segunda-feira, agosto 31, 2009

Ancorados em Fare, Huahine


Posição S16 42.727 W151 02.387 31/08/09
Saímos de Moorea as 18h do dia 29, com previsão de ventos de SE de quinze nós. Assim que saímos da sombra de Moorea, os ventos apertaram para vinte nós com rajadas de até trinta nós, vindos do sul. Com esse vento, mais o céu coberto de nuvens de chuva e o mar com ondas entre dois e três metros, eu já sabia que íamos padecer na travessia para Huahine. São só oitenta e duas milhas e eu precisava de media de cinco e meio para chegar com dia claro, mas mesmo com mestra reduzida ao terceiro riso, e somente um terço da genoa aberto, andávamos entre seis e nove nós, pois as ondas nos empurravam para frente. Nada que pudéssemos fazer, e considerei entrar em capa na sombra de Huahine para aguardar o dia chegar. Mas, no meio do caminho resolvi mudar rota e entrar pelo norte ao invés de pelo sul como havia planejado. Isso me punha com vento a zero graus da popa, e indo na direção das ondas. Mesmo assim, algumas ondas maiores se chocavam contra o barco e espirravam água por todo lado, e uma dessas pegou a Lilian distraída, e foi um banho de água salgada no meio da noite! Ele não gostou nem um pouquinho!

Nessa altura, posicionei radar para captar aproximação da ilha e entrei na cabine também, deixando o barco andar no piloto. Acordei com as velas batendo e sai para fora para ver. O piloto havia soltado. Ajeitei melhor a mestra para não forçar o barco a orçar, e isso resolveu o problema. Fomos assim até o radar acusar a aproximação da ilha a seis milhas.

Ainda escuro, sai, ajeitei as velas e rumo, e fiquei monitorando até entrarmos na sombra da ilha. Daí para frente foi mais confortável e entramos sem problema na baia de Fare. Demos uma boa volta pelo local procurando um bom ancoradouro, mas acabamos voltando para a entrada da baia onde estavam ancorados os outros veleiros. Lá reconhecemos três barcos conhecidos, o PuraVida dos americanos que nos convidaram para um drinque na nossa ultima noite em Papeete, o Spica, uma barco alemão que conhecemos pela net em Galapagos, e o Seacodelick francês. Ancoramos juntos a eles, preparamos o barco, tomamos café da manha e fomos dormir.

Ainda não saímos do barco pois esta chovendo e ventando muito, e ficamos o dia todo de ontem fazendo pequenos trabalhos dentro da cabine. Eu fiquei trabalhando nos filmes que estou fazendo pelo caminho e reorganizando os arquivos no computador, e a Lilian descongelando a geladeira pois acumulou muito gelo. À noitinha assistimos um filme antes de ir dormir e passamos uma noite relativamente confortável, pois o vento esta muito forte e o barco da uns trancos quando atravessa no vento. Isso sempre me preocupa um pouco, pois a ancora pode soltar. Ainda não mergulhei para ver como ela está no fundo, o que pretendo fazer hoje. Estamos ancorados em oito metros de profundidade, fundo aparentemente de areia e paguei quarenta e cinco metros de corrente, pois a previsão é para ventos fortes na casa dos trinta nós que podem ser acelerados pela passagem pelo topo da ilha. Refiz o cabo de náilon que prende na corrente para não dar tranco ou forçar o guincho, e pus um com seis metros e em dobro, isso para evitar os trancos, pois o náilon cede um pouco e a corrente não cede nada.

Muita chuva por aqui hoje, então um péssimo dia para ir conhecer a vila de Fare, mas eu bem que gostaria de um pão fresco! Vamos ver...

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domingo, agosto 30, 2009

Ancorado na Baia de Opunohu, Moorea

Lilian com os tubarões

Exibir mapa ampliadoPosição S17 29.368 W149 51.166 29/08/09
Chegamos a Opunohu e ancoramos do lado de vários veleiros que por aqui já estavam, inclusive o Shellette, catamaran do Mike e da Marnie, que haviam nos convidado para uns drinks à bordo. Fomos dar uma caminhada e na volta fomos para o Shellete, onde ficamos até tarde da noite, batendo um bom papo com o Mike, a Marnie e o Gary, irmão do Mike. Aprendemos que o Mike também trabalha a bordo, onde instalou um Iridium para mandar e receber dados das bolsas de valores do mundo, pois ele é especialista em ações e vive disso.

Combinamos um mergulho com os tubarões no dia seguinte, eles de garrafa e eu no mergulho livre. Desci aos vinte metros onde eles estavam cercados por tubarões, e alguns bem crescidinhos, passando dos três metros. Eu entrei na água com apenas um arpão, sem arma, para me defender no caso de algum tubarão se meter a engraçadinho, mas um dive master que estava no fundo me viu com o arpão na mão ainda na superfície e fez sinal que eu tinha que mergulhar de mãos livres. Concordei e deixei o arpão no botinho. Quando o dive master foi embora, eu ainda estava na água, mas o Mike e o Gary já estavam de volta, e ele fez questão de passar pelo botinho para dar um pito nos dois, que não era permitido caçar na área de alimentação dos tubarões. Quem estava caçando?

Depois do mergulho com os tubarões, o Mike e o Gary voltaram para o Shellette e eu pedi para eles me deixarem perto dos recifes de dentro da baía, pois queria mergulhar um pouco mais. Fiquei umas duas horas na água, e aproveitei para comer umas pahuas e uma ostra de pérola negra, só que não achei nenhuma pérola.

Depois eu e a Lilian fomos caminhar e no caminho achamos um pé de goiaba vermelha, sem bichos! Estavam uma delícia. Na volta encontramos com vários cruzeiristas que estavam fazendo um pic-nic na praia, e paramos para nos apresentar e bater um papo. Eles iam mergulhar com as raias no dia seguinte, e nos convidaram, mas a Lilian não gostou da idéia das raias subirem em cima dos mergulhadores... então, decidimos ir juntos ver os tubarões. Ela nunca havia visto um tubarão debaixo d'água, e teve a oportunidade de mergulhar no meio de uns dez galhas pretas entre um metro e meio e dois metros de tamanho. Um barco estava atirando pedaços de peixe para os tubarões subirem e ficarem perto da superfície, e eu e a Lilian aproveitamos para entrar no meio da festa. Levamos a máquina fotográfica, desta vez dentro de um plástico estanque, e tiramos muitas fotos. Quando o barco foi embora, sobramos só nos dois no meio dos tubarões, e depois de um tempo percebi um deles mostrando sinais de agressividade, quando eles se contorcem. Consegui uma foto da boca dele quando ele passou por cima de mim, mas achei mais prudente voltarmos ao botinho, pois eles queriam peixes e nós não tínhamos. Na volta paramos em outro recife na entrada da baía e mergulhamos mais um pouco, aproveitei para colher algumas conchas para polir depois e guardar na nossa coleção.

Já que eu estava com roupa de mergulho, limpei o casco do barco e o hélice para ver se acaba os trancos que tem quando reverte e muda de novo para avante. Depois fui mergulhar pela baía e colhi mais algumas conchas. Vi garoupas e linguados de bom tamanho, mas aqui dizem que não se pode consumir esses peixes, então não pesquei nenhum.

Estamos preparando o barco e seguir para Huahine. São oitenta e duas milhas e vamos cruzar durante a noite, chegando lá já de dia e com sol por cima, para facilitar a entrada ao passe. Estudei vários guias além de rever as fotos que tirei do Google Earth, e acredito que nossa entrada vai ser tranqüila. Os ventos mudaram de NW para SE hoje e devem ficar de SE por uns dias. Amanhã temos previsão de SE de vinte e cinto nós, mas nessa altura já deveremos estar ancorados a NW da ilha de Huahine.

A baía que ficamos em Opunohu, Moorea é rasa e transparente, vendo-se o fundo de areia branca. Ancorei com trinta metros de corrente e ancora Bruce de vinte quilos, em profundidade de seis metros, e ainda mergulhei para ajeitar a ancora e botá-la de pé. O vento virou várias vezes enquanto estávamos aqui e o barco permaneceu bem ancorado.

Não fizemos nenhum documento de entrada ou saída de Moorea e não vamos fazer também nas próximas ilhas até Bora Bora. Lá vamos precisar fazer para recuperar o Bond que pagamos em Papeete.

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quinta-feira, agosto 27, 2009

Ainda em PaoPao, Moorea:


Posição S17 30.203 W149 49.385 27/08/2009
A ancoragem em PaoPao tem sido confortável, pois ventos estão de Noroeste. Ouvi que os ventos por aqui rodam a cada dez dias e hoje o barco virou, querendo dizer que os ventos viraram. Previsão é de ventos até dez nós. Estou com cinquenta metros de corrente e a Bruce de vinte quilos. Com vinte metros mais no paiol, não esquento mais com ancoragens, pago mais corrente e deve agüentar até nível de tempestade. E sempre tenho a Fortress com mais quinze metros de corrente e sessenta de cabo de nylon de dezesseis mm.

Ontem alugamos uma Scooter 125cc e demos a volta completa na ilha. Tiramos muitas fotos e assim que conseguir transmitir para meu irmão Sergio, vocês vão poder ter uma boa idéia de como é bonito por aqui. Mas, para o meu gosto, muito povoado... estou só esperando o vento certo para ir à Huahine, dito um lugar mais selvagem.

Os picos do passeio de moto ontem, além de matar um pouco da saudade de tocar uma moto, foram ir até a cachoeira, montanha acima e cheia de barro, o que deu para treinar um pouco de derrapagens... A cachoeira é simplesmente uma corredeira com um laguinho de captura de água, e aproveitei para tomar um banho frio e lavar minha roupa. Colhemos um punhado de "pipitio" uma semente vermelha muito usada por aqui para se fazer bijuterias.

Outro destaque foi parar na Tiki-Village, pois com o contrato de aluguel temos entrada franca. Eles designam um guia autêntico polinésio e o nosso guia, o Tihoni, um garotão alto, forte e muito bonito que mereceu várias fotos da Lilian... foi nos ensinando muito da cultura e história da Polinésia, que segundo ele é formada pelo triangulo das ilhas de Páscoa, Hawai e Nova Zelândia. Aproveitei num momento que estávamos sozinhos dentro de uma das cabanas de construção autênticas da cultura Polinésia, e perguntei se era verdade que somente o primeiro filho era tratado como homem, que os outros eram tratados como mulher e tinham um comportamento afeminado, não necessariamente gay.
Ele explicou que os Mahus, conforme são chamados, são filhos homens que assumem o papel de filha mulher, ou seja, fazem os trabalhos domésticos, cozinham, e ficam mais com as mulheres do que com os homens. Explicou que isso não necessariamente quer dizer preferência sexual, e que os Mahus são muito respeitados dentro da cultura polinésia. Disse também que os outros, gays, cujo nome não memorizei, não tem o mesmo respeito que tem os Mahus.

Visitamos várias cabanas, construídas em estilos diferentes, mais a praça de alimentação, um lugar coberto que acomoda mais de cem pessoas e onde a comida é feita em cima de uma fogueira cheia de pedras em um buraco no centro, depois que o fogo para e as pedras continuam quentes. Depois nos levou a beira mar, onde o Terootae, outro polinésio autêntico, cheio de tatuagens nos levou de barco a remo até uma imitação de fazenda de pérolas, que mereceu várias fotos da Lilian também... além de um filme... No retorno da visita à fazenda de pérolas de imitação, fomos levados para uma área de venda de pérolas já montadas, e muito bem montadas. Tivemos mais idéias de como montar as pérolas que compramos em Apataki. Depois fomos ver um show consistindo de uma banda polinésia e um grupo de dançarinos homens e mulheres. Muito bonito, sempre com um destaque sensual. Vale notar que todos os polinésios que trabalham no Tiki-Village estão sempre vestidos em costumes autênticos polinésios, ou seja, com pareos (nossa canga). O Tihoni tirou a Lilian para dançar, e pela primeira vez ela dançou uma dança polinésia. Depois da dança, um homem e uma mulher do grupo fuçaram para demonstrar como se pode usar o pareo de diversas formas diferentes. Ficamos na vila para almoçar e depois continuamos nosso passeio de scooter.

Próxima parada foi o Belvedere, que fica alto em uma das montanhas e da vista para as duas baias no norte da ilha, uma delas onde estava ancorado o Matajusi. A estradinha era asfaltada, muito parecida com a estradinha que leva ao pico do Jaraguá em São Paulo, e aproveitei para acelerar um pouco mais a motinho para matar a saudade de umas curvinhas...

Do Belvedere fomos à uma loja que vende produtos alcoólicos feitos de frutas locais, onde tem uma área de degustação, e foi licor em cima de licor, até a hora de decidirmos que era melhor ir entregar logo a scooter, antes de todo aquele álcool nos tirar do sério.

No caminho vimos uma van que vendia frango assado com batatas feito na hora, e ficamos de voltar de botinho, que havíamos deixado no hotel do outro lado da baia onde estávamos ancorados e em frente ao Albert Rent A Scooter, para comprar um para o jantar. Uma vez no bote e a caminho da van dos frangos assados, fizemos uma parada no Charisma, um barco de San Diego, cujo capitão parecia estar tocando um violão. Sempre tento achar um parceiro para tocar flauta juntos.
Não anotamos o nome dele então fica como Capitão do Charisma. Ele nos disse que haveria uma dança no hotel as 18h, e nos convidou para uns drinks antes no barco dele. Agradecemos e fomos comprar o frango assado, que levamos ao Matajusi e estava uma delícia!

Acabamos nos atrasando para os drinques no Charisma e para a dança e quando chegamos ao hotel já estava terminando, mas, lá conhecemos outro grupo do barco Sheilette, um catamaran americano com o mesmo itinerário que o nosso daqui até a Nova Zelândia. O Mike e a Marnie nos convidaram para uns drinques no barco deles no dia seguinte. Estávamos mesmo querendo mudar de ancoradouro e conhecer a bahia de Opunohu mais a oeste de PaoPao, então estamos indo para lá.

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terça-feira, agosto 25, 2009

Ancorado em PaoPao, Moorea:


Exibir mapa ampliadoPosição S17 30.203 W149 49.385 09/08/2009
Ontem pela manha, fiz manutenção nos tanques de diesel traseiros, pois o motor havia parado duas vezes usando o tanque de bombordo, e achei que estava entupido com cera ou gel, que se forma dentro dos tanques de diesel. Primeiro desmontei a mangueira comum aos dois tanques traseiros, e passei ar para dentro dos tanques com o compressor que comprei no Panamá para encher as defensas. O ar passou em todos os tanques, o que quer dizer que as mangueiras estavam livres e o respiro estava aberto. Depois abri o tanque de bombordo e inspecionei. Para minha surpresa, ele estava vazio! Por isso o motor havia parado! Erro de calculo meu... Mas aproveitei para limpar um pouco de sujeira no fundo do tanque, fechamos tudo e fui pagar a marina (US$158). Acho que eles me cobraram mais do que outros barcos, pois nas conversas com os barcos meus vizinhos eles disseram que estavam pagando US$20/dia, e me cobraram US$50. Mas, não conferi na hora a conversão de moedas e só fui ver depois no lançamento no meu cartão de credito. Na próxima tenho que ficar mais experto...

Na saída fui abastecer de diesel e gasolina (motor popa e gerador). Couberam 80 litros no tanque principal, mais 90 no tanque de boreste e 110 no tanque de bombordo. Levou mais de uma hora pois tivemos que esperar por um folgado que tomou conta do píer por quarenta e cinco minutos... Depois disso, rumamos para Papeete Harbor.

Atraquei na mesma área que havia atracado antes, e fomos correndo para a Emigração, pois eram 11:45 e eles fecham as 12:00 para almoço. Conseguimos fazer todos os papeis de emigração e controle portuário, e voltamos para o barco para aproveitar a água abundante do píer e tentar limpar toda a ferrugem causada pela corrente original da ancora. Eu havia comprado um gel neozelandês para esse fim e queria ver se dava certo. Fiquei surpreso! Você passa o gel com uma esponja, protegendo as mãos com luvas de látex cirúrgicas, e em dez minutos, lava com água. Impressionante como ficou tudo brilhando de novo! Nunca soube da existência desse gel no Brasil, mas se não existir, alguém podia importar da NZ porque funciona que é uma beleza.

Bom, deixamos o barco todo brilhando, esvaziamos os tanques de água , trocando a água dessalinizada por água de Papeete, lavamos o barco todo, e nos arrumamos para ir visitar o Pura-Vida, um catamaran americano que havíamos conhecido nas Marquesas. Queria ir comer de novo no Moana, mas quando saímos do Pura-Vida e fomos para lá, eles estavam fechando, então fomos caminhar um pouco pela cidade e achamos uma área com restaurantes ambulantes, desses montados em pequenas vans, e comemos por lá mesmo. Encerramos a noite com um crepe de banana com chocolate amargo, e fomos dormir, pois tínhamos que levantar cedo para sair de Papeete, pois o oficial dos portos veio até o barco para mandar a gente sair, pois já tínhamos feito os papeis de saída.

Saímos as seis e meia da manha, com destino à vila de PoaPoa em Moorea. Na chegada à baia onde fica essa vila, cruzamos com o Itusca, com dois brasileiros, o Flavio e Diogo a bordo. Falamos pelo VHF, e eles estão junto com outros veleiros brasileiros que estão por aqui. Tem o Pajé, com o Mario e a Paula, o Beduína, e o Brasil Canela. Vou ver se me encontro com eles mais para a frente, pois eles já partiram para Raiatea. Vamos estar lá daqui uma semana mais ou menos. Ainda temos que conhecer outra baia de Moorea, depois vamos para Huahine e só depois vamos para Raiatea.

Estreamos a nova corrente da ancora, e, de novo, com quarenta e cinco metros de corrente paga, não pulou nenhuma vez! È outra coisa ter equipamento de qualidade a bordo.

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segunda-feira, agosto 24, 2009

Troca da corrente da ancora:
















Posição: Atracado ao píer da Marina Tainá
Revendo as rotas e ancoragens, notei que muitas das ancoragens à nossa frente tem entre quinze e vinte e cinco metros de profundidade, e isso estava me preocupando, pois só tenho cinquenta metros de corrente de ancora.

Posso sempre amarrar um cabo ao final da corrente para estender a quantidade de corrente/cabo que uso em uma ancoragem, mas isso da um trabalhão quando o cabo não esta já anexado à corrente com um splice (cabo tecido no ultimo elo da corrente), e o meu não esta pois o uso na ancora de reserva.
Outro problema me perturbando é o nível de ferrugem que a corrente original fornecida pelo estaleiro esta criando em toda a proa do barco (vide fotos). Se essa ferrugem jamais sair, vai dar um trabalhão danado para tirar!
Por isso hoje resolvi fazer a troca da corrente da ancora, e aproveitei para fazer algumas outras coisas para melhorar nossas ancoragens:
1. Aumentei o tamanho da corrente de cinquenta metros para setenta metros, o mínimo para um barco de cruzeiro em uma viagem como a nossa.
2. Para facilitar o calculo de quanta corrente pagar em uma ancoragem (mínimo 3x a profundidade), pintei a corrente nova a cada dez metros com tinta vermelha, de fácil visualização, e ainda adicionei tie-ups brancos em cada área pintada de vermelho, com um tie-up na área de dez metros, dois na de vinte e assim por diante até a marca de sessenta metros.
Pusemos a corrente nova no cais do lado do barco, retiramos a ancora juntamente com a corrente antiga e pusemos em cima do cais, fiz a troca das correntes, e recolhi a corrente nova junto com a ancora usando o guincho. Depois, desci a ancora com toda a corrente para dentro d'água e recolhi novamente usando o guincho, mas agora arrumando um pouco os primeiros vinte metros para usar melhor o paiol da corrente da ancora e não deixar a corrente toda acumulada logo abaixo do guincho.
A corrente velha, deixei com o dono da loja que me vendeu a corrente nova, mas antes tirei um metro, como prova da baixa qualidade da corrente fornecida pelo estaleiro.
Um ganho adicional foi ver o guincho recolher sessenta metros de corrente, duas vezes, sem pular nenhum elo! Com a corrente original, ele pulava um elo ou mais a cada metro, o que deu um desgaste muito maior à catraca do guincho. Ou seja, além da corrente original ser de baixa qualidade, ela é de tamanho e espessura irregular e por isso pulava na catraca do guincho a cada metro recolhido.
Paguei cinquenta e hum mil francos polinésios (+-83FP x 1US$) na nova corrente, mas agora fico menos preocupado com ancoragens fundas, além de poder curtir melhor meu barco sem toda a ferrugem causada pela corrente antiga.
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domingo, agosto 23, 2009

Nossas andancas em Papeete:


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Posição: Atracado ao píer da Marina Taina, 23/08/09
Dormimos bem nossa primeira noite em Papeete, mas fazia tempo que não ouvíamos barulho de carro, buzinas, ou seja, barulhos de cidade. No mar só ouvimos barulhos do mar. Acordamos cedo e fomos fazer a documentação de entrada, sempre um estresse! Atracado na minha frente tinha um catamaran de charter e quando sai para fora da cabine, estava saindo uma mulher do catamaran. Perguntei para ela em inglês se ela sabia onde ficava a Gendarmeria, e ela tentou me explicar num Inglês/Francês que entendi pouco. Percebendo que não havia sido compreendida, ela se ofereceu para nos levar lá. Saímos correndo, sem café da manhã, um item de alto valor na agenda da Lilian, e pegamos uma carona até a Gendarmeria. Agradecemos e entramos no quartel general da Gendarmeria na Polinésia Francesa... e ninguém sabia nos dizer onde tínhamos que ir para fazer a emigração e registro do barco. Nos mandaram para outro prédio a um quarteirão de lá, e também não era lá, mas eles se ofereceram em achar na lista telefônica o lugar certo. Procuraram por um bom tempo e ligaram para muitos lugares, até que finalmente tínhamos a resposta correta. A Emigração e Registro de barcos de Papeete ficava, ... do lado de onde tínhamos atracado no píer!

Bom, voltamos a pé, mas aqui isso não é problema, pois as distâncias não são muito grandes, e aproveitamos para ir notando coisas no caminho que queríamos ver. Chegamos à Emigração umas deis e meia e apresentamos os papéis do barco. A primeira coisa que eles pediram foram as passagens de volta ao Brasil, ou o comprovante do depósito do Bond, no caso de não se ter a passagem física.

Tivemos que voltar até... do lado da Gendarmeria, onde ficava a sede do Banco Socredo, onde fomos fazer o bond... Pegamos uma filinha, e quando chegamos ao caixa, não era aquela fila, era a fila do lado... Eventualmente chegamos ao caixa, e fizemos o Bond. Decidi fazer pelo cartão de crédito para saber exatamente o custo daquela transação. O preço é de 115.000 francos polinésios para qualquer residente das Américas, ou seja, 230.000 para nós dois, e adicione a isso o custo que seu banco vai cobrar para pagamentos em moeda estrangeira. Esse valor nos será restituído no nosso último porto da Polinésia Francesa, no nosso caso Bora Bora, só que eles nos restituirão em moeda local, e depois nos cobrarão para converter em outra moeda, que no caso deve ser dólares da Nova Zelândia, pois será a nova moeda de gasto nas ilhas que temos pela frente.

Com o Bond pago, retornamos para a Emigração, parando no caminho para um excelente almoço em um restaurante local, pois a Emigração fecha das doze às catorze horas. Escolhemos ir pelo caminho que passa do lado do mercado, para conhecer e ter uma idéia do que precisávamos e podíamos comprar no mercado.

Fizemos toda a documentação, agendamos nossa saída de Papeete para o dia vinte e quatro, pois queremos incluir Moorea e Huahine na nossa rota, e não gosto de cidades grandes, então fizemos rapidinho o que tínhamos que fazer em Papeete, ou seja, mercado, visita ao museu de pérolas de Robert Wan, a catedral, uma caminhada geral, e retornamos ao barco para um banho.

Tem água no píer da cidade, então aproveitei para jogar uma água nas áreas do barco onde a chuva não molha, para tirar o sal. Descansamos um pouco, e saímos a noite para jantar em um restaurante local, o Moana, que tem uma atmosfera excelente, e comida melhor ainda. O melhor da noite foi a salada com frutos do mar que a Lilian pediu... muito bem servida e deliciosa. Com som ao vivo e vinho à vontade, ficamos até mais tarde no Moana.

Interessante notar que o píer onde atracamos tem porta de segurança com chave, que diga-se de passagem, não temos, então, toda vez que retornávamos ao barco era aquela ginástica para atravessar todas as barreiras pontiagudas que puseram lá para proteger o píer. Acho que atracamos no píer errado, o dos barcos charter, mas, por outro lado, essa porta trancada melhora a segurança à noite. O outro píer, onde tinham outros barcos de cruzeiro, tinha a porta quebrada, com livre acesso.

No dia seguinte cedo, partimos para a Marina Taina, que fica depois do aeroporto. Tem-se que chamar o Harbor Control no canal 12 do VHF para pedir autorização para passar na frente (encostado) à pista de aterrissagem, o que eu fiz cinco minutos antes de atravessar, conforme instrução nos sinais postados do canal, com resposta de que eu podia seguir em frente. E não deu outra, assim que estávamos na frente da pista, escuto o barulho e lá vem um avião para cima da gente! Pena que a Lilian não tirou uma foto do avião pousando quase no nosso mastro, pois ela se assustou e travou. Fiquei na boa, fingindo que nada havia se passado e continuei caminho. Acho que a operadora na Harbor Control fez o mesmo...

Chegamos à marina e procuramos por uma bóia ou lugar para ancorar. Não achei nada que me contentasse, e depois de procurar uma boa meia hora, resolvi chamar a marina e pedir um lugar dentro, o que eles consentiram. No caminho passamos pelo Samba, trimarã amarelo brasileiro que já vimos fotos por vários lugares por onde passamos.

O Flô, gerente de operações da marina veio nos receber e dar instruções de atraque, e ajudou a amarrar o barco no píer. Ficamos em um lugar muito confortável, na frente do restaurante, que tem música ao vivo à noite, então ouvimos de camarote, quando não vamos lá para jantar ou tomar uns drinques.

Ontem fizemos supermercado Carrefour, que fica a uns quinhentos metros da marina. Compramos dois carrinhos grandes de provisões, e trouxemos de volta a pé mesmo, empurrando os carrinhos. Como as quatros rodas permitem virar, dá um trabalho incrível manter o carrinho na calçada quando tem qualquer declive e precisou de muita coordenação para não atropelar nenhum carro na auto-estrada que passa ao lado.

Temos que sair amanhã para Moorea, pois agendei com a Emigração para essa data, então vamos soltar amarras cedo, reabastecer o barco com diesel e gasolina para o gerador e o motor do botinho e voltar ao píer de Papeete registrar nossa saída. Moorea fica a poucas minhas de Papeete, então espero que em menos de duas horas estejamos ancorados ou atracados por lá.

Toda a documentação que tenho a bordo não especifica as novas condições de atracagem na Polinésia Francesa, mas pegamos um folheto para velejadores no Office Du Tourisme, ao lado do píer de Papeete, e através desse folheto, temos planejado nossas rotas e ancoragens por aqui.

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quinta-feira, agosto 20, 2009

Ancorado em Papeete


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Atracado no pier da cidade de Papeete:


Posição S17 32.226 W149 34.224
Chegamos à Papeete as 20:30h, e demoramos uma hora entre atracar no píer da cidade e preparar o barco para dormirmos. Aqui se usa o mesmo sistema do terminal náutico de Salvador, onde as poitas ficam amarradas ao cais por cabos mais finos, e quando atracamos de popa, amarramos a popa, deixamos o motor engrenado para a frente e levamos o cabinho da poita até a proa do barco para amarrar no cunho da proa. Uma vez amarrado na proa também, desengrenamos o motor.

A chegada foi sem emoção... uma hora antes chamei a Harbor Control e avisei da minha chegada as 20:30hs e que ia tentar atracar no cais da cidade. Eles consentiram, e pediram para eu anunciar a chegada quando tivesse entrando. A preocupação aqui é que o aeroporto fica bem na entrada do porto e os aviões passam baixo, então tem-se que tomar cuidado com a altura do mastro. A Harbor Control verifica lista de vôos e consente ou não sua entrada no porto naquela hora. Uma meia hora depois que atracamos, vimos uma jato grande de passageiros aterrissar, passando bem onde havíamos acabado de passar.

A travessia foi com motor ligado o tempo todo pois o vento estava fraco ou na cara, e eu queria chegar ainda de dia, e mesmo assim, não consegui. O porto é muito bem sinalizado e entramos sem nenhum problema.

Agora um banho, um filmezinho a bordo, dormir cedo...

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quarta-feira, agosto 19, 2009

Sem vento, Papeete fica mais longe:


Posição S16°33'487 W148°08'194 10/08/09 03:08h
Começamos a perna bem, com ventos entre quinze e vinte nós vindo de popa (Norte), mas o vento foi diminuindo até acabar. Estamos a zero de vento, andando no motor a dois mil giros, com velocidade de cinco nós e meio. Precisávamos de seis e meio para chegar ainda de dia em Papeete, então, toca a estudar todos os detalhes do porto na nossa literatura de bordo e nas fotos que tenho de cada porto visitado tiradas do Google Earth. Antes de entrar em qualquer porto, verifico essas fotos para notar detalhes não mencionados em cartas. Quando a foto no Google Earth não tem nuvens e esta com boa resolução, a visão do porto é perfeita.

Em horas como essa não me arrependo de ter adicionado mais dois tanques de diesel de aço inox no barco. Aumentamos o peso, mas aumentamos bastante a nossa autonomia no motor.

Andando a dois mil e seiscentos giros, como sugere o fabricante, consumimos três litros ou mais por hora e conseguimos andar a uns seis nós e meio, andando com dois mil giros, consumimos menos de dois litros por hora, e andamos entre cinco e cinco e meio nós. Isso aumenta nossa autonomia consideravelmente, além de reduzir custo e manutenção do motor.

Enrolei a genoa e deixei a mestra para cima para ajudar a reduzir o balanço do barco. Quando passamos o ultimo atol, Raitahiti, e ficamos em mar aberto para o leste, as ondas aumentaram, vindo de duas direções diferentes, ondas de até um metro e meio vindo pela popa, e ondas de ate dois metros e meio vindo de Leste, ou seja, entrando por bombordo (esquerda). Com vento de popa, essa é uma posição muito incomoda pois o barco fica em pendulo o tempo todo. Sem vento, ficamos totalmente a mercê das ondas, então deixo a mestra levantada para amortecer o balanço lateral do barco.

Mas, o swell (ondas) está diminuindo e se continuar sem vento, que é o previsto, vamos com mar de almirante de novo...

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terça-feira, agosto 18, 2009

A caminho de Papeete:

Posição s15°38'784 w146°53'362 18/08/2009
Ontem fomos mergulhar de manha e voltamos com cinco garoupinhas (as pequenas são menos perigosas quanto à ciguatera) e duas pahua (conchas) de tamanho médio, quase um palmo. A Lilian ficou fotografando e nem percebeu um tubarão que chegou mais próximo dela. Eu gritei e ele se assustou e foi embora. Ela conseguiu umas fotos lindas, mas, de alguma forma entrou um pouco de água salgada na câmera.

Voltamos ao barco, lavei a câmera com água doce e lubrifiquei com corrosion X, e pus para secar. Vamos torcer para que não tenha problemas, pois adoro essa câmera que a Tatiana me deu. Mas, câmeras em barcos são assim mesmo, elas não sobrevivem à maresia e as trocamos de quando em quando.

Preparei as garoupinhas para fritar, e comemos com arroz. Interessante um comentário no blog hoje sobre eu comer demais... Emagreci sete kilos desde que vim para o barco e como em geral uma refeição por dia, então, na entendi...

Outro comentário veio do Sergio, perguntando como eu resolvo essas situações por qual passamos de quando em quando. Bom, tento resolver da melhor forma que conheço, e muitas vezes não conheço, então improviso. Experimento de um jeito, se funciona muito que bem, se não, experimento de outro, e vou tentando até acertar. O difícil é lembrar exatamente como eu resolvi, da próxima vez que passamos pela mesma situação, isso vem com mais experiência. Toda vez que saímos de novo, damos umas erradas antes de pegar jeito de novo...

O Paulo me perguntou como consigo conciliar situações do trabalho com a vida que estamos vivendo. Bom, isso testamos por dois anos antes de sairmos de vez. Desenvolvi um método de trabalho e o usamos até hoje. Não conseguiria trabalhar não fosse o uso do email do barco, que me permite múltiplos contatos diários com minha equipe em São Paulo e meu chefe nos Estados Unidos. Não tenho internet a bordo, quando estou ao largo, mas o email é ótimo e funciona muito bem. Lógico que o que eu não consigo fazer é estar cara a cara com um cliente, mas isso eu treinei meu pessoal para me substituir nessas horas.

Depois do almoço fomos nos despedir dos amigos de terra, a Polina e o Alfred, da fazenda de pérolas, e o Phellipe e a Myrna, o casal que vive do lado da fazenda. Sempre trocamos emails e quando estivermos no Brasil, a Lilian vai imprimir alguma foto onde estamos juntos e mandar para esses amigos que vamos fazendo pelo caminho.

Preparamos o barco para sair da fazenda no final da tarde, e quando estávamos prontos para soltar amarras, notei que o sol estaria na nossa cara, e com isso não conseguiríamos ver os cabeços de coral, baixios e bóias de criação de perolas que existem pelo caminho, então, prudentemente resolvi sair na madruga.

Dormimos bem, e acordamos às cinco e trinta. Levamos uma meia hora para finalizar o barco e soltar amarras, e lá pelas seis horas, estávamos velejando e ajudando no motor, pois com isso me atrasei uma hora para a chegada de dia em Papeete. Não seria um grande problema chegar à noite, pois é uma cidade bem sinalizada e iluminada, mas, é sempre bom chegar de dia.

Atravessamos o passe de novo, agora saindo com a maré, e o barco andava a nove nós dentro do passe. Logo fora de Apataki, levantamos a mestra mas continuei ajudando no motor para ganhar tempo. Vamos tentar chegar de dia a Papeete.

O vento esta de popa, entre 10 e 18nós, o que é muito estranho, pois a previsão é de vento leste, o que me daria vento de traves já que estamos rumando quase que direto para o sul. O dia esta ensolarado, mas com pirajas de chuva com pouco vento. Estamos com media de 6.7, mesmo ajudando no motor, o que indica alguma corrente por aqui. Passamos o ultimo atol das Tuamotus e agora é só mar, até amanha no final da tarde.

Enquanto em Papeete, vamos tentar uma entrevista via skype com a Globo do Paraná. Tenho que testar as conexões para ver se conseguimos fazer isso. Minha assistente de Relações Publicas tem negociado com múltiplas emissoras de TV e algumas rádios e revistas, promovendo matérias com nossas aventuras. Uma idéia que se tem cogitado é a de eu fazer reportagens sobre os lugares onde vou, mas para isso temos que ter uma câmera mais apropriada. Vamos ver se resolvemos isso em Papeete.

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segunda-feira, agosto 17, 2009

Aprendendo a tocar musicas Tahitinianas:



Posição Amarrado em poita na Fazenda de Perolas

Dormimos bem apesar do vento forte que esta por aqui, e levantei umas sete e meia para falar nas nets do SSB. Depois do café da manha e das nets, fui nadar um pouco e aproveitei para pegar duas conchas benitier em Frances e pahua em tahitiniano. Eram maiores do que as que eu tinha pego antes, mas também mais duras. Experiência nos diz para colhermos as menores que são mais saborosas e tenras.
Hoje foi um daqueles dias que vai dar saudades, que nos faz ao mesmo tempo feliz e triste, pois conforme combinado ontem, preparei um macarrão com polvo, e fomos almoçar com o Philippe e a Myrna que conhecemos ontem. Eles contribuíram com alguns peixes, pescados ali mesmo na frente da casa deles, e um arroz. O Philippe nasceu em Fatu-Hiva, então o presenteamos com limões, torranjas e bananas de lá.

Conversamos muito, sobre o lugar, os costumes, os problemas, e os ciclones. Em 1983, cinco ciclones atingiram essa área, e Apataki foi arrasado por pelo menos um deles. A água passou por cima do atol na direção Leste/Oeste, e depois, de novo, na direção oposta, de Oeste a Leste, na passagem do furacão. O avô dele ficou amarrado no alto de um coqueiro por dois dias e duas noites seguidas para não ser levado pelas ondas. Enquanto falávamos, notei que ele havia amarrado a casa em algumas arvores. Levantamos para ir observar a amarração, e notei que ele usava nós comuns, que podiam correr, e que havia amarrado no meio da arvore. Eu sugeri que ele amarrasse na base da arvore, pois, se amarrasse no meio, a arvore iria se movimentar com o vento e acabaria danificando mais a casa do que protegendo. Depois, o ensinei alguns nós como o de emenda de dois cabos de mesma espessura ou espessura diferentes, e o lais de guia, que não corre. Enquanto a Lilian e a Myrna conversavam sobre coisas como comidas, temperos, entre outras, eu e o Philippe tocamos juntos, ele violão e eu flauta. Praticamos uma musica Tahitiniana sobre Bora Bora, que no final da tarde a Lilian filmou para guardarmos no coração.

Ficamos contentes de fazer mais uma amizade relâmpago, e tristes por saber que amanha ou depois seguimos caminho e talvez nunca mais nos veremos. Quem sabe um dia eles vêm nos visitar no Brasil, ou voltemos à Apataki... Espero que aqueles que nos seguiram, carreguem consigo uma lista dessas pessoas maravilhosas que conhecemos pelo caminho, como o Felix em Los Testigos, a Nelly em Los Roques, o Leonardo na aldeia Tigre de Kuna Yala, o Roger e Benny em Linton, o Teko e a Marie Christine, Henri e Anne de Fatu-Hiva, o Philippe e Myrna de Apataki, e que quando passarem por esses lugares, que dêem um abraço apertado nesses nossos amigos, que contribuíram para fazer nossa passagem marcante.

Temos que seguir caminho, se não amanha, depois. Vou preparar a rota, planejando saída para coincidir com maré vazante na saída de Apataki e chegada de dia, de preferência com maré alta, à Papeete, estudando os ventos pelos próximos dias, preparando o barco para a próxima perna.

Temos funcionado o motor uma meia hora por dia, para esquentar a água e ajudar na carga das baterias, pois tenho dessalinizado água por uma a três horas durante o sol forte, então as baterias não ficam no topo no final do dia. Parece que tudo esta funcionando bem. Por que será que os problemas aparecem sempre nas horas mais complicadas? Será que é para testar nossas habilidades?

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domingo, agosto 16, 2009

Sábado, 15/08/09, ainda na fazenda de pérolas

Foto: Apataki escrito com pérolas negras.
Posição S15 33.344 W146 14.364
Hoje limpamos o casco, apertei a correia do alternador Balmar, chequei o sistema de alimentação de diesel do motor para ver se não tinha nada entupido e troquei o parafuso do rolo por onde passa a ancora na proa do barco, pois o que estava lá entortou com o esforço do vento em Fatu-Hiva. Pus um com o dobro da espessura do anterior. Vamos ver se agüenta. Aproveitando o mergulho para limpar o casco, pus mais um cabo prendendo o barco à corrente da poita, só por segurança, pois estamos vendo o vento aumentar.
Consegui pela primeira vez receber faxes de tempo via o software do sailmail, mas usando somente o SSB e conectando a alguns dos locais que transmitem esses faxes. Fácil de ver os dois furacões no norte, e um aviso de tempestade abaixo do equador mas bem mais a leste do que onde estamos.

Depois de limpar o casco fomos para terra para pagar a Polina as compras de perolas que fizemos, e aproveitamos e compramos mais algumas de reserva. Depois fomos caminhar pela praia de dentro do Atol por umas três horas, e no caminho,com a maré baixa, achei algumas conchas que agora sei o nome, em francês é benitiez, e em polinésio é poahua, e confirmado que elas são comestíveis. Abri umas cinco, limpei e comi. Para abrir, enfiei o canivete enquanto ela estava aberta, e cortei o músculo que abre e fecha a concha de um lado, ai fica fácil cortar o outro lado. Essa concha se prende ao chão onde está por um músculo que por sinal é duro demais para se comer. Peguei umas cinco entre os corais na maré baixa, nada mal.

Na volta da caminhada, passando pela frente da única casa fora da do Assam desse lado do atol, vi um senhor tocando violão, então entrei e fui conversar com ele. Era o Felipe, um tahitiano aposentado que veio morar com a mulher naquele paraíso! As terras eram do bisavô dele, e tinham passado de pai para filho já por quatro gerações. Ele me mostrou como pesca usando caranguejos eremitas como isca, como faz copra para vender, e falamos um pouco em como eles vivem ali. Ele mesmo se chama de Robinson Crusoé! Que delicia. A mulher dele veio se apresentar para a gente, e ficou conversando com a Lilian enquanto o Felipe me mostrava o lugar. Ele nos ofereceu um drink, e enquanto bebíamos ele cantou algumas musicas brasileiras, do Tahiti, e americanas. Combinamos de preparar um polvo para o almoço de amanha, e ele ia ver se pegava um peixe para fazer.

De lá voltamos para a casa do Alfred, marido da Polina, para fechar o negocio com as perolas, e nisso vi o Alfred com uma espingarda de chumbinho. Achei que ele ia matar ratos, mas na verdade tinha ido caçar caranguejos. Fiquei com água na boca quando vi os caranguejos que eles pegaram, amanha quero ver se vou caçar uns.

Vamos ficar por aqui mais uns dias, pois prefiro esses lugares pequenos aos grandes centros comerciais.

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sábado, agosto 15, 2009

Fazenda de pérolas em Apataki


Posição S15 33.344 W146 14.364
Amarrado em poita
Depois da extensa manutenção ontem à noite, dormimos bem, e hoje pela manha resolvi aproveitar a água clara e vento fraco e tirar o barco do meio dos corais. Demorou um pouco, mais conseguimos soltar dos corais, comigo manejando a ancora e a Lilian manejando o barco. Procurei por outro lugar para ancorar, e atravessei o canal de volta para frente da vila, onde a água estava clara e vimos até tubarão embaixo do barco. Acabou que não achei nenhum lugar que me apetecesse e, coincidentemente, vi um veleiro vindo da direção da fazenda de perolas do Assam do lado leste do atol, então o chamei no VHF e ele respondeu. Pedi instruções sobre como ir para a fazenda, e achei fácil para ir direto, então seguimos para lá. Tem-se que desviar das bóias de viveiros de ostras, e tem um baixio no meio do caminho, mas a água estava muito mais clara e era fácil identificar.

Chegamos à fazenda, amarramos em uma bóia e preparamos o botinho para ir para terra. Chegando lá conhecemos a Polina, casada com o Alfred, filho do Assam, uma senhora muito simpática que nos sugeriu uma caminhada pela ilha enquanto ela preparava o mostruário de pérolas negras. Fomos para uma caminhada, e atravessamos a ilha até o lado onde o mar bate forte. Lá encontrei alguns ouriços roxos, e peguei dois para experimentar. Aprendi em Fatu-Hiva uma forma fácil de limpar ouriço para comer os ovos, e testei minhas novas habilidades. Funcionou bem, mas os ovos estavam um pouco passados, então era o mesmo que comer pequenos ouriçinhos... desisti do ouriço. Depois passamos por uma plantação de côcos, e estávamos morrendo de sede, mas eu não havia trazido meu canivete Vitorinox que meu amigo CaCa me deu então, pela primeira vez, tive que abrir um côco na unha mesmo. Demorou mas depois de jogar o côco muitas vezes contra um coqueiro, consegui abrir um pouco da pele dele e segurando nela, bati o côco contra a raiz de uma arvore caída, que tinha uma ponta dura. Não demorou e estávamos saboreando a água do côco, e logo depois sua polpa.

Chegamos de novo à sede da fazenda do Assam e a Polina veio nos mostrar as perolas, depois de nos oferecer água de chuva, pois aqui não tem água. Eles fazem um poço no meio da ilha, e a água do mar filtra para chegar ao poço e acaba sendo meio que dessalinizada, mas para beber usam água da chuva, filtrada.

Ela abriu muitos pacotes de perolas, de todos os tipos, tamanhos, formatos e cores e escolhemos as que queríamos para levar. Vai ter muito presente de aniversario e Natal de pérolas negras, que na verdade não são negras. As verdes são na minha opinião as mais bonitas. Nunca havia visto perolas verdes. Mas tem desde prata claro até quase preto, passando pelo verde.

Voltamos para o barco quando já estava anoitecendo, e mortos de fome! Lilian preparando um arroz com lentilha, um prato sempre bom a bordo, e vou abrir um dos pacotes de contra-file uruguaio que comprei congelado, separei em porções e mantive congelado. Quando estou com vontade de comer uma carne, ataco um deles. A Lilian come ovos.

Amanha vamos limpar o casco do barco e mergulhar para pegar umas conchas e o que mais a natureza nos oferecer. Na troca de óleo e filtros de ontem a noite, notei a correia do alternador Balmar meio frouxa, então vou ajustar. Durante a travessia de Fatu-Hiva a Apataki, quando estávamos andando no motor sem vento, aproveitei para desmontar o encaixe da retranca no mastro, pois a retranca esta com um movimento lateral que podia ser desgaste do parafuso que a segura ao mastro. O parafuso estava bom, e só re-apertei, mas a operação me deu a oportunidade de ver uma área de desgaste suspeita na adriça da mestra. Os cabos do topo do mastro estão muito duros, e desconfio que eles possam estar entrelaçados dentro do mastro, e esse desgaste mostra que algo na está bom lá dentro. Cortei fora o pedaço com o desgaste e amarrei a adriça à manilha com um lais de guia. Acho que vai segurar, vamos ver.

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sexta-feira, agosto 14, 2009

Quarto dia da passagem para Apataki:


Ancorado em Apataki
Posição 15°33' 861S 146°24'212W
Viemos no motor as ultimas 20 horas da passagem, pois, primeiro acabou completamente o vento, e na chegada, entrou vento de cara. Baixei as velas e fomos no motor. Outra noite linda, céu estrelado, mar de almirante, mas não dormi bem na ansiedade da aterragem no meu primeiro atol.

Umas duas horas antes de chegar ao passe, troquei o tanque de combustível que alimenta o motor, exatamente para não ter o problema de parar no meio do passe, com toda aquela corrente, pois pelos meus cálculos o diesel do tanque principal já devia estar baixo. Bem de acordo com a lei de Murphy, o motor parou exatamente quando passávamos na frente de uns cinco navios afundados, a uns trezentos metros de profundidade, e de distancia da costa, e das ondas! Sem vento, sem motor, sem fundo para jogar a ancora e com corrente empurrando para a costa, fica difícil! Corri para dentro, troquei o tanque de volta para o principal, e acionei a bomba manual do filtro, que tira ar da tubulação. Enquanto isso, pedi à Lilian para bombear o ar da bomba de combustível do motor. Quando achei que já devia dar, e depois de notarmos um vazamento na tubulação dos tanques de trás, corri para fora para acionar o motor, e pegou! Acelerei pouco, para não ter o que mais dar de errado e fomos na direção do passe. Adicionei um condicionador de diesel nos dois tanques de trás, pois se precisasse usá-los pelo menos tinha o aditivo, que ajuda a limpar os bicos.

Entramos pelo canal umas 14h. O canal é bem sinalizado, com duas torres que devem ficar alinhadas, e colunas de marcação encarnada e verde. Nas leituras aprendi que o canal tem sempre duas correntes, do lado norte a água sai e do lado sul a água entra, mas não vi isso acontecendo. Entramos contra uma forte corrente que chegou aos quatro nós e meio, criando uma turbulência bem forte por quase todo o passe. O barco é empurrado para um lado e outro pela corrente, e um pouco difícil de manter a proa indo na direção certa. Passamos pela vila e seguimos adiante, onde vimos um catamaran ancorar logo enquanto estávamos entrando, e ancoramos em sete metros de profundidade do lado dele.

Depois de preparar o barco para passar a noite nesse lugar, fui dar uma mergulhada para ver como estava a ancora, e não gostei do que vi! O fundo é cheio de cabeços de coral, e a ancora desceu bem no meio de um. A corrente passou por cima de outro e entrelaçou vários outros. A água não esta clara, o que me surpreendeu bastante. Ouvi dizer que esses atóis tem a água mais clara do mundo. Talvez algo a ver com o estado da maré, que esta na vazante. Aproveitei que fui ver a ancora e dei uma vasculhada no fundo. Vi muitas conchas que se parecem com a concha gigante, talvez até seja, pois não conheço esse espécie. Procurei por uma que pudesse tirar, e, depois de algum esforço, subi com uma do tamanho de um punho fechado. Logo em seguida aparece um tubarão ponta branca. Acho que ele se interessou pelo barulho que eu fiz em desencravar a concha de dentro do coral onde ela estava. Ele não se interessou por mim e continuou seu caminho, e eu voltei para o barco para estudar a concha.

O skipper do catamaran estava saindo sozinho de bote e eu assobiei para ele. Ele chegou perto e conversamos um pouco, pois ele é francês, mas falava um inglês decente. Falamos sobre ancorar ali, e sobre a concha que eu peguei, se era comestível e se era legal pegar. Ele foi vago nas duas respostas. Sobre a concha disse que era comestível mas na sabia como preparar e que tinha um tamanho legal mas que ele não lembrava, e sobre a ancoragem ali, disse que era bom a não ser que o vento mudasse. Bom, acho que nem se quiser eu saio daqui, então não vou me preocupar mais. Amanha procuramos pelas perolas negras e assim que acharmos partimos para o Tahiti.

Enquanto isso, vou trocar os filtros de óleo e o óleo do motor, e vistoriar os tanques de reserva. Não sei o que aconteceu, mas algumas das possibilidades incluem entupimento por formação de cera no diesel, ou por sujeira nos filtros, ou sei lá mais o que, mas vou trocar tudo e ver se não acontece de novo. Esta mesmo na hora de trocar, pois o óleo e filtros completaram trezentas horas nessa travessia.

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quinta-feira, agosto 13, 2009

Dia 12/08/09, terceiro dia da passagem para Apataki:


Posição 15°01'162S 145°22'482W

Com pouco vento, até as 16h tínhamos singrado apenas 144 milhas, então, para não perder a janela de entrada no passe sudoeste de Apataki, começamos a ajudar com o motor. Estamos fazendo media de 5,7 nós, e nossa previsão era de 6,5, então vamos nos atrasar para a entrada no estofo da maré, mas o passe é bem fundo então entramos de qualquer jeito, mas entramos de dia. Segui reto quando passamos por Takaroa, pois teria que ancorar já no escuro. Mesmo o ancoradouro sendo fora do atol, ancorar no escuro e sempre um stress, então abortamos a possibilidade. Para calcular os horarios das marés, usamos o freware Wxtide32, que pode ser baixado da internet. Não tem previsão de Apataki, então usamos de Rangiroa e tiramos uma hora, mais ou menos. Ontem, falando na Big Pawn Net (8122.0 2 e 19 Zulu) pedi conselhos de alguem que ja conhecesse Apataki, e um barco voluntariou sua experiencia com o lugar. O uso do SSB é mandatório por aqui, e ter conhecimento das nets outro mandamento que se tem que seguir. Através das nets, conhecemos muita gente e obtemos muita informação valiosa para nossas travessias, aterragens e ancoragens.

Hoje é aniversario do Marcio, meu filho, e, pela primeira vez em vinte e dois anos não vou estar com ele no seu aniversario. Isso me deixa um pouco triste, mas, é um preço que se tem que pagar para poder estar aqui. Pelo menos no Natal e Ano Novo vamos estar em São Paulo e comemorarmos com família e amigos.

Ah! O suflê de polvo ficou uma delicia! Dessa vez, fiz uma bola de batata cozida amassada com o polvo dentro, e não em formato de forma de assar. Depois vão as fotos da invenção culinária.

O vento zerou, o mar é de almirante, o céu completamente estrelado e sem uma nuvem, e estamos indo no motor para Apataki, com previsão de chegada por volta das doze horas. A previsão é de continuar sem vento, e com muito pouco swell, quer dizer que vai ter pouca água dentro do atol. As entradas e saídas de atóis são complicadas quando o swell joga muita água dentro deles. Como as barreiras das lagunas são baixas, as ondas passam por cima e enchem as lagunas de água, que precisa sair por algum lugar, e os passes são um desses lugares, então, independentemente das marés, os passes podem ter corrente forte da saída da água quando tem swell. Então prevemos uma entrada fácil em Apataki, nosso primeiro atol.

Uma vez dentro do atol vamos cruzá-lo primeiro para leste para visitar uma fazenda de perolas negras, onde pretendo comprar algumas, aproveitamos para uns mergulhos, e depois de uns dias, cruzamos o atol para o norte - oeste, onde sairemos pelo passe de lá e tomaremos rumo de Papeete no Tahiti, nossa próxima escala. Precisamos ir andando pois temos que estar na Nova Zelândia no começo de Novembro.

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quarta-feira, agosto 12, 2009

Matajusi e o tufão Morakot



A imagem anexa é do tufão Morakot na costa de Taiwan fornecida pela Nasa e adquirida em 07 de agosto. A posição do veleiro Matajusi é assinalada no mapa. Como se pode ver a distância entre o tufão e a posição do Matajusi é muito grande. (Equipe de apoio em terra do Matajusi com informações fornecidas pela Nasa e Official U.S. Navy Web Site)

terça-feira, agosto 11, 2009

Dia 11/08/09, segundo dia da passagem para Apataki:


Posição:

Com ventos entre 10 e 15 nós, e poucas ondas, passamos uma noite ótima. Pena que a maioria das noites não sejam iguais a essa... Singramos 139 milhas nas ultimas 24 horas, e nossa media esta caindo, o que quer dizer que vamos nos atrasar para a entrada no passe de Apataki (15°34'S 146°25'W). Podemos esperar fora, entrar pelo norte-oeste, ou parar em Takaroa, um atol umas noventa milhas antes de Apataki para esperar a hora certa de chegar ao passe sudoeste de Apataki.

Algumas preocupações adicionais: Recebemos email do amigo Sergio sobre um tufão no norte. Não sabíamos nada sobre esse tufão, então pedi ao meu irmão e outros amigos que me passassem mais informações. Hoje, na Big Pawn Net (8122.0 19:00 UTC) pedi informação sobre o tufão e um barco tinha visto esse tufão nas previsões. Ele não deve afetar nossa área no sul em termos de vento, mas pode mandar um swell nessa direção. Outra preocupação é um gale warning com ventos no sentido horário entre 30 e 35 nós e mar muito agitado que recebi no sailmail. Esse aviso é para a latitute 22S e estamos na 12S indo para 15S, então não deve afetar a gente, mas, por aqui, nunca se sabe.

Pelas varias nets do SSB tenho ouvido muita gente reclamando de mar alto e sem vento mais para sul de onde estamos. Eventualmente vamos chegar lá e espero que até lá a coisa melhore.

A Lilian esta resfriada, e teve uma febre baixa, então esta meio que de repouso. Uma noite calma era bem o que ela precisava, pois a chuva da noite anterior não ajudou muito na sua recuperação.

O Ari tem tentado me mandar rotas e sugestões de ancoragens por aqui, mas os anexos não tem passado no sailmail. Aqueles que quiserem escrever podem mandar email direto para o matajusi@gmail.com <mailto:matajusi@gmail.com>, ou deixar mensagem no blog. Se deixar mensagem, pode deixar seu email ou mandar anônimo. Em geral respondo todos os emails que são mandados para o blog, que não sejam anônimos.

Estamos com muita saudades da família e não vemos a hora de voarmos para SP em Novembro, depois de deixarmos o barco na Nova Zelândia.

Estou procurando por empresas que apóiem uma apresentação de filmes inéditos e fotos, com seção de perguntas e respostas, para quando eu chegar ao Brasil. Preciso de local para a apresentação e aperitivos. Interessados entrem em contato com minha PR no email su_eikot@yahoo.com.br <mailto:su_eikot@yahoo.com.br>

Tiramos um polvo do congelador e vamos animar nossa passagem com um suflê de polvo!

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segunda-feira, agosto 10, 2009

Dia 10/08/09, primeiro dia da passagem para Apataki:


Posição: 10°39'990S 138°58'030W
Após as primeiras vinte e quatro horas de navegação, singramos 154 milhas, com media de 6.3 milhas/hora, no rumo 235° verdadeiro.
Às 22:30h de ontem a noite o radar nos alertou de algo e quando fui ver, estávamos cercados por um Pirajá de chuva. Quando ele nos alcançou, lavou totalmente o barco, que estava mesmo precisando, pois desde nossa navegada de Hanamenu de volta para Hanavave, onde o mar passava por cima do barco o tempo todo, que o barco estava completamente salgado. Já estávamos com o primeiro riso armado, e saímos na chuva para por o segundo riso, que deixamos enquanto o Pirajá estava por perto. Depois voltamos para riso um até de manha, quando abri a mestra inteira.
O vento esta diminuindo e mudando de través para aleta de bombordo. Estamos com velocidade entre cinco e seis nós agora, com uma corrente do leste empurrando a gente para fora da nossa rota. Isso me preocupa um pouco pois não quero entrar no meio dos atóis de Tuamotu fora da rota planejada, devido à visibilidade lá não ser boa pelo fato dos atóis terem perfil muito baixo, e a corrente ser muito forte do leste. Se precisar, ajudamos no motor.

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A caminho das Tuamotus...


Posição: 10°39'990S 138°58'030W
Estamos navegando novamente, agora, indo para Apataki, nas Tuamotus. Serão três dias de navegação, e planejamos chegar de dia e à uma hora do topo da maré alta para evitar corrente muito forte na entrada do passe de sudoeste.

Na sexta-feira ficamos no barco o dia todo, pois o Nokia foi expulso de Fatu-Hiva pelo policial local pois eles estavam sem os passaportes carimbados... o problema é que também não temos entrada na Polinésia Francesa e ainda estamos com saída de Galapagos, então, já que a bruxa estava solta, evitamos ir para terra encontrar com ela.

No Sábado, fomos somente no final do dia para a casa da Ann e do Henri, e pedi para o Henri terminar um cabo novo de Teka que eu estava fazendo para o facão que atirei no galo e quebrou o cabo. Ele fez um trabalho mesmo de artesão que é, e esculpiu a peça final dos dois lados com motivos marquesan. Eles ainda nos deram um cacho de banana e estávamos mesmo precisando de um, pois o que eu havia pego na cachoeira caiu a noite na água e o perdemos.

Já hoje fomos para terra com presentes para o Henri e a Ann, um cd gravado com trezentas e quarenta musicas de reggae, e presentes para o Teko e sua família, uma ancora de inox para botes, um pedaço de corrente de dez milímetros, e uns bonés para seus filhos. Ele nos deu duas sacolas cheias de limões, laranjas, torranjas e dois cachos de bananas. Nos despedimos de todos nossos amigos de Fatu-Hiva, e voltamos para o barco para prepará-lo para a passagem para as Tuamotus.

As dezesseis horas, soltei da bóia da cidade para onde tinha ido ontem, e armamos genoa para aproveitar o vento encanado da baia de Hanavave. Em pouco tempo já tínhamos saído da sombra da ilha e estávamos com vento leste-sudeste conforme estimado pelo grib que peguei pelo sailmail.

Testei o DuoGen depois dos acertos que fiz nas conexões, e parece que esta funcionando normalmente de novo.

Um feliz dia dos pais para os papais meus leitores.

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sábado, agosto 08, 2009

Ainda em Fatu-Hiva:

Ainda em Fatu-Hiva:
10°27'646S 138°40'135W
Ancorado em Fatu-Hiva

Desde que chegamos, fiz algumas manutenções no barco. Tirei novamente o guincho para cortar um buraco maior para a corrente passar, pois ela estava emperrando muito na largada da âncora, e aproveitei para inverter a peça que puxa a corrente, pois desgastou mais de um lado devido ao guincho ter sido usado fora de alinhamento esses dois anos.

Instalei também um ventilador de CPU de computador embaixo do sofá, empurrando o ar de dentro para fora por uma abertura, pois toda vez que usamos o gerador para carregar as baterias dá super-aquecimento no Prosine (carregador-inversor). Para ligar/desligar, instalei uma chave elétrica de duas posições, assim podemos ligar quando rodamos o gerador e o ventilador suga o ar quente de dentro do sofá, forçando a entrada de ar frio de fora pelos respiros que instalei em Joinville em 2007.

Fiz mais alguns ajustes no estaiamento, pois havia notado alguma folga quando atravessamos de Tahuata para Fatu-Hiva. Não tenho medidor de tensão dos estais, e não entendo muito de regulagem de estaiamento, então vou fazendo pouco a pouco e testando no vento.

Fiz um rolo novo para a corrente da âncora, pois o antigo estava parafusado demais e travado e a corrente comeu o rolo até o parafuso central, então, cortei o rolo original em três pedaços, e peguei uma peça menor que o Etienne me deu e adaptei no meio das duas peças de fora do rolo que cortei. Com isso a corrente tem novamente um trilho e fica mais difícil ela sair fora do rolo e ficar de lado na peça de aço inox da proa do barco, um problema que acontece todas as vezes que vamos recolher âncora, o que implica em demora na manobra. Quando se tem vento forte e barcos por perto, não podemos nos dar ao luxo de demorar a manobra de recolher a ancora.

Reapertei o prato de inox que fica no pé do mastro, pois esta entrando muita água salgada pelo mastro. Depois consertei uma rachadura que tinha na madeira em volta do pé do mastro, e pus sicaflex onde eu achava que podia estar entrando água. Do lado de dentro, desmontei o saco que cobre o mastro na passagem entre o deck e a cabine, e enchi de sicaflex as áreas por onde a água salgada passava. Agora é testar de novo.

Chegou um outro barco, mas só depois notei que era o Nokia, do John e Linda, americanos de São Francisco. Eu os conhecia pela Pacific Net, na freqüência 8143.0 as 23h UTC, pois durante toda a nossa passagem entre Galapagos e Marquesas, ele era o Net Líder e gerenciava a net. Meu radio SSB está muito bom depois da limpeza dos contatos e melhorias no aterramento, então é freqüente eu fazer "relay" (re-transmitir mensagem de algum barco que o líder não consegue ouvir), e o John já conhecia o Matajusi de nome. Ele veio nos visitar no barco e combinamos de ir mostrar um pouco da cidade e apresentar alguns nativos que faziam trocas, para eles trocarem alguns dos seus itens sem uso no Nokia.

No dia seguinte fomos juntos para a cidade visitar o Teko. Foi uma boa troca para os dois, o Teko com quatro cabos novos, e o John com três TIKIs esculpidos em madeira rosa. Ainda passamos por outras casas e ele trocou uma corda velha por quatro toranjas, e vimos umas esculturas lindas, que reconhecemos como sendo de Hapatoni, pois em Hanavave o forte é TIKI esculpido em madeira ou pedra, e tapas. Fiquei encantado com uma espada com ponta de bico de peixe espadarte, e cabo todo esculpido em madeira rosa, com um peixe cuja calda era um TIKI. Ofereci uma troca, que eles concordaram e pediram que eu fosse ao barco buscar meus itens. Voltei pouco depois com uma sacola com itens, incluindo um casaco argentino a prova de chuva e forrado com lã, que eu trouxe para o barco, mas nunca usei, pois é muito quente. Trouxe também uma garrafa de dois litros de vinho tinto chileno, e dois óculos escuros. Ele quis a garrafa, um óculos e mais US$100. A Lilian ofereceu os US$100 como presente de aniversário adiantado, e fechamos assim. De lá fomos para a casa do Teko e Marie Christine fazer uma visita. Lá, a Lilian deu de presente para a Marrie Christine algumas peças de roupa que ela não usa mais, para ser guardado para a filha dela. Em retribuição, a Marie Christine deu de presente para a Lilian um TIKI e mais duas tapas. Na saída, o Teko me deu um galo vivo! No final, boas trocas para o dia. Ainda trocamos com os garotos que sempre querem trocar conosco, um saco de laranjas por duas fieiras com anzol mais alguns pirulitos e barras de cereal da Nuttry.

Voltamos ao barco e me pus a matar e limpar o galo, minha primeira vez! Convidei o John e Linda, que declinaram e o Etienne e a Chantal que confirmaram, para vir comer o galo a noite. A Chantal me deu um pouco de vinho tinto e sugeriu que eu usasse um pouco de farinha no molho para dar uma engrossada. Temperei com uma cebola, seis dentes de alho, vinho e minha pimenta especial, que trouxe de Granada quando por lá estive, e cozinhei em panela de pressão por uma hora e vinte. A Lilian fez um arroz e a Chantal trouxe umas batatas cozidas. Um scotch de aperitivo, com o gelo que eles trouxeram, e de sobremesa, brigadeiro que a Lilian fez. O jantar de despedida deles foi maravilhoso, com todos lambendo os dedos no final. Não sobrou nada do galo!

No dia seguinte lá pelas oito e meia, o Gabian partiu para Atuona. Combinamos de tentar nos re-encontrarmos no ano que vem em algum lugar do Pacifico. Eles vão deixar o barco em Raiatea, e eu em Nova Zelândia, então eu tenho umas mil milhas a mais do que eles para navegar até Novembro. Temos que ir andando, pois havíamos planejado partir na quarta-feira, mas fui convidado pelo Jack para uma caçada de porco selvagem, que não perderia por nada, e resolvi ficar mais uns dias em Fatu-Hiva. No final, o Jack bebeu muito na noite anterior e deu tilt no dia seguinte, e acabamos não indo caçar. Eu estava super preparado para passar a noite na caça, e fiquei um pouco desapontado de não ter acontecido, mas fica para a próxima.

Logo em seguida à partida do Gabian, vi o Nokia levantando ancora. Ele havia ido à cidade, então estranhei ele estar levantando ancora. Pensei que ele ia por o barco na única poita da cidade, que estava sendo usada pelo Gabian, mas ele falou qualquer coisa sobre ter sido expulso que não entendi, então por sinais combinamos de falar pelo radio VHF assim que ele estivesse em controle do barco a caminho. Ele me chamou no VHF e disse que um policia havia pedido seus passaportes, que eles disseram não ter ainda sido carimbados em Atuona, então o policia mandou eles partirem imediatamente. Na duvida, ficamos o dia inteiro no barco, limpando e fazendo manutenção. Fui somente até a margem da baia de pedras onde os garotos que sempre nos trazem frutas estavam pescando e me chamando. Fiz duas fieiras boas, com anzol grande e tudo, para eles pescarem alguma garopinha da margem de pedra da baia, e fui entregar a eles de botinho. Eles adoraram o presente e eu fiquei contente de proporcionar alguma atividade melhor do que a bebida para esses garotos.

O Teko passou pelo barco, e dei para ele também uma fieira grossa, para peixe grande, um CD de reggae em formato MP3 com mais de quatrocentas musicas, e um DVD do Piratas do Caribe 1, 2 e 3. Eles vão lembrar da gente por muito tempo.

Estamos planejando partir depois de amanhã, assim que o Teko tiver tempo de pegar umas frutas para a gente levar. Estamos com bastante limão e toranja, algumas laranjas, mas as bananas que colhi na ida à cachoeira e amarrei em um saco na targa, de alguma forma caiaram no mar quando não estávamos no barco, então estamos sem banana.

Tenho recebido muitos emails com pedidos de fotos, mas só consigo mandar quando tenho internet, e não tenho desde Atuona. Ontem tentei mandar algumas fotos comprimidas pelo sailmail, e consegui, mas meu irmão Sergio, que faz a manutenção do blog para mim disse que a qualidade não fica boa para postar. Vou continuar tentando mandar fotos pelo sailmail, assim pelo menos algumas fotos consigo postar no blog.

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terça-feira, agosto 04, 2009

De volta a Fatu-Hiva:


Ancorado em Fatu-Hiva

No nosso ultimo dia em Hanamoenoa, aproveitamos que a ancoragem estava calma e fomos fazer uma limpeza das cavernas do barco. Tiramos todos os pisos e fomos limpando e secando todas elas. Tive uma nova surpresa quando, aproveitando que estava tudo aberto, fui verificar o aterramento do mastro na quilha, pois sempre vi o fio que estava preso ao pé do mastro, mas nunca vi onde ele estava conectado na quilha, e não deu outra! Não estava! Eu sei que não adianta bater em cavalo morto, mas o serviço porco continua aparecendo! Achei dois problemas, um que o fio que foi usado era fino demais para agüentar uma descarga elétrica no mastro, e outro que o fio estava conectado somente ao terra das baterias de serviço. Estava claro que o eletricista que montou pensou em conectá-lo em um dos parafusos da quilha, pois ele havia descascado o fio e estanhado a parte que ele descascou, mas, simplesmente esqueceu de conectar a um parafuso da quilha! Se o barco tivesse sofrido uma descarga elétrica de um raio, teria queimado tudo que estava conectado as baterias!!! Troquei o fio por um fio de bateria, conectei entre uma porca e contra-porca de um dos parafusos da quilha, e conectei as duas pontas do fio ao pé do mastro.

Nos despedimos de Hanamoenoa e velejamos para Vaitahu, a menos de duas milhas de distancia. Usei somente a genoa, pois queria testá-la depois dos ajustes que fiz com o Etienne no estaiamento. Ancoramos no mesmo lugar que havíamos ancorado na nossa primeira parada por aqui, e fomos para a cidade de botinho para fazer compras e caminhar um pouco.

Parar o botinho em Vaitahu é sempre um desafio, pois não tem quebra-mar e o mar entra de frente no píer de concreto e pedras da cidade, então levamos uma ancora e um cabo maior para amarrar no cabo do botinho e deixá-lo ancorado, mas amarrado em terra. Essa é sempre uma operação complicada, pois se joga a ancora a uma distancia segura das pedras, e vamos esticando com o motor ate chegarmos próximo ao píer. Chegando lá, a Lilian desce com o cabo longo e eu fico segurando o bote no motor. Quando ela esta segura em terra, eu tiro o motor, ajusto o cabo da ancora para o bote não encostar nas pedras, e passo para terra, amarrando o cabo de terra de uma forma tal que deixa o bote livre para boiar longe das pedras.

Primeiro enchemos uns doze garrafões de plástico de água, pois a água de Vaitahu é boa para beber e levamos de volta ao Matajusi, depois retornamos para as compras. Existem dois mercadinhos em Vaitahu, mas o segundo é um pouco mais barato, então fomos para lá. Fizemos uma boa compra, que paguei com cartão de credito, pois desde que chegamos, nunca trocamos dólar por francos polinésios, então não temos dinheiro que seja aceito aqui. Deixamos as compras no próprio mercado, que fecha as cinco e meia da tarde, e fomos caminhar. Caminhamos bastante, até o alto do morro que cerca a baia da aldeia, onde tem uma cruz com uma estatua de alguma Nossa Senhora. No caminho, vimos cabras selvagens, e um pé de mamão do mato carregado de mamão verde. Cortei três, que embrulhei em folhas de bananeira, e pus nas sacolas que sempre carregamos quando vamos para vilarejos, pois sempre tem alguma coisa que trazemos de volta. Retornamos ao mercadinho para pegar nossas compras e voltamos ao barco para prepará-lo para a viagem de volta a Fatu-Hiva, onde íamos nos encontrar com o Gabian novamente, antes de partirmos para as Tuamotus.

No dia seguinte, com vento forte, saímos para Fatu-Hiva. Ventou entre vinte e trinta nós o caminho todo, mas eu mantive pouca vela para não ter que brigar muito com o vento. Fizemos o caminho em oito horas, e teriam sido seis horas e meia se o ângulo do vento tivesse permitido uma rota direta. A rota direta estava com vento de vinte e cinco graus, e eu fui a quarenta graus do vento para manter o barco equilibrado. Regulei o piloto para seguir o vento a quarenta graus e fiquei só na observação das velas, mastro, estais e brandais. Percebi que tenho que ajustar o estaiamento um pouco mais, pois achei os brandais de sota (lado onde o vento sai) um pouco frouxos. Chegamos a Hanavave em Fatu-Hiva e ancoramos do lado do Gabian, que estava amarrado na poita da cidade, pois não havia conseguido firmar a ancora em três tentativas. Joguei a ancora Bruce bem próximo ao lugar que já havia ancorado antes e ela segurou bem.

Ficamos fazendo manutenções no barco e preparando roupas para lavar e a noitinha fomos jantar no Gabian a convite da Chantal. Ela havia preparado um lombo de porco há uns meses atrás e posto em vidro de conserva, aliás, uma técnica que temos que desenvolver ainda no Matajusi, pois permite conservar carnes e peixes já preparados por vários anos, fora da geladeira. Estava delicioso!

No Domingo, fomos para a cidade fazer trocas. Levei uma corda extra que não uso no barco e troquei por um TIKI de madeira rosa, muito bonito. Mas isso não é o mais importante, o mais importante é que, um dos pahus (tambor marquesan) usados nas festividades locais, vai ter um pedaço do Matajusi por muito tempo. Os próximos brasileiros a passarem por Fatu-Hiva, e tiverem a sorte de presenciar uma dança local, notem se a corda de um dos pahus é verde com pontos pretos, se é, esse é o pedaço do Matajusi que ficou em Fatu-Hiva.

Como já havíamos estado aqui antes, muita gente já nos conhecia, então, éramos parados com freqüência nas ruas por conhecidos nossos que estavam curiosos de ver-nos de volta, uma prática não muito comum por aqui. Nisso, um dos nossos conhecidos, o Steve, casado com a Delia, pediu para ver os óculos da Lilian e disse que queria trocar por alguma coisa deles, então a Delia levou a Lilian para a casa deles para escolher objetos de trocas. No final, a Lilian trocou o óculos por um TIKI fêmea, e um par de brincos, um colar e um outro óculos escuro por um TIKI macho e uma jamanta, todos esculpidos em madeira rosa.

A noite, preparei pela primeira vez uma torta de polvo, por falta de nome melhor, e levamos para o Gabian para comer junto com o Etienne e a Chantal. Estava delicioso! Lembro que um dos melhores polvos que já comi foi feito pela Célia, mulher do falecido Totó de Ilha Bela. Ela preparou um polvo dentro de uma forma com purê de batata, e eu tentei imitar o que eu lembrava daquela vez. Ficou mesmo muito bom. Já passei minha receita de polvo, agora é só preparar o polvo, cortar em pedacinhos e por dentro de uma forma com batata amassada por todos os lados. Leve ao forno e deixe esquentar novamente.

Na segunda-feira, fomos cedo com o Etienne e a Chantal, para a cachoeira, e levamos uma rede fina para pescar pitus. Chegando lá, ficamos surpresos de ver pouca água caindo do céu, bem menos do que da ultima vez que por aqui estávamos, mas logo nos pusemos a pescar pitus. Pegamos uns trinta, com uns dez grandes. Tinha também uma enguia, que atacou o pau que eu estava usando para dirigir os pitus para a rede. Peixe estranho... Umas três vezes que chegou mais perto de mim dei um golpe de facão bem na cabeça dela, mas não matou, e ela ficou por ali vendo se conseguia pegar o dedo de alguém...

Na volta da cachoeira, colhemos bananas e côcos, e quase colhi um galo selvagem! Havíamos perguntado para nossos amigos da aldeia se era permitido para um estrangeiro caçar um galo selvagem, que são abundantes por aqui, e eles responderam que não tinha problema, se eu conseguisse caçá-lo, então, sem um estilingue ou espingardinha de chumbo, fui de facão atrás de galinhas e galos que via pela mata. Uma galinha nos surpreendeu, pois voou alto e longe, como um jacu. Já os galos voavam curto, pois são pesados. Consegui me aproximar bem de um galão vermelho, e a uns três metros de distancia, atirei o facão nele. Não sei como não peguei, pois o facão bateu bem onde ele estava. Atirei com tanta força que quebrou o cabo do facão e entortou a ponta. O galo deu um pulo alto, e voou uma curta distancia, depois sumiu. Chequei o facão, depois que consegui encontrá-lo no mato alto, por sinais de sangue ou pena, mas não vi nada. Bom, fica para a próxima...

Na volta para a aldeia, paramos na casa do Francis, um caçador local que caça todas as semanas. Eu estava com muita vontade de experimentar um porco selvagem, e queria ver se ele tinha e se trocava por algo que eu tivesse no barco. Ele tinha um pernil de bom tamanho, caçado no Sábado passado, e queria uma garrafa de vinho. Voltei ao barco para pegar o vinho e quando fui de volta à casa do Francis para trocar, ele estava saboreando um pernil de porco feito na churrasqueira. Era muito porco para ele sozinho, então ele simplesmente arrancou com as mãos mesmo um grande naco de carne do pernil e me passou. Que delicia! Era ainda melhor do que eu imaginava iria ser um porco selvagem. Bom, voltei para o barco para um banho, mas antes passei pelo Gabian para deixar o pernil, pois era grande e não cabia na minha geladeira.

À noite fomos de volta para o Gabian, agora para comer um pernil de cabra que a Chantal havia trocado por um vinho. A Chantal cortou o pernil em pequenos pedaços e cozinhou com molho na panela de pressão. Ficou também delicioso! Não podemos reclamar muito da comida por aqui... está ficando cada vez melhor...

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