da ilha e de lá, caminhamos de volta para a área do porto, onde estamos ancorados. Em um desses passeios, visitamos uma área reservada para as tartarugas gigantes, que estão sendo re-introduzidas em Rodrigues, pois as nativas foram extintas. A maior é um macho de mais de cem quilos! A tartaruga de Mauritius era similar, mas não igual á de Rodrigues, portanto, eles podem re-introduzir tartarugas gigantes, mas nunca vão consegui recuperar a nativa da ilha.

Uma pratica na ilha é a secagem de peixes e polvos ao sol. Os peixes são limpos, abertos ao meio, salgados e postos para secar em armações de madeira a beira mar, já os polvos são esticados com uma vareta que deixam as pernas bem abertas e pendurados pela cabeça, também em armações de madeira a beira mar. O quilo de polvo fresco custa 120 rupees (1R$=15Rupees), mas quando o polvo é seco, custa mais por quilo, fazendo com que o preço final fique igual entre o polvo fresco e o mesmo polvo seco. Ainda não experimentamos o polvo seco na nossa culinária, mas já fazemos pratos saborosos com os peixinhos secos (Ican Billis) que compramos na Malásia e Tailândia.

Entre os barcos, existe a pratica de se secar peixes e frutas. Os peixes ficam parecidos ao bacalhau, e a banana seca fica igual àquela que compramos no Brasil. Muito fácil de fazer, evita o desperdício quando as quantidades são grandes e sobrevivem bastante tempo a bordo.

Enfim, parados no tempo e espaço, esperando a janela de tempo certa para seguirmos para Mauritius, uma travessia de trezentos e cinqüenta minhas, com vento e mar de popa, que estimamos fazer em três dias e meio.

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domingo, maio 20, 2012

Chegada a Rodrigues

Nossas preocupações foram diminuindo, com a degeneração do ciclone 19S, e a não formação do ciclone em cima de Chagos, portanto, sem ciclones. A preocupação com piratas também diminuiu, proporcionalmente com o aumento do mar, pois pirata nenhum ficaria em mar de quatro metros com ondas estourando, esperando pela possibilidade de um veleiro passar. Não temos divulgado nossa posição exatamente por isso. Em contrapartida, o mar grosso ficou para nós digerirmos...

À duas noites da aterragem em Rodrigues, o mar engrossou muito, com muitas ondas estourando. Como estávamos de través (90º) do vento, que estava entre vinte e cinco e trinta e cinco nós, pegávamos as ondas de lado, com grande impacto contra o casco. O risco seria uma onda maior nos jogar de lado, e o perigo seria uma gaiuta estourar com o impacto. Decidi apontar a proa do barco a quarenta graus das ondas, reduzindo velas, com mestra no segundo riso e Staysail um terço risada, e com pouca velocidade adiante, entre dois e três nós, evitando que o barco subisse as ondas e caísse do outro lado batendo o casco chato com muita força, pois isso compromete o estaiamento, fechendo o barco inteiro para evitar uma onda maior enchendo a cabine de água, e nos trancando dentro da cabine, navegando via os eletrônicos e o remoto do piloto automático. Como a velocidade não era suficiente para gerar eletricidade pelo Duo-Gen, mantive o motor ligado e engatado, a mil e duzentas RPM.

Depois dos quatro dias de preocupação com ciclones e piratas, a navegação nos lembrava da situação que passamos em Papua New Guinea, bastante desconfortável...

Ficamos nessa posição das dezoito horas até as quatro horas do dia seguinte, quando pus o barco para navegar novamente na direção de Rodrigues, mas havíamos saído da rota mais de vinte milhas, tendo agora vinte a mais para Rodrigues, alem do que, eu não queria passar a noite do lado de fora da ancoragem de Rodrigues, então controlei nossa velocidade pelo motor, para aterrarmos antes do escurecer.

Levantei a mestra do segundo para o primeiro riso, abri a genoa e lá fomos nós navegando entre sete e nove nós. Essa velocidade nos poria na entrada da baia de Rodrigues as dezesseis e trinta, mas, com uma hora a menos no fuso horário local, seriam quinze e trinta em Rodrigues, portanto, com luz suficiente para adentrarmos a baia, que é cercada de recifes, e tem uma linha identificada por dois triângulos na costa que indicam a entrada, mas, cuja carta não confere com a geografia do lugar.

Como previsto, chegamos à entrada da baia as quinze e trinta, hora local. Desci as velas fora, com uma ondulação de até quatro metros, e fui procurar os tais triângulos que indicariam a linha de entrada pelos recifes, mas, por mais que procurássemos, não conseguimos identificá-los, então pedi ao Richard do Mr. Curly uma ajuda pelo VHF, se ele podia me passar os waypoints do log por onde ele passou. Ele não tinha o log disponível, então me passou um waypoint de entrada e um rumo, cento e sessenta e dois verdadeiro, ou cento e oitenta e cinco magnético. Por mais que tentasse, não fazia sentido partir do waypoint no rumo cento e sessenta e dois, pois estava claramente fora da área de ancoragem onde conseguia ver os outros barcos ancorados. Ir pelo magnético é praticamente impossivel com a bussola de brinquedo que foi instalada no Matajusi pelo estaleiro, e que eu já deveria ter trocado há muito tempo. Em cima disso tudo, minha linha de heading apontava para onde o barco não estava indo, e a de COG quase oposta.

Depois de uma travessia estressante como a que tivemos, aterrar nessas condições é cansativo, pois temos dificuldade de pensar claramente na situação e solução, mas logo me ocorreu que a Lilian tinha mexido no armário da cabine de proa, onde está instalada a bussola do sistema eletrônico do barco, então pedi que ela fosse conferir se alguma coisa não estava interferindo com a bussola, e dito e feito, logo pude ver um heading e COG que faziam sentido com a geografia local.

Fui entrando devagar, de olho na profundidade, e depois de alguns sustos, com o fundo de corais subindo rápido, conseguimos adentrar a baia, de lá, achando facilmente o canal para o porto, só ali, finalmente reconhecendo os tais triângulos de marcação da linha de entrada da baia. Penso que entrar a noite teria sido mais fácil.

Atracamos na parede do porto, mais própria para navios do que para veleiros e ficamos esperando pelas autoridades, que logo chegaram e fizeram nossa entrada legal em Rodrigues. Agora é curtir o local...

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terça-feira, maio 15, 2012

14/05/2012 Os ciclones que eram, não eram, eram de novo, e já eram...

Ontem tomei banho quente pela primeira vez em seis meses! Saímos das latitudes quentes e viemos para as mais a Sul, portanto mais frias, com mares mais nervosos.

Por conta disso, escolhemos sair quando a rota inteira parecia estar mais mansa, mas, previsão de tempo nos dias de hoje é mais intuição do que ciência.

Depois de uns dias que estávamos atravessando, recebi email da Nasa (me registrei para isso) informando da formação do ciclone 19S no oceano Indico Sul. No mesmo lote de emails, recebi email do meu primo Edson, também velejador, dizendo de um sistema se formando perto de Madagascar, e vindo na direção de Mauricius e Rodrigues. Pronto, assumi que o sistema que o Edson falava era o mesmo que a Nasa falava, e se instalou paranóia total nos seis barcos que estavam atravessando para Rodrigues. Mudamos a net SSB para a cada três horas, o barco a minha frente parou, me esperando para termos alcance de VHF, os da frente correram na direção de Rodrigues.

Todos os barcos saíram à procura de mais informação, inclusive eu, e logo percebi que o sistema 19S estava no Norte da Australia, e não era o mesmo sistema que o Edson sugeria estaria em Madagascar.

Bom, animador por um lado, mas mais preocupante por outro... pois estar no mesmo oceano e mesma latitude de um ciclone formado é perigo grosso!

Passamos a monitorar o ciclone 19S, o sistema de Madagascar não deu continuidade, e soubemos que o 19S estava já se dissolvendo... mas, com uma nota no final, que esse ciclone era atípico, e que poderia se regenerar e crescer...

Esperamos para as previsões do dia seguinte, com os barcos atrás de mim esperando para ver no que ia dar, e eu e os da frente, acelerando para Rodrigues, outra preocupação, pois Rodrigues não é considerado área segura para ciclone...

No dia seguinte vem as previsões, confirmando que o 19S tinha se regenerado e estava correndo solto para Oeste... bem onde nós estaríamos! Abre todas as velas, bota nitro no diesel e acelera! O problema é acelerar com mar grosso! O barco simplesmente não anda para frente, anda para cima e para baixo! Todos os barcos à frente pegaram mar navegável, e eu fico de peão boiadeiro no mar grosso!

Que tal a situação para curar a ansiedade?

Bom, mas a coisa fica pior... na nóia do ciclone, me aparece um barco (skiff) de pesca, parado, tentando ligar o motor (via-se a fumaça) mas sem sair do lugar. O barco? Igualzinho os descritos no site da Nato sobre os piratas da Somalia! Potencialmente, no mesmo mar com o ciclone e os piratas, ao mesmo tempo!

A ansiedade fica mais alta, a cabeça começa a criar fantasmas, e quando tudo isso esta rolando, la vem mais um ciclone na previsão!
Nossa?! O que esta acontecendo? Os deuses se viraram contra a gente? Será que estávamos sendo castigados pelas contravenções às normas militares de Chagos? E onde estava esse novo ciclone se formando? Em cima de Chagos!

Os barcos mais atrás agora ficam sem opção para onde ir, atrás o sistema de Chagos, na frente o sistema 19S. Os barcos da frente consideram usar até os motorzinhos de popa para tentar acelerar para Rodrigues! Nisso, alguém pergunta, cabem tantos barcos assim na ancoragem de Rodrigues? Ninguém sabe responder... temos que chegar lá para ver...

Acelera peão!

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sexta-feira, maio 11, 2012

07/05/2012 Saimos de Chagos com destino a Rodrigues

No ultimo dia sete, saímos de Chagos juntos com o Mr Curly, e começamos nossa travessia do oceano Indico até Rodrigues, uma viagem de mais de mil milhas, que deve durar uns oito a nove dias. Escolhemos o dia sete pois as condições previstas promoviam uma travessia com menos ventos, então mais demorada e com algum uso do motor, mais em compensação, com mar menos agitado, uma característica comum no Indico Sul.
Nossa estada em Chagos foi ótima, com grandes mergulhos e explorações de todas as ilhas onde constatamos uma abundancia enorme de côcos e caranguejos do côco. Os pássaros não estão acostumados com humanos, e nos deixam aproximar. Fizemos muitos pick-nicks e encontros em terra com o pessoal dos outros barcos e curtimos muito os mergulhos e as pescarias, nunca deixando faltar peixe nas refeições. As garoupas e os xareis existem em abundancia, assim como os tubarões, que estão por toda a parte.
A navegação dentro do atol só pode ser feita com sol a pino, pois os cabeços de coral não estão nas cartas. Sempre se vai com alguém na proa olhando o caminho e sempre com óculos polarizado.
O fundo é de uma mistura de areia com coral e não segura bem. Uma sugestão é se ancorar entre dois cabeços com mais de quatro metros de profundidade mínima, assim se a ancora garrar, se prende no cabeço.
Tem vários barcos afundados dentro do atol, em geral, com um squall de Sudoeste que entra varrendo tudo e empurra os barcos contra a ilha de Takanaka ou Fuquet. Na ilha de Boddan, tem-se que escolher bem o local da ancora para, uma, ficar protegido dos ventos do quadrante sul, e duas, não ter nenhum cabeço na rodada do barco, que chega a dar a volta completa na ancora no período de um mês que ficamos por lá. Nunca levantamos a ancora, mas na saída tivemos que limpar metro por metro, pois estava toda enferrujada, com cracas e mariscos. Os barcos que já conhecem bem Chagos, montam pôitas em corais já conhecidos para esse fim, e não tem manutenção de corrente para fazer na saída. Mas, a pôita do Scorpio, Swan Finlandês, soltou e ele teve que navegar a noite, sem visibilidade e com vento forte, e jogou ancora do meu lado.
Enquanto estávamos em Chagos, eu ajudei a consertar o alternador do Scorpio e o leme do Elaine, demonstrando que esses anos navegando me proporcionaram um conhecimento muito bom dos problemas comuns aos barcos.
Enfim, mais um lugar visitado, mas eu não diria que o lugar mais bonito que já fomos, por conta das proibições e nóias dos britânicos que tratam o lugar com normas militares. Isso acaba tirando o encanto natural e único do lugar, e a liberdade e inspiração de se escrever mais sobre o mesmo. Um dos barcos que estava lá com a gente, postou algo no blog deles, e os militares vieram expulsá-lo de Chagos por isso... Para visitar Chagos todos os barcos tem que preencher formulários que dizem claramente que os brits podem mover ação contra qualquer contravenção ás normas, em qualquer território.
Por outro lado, temos provavelmente os dois únicos passaportes brasileiros com carimbo de Chagos, pedido que fizemos aos brits na sua ultima visita antes de partirmos, e que foi atendido... Nos próximos dias posto o relato sobre essa travessia, incluindo os furacões que eram, não eram, eram de novo e talvez já eram...

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terça-feira, abril 24, 2012

2012/04/23 Nossa vidinha em Chagos

Nenhum dos oito barcos que aqui já estavam saíram ainda, e outros cinco barcos chegaram depois da gente, então, a vidinha normal de cruzeiristas em um lugar como Chagos é a de convidarmos alguém para vir comer no nosso barco, ou sermos convidados para ir comer em outro barco, e assim tem sido, o que vai fortalecendo essas novas amizades com barcos que não conhecíamos antes.

A Kathy do Mr Curly, casada com o Richard, vem para Chagos a mais de vinte anos, quase todos os anos, e é quem mais conhece o lugar. Ela sabe das trilhas, das arvores frutíferas, que são bem poucas, das lagoas de água doce, dos caranguejos de côco, dos peixes, das plantas, das ruínas, enfim, de tudo por aqui, e nos mostrou algumas trilhas além de ter-nos dado uma explicação geral sobre as ruínas, e ai pudemos conhecer um pouco mais sobre a vila que aqui antes existia.

Reconhecemos a igreja, a cadeia, a padaria, a escola, a casa dos visitantes importantes, o cemitério, que parece ter mais túmulos do que seria esperado pelo tamanho da ilha, mas a Kathy também explicou que a ilha tinha um surto de tétano, que existe até hoje, e que sessenta por cento das crianças morriam.

Nas trilhas, vimos buracos cavados e revestidos com blocos de coral, onde os moradores guardavam os cocos que colhiam. Vimos também inúmeros poços, e experimentamos tomar banho no poço principal, hoje usado para lavar roupas pelos cruzeiristas que por aqui passam, e achamos a água muito boa. Alguns cruzeiristas sem dessalinizador a bordo estão re-enchendo seus tanques de água com a água desse poço.

Sem sombra de dúvida, o lugar no mundo que estivemos mais infestado de tubarões! Eles estão por todo canto, inclusive no raso nas praias mas em geral não se incomodam com os humanos, mas isso do lado de dentro do atol, pois do lado de fora, a historia muda. Lá tem um tipo de tubarão que se chama silver-tip, que alguns disseram ser parente do tubarão branco, que não só chega muito perto, mas, como no meu caso, ataca também!

O Gil e a Moureen do Prynee, já tinham me convidado diversas vezes para ir mergulhar do lado de fora com eles, mas insistiam que eu não podia levar uma arma de mergulho, pois lá os tubarões eram muito agressivos, mas mesmo assim, quando aceitei o convite, levei a minha havaiana de alumínio, que tem três pedaços e fica bem longa depois de montada, só para o caso dos tais tubarões agressivos resolverem chegar perto demais. Fomos no meu botinho, atravessamos a parede de corais rasos e subimos contra a corrente, pois a idéia é pular na água e ir descendo a corrente junto ao bote, para o caso de algum tubarão se engraçar demais. O Gil ficou segurando o cabo do bote e eu e a Moureen ficamos descendo a corrente perto do bote. No lugar onde eles disseram existir esses silver-tips, perto da Ilha do Diable, eles começaram a aparecer. Um se interessou por mim, e veio direto do fundo na minha direção. Eu fiz um movimento com o arpão na direção dele, e ele deu uma volta mas voltou a vir na minha direção. Na segunda vez que eu o ameacei com o arpão, ele deu uma volta, abaixou as barbatanas peitorais e veio direto para mim. Aí tive que interferir com o arpão e dei uma bela cutucada quase que na cara dele. Só ai ele se afastou, e ficou afastado até o fim do nosso mergulho, mas sempre por ali. Era só eu mergulhar para ver alguma garoupa grande, ou outro tubarão, ou um xareu gigante mais de perto, e lá vinha ele pelas minhas costas...

Fico imaginando como seria arpoar um garoupão daqueles naquela área infestada de tubarões! Mas imagino que seria possível, desce rápido, atira para apagar, sobe rápido, pula no bote e só ai puxa a garoupa para cima... e pode ser que quando ela chegue, chega só a cabeça! Será que eles não morderiam o bote também?

Já dentro do atol, os tubarões são muitos, mas são do tipo Black-tip ou White-tip, e não são conhecidos por atacarem humanos, mas, se você tiver um peixe com você, ai você está no risco...

O fundo aqui não segura muito bem, então a maior preocupação por aqui é a ancoragem. Outro dia deu um vento que chegou perto dos trinta nós, durante um squal (Pirajá), e um barco do nosso lado garrou. Eu soltei mais corrente, e estamos agora com setenta metros de corrente para quinze de fundo, e não garramos, mas em compensação, só quero ver como vai estar a corrente na hora de partirmos, pois fica roçando o tempo todo nos corais do fundo.

Tem um catamaram novo, de sessenta e oito pés, semi afundado na outra ancoragem desse atol. Isso aconteceu Dezembro passado, quando entrou um squal e a ancora deles garrou, jogando eles na arrebentação. Uma historia triste, pois o barco era de um artista da Africa do Sul, que ia fazer algum show na Tailândia, então contratou um skiper para levar o barco, e pôs todos seus equipamentos do show dentro do barco, tudo sem seguro! O skiper não deveria ter entrado em Chagos, pois não tinha permissão da BIOT, então a perda foi grande, além de ficar agora as multas e o compromisso de limpar a área dos pedaços do barco afundado...

Temos até dia cinco de Maio para ficar, mas vamos definir a nossa saída com a melhor situação climática para a próxima travessia, que deve durar uns dez dias, mesmo que isso seja antes ou depois da nossa data permitida. Devemos ir em grupo de três ou mais barcos.

Mas, enquanto isso, continuamos curtindo o que o Marçal Ceccon chamou de melhor lugar no mundo por onde ele passou. Escrevi daqui para o Marçal, perguntando se havia alguma coisa que ele queria saber daqui, e soube dele que eles pararam de viver no barco e puseram o Rapunzel a venda, depois de terem vivido vinte e um anos no barco! Isso me põe para pensar, quando vai chegar a minha hora de fazer o mesmo...
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sexta-feira, abril 13, 2012

13/04/2012 Chegamos a Chagos

A travessia para Chagos foi quase que sem ventos e eventos, com mar calmo, ajudando no motor, o que nos custou um dia a mais, porque acelerando para chegar no dia doze, gastaríamos mais diesel do que queríamos pois vamos precisar para chegar à área dos ventos alísios na pela latitude doze a quatorze, umas seissentas milhas daqui, então tivemos que reduzir velas e motor, buscando uma média de menos do que quatro milhas por hora. O único evento foi encontrar água salgada dentro da área do motor, o que me custou alguns mergulhos no submundo para ver por onde entrava, mas não encontrando nada, continuei na busca até que percebi a mangueira de admissão de água salgada no motor furada e vazando água. Fui procurar nessa área pois vi que o filtro de impurezas grossas da água de resfriamento do motor, por onde passa a água salgada que é sugada pelo impeler da bomba de água e empurrada para dentro da caixa de troca de calor do motor, usada para refrigerar a água doce interna do motor, estava com ar, daí percebi que devia haver entrada de ar falsa e dito e feito. Agora, porque usaram uma mangueira de água pressurizada, com fiação de arame dentro para a entrada de água salgada do motor, é a pergunta que não quer calar! Ali não tem pressão, mas como a mangueira era mais longa do que o lugar onde ela foi instalada, fazia uma curva por fora, e ficava apertada pela porta lateral do motor, e com esse vibrando, acabou quebrando a fiação de metal de dentro da mangueira e a fiação quebrada acabou furando a mangueira... pronto, descarreguei mais uma na construção do barco! Mas, por bom planejamento, tinha mangueiras reservas no barco, cortei uma do tamanho correto, instalei, e, barco seco de novo.
Ai foi só controlar a velocidade do barco para chegar exatamente na hora certa, pois já havia lido que as cartas de Chagos estavam fora, e queria atravessar o passe com sol a pino. Usei três cartas diferentes, a Navionics, a CMap e a Blue Chart, e todas estavam fora! Tinha anotado o waypoint da entrada do passe, mas claramente estava errado também, pois com ele, estava indo para cima da ilha! Então foi entrar na raça pura mesmo, estimando pela cor as áreas mais profundas, mas entrar no topo da maré baixa também não foi a melhor opção! Mas, o que fazer? Ou escolhe a hora do sol a pino, ou a da maré cheia, e entrar com maré cheia sem poder ver o fundo, ai ia ficar pior, isso sem considerar que hoje é dia? TREZE! E todos que me conhecem sabem o quanto eu não gosto desse número! Na verdade, o que o dia treze significa para mim é que eu fico muito mais alerta e esperto nesse dia... o que ajuda em uma situação onde se tem que escolher entre cores muito parecidas, e a diferença pode estar no barco flutuando ou afundado, como deixava bem claro um barco afundado que vi por ali...
Passamos pelo passe sem maiores incidentes, e decidi já ir para a segunda e mais segura ancoragem, a da ilha Boddan, onde já podia ver oito barcos ancorados. Ancoramos bem, em quinze metros de fundo, usando cinqüenta e cinco metros de corrente, e firmei bem a ancora, para o caso de ventos mais fortes.
E aqui estamos! A primeira impressão, vindos das Maldivas, foi, que água suja! Mas deve melhorar, pois soube que choveu bastante ontem...
Dormimos um pouco e no final da tarde saímos de botinho para explorar a área, mas não fomos longe, pois logo encontramos o Brian e a Doroty, do Tagish, um barco canadense que havíamos conhecido em Galle, e que já está aqui há uma semana, então ficamos conversando para saber dos vais e vens do local. Marcamos uma caminhada para amanha cedo, e soubemos deles que o caranguejo do côco é abundante por aqui, então estamos estimando um belo risoto para amanha, além de tomar muita água de côco, uma vegetação abundante em todas as pequenas ilhas do atol.
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terça-feira, abril 10, 2012

10/04/2012 A caminho de Chagos:

No dia dois, como agendado, fizemos documentação de saída das Maldivas, e saímos para Himufushi, a seis milhas ao Norte, para dar uma preparada no barco e rever manutenções, e aí, encontrei óleo no fundo do poço debaixo do motor! Outro problema é que o conta-giros parou! Tentei todos os contatos da fiação do conta-giros, mas não consegui fazê-lo funcionar, e limpei o óleo do poço do motor, procurando por vazamentos, mas ao encontrando nenhum, liguei para meu amigo Shahym, e ele organizou a vinda do engenheiro da Antrac, meu agente nas Maldivas, para dar uma olhada. No dia seguinte, retornamos a Hulhumale para que o engenheiro pudesse trabalhar no barco. Ele só veio no dia seguinte, e já havíamos dado saída, então estávamos agora no período de 72 horas de graça para problemas e avarias a bordo, mas tinha que terminar logo e partir...
Não encontramos vazamento e concluímos que eu devia ter deixado cair algum óleo quando troquei o filtro na troa de óleo em Uligamu, mas achamos a correia muito solta apertamos. O conta-giros, ele tinha um usado e trocamos, voltando a funcionar. Agora, com tudo funcionando, partimos para Chagos, mas no caminho ainda tínhamos muitos atóis para passar...
Quando chegávamos próximos a um atol, eu dava uma rasante para pegarmos sinal do celular, e com isso, internet a bordo novamente, mas, em uma das rasantes, fui dormir e a Lilian entretida com a internet, não percebeu um squall que estava entrando rápido. Quando percebi a mudança no comportamento do barco, já estava em cima, aí foi aquele corre-corre para risar a mestra, abrir o StaySail e enrolar a genoa... bem a tempo, pois entrou com ventos de trinta nós e muita chuva, que precisávamos pois o barco estava salgado. Briga daqui, briga dali, e resolvi por o barco em capa. Ficamos em capa um bom tempo, até que percebemos um barco se aproximando. Acho que nada demais, só queriam saber se precisávamos de ajuda, mas, em zona de piratas, eu corro primeiro e pergunto depois, e assim o fizemos, saí velejando para qualquer direção, me afastando daquele barco, coincidentemente, a direção errada! Logo percebi que estava voltando então pus o barco novamente na direção da próxima ilha, a ilha de Foamulah (Nós Foamulah!). Tinha visto no Google Earth que lá tinha um pequeno porto, então fui naquela direção, pois os pirajás estavam correndo soltos!
No caminho, atravessamos pela quarta vez a linha do Equador, retornando novamente para o nosso hemisfério, a caminho de volta para casa. Honestamente? A recepção poderia ter sido melhor!
Dito e feito, chegando próximo da ilha, e outro Pirajá já estava em cima da gente. Tentei contato por radio, nada. Tentei SMS para o Shahym pois precisava confirmar a profundidade daquele passe e do porto, mas nada também, então fui chegando devagar, guiado pela foto no Google Earth, e fui entrando passe adentro, com profundidade de seis metros, uma empreitada meio assustadora, dado o tamanho das ondas que quebravam contra o muro de pedra do porto, algumas passando por cima! Na entrada do porto, haviam uns curiosos que vieram ver o veleiro entrar e através de sinais de mão, confirmei que o porto tinha quatro metros de profundidade, e eu só precisava de dois, então entrei, bem devagar, com muitos curiosos correndo para o porto para ver esse barco estrangeiro entrando em um porto local.
Um dos curiosos já correu de moto, deu a volta no porto e ficou sinalizando o lugar que deveríamos atracar ao muro, onde tinham dois pneus de trator como defensas. Atracamos bem, amarramos bem, ajeitamos o barco, e saímos para a área onde os curiosos se amontoaram. Muitos vieram nos cumprimentar e perguntar de onde vínhamos, de onde éramos, quanto tempo íamos ficar, etc. Um, com ótimo inglês, veio pegar o lixo que carregávamos, e falar sobre um restaurante naquela área que era muito bom, fazia pão, e ficava aberto até as duas da manhã... Perguntamos sobre diesel, pois já havíamos gasto uns setenta litros, e fomos dar uma volta pela área do porto.
Nisso, escureceu, e estávamos andando livres e soltos por ruas escuras... quando parou uma moto, e um senhor que se apresentou como Didi, e era o dono do posto de combustível que íamos usar, e nos disse que era perigoso por ali, pois os garotos da máfia local podiam nos atacar para roubar celular, carteira, relógio, etc! Nossa! Numa ilhinha de não mais do que alguns quilômetros de extensão e já tinha trombadinhas?! Didi também nos disse para não deixar o barco encostado no muro do porto, para parar mais para fora do muro... Pensamos que ele estava exagerando, mas, caminhando de volta para o barco, e tivemos mais dois voluntários que vieram nos dizer a mesma coisa! E o dono do restaurante onde fomos jantar, também disse a mesma coisa, então, parecia que o problema era sério mesmo!
Bom, nada como o meu facão pendurado nas costas, e uma arma de mergulho armada para desmotivar qualquer garoto que fosse tentar a sorte no Matajusi, e assim o fizemos. Mas, também joguei uma ancora a bombordo, e puxei o barco do muro, o que durou somente até o próximo Pirajá entrar! Lá vou eu de novo ajeitar a ancora e os cabos, no meio da chuva! Aquilo estava virando um inferno! Preferiríamos os pirajás a isso! Dormimos pior do que em capa e acordamos exaustos e ranzinzas, mas era mesmo o que eu precisava para declarar guerra aos garotos mafiosos! Que venham mexer no meu barco!
Antes de ir dormir, fomos com o botinho a remo ate o posto de combustível e recarregamos com diesel, aproveitando e comprando mais um óleo de motor e de transmissão, para ter uma troca a mais do que o estimado.
No final, os garotos mafiosos não vieram e passamos mais uma noite no porto, o que foi bom, pois dormimos bem e saímos hoje com tempo mais estável, a caminho de Chagos. Vamos tentar um ultimo rasante no ultimo atol das Maldivas, para fazer uma ultima internet, antes de portos bem mais ao Sul...
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quinta-feira, abril 05, 2012

Novas fotos (Maldivas Norte) postadas no blog:

Selecionar Fotos do Matajusi na coluna da direita.

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quarta-feira, abril 04, 2012

03/04/2012 Visitas a bordo nas Maldivas:

De Gaafaru fomos direto para Hulhumale, uma ilha do lado de Male, onde fica o aeroporto. Fácil de entrar e de ancorar, logo tivemos a sorte de conhecer o Shahym, skiper de um dos catamarans de charter de Male e profundo conhecedor da área e dos costumes locais. A noite fui jantar com ele e uns amigos em Hulhumale, e ficamos falando sobre boas ancoragens, áreas de pesca, formas de provisionamento, entre outras coisas úteis.
Na manha seguinte fomos com o Shahym até Male de catamaran, para conhecer o lugar e procedimentos. La encontramos o Abdul, nosso agente nas Maldivas. Paguei o custo de um mês nas Maldivas, o mais caro que já pagamos em qualquer lugar, míseros oitocentos e cinqüenta dólares, e recebemos a nossa documentação.
No dia seguinte chegaram o Miguel e a Andrea, nossos amigos de Juquehy, e o segundo casal que vem nos visitar nos quatro anos de viagem volta ao mundo. A visita deles foi ótima, e uma boa experiência tanto para nós, por aprendemos mais um pouco sobre recebermos convidados a bordo, e para eles, pois nunca haviam dormido em barco antes.
Programei uma agenda, onde, primeiro ficaríamos na mesma ancoragem, para eles se acostumarem com o barco, depois começaríamos a navegar pela área, mas escolhendo ilhas com ótimas ancoragens, e só no final fomos para ancoragens mais abertas e expostas. Pena que não filmei a chegada deles no aeroporto, pois estava super ocupado com o veleiro dentro da área das balsas e barcos de transporte do aeroporto, e não podia relaxar para filmar, mas o Miguel parecia uma criança, pulando de alegria!
Embarcamos os dois e voltamos para a ancoragem, ficando por lá, desintoxicando-os dos vícios cosmopolitanos. Nesse primeiro dia, recebemos a visita do Jeff, mais um dos amotinados do Fraternidade que conhecemos. O primeiro havia sido o Andre, que conhecemos em Port Vila. O Jeff passou a tarde contando situações que eles passaram no Fraternidade, confirmando que toda a tripulação desembarcou em Nuku Hiva nas Marquesas. Historias que o povo conta...
No dia seguinte fomos andar na vila de Hulhumale, fazendo provisionamento do barco e aproveitando para comer fora, e dar aos dois a primeira oportunidade de experimentar a culinária local.
Mais um dia e seguimos para Himmafushi, um vilarejo local com uma boa laguna para ancorar e uns corais para garantirmos a janta. Visitamos a ilha, e conhecemos o Mustafa, um garoto que ficou orgulhoso nos mostrando sua vila e acabou sendo convidado para almoçar conosco no único restaurante local, uma primeira experiência para nossos convidados na culinária local.
No dia seguinte, considerando que os dois já estariam acostumados com o balanço, partimos para o lado Oeste do North Male Atol. Tinha preparado varias ancoragens recomendadas pelo Shahym,skiper do Sail Fish, e fui parando na media de dois dias em cada ancoragem. Em todas as ancoragens, fazíamos nossos mergulhos e exercícios na água, mas as mulheres queriam praia! Então fomos procurar por praias, e que praias achamos?! Pequenas ilhas, só de areia, sem vegetação, com corais na volta toda. A primeira que paramos não deu ancoragem, mas aproveitando o vento Norte, parei ao sul da ilha, jogando a ancora em cima de uma área de areia com cinco metros de profundidade, do tamanho de uma banheira! Depois descia para mais de trinta metros... mas ficamos bem ali, pois o vento se manteve. Antes do final da tarde, retornamos para a ancoragem anterior que já conhecíamos bem.
Nossa ultima ancoragem foi a melhor! Outra prainha de areia branca, cercada de corais, sem vegetação, com muita vida marinha, e nessa ficamos até o fim das duas semanas dos nossos convidados.
No final, tudo funcionou maravilhosamente bem, e tivemos duas semanas espetaculares de aventuras pelas muitas ilhas do Norte Male Atol, proporcionando para nossos convidados "a melhor viagem da vida deles" como bem disse o Miguel antes de partir.
De novo, deixei-os no aeroporto de veleiro, eles partindo para sua próxima aventura, em Bangkok, na Tailândia, e nós voltando para a ancoragem do aeroporto para desacelerar um pouco e voltar ao ritmo normal da nossa vida a bordo, provisionar, fazer algumas manutenções, fazer documentação de saída, e esperar a hora certa para partir, pois o vento esta na cara, e as próximas pernas são longas, e sem recursos, então vamos precisar do nosso diesel...
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