segunda-feira, dezembro 21, 2009

Agradecimentos a Pousada do Arvoredo:


























Pousada do Arvoredo, com belas vistas do mar, acomodou Silvio Ramos durante sua estada em Bombinhas, Santa Catarina, para sua palestra no Museo do Homem e do Mar.

Silvio Ramos palestra na Casa do Homem e do Mar:




















Jules M. R. Soto, Curador Geral do Ecomuseo, e fundador do Instituto Soto Delatorre e do Museo Casa do Homem e do Mar, apresenta Silvio Ramos para palestrar sobre o cruzeirismo e sua meia volta ao mundo durante 2009.





















Após a palestra de duas horas, o Museo ofereceu um coquetel a todos os participantes.

Silvio Ramos palestra na AMCHAM SP:




















De casa cheia, executivos de todas as idades, ficaram muito interessados sobre as viagens de Silvio no veleiro escritorio.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Palestra em Santa Catarina 17 de dezembro

http://www.chm.org.br

terça-feira, dezembro 08, 2009

Tatiana Ramos se apresenta na entrega de premios do YCI:

Filmada pela TV Record:



Agradecimentos a Pousada Chale Suiço:

Que nos acomodou durante nossa visita a Ilhabela.

Palestra no Iate Club de Ilhabela:

Com casa quase cheia, fizemos nossa primeira palestra sobre as aventuras da volta ao mundo, no Yate Clube de Ilhabela, que teve inicio as 21:10hs e foi ate as 00:45hs! A troca de conhecimento entre os presentes foi otima.



segunda-feira, novembro 23, 2009

Inclusão de novas informações no blog:


A pedido de muitos dos meus leitores, adicionei no final da barra direita do blog, as especificações técnicas do Matajusi.

Adicionei também no final do blog as rotas percorridas durante 2008 e 2009, com os detalhes da rota de 2009.

Temos preparado o barco para a nossa partida na semana que vem, além de trabalhar na lista de ações de manutenção e alterações do barco. Essa semana tiramos as velas e revisei o mastro e retranca, mudando um pouco o sistema de risos no cockpit para facilitar o manuseio dos cabos de riso. Mandei o pau de spinaker para fazer ponteiro novo, e mandei fazer os roletes do bico de proa, que ficaram prontos hoje. Amanha eu os apanho e já instalo.

Comprei bote novo, um Caribe L9. Agora sim vamos ter um bote de cruzeiro! Talvez tenha que comprar motor de popa novo mais potente, de uns quinze cavalos, mas vou primeiro testar com o meu Mercury cinco HP e ver se plaina bem.

Encomendei um teclado para poder controlar o sistema E80 de dentro do barco e vou instalá-lo quando chegar. Isso vai me facilitar navegar de dentro da cabine quando as condições de temperatura, mar e vento não forem convidativas para ficarmos do lado de fora. Uma das principais funções do teclado vai ser a de cancelar mensagens de navegação que são postas em cima da tela quase inteira, tapando assim a razão da mensagem aparecer, por exemplo, algo que o radar pegou. Agora vamos poder ligar e modificar os parâmetros do radar de dentro do barco.

Vou tirar o mordedor e moitão que foi instalado em Joinville para o ajuste do Estai Volante (Running Back), e montar um sistema com redução onde a adriça fica presa ao brandal quando não esta em uso, pois da forma como esta hoje ela raspa na vela, causando um desgaste desnecessário. Os mordedores vou instalar junto com os outros do cock-pit para adicionar mais cabos do lado de dentro, como por exemplo o ajuste da esteira da mestra. Hoje tenho que ir ou mastro para soltar ou tensar a esteira.

Estou considerando fazer um alongamento da popa em fibra, para parafusar e soldar na popa, tampando assim a plataforma de popa evitando o arrasto na água que ela faz hoje, além de aumentar o espaço na popa para, por exemplo, instalar dois botijões de gás e talvez a balsa.

Estou cotando um enrolador novo para a trinqueta e devo instalar um para evitar minhas idas à proa quando com o barco esta em travessias.

A Lilian esta fazendo uma limpeza completa da parte de dentro do barco, lavando e secando cavernas e outras áreas que acabam ficando molhadas com os constantes vazamentos dentro do barco. Vamos agora trabalhar nos vazamentos.

Fiz lavagem e manutenção no motor de popa, mas parece que vou ter que levar para uma assistência mecânica especializada, pois não esta passando água de refrigeração. Amanha ponho o botinho de brinquedo à venda no Allan, onde esta o Guardian do Sombra e onde vou pintar o barco e consertar o hélice e leme.

Tirei toda a corrente nova para fora, lavei e remarquei com tie-up de plástico a cada dez metros. Lavamos o barco inteiro e amanha devemos começar a fazer o polimento das partes com aço inox. Vamos usar uma cera fabricada na Nova Zelândia que é só passar com um pincel, e lavar depois de dez minutos. Fica tudo novinho em folha!

Estamos procurando alguém que trabalhe com canvas para re-costurar o bimini e o dog-house que estão completamente descosturados. Vamos usar o material da capa de cobertura do barco em cima da retranca para fazer outras partes que queremos usar, como um telhado feito em duas partes, que junta o bimini ao dog-house. Como meu traveller é atrás, a escôta da mestra fica no caminho, então podemos usar somente a metade contraria de onde a retranca esta, ou levar a retranca para fora da área do telhado para poder fechar o telhado duplo. A partir do telhado vamos fazer uma parede de plástico transparente para cada lado, podendo fechar o cockpit completamente quando parados, ou somente a metade de barla quando navegando. Isso vai evitar os banhos de água salgada que estamos levando. Além disso, vamos instalar aquelas saias que vão presas no guarda-mancebo para evitar os respingos das ondas que batem no costado.

Enfim, vamos usar a experiência adquirida até agora para melhorar nossa segurança e conforto quando navegando.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Nossa vidinha em Opua:

No churrasco oferecido pela Patricia, Silvio na flauta, Sombra no bumbo, Gustavo (Canela) cantando, e Hugo/Talita (Beduina) e Augusto (Canela) de audiência:



Posição: Atracado na Asby’s Marina, 20/11/09, 21:08h Local (UTC +13)
Desde que chegamos temos tratado de uma lista enorme de manutenções alterações que queremos fazer no barco para a nossa volta ao cruzeiro depois da estação dos ciclones no Pacífico, entre Abril e Maio de 2010. Isso e muita convivência social entre os outros barcos, tanto de brasileiros como de outros amigos que fizemos no caminho, além dos brasileiros que por aqui vivem, incluindo o Comandante João Sombra.

O Sombra esta reformando o Guardian, depois da quebra da retranca e mais tarde do mastro. Ele estava em solitário a caminho da Nova Zelândia quando o vento e o mar apertaram e ele foi jogado ao mar quando estava fazendo um riso no mastro. O navegador experiente estava de colete e amarrado à linha de vida, então foi arrastado nas águas geladas até conseguir embarcar novamente, o que demorou um bom tempo. Exausto, voltou ao trabalho de finalizar o riso, mas entrou outra onde grande e com rajada de vento forte, que causou a quebra do mastro. Ficou em seu barco e acionou o EPIRB, equipamento que transmite a posição do barco em perigo para as equipes de salvamento mundiais. Trocou de roupa, se esquentou e foi dormir, sendo acordado algumas horas depois pelos aviões e helicópteros de resgate. Quando o paramédico embarcou descido do helicóptero e quis levá-lo para o helicóptero, Sombra disse que não sairia do seu barco, o que foi publicado nos grandes jornais da Nova Zelândia. Sombra mora no barco no seco, dentro do hangar que alugou para trabalhar no barco, que está completamente desmontado e sendo reformado, repintado e envernizado completamente. Ele espera terminar o barco para navegar a estação do ano que vem. Tomara, pois seria mais um amigo cruzando conosco, e um amigo excepcional, que tem sido extremamente prestativo a todos os brasileiros que por aqui estão. Ele tem um carro que põe a disposição de todos os amigos, quando não nos leva pessoalmente para conhecer lugares. Já nos levou para Paihia, Kerikeri, e Whangarei. Balbina, sua esposa esta passando uma temporada com ele aqui em Opua, mas deve retornar logo para Maceió, onde reside quando não esta embarcada.

Além dos amigos brasileiros de outros barcos como Pajé, Beduína, Bicho Vermelho, Canela, Ituska, Too Much, Azizah, e Lá Masquerade, aqui conhecemos também o Christiano do Vagabond, e o João Pescador, do Zazoo, cada um com suas historias, mas todos com o mesmo objetivo, conhecer mais do mundo, embarcado e vivendo a bordo.

O Christiano, um baiano jovem que era diretor da AMBEV e já acumulou algum patrimônio, largou tudo e foi dar a volta ao mundo em seu BB 36, fabricado no Brasil.

O João Pescador, de Búzios, já fez de tudo, teve pousada, construiu, foi pescador, e viu um anuncio de um barco brasileiro a venda na Nova Zelândia. Não teve duvidas, embarcou e veio checar o barco. Comprou na hora e hoje esta morando a bordo. Deve partir para uma meia volta ao mundo em sua viagem de volta ao Brasil. Continua excelente pescador como é conhecido em Búzios, além de um grande contador de historias e exímio cozinheiro, estando igualmente famoso pelo seu bolo de banana, já famoso em Búzios na sua pousada. Como não tem licença de pescador, distribui seu peixe entre os amigos brasileiros daqui.

Conhecemos também a Patrícia, gaucha agora casada com um neozelandês chefe de cozinha, e vivendo aqui já há sete anos. Ela ofereceu sua casa, com vista magnífica da baia das ilhas, para um churrasco onde foram todos os brasileiros vivendo aqui mais os que chegaram embarcados. Lá conhecemos o casal Ivan e Marizete, ambos brasileiros, ele mecânico da Yanmar e ela chefe de cozinha, e o Davi e a Silvana, ele dono da oficina Yanmar daqui, e ela é sua sócia na loja.

Além dos brasileiros ainda temos todos os nossos outros amigos que fomos fazendo pelo caminho, Canadenses, Americanos, Ingleses, Franceses, Neozelandeses, Austríacos, Suíços, Suecos, Argentinos, Sul-Africanos, Alemães, entre outros, e com isso nossa vida social está intensa, mas ainda temos muito trabalho para fazer no barco, uma para prepará-lo para hibernar até a nossa volta do Brasil no final de Março de 2010, e outra para melhorar o barco para a continuidade da nossa viagem de volta ao mundo.

Minha lista de manutenção e alterações no barco é razoável e já comecei a trabalhar em algumas coisas. Refiz e revisei o suporte de inox do piloto, agora adicionando uma junta feita de garrafa pet entre a base do piloto que é de alumínio e o suporte que é de inox, aproveitando para re-apertar o pino de conexão do braço do piloto no quadrante, que mandei fazer em inox em Curaçao.
Tirei a genoa, que vou mandar revisar e reforçar a amura que esta meio gasta, e vou tirar a mestra e consertar o moitão da bicha no topo da vela que esta descosturando a vela ao seu redor.

Mandei fazer dois roletes novos para a âncora no bico da proa e vou rejuntar todos os parafusos e equipamentos no deck para tentar parar com os vazamentos internos.

Vou tirar o barco da água, lixar e pintar o fundo de novo, lubrificar e revisar a hélice da kiwi-prop e refazer o ajuste do eixo do leme com peças novas que vou mandar fazer por aqui, além de instalar mais um furo no casco debaixo da proa para usar como entrada de água do dessalinizador, hoje utilizando a saída de águas negras do tanque de águas negras, que esta inoperante por causa disso. Aproveito que o barco esta fora e troco o óleo da rabeta. Além disso vou tentar instalar um cortador de cabos no eixo do hélice, se possível.

Estou procurando por um enrolador para adicionar ao babystay para não mais ter que ir para a proa quando quiser usar a trinqueta. Vou reformar a vela para tirar os garrunchos e incluir o encaixe no perfil de alumínio do enrolador novo. Vou também instalar um tensionador no estai de popa, trocando os terminais duplos por um estai flexível que passa por um moitão na base do estai principal. Isso vai me permitir folgar o estaiamento quando o barco estiver parado, além de caçar mais para ter uma orça melhor.

Tenho que mandar fazer um pino novo para o pau de spinaker pois o pino original caiu na água.

Vou revisar o VHF principal e se preciso for, trocar a fiação da antena desde o mastro até o painel elétrico.

Além disso, faz parte dos planos a instalação de mais três baterias Óptima Marine no lugar da bateria de arranque, adicionando mais cento e cinqüenta amperes de carga de energia nas baterias. Se possível, ainda instalo mais uma placa solar de cento e trinta watts repondo a única de trinta e dois que ainda esta instalada. Se necessário, refaço a antena do SSB.

Vou instalar um painel de controle do E80 no salão, para não ter mais que sair para fora em temporal para cancelar mensagens do E80. Se conseguir, vou separar a fiação do SSB da do piloto automático numa tentativa de resolver o problema do piloto soltar quando falo em algumas freqüências do SSB, principalmente quando o motor esta ligado.

Como podem ver, não vai ser por falta de trabalho que vamos ficar de papo para o ar por aqui...

Notem que adicionei uma lista de links aos sites de outros barcos brasileiros, nossos amigos, viajando pelo mundo, além de uma lista técnica do Matajusi que muitos leitores já me pediram.

Chegamos ao Brasil no dia seis próximo e já temos nossa primeira palestra que será no Iate Clube de Ilha Bela no dia 6/12, onde a Tatiana minha filha também vai se apresentar, com voz e violão, cantando algumas das suas musicas próprias entre outras musicas de seu repertorio e aproveitando para vender seus CDs.

sexta-feira, novembro 13, 2009

Completamos nossa ultima perna de 2009, Opua, Nova Zelandia:


Atracados na Opua Marina.
Posição: S35 18.900 E174 07.251, 14/11/09, 11:00h Local (UTC +13)
Aqui estamos, em Opua na Nova Zelândia, depois de uma chegada dificultada pelos ventos fortes e contra o rumo que tínhamos que ir, e por correntes que não conhecíamos que nos desviavam o tempo todo do nosso rumo. Em cima disso, as ondas estavam altas e fortes, e cobriam o barco de água, dificultando nossa travessia, pois desviavam o barco do rumo além de provocarem uma enxurrada dentro do barco. Do lado de boreste, armários, roupas, camas, painel elétrico, paiol, tudo constantemente encharcado de água salgada, mais uma vez demonstrando a total falta de responsabilidade do estaleiro que construiu o Matajusi. Vamos acertar esses problemas enquanto aqui na Nova Zelândia, mas fato é que não deveríamos tê-los em primeiro lugar.
Todos os barcos que chegaram juntos conosco tiveram o mesmo problema de não conseguir velejar no rumo correto. Alguns testavam suas bussolas, outros iam para a mesa de navegação refazer a rota, outros davam bordo mudavam o rumo, tudo em uma tentativa de entender porque não conseguíamos seguir adiante. Mas, no final, todos chegaram, congelados, e no nosso caso, também encharcados.
Eu ainda não tenho as cartas Navionics para Nova Zelândia, e as cartas que tenho Garmin e CMap estavam completamente fora, então, como entramos de dia, vim consultando uma carta de um panfleto que pegamos na Marina Tainá em Papeete, de Opua. Agora vou comprar as cartas que me faltam para completar a viagem de volta ao mundo, incluindo Nova Zelândia, Austrália, Indonésia/Indico, e África do Sul dos dois lados, Indico e Atlântico.
Chegamos a Opua as onze e meia da manha do dia doze, e mesmo sem ser supersticioso, evitei entrar no dia seguinte, sexta-feira dia treze! Na reta final para o píer do Customs, onde ficaríamos em quarentena até passarmos pela vistoria, fritamos meus dois últimos filés de carne Uruguaia comprados congelados em Raiatea. Estavam deliciosos e seriam jogados fora durante a vistoria. Na vistoria, recolheram tudo que tinha semente, carne ou osso, mas já havíamos doado quase tudo que tínhamos para as famílias pobres de Tonga. Mesmo assim, encheram um saco de lixo dos grandes com caçarolas de pato em lata, molhos de macarrão com carne moída, feijões, grãos de bico, lentilhas, frutas e verduras.
Depois que passamos pela vistoria do barco e do casco, chamamos pelo VHF radio a marina de Opua para ver onde iríamos atracar, e fiquei surpreso de saber que eles estavam com a última vaga. Todos me disseram pelo caminho que eu não precisaria fazer reserva, pois tinha lugar para todo mundo! No final, fiquei na vaga D13 até hoje, e amanha mudo para outra marina, a Ashby's, aqui pertinho. O Beduína e o Canela estão lá.
Estou trabalhando muito no barco e nos contatos com profissionais locais e marinas, além dos emails, então vou escrever mais depois, contando sobre todos os outros brasileiros que encontramos por aqui. Amanha temos churrasco na casa da Patrícia, outra brasileira que mora por aqui, e vamos conhecer ainda mais brasileiros. Essa vida social está ótima, mas atrapalha minha rotina de trabalho para hibernar o barco até nosso retorno em Março de 2010...
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segunda-feira, novembro 09, 2009

Quinto dia da travessia para a Nova Zelandia:





Posição: S32 14.397 E175 17.929, 10/11/09, 13:08h Local (UTC +13)
Estamos cansados! Depois de dois dias, continuamos batendo muito e o vento esta contra o nosso rumo desejado para Opua, então vamos em zigue-zague. Além disso, o vento muda de direção e intensidade o tempo todo, difícil de ajeitar as velas assim, então, deixo as velas reguladas para a orça (máximo contra o vento possível) e mudo a direção do barco para acompanhar a mudança do vento.

Estamos navegando ajudando no motor, mas descobri ontem que o tanque de boreste tinha somente uns vinte litros. Achei que estava cheio e não completei com diesel em Nuku Alofa, então temos que ser mais conservadores no uso do diesel antes de chegarmos a Opua. Que vamos ter que empurrar no motor não tem a menor duvida. Todos os barcos que já chegaram ajudaram no motor. Alguns nem vela usaram, foram direto no motor. Também, quando foram, na semana passada, estava calmaria a travessia toda. Esses não sofreram nada. Nós que paramos no Minerva acabamos pegando uma daquelas condições pela qual a Nova Zelândia é conhecida pelos navegadores. Parece que os deuses de lá não querem que cheguemos... Mas, não somos os únicos... tem mais de trinta barcos na mesma travessia hoje, alguns mais para a frente e outros mais para trás.

O problema de mar bravo e irmos na orça adernados para bombordo (lado esquerdo) é que nessa posição entra muita água pelos vazamentos ainda a serem encontrados e corrigidos no barco. Hoje de manha tiramos mais de uma panela cheia de água salgada de dentro da fralda de plástico que adaptei dentro do painel de eletricidade! Que saco! Eu tenho que viver com a incapacidade e a irresponsabilidade do estaleiro que escolhi para construir meu barco! Eles sabiam que eu ia fazer uma volta ao mundo e eu insisti para eles capricharem nas vedações!!! Ninguém merece!

Estamos a cento e oitenta milhas de Opua, mas no momento só estamos conseguindo VMG (velocidade medida entre minha posição e a posição que quero ir) de três nós. Mais umas vinte milhas e vou dar o bordo (virar o barco para o outro lado do vento) para o leste de novo, torcendo para aumentar meu VMG para Opua. De qualquer forma, não parece que chegaremos lá amanha, ou se chegarmos, deve ser à noite. Sem problema, pois Opua é muito bem sinalizada, então entro a noite mesmo.

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Silvio Ramos chegará ao Brasil


Silvio Ramos chega ao Brasil

A chegada da estação de ciclones no Pacífico vai trazer os brasileiros que fazem a volta ao mundo no veleiro Matajusi, Silvio Ramos e Lilian Monteiro, para uma temporada no Brasil. Além de aproveitar para matar a saudade da família e amigos, a dupla também promoverá o projeto em marinas, associações e espaços culturais/náuticos.

A ideia é compartilhar as experiências da viagem, trocar informações de navegação e ainda falar da vida em um veleiro, onde o espaço é pequeno e quase sempre a terra firme está distante. Prestabilidade e disposição são um dos temas que Silvio ressalta em sua palestra, além dos belos relatos de seu contato com a natureza e diferentes culturas. Filmagens feitas ao longo da viagem também serão apresentadas.

Como não se desligou das atividades da empresa onde Silvio é gerente-geral da América Latina, a Harte-Hanks, ele aproveita a oportunidade para visitar a empresa e se encontrar com clientes. Enquanto isso, o blog do projeto (www.matajusi.blogspot.com) é atualizado pelo contato de Silvio em terra firme, o irmão e médico do projeto, Sergio Ramos. Além de realizar consultas e dar orientação médica para a dupla, ele também se encarrega de postar fotos, atualizar o blog com os textos enviados por Silvio e resolver assuntos pessoais.

A viagem de Silvio Ramos e Lilian Monteiro está para completar um ano. Desde janeiro de 2009 a dupla vem se aventurando por diferentes destinos como Trinidad e Tobago, Galápagos, Fatu Hiva, Apataki e Bora Bora, estas últimas ilhas localizadas na Micronésia.

Daqui até dezembro, os preparativos para sua chegada são muitos. Fique de olho para saber a programação de Silvio Ramos e Lilian Monteiro e confira uma de suas palestras! Em breve divulgaremos agenda.

Contato para palestras e informações:
Susan Eiko Togashi

domingo, novembro 08, 2009

Quarto dia da travessia para a Nova Zelandia:

Posição: S30 59.213 E175 50.230, 09/11/09, 11:04h Local (UTC +13)
Ontem assistimos dois filmes enquanto estávamos na calmaria, depois vimos as nuvens chegando pelo Sueste, e já deixamos o barco preparado para os dois pirajás (squalls) que vinham se aproximando, um de cada bordo (lado) do barco. Fui logo para o segundo riso da mestra, e já estava sem genôa, somente com a trinqueta bem caçada, então deixei assim. No final, não pegamos muito vento, pois estávamos bem no meio dos dois squalls, mas o vento vinha de todas as direções, impossível de ajustar as velas para aquilo, então deixei a mestra no meio, com o traveller meio solto dos dois lados assim ele podia correr sozinho. Ficou indo para lá e para cá por um bom tempo, e aí começamos a pegar um vento de dez nós de Sueste. Mudei o rumo e as velas para aproveitar melhor esse vento, e ficamos assim até hoje de manha, quando o vento foi mudando para Sul, e depois para Sul-Sudoeste, onde estamos até agora. Balançamos muito a noite toda e não conseguimos dormir bem dentro da maquina de lavar roupas! Muito frio lá fora e toda vez que saímos da cabine é uma rotina enorme de vestir tôca, macacão próprio para esse tempo e a prova d'água, e colete com boné a prova d'água. Às vezes temos que sair sem essa rotina toda, como por exemplo, quando o barco aderna muito e temos que ir soltar o traveller ou a escôta da mestra, e logo em seguida começam os espirros!

A temperatura da água está a vinte graus, às vezes dezenove, e a do ar vinte e três e baixando na medida em que vamos indo mais para o sul. Não tínhamos planejado estar nesse frio, e não trouxemos roupas apropriadas, vamos ter que comprar na Nova Zelândia. Outro erro foi tirar o aquecedor elétrico do barco, pensando que não iríamos precisar mais! O usávamos quando estávamos em São Francisco do Sul durante o inverno, na revisão do barco pelo estaleiro.

Estou ajudando no motor, pois Opua fica a menos de trinta graus desse vento, esperando que a previsão esteja certa e que o vento mude mais para Nordeste enquanto vamos nos aproximando de Opua, assim vamos corrigindo a rota para a aterragem.

Estamos a trezentos e sessenta milhas de Opua, e estimamos nossa aterragem na Bay Of Islands, na ilha Norte da Nova Zelândia para o dia onze de Novembro, com mais umas sessenta horas de navegação.

O Bicho Vermelho já chegou a Opua, e nos passou um email descrevendo a revista do barco e procedimentos de entrada na Nova Zelândia. O Sarava esta chegando essa manha. Os dois foram direto de TongaTapu para Opua, não parando no Minerva como nós outros.

Essa noite, quando não conseguia dormir, fui rever os comentários que chegam no blog do Matajusi. Com exceção dos do pessoal ligado ao estaleiro, 99% são positivos e me inspiram e motivam a continuar descrevendo o melhor que posso essas aventuras. No início de Dezembro voamos, eu e a LiLian para SP, e vou fazer varias palestras e apresentações de fotos e dos filmes que temos até agora. Vou postar no blog as agendas para informação daqueles leitores que queiram assistir a alguma palestra. Aos que quiserem ser informados sobre nossa agenda, deixem seu email com seu comentário no blog, assim os incluímos na nossa lista de distribuição. O blog parece estar agradando, pois os acessos têm subido a cada mês e já ultrapassamos os três mil acessos/mês. Obrigado pelo seu interesse nas nossas aventuras...

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sexta-feira, novembro 06, 2009

Segundo dia da travessia para Nova Zelandia:


Posição: S27 47.442 W178 39.470, 07/11/09, 12:43h Local (UTC +13)
A Nova Zelândia já passou para horário de verão, então vamos continuar com UTC +13, igual ao horário de Tonga.

Estamos em calmaria quase que total, com uma pequena brisa abaixo de quatro nós vindo quase que no nariz, então estamos indo no motor, a mil e oitocentos giros, que deve dar um consumo de um ponto oito litros por hora. Estou somente com a mestra inteira, bem caçada com o burro e com retranca no meio do barco para ajudar a empurrar o barco um pouco. O dia esta absolutamente lindo, com mar de almirante, uma pequena ondulação longa ajudando a empurrar o barco para a frente, sol forte, céu e água azuis, temperatura da água de vinte e três graus e do ar de vinte e seis graus.

Alguns barcos já com problemas, o Carinthia quebrou a retranca, e o Nine Of Cups esta com vazamento grande de óleo diagnosticado como anel quebrado, e acabou o óleo de reposição que tinham a bordo. O Cat Mousses e o Alexander VI desviaram da rota em que estávamos e seguiram quarenta e cinco milhas a Oeste para suprir o Nine of Cups com os quinze galões combinados de óleo que tem a bordo. Eu continuei na rota mais a Leste para testar como vão ser as diferentes rotas de chegada na Nova Zelândia. A maioria dos outros barcos esta vindo pelo Oeste, pela rota sugerida pelo Jimmy Cornell.

Estamos devorando toda a comida a bordo, pois na chegada à Nova Zelândia eles jogam fora tudo que sobrar. Precisamos promover essas regras para barcos da Nova Zelândia que chegam ao Brasil! Isso promove a economia local, pois todos os barcos que chegam tem que provisionar quase que do zero de novo. A ABVC poderia trabalhar nesses lobbies, aliás, a ABVC poderia reconhecer e divulgar os muitos barcos brasileiros que estão em cruzeiro pelo mundo. Fica aí a sugestão.

Continuando com equipamentos a bordo, as bombas e o aquecedor comprados na Regatta continuam funcionando bem, com exceção da bomba de água salgada, mas pode ter tido um engraçadinho no estaleiro que resolveu abri-la e não fechou direito. Desmontei inteira, toda enferrujada, e refiz, engraxando tudo e por incrível que pareça, ainda funciona.

O Duo Gen não deu nenhum trabalho e o único problema foi na instalação que eu fiz, onde uma conexão precisou de re-aperto. Os rádios funcionam bem, mas a instalação do VHF no mastro precisa ser trocada. Algo esta errado na instalação e não consigo receber bem a distâncias maiores. O meu radio de reserva no cockpit, com antena em cima da targa, funciona muito bem, mas a instalação da antena foi eu que fiz.

O radio SSB, apesar de ter sido lavado com água salgada, em um dos muitos vazamentos deixados pelo estaleiro, é um dos melhores equipamentos a bordo, pois tem uma transmissão e recepção formidáveis e em geral sou um dos melhores rádios nas NETs SSB. A instalação do Pactor modem e o uso do Sailmail salvou a gente de morrer de tédio, pois estamos varias vezes por dia em contato com família, amigos e empresas.

A pia onde usamos água salgada esta completamente enferrujada, assumo que o material era de segunda. O trabalho de aço inox feito pelo Marcelo no Píer 26 esta perfeito até hoje! Usou aço de ótima qualidade, conforme o que paguei.

O alternador Balmar funciona até hoje, mas pela metade. Chegando na Nova Zelândia vou ver o problema. Desconfio que a instalação errada que o eletricista do estaleiro fez no inicio danificou esse equipamento, pois deveria carregar até cem amperes com as baterias vazias, mas no máximo carrega quarenta.

As placas solares são nota dez, e mantém tudo funcionando de dia e com bateria suficiente para passar a noite, depois de dias ensolarados. O Matajusi é até hoje o barco de melhor composição de energia X consumo que encontramos pelo caminho. As placas solares mantêm as baterias carregadas, e só tenho duzentos e vinte e cinco amperes no banco de serviço, o menor que já encontrei pelo caminho. O gerador de arrasto carrega as baterias durante a noite, quando em travessias. Todas as lâmpadas são de LED, mas como dito anteriormente, setenta e cinco por cento das de marca Optolamp já queimaram e algumas mais de uma vez. Acredito que o regulador usado pela Optolamp não previa alterações de voltagem entre onze e quatorze volts, muito comum em barcos a vela, e infelizmente eles nunca me deram qualquer atenção quanto aos problemas que tive.

O watermaker apresentou um pequeno vazamento em umas das tubulações originais, mas depois de um aperto ficou normal de novo. Outro equipamento formidável que tenho no Matajusi. Usa pouca energia das baterias (8ª), e gera até quarenta litros de água por hora. A água que bebemos hoje é dessalinizada por ele e deliciosa.

A instalação no painel de controle do Yanmar do lado de fora da cabine não foi uma boa idéia, pois hoje nenhuma lâmpada funciona e esta sempre com algum mal contato. Na entrada da cabine teria sido uma opção melhor.

As bussolas são de brincadeira e não tem a menor serventia para travessias ou mesmo cruzeiro. Preciso comprar novas e trocar.

As gaiutas Lewman, com exceção de um fecho que quebrou e não consegui a peça correta para trocar, então improvisei, não deram problemas maiores.

O bimini e dog-house feitos pelo Alex do Píer 26 estão completamente destruídos, mas o material continua bom, foram as costuras que estão abrindo todas, provavelmente uso de linha não própria para esse trabalho.

As velas da North Sales continuam boas, mas algumas costuras também estão abrindo. Preciso fazer uma manutenção nelas na Nova Zelândia.

A hélice da Kiwiprops esta dando trabalho, pois emperra na posição de ré e precisa acelerar forte para fazê-la virar para a frente de novo, e isso as vezes da um tranco na transmissão que preferia evitar. Vou revisar chegando na kiwiland.

O guincho, depois da troca das peças quebradas pela instalação errada feita pelo estaleiro, mais a re-instalação feita por mim, mais a troca da corrente, não deu mais nenhum trabalho.

O bote vai ser trocado na Nova Zelândia por um bote mais apropriado para cruzeiro.

Bom, hora de almoçar e ir ao cinema...

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Primeiro dia da travessia entre Minerva e Nova Zelandia:


Exibir mapa ampliadoPosição: S26 02.000 E179 28.000, 06/11/09, 16:05h Local (UTC +13)
Depois de navegar cento e quarenta e oito milhas desde ontem, quando saímos do Minerva Reef Sul, ainda temos seiscentas e dezessete milhas pela frente antes de chegarmos à Nova Zelândia. O vento tem ajudado, mantendo entre dez e dezoito nós nessas primeiras vinte e quatro horas e estamos conseguindo uma boa singradura, com mares calmos e dias ensolarados.

A previsão diz que teremos pouco vento nos próximos dois dias, e depois um dia de vento na cara, mas isso não me preocupa, pois quando nossa velocidade baixar dos cinco nós, eu ajudo com o motor e temos diesel suficiente para chegar à Nova Zelândia somente no motor.

Na nossa frente vão o Bicho Vermelho e o Sarava, que fizeram rota direta sem parar no Minerva, e atrás vem o Canela, Pajé e Beduína. Pelo SSB falamos duas vezes ao dia na freqüência 8143 USB, as 9h e 19h local (UTC +13) então sabemos que todos estão bem e animados com esse mar calmo, mesmo com pouco vento.

Hoje fui o Net Controller da Big Mama's Net, minha primeira vez como Net Controller, usando a freqüência oito alpha e oito bravo como backup, respectivamente 8294 e 8297. Cadastrei a posição e condições de vinte e três barcos, e o único problema foi uma NET Australiana que pisou em cima da nossa NET, então mudei para a freqüência de backup no meio da NET.

O Cat Mousses e o Alexander VI, meus companheiros de mergulhos, que saíram do Minerva Sul umas quatro horas antes de mim, pois tive algumas manutenções para fazer antes de partir para uma travessia que poderia usar acima de duzentas horas de motor, se fosse o caso, estão à algumas milhas na minha frente, no mesmo rumo de 200° que estou indo. Esse rumo me leva direto para Opua. Muitos outros barcos usam um rumo onde eles primeiro vão para Oeste, e só viram para Sul quando chegam a uma posição diretamente ao norte da Nova Zelândia. Observando o Grib (previsão) todos esse dias, cheguei à conclusão que poderia ir mais a Leste e pegar ventos melhores. Ainda vamos ter que ver se essa estratégia vai dar certo, pois tem uma corrente de Oeste para Leste no norte da Nova Zelândia que pode me empurrar mais para fora da rota direta, ou posso pegar ventos do quadrante Norte, o que me empurraria também para fora da minha rota direta, mas se esse for o caso, ajudo no motor.

De manutenção, tive que trocar o óleo do motor, pois estava grosso e não seria bom ir nessas condições se tivesse que motorar muito durante essa travessia. Quando abri a tampa para limpar o filtro de combustível, aproveitei para dar uma olhada geral, e percebi a correia do alternador secundário, o Balmar, meio solta. Quando fui apertar, notei que o parafuso que segurava o braço de ajuste do alternador havia quebrado. Deu um trabalhinho, pois o parafuso quebrado ficou dentro do suporte, e tive que improvisar para tirá-lo de lá. Mas no fim deu tudo certo e quatro horas depois eu estava partindo do Minerva Sul...

Sempre critico o que acontece de ruim no meu barco, e sou muito conhecido (acho até que odiado por uns) por isso, e quero também comentar sobre os equipamentos que não me deram trabalho e funcionaram conforme minha expectativa. O mastro e retranca do Matajusi são da Farol, o estaiamento, enrolador, carrinho, traveler, burro, moitões e catracas são da Nautos, o motor é Yanmar e não tenho a menor reclamação desses equipamentos. Acho que o estaiamento é um dos pontos fortes do Matajusi, pois agüentou muito bem todos os meus maus tratos por falta de experiência, principalmente no começo.

Bom, tenho mais uns quatro a cinco dias pela frente, então vou parar por aqui e guardar um pouco para os próximos dias...

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quinta-feira, novembro 05, 2009

Ancorado no Minerva Reef do Sul:


Posição: S23 56.599 W179 07.156 05/11/09 10:53h Local (UTC +13)
Depois de comer um fusili com lagosta delicioso, dormimos no Minerva do Norte, relativamente bem, pois quando a maré enche, alguma ondulação passa por cima da barreira de coral e acaba balançando os barcos ancorados dentro do recife.

Levantamos ancora as oito da manha de ontem e velejamos ajudando no motor para o Minerva do Sul. Passamos pelo passe sem qualquer problema, pois a carta Navionics que eu uso a bordo descreve perfeitamente o passe e os cabeços em volta e pelo caminho da ancoragem a leste dentro do recife. Ancoramos do lado do Cat Mousses e do Alexander VI, e fomos nos preparar para um mergulho, onde acreditávamos iríamos pegar muitas lagostas.

Mesmo na maré baixa conseguimos entrar dentro da laguna do lado sul do recife, completamente cercada por uma barreira larga de coral. Aproveitamos os pequenos canais feitos pela saída da água das ondas de fora do recife que acabam despejando alguma água dentro da laguna para ir empurrando o bote com os remos para dentro. Atravessamos a laguna e fomos procurar algum lugar com uma parede de coral perto da barreira, mas não achamos, somente areia que acabava ficando muito raso e sem paredes para as lagostas ficarem.

Mergulhamos em vários cabeços no meio da laguna, e vi muitos peixes grandes, inclusive um mero. Deixei-os quietos por lá e fui caçar uma garoupa menor, de uns oito quilos e uma lagosta quase branca de antenas bem compridas. Procurei muito, em mergulhos rasos, médios e profundos, e nada das lagostas.

Resolvemos atravessar de volta e ir mergulhar nos passes. Lá peguei mais uma lagosta, um badejo de uns seis quilos, e aí começou uma farra das boas, quando um tubarão cinza comum no Minerva do Sul começou a mostrar sinais de agressividade, quando eles chegam perto e começam a se contorcer. Como a Danny tinha encomendado um tubarão para que eu pudesse ensiná-los a limpar e cozinhar, resolvi que aquele era do tamanho ideal para esse fim, e, na sua próxima demonstração de agressividade, atirei atrás da barbatana lateral, com ele de lado para mim. O arpão atravessou, e vi que ele estava bem preso. Ele ficou se debatendo muito, e espalhando sangue pela água. Nisso pedi a arma do Jack e dei mais um tiro na cabeça, mas não entrou e ele disparou para cima do Rene, que o manteve a distancia segura com uma fisga que ele tinha na mão. Puxei a linha do arpão ate conseguir ficar com o arpão na mão, onde poderia controlar melhor os movimentos dele, e peguei o meu arpão havaiano e atravessei de guelra a guelra com ele. Agora, com dois arpões espetados eu tinha um controle melhor da sua boca, que não parava de tentar morder algo! Trouxe-o mais para perto, e com a faca fui dando facadas dentro da guelra, espalhando ainda mais sangue pela água, e não deu outra, o papai tubarão e a mamão tubarão chegaram com mais três irmãos crescidos para checar o que estava acontecendo de diferente naquele passe.

Pedi para todos subirem no bote, e continuei tentando matar o bicho, enquanto os outros cercavam e diminuíam o circulo. Quando eles chegavam muito próximos, eu batia com o pé de pato na superfície da água e isso os espantava por um tempo, mas eles foram se acostumando com aquilo e foram chegando mais próximos. Eu não queria entrar no bote com um tubarão vivo, pois alem do Jack e do Rene, tínhamos dois filhos do Rene a bordo, além da possibilidade do tubarão morder o bote, então continuei, e com o arpão havaiano batia na superfície da água próximo de onde estava vindo o papai deles. Isso o afugentava de novo.

Consegui tirar o arpão com o qual o havia segurado, e fiquei somente com o havaiano atravessado de guelra a guelra, e passei ele para o Rene já a bordo do bote. Olhei para baixo e vi que os outros estavam ficando agressivos e chegando muito perto para meu conforto, então subi a bordo. Acabamos de matar o bicho com algumas facadas atravessando a cabeça, e retornamos para o Cat Mousses para limpar aquilo tudo e preparar a janta comunal. O Rene havia pego umas seis conchas gigantes e com os músculos delas, o Jack preparou uns aperitivos deliciosos. As lagostas foram servidas cortadas em pedacinhos, para comer com maionese, e o tubarão cozido em postas com molho de tomate alho e cebola. No final, estava tudo uma delicia e ficamos entre comendo e batendo papo até depois da meia-noite.

Retornamos ao Matajusi e ainda fomos preparar um yogurt para dar para a Danny no dia seguinte, e um chá quentinho para tomarmos antes de ir dormir.

Hoje as sete e pouco o Rene já estava no radio chamando todos para partir, mas eu ainda preciso fazer umas manutenções antes de passar uma semana ou mais no mar, então eles acabaram de partir e eu fiquei sozinho nesse paraíso único, onde só se chega de barco, um desses lugares e alguns amigos que adicionam mais horas de prazer na nossa viagem...

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terça-feira, novembro 03, 2009

Ancorado no Minerva Reef do Norte:


Posição: S23 39.459 W178 54.036, 03/11/09, 18:34h Local (UTC +13)
Completamos a travessia entre TongaTapu e Minerva Reef no tempo estimado, chegando ao Minerva hoje as 14:00h. Foi chegar, ancorar, comer um almoço rapidinho, feito com aquele mahi-mahi da foto, e ir mergulhar, o que me rendeu uma bela lagosta. Amanha eu serei o NET controller da Big Mama's NET, na frequencia 8294 USB, as 10:00 (UTC +13). Vou ter que rodar a NET a caminho do Minerva do Sul.

Vamos saborear a lagosta com um fusili para a janta, dormir, e levantar ancora amanha cedo para mudar ancoragem para o Minerva do Sul, a vinte e duas milhas daqui. Para lá foram o Cat Mousses e o Alexander IV, e combinamos um mergulho no meio do dia. Vamos tentar pegar mais lagostas. Olhem pela foto, elas são enormes por aqui. No mergulho vi muitos tubarões galha branca, mas eles parecem ser bem tímidos, sempre fugindo de mim. Mergulhei somente com um arpão havaiano, sem elástico, e somente para pegar lagostas, mas acabei cutucando uns tubarões que estavam dentro das tocas onde eu fui procurar lagostas, para eles saírem da frente. Em um dos mergulhos, vi uma tartaruga que tinha acabado de pegar uma lagosta. Ela já tinha comido o corpo e cabeça, e estava devorando as pernas. Agora, vou preparar a lagosta com fusili...

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segunda-feira, novembro 02, 2009

Primeiro dia da travessia para Minerva Reef:


Posição: S22 49.000 W177 32.000, 02/11/09, 18:44h Local (UTC +13)
Com ventos entre dez e vinte nós vindos do sudeste, e ondas entre um e quatro metros, também do sudeste, navegamos em um mar hora calmo hora crespo, em uma media de 4,7 nós/hora. Estamos em um grupo de cinco barcos, três brasileiros e dois canadenses. Conosco navegam o Beduína, o Pajé, o Cat Mousses e o Alexander IV. Tempos mais oitenta milhas para chegar ao Minerva Reef do norte, e estimamos aterrar umas oito da manha de amanha. Tudo e todos bem a bordo. A temperatura continua abaixando, tornando incomodo ficar no cockpit. Tomar uma onda, nem pensar, então ficamos mais tempo dentro da cabine. Mais de trinta barcos estão a caminho da Nova Zelândia por essa mesma rota, alguns parando no Minerva Reef, outros seguindo direto para Opua. Serão mais cinco ou seis dias de Minerva até Opua.

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sábado, outubro 31, 2009

Partindo para Nova Zelandia:

Posição: S21 07.583 W175 09.722 01/11/09 07:15h Local (UTC +13)
Em mais meia hora partimos para nossa ultima perna nesse ano, a Nova Zelândia, com uma parada no Minerva Reef, um recife desabitado a um terço do caminho para Nova Zelândia.

Fico impressionado quando penso que chegamos até aqui por nossa conta e risco! Como é grande o nossa terra! No final desse ano terei navegado mais de quinze mil milhas, mais de duas mil horas, e aqui estamos.

Quando penso pelo que passamos, percebo que com a experiência fomos dominando melhor as situações, e olhando daqui, o quanto não sabíamos quando saímos de Natal para nossa primeira perna em águas internacionais. Na memória mantemos muitos momentos, tanto de preocupação quanto de prazer. Nossa maior tempestade foi aquela onde os ventos mantiveram acima dos quarenta nós por uma noite inteira e mais meio dia, no caminho entre Galapagos e Marquesas. Nossa pior ancoragem fui na nossa chegada em Fatu-Hiva nas Marquesas, onde nossa ancora prendeu na corrente da ancora do Independence e os barcos acabaram se chocando. Nossa noite mais mal dormida em ancoragem foi quando a ancora não prendia ao fundo, com ventos de quarenta nós, em Huahine, mas teve também a nossa segunda noite em Ilês Du Salut, na Guiana Francesa, onde havíamos nos escondido da primeira tempestade que passamos no mar, pois ancorei no lugar errado e o barco sacudia com nunca havíamos visto antes. Nosso pior mar foi na costa as Colômbia, chamado o quinto pior mar do mundo. Poucos cruzeiristas passaram por lá sem algum apuro. E estivemos no meio de um Tsunami onde morreram mais de cem pessoas, mas nós não sofremos qualquer efeito dele por estarmos em alto mar, e ancorados dentro de um recife, do lado contrario onde a onda deve ter batido.

Mas também tivemos os momentos muito bons, como participar da dança dos Kunas em San Blas, nossa estada em Fatu-Hiva, os inúmeros mergulhos, e todos amigos que fizemos por onde passamos.

Vamos agora enfrentar o ultimo desafio do ano, que é a navegada para Nova Zelândia. Serão uns oito dias, com mais um dia de ancoragem no Minerva Reef, e a tendência dos ventos parece boa. Muitos barcos seguiram para lá ontem, e decidimos ficar para ouvir pelo radio como esta sendo a viagem deles. Instituímos uma NET pelo SSB e serei o NET controller nas quarta-feiras. Pela NET ficamos sabendo de todas as condições de todos os barcos, as vezes ajudando um barco em apuros, mas sempre levando em conta a situação de mar e vento dos barcos mais a frente ou as vezes mas para trás, para tomarmos decisões em mudanças na nossa rota, para evitarmos uma situação ruim e procurarmos bons ventos e mar mais calmo.

No dia trinta, fomos à festa no Iate Clube de Pangaimotu, onde o restaurante Big Mama faz uma festa para comemorar o aniversario da Big Mama. Os tripulantes de mais de trinta barcos estavam presentes lá e foi uma festa muito divertida, com boa comida, servida de graça pelo restaurante, apenas com a bebida paga.

Fizemos os papeis de saída, com o custo total de quarenta dólares tongueanos, equivalente ao nosso R$. Provisionamos o barco para a nossa ultima travessia do ano, e distribuímos algumas das nossa provisões que não iríamos consumir ate Nova Zelândia entre outros barcos, alem de deixar algumas para o pessoal de Pangaimotu. Na Nova Zelândia eles jogam fora quase toda a comida a bordo, além de coisas construídas de palha, sementes, conchas entre outras.

Vamos navegar juntos com o Cat Mousses do Rene e Dany, e o Alexander VI do Jack e Josie, ambos canadenses. O Rene é um desses aventureiros que topa qualquer parada, combinando muito com meu Próprio jeito, então formamos um grupo muito bom.

Dos outros brasileiros, alguns partiram ontem, e os outros estão indo hoje. Devemos todos nos encontrar no Minerva Reef.

Fico por aqui pois os outros barcos já estão saindo e estamos atrasados...

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terça-feira, outubro 27, 2009

Ancorado em Pangaimotu, TongaTapu, Tonga:




Exibir mapa ampliadoPosição: S21 07.583 W175 09.722 28/10/09 06:15h Local (UTC +13)
Levantamos ancora cedo em Uoleva e velejamos em direção a Nomuka Iki, a umas quinze milhas de distancia. Vento forte, quase na cara, e logo o Cat Mousses e o Alexander IV mudaram de rota e foram mais para Oeste, enquanto que o Matajusi e o Wassabi continuaram pela rota traçada pelo Brian do Wassabi, que ia costurando um monte de baixios e recifes. Essa rota permitia fazer a distancia quase que somente no vento, com um pequeno trecho ajudando no motor, com o vento a menos de 30° da proa. Chegamos a Nomuka Iki, uma das ultimas ilhas do grupo de Haapai, e logo fomos fazer um reconhecimento da pequena ilha completamente desabitada, não fosse pelos morcegos gigantes, comedores de frutas, comuns por essa região. Interessante, que era uma das coisas que eu tinha na lista de coisas que eu queria ver, os Fruit Bats. Agora só falta ver um caranguejo de côco, os já raros Coconut Crabs.

A pequena ilha tem muitos coqueiros, então subi em um carregado de côcos e fui cortando vários para bebermos a água. Depois, nós homens fomos explorar a ilha, atravessando para o outro lado pelo meio da mata, enquanto as mulheres faziam seus exercícios na praia e as crianças de vários barcos brincavam na areia. Dizem os livros que tinha uma prisão nessa ilha, mas não conseguimos encontrar os escombros dela. As arvores tomaram todo o terreno. São arvores que dão um fruto como o do chapéu de sol, comum nas praias do Brasil, e que os morcegos gigantes gostam de comer, e pude ver de perto alguns desses animais.

Logo chegaram os outros barcos brasileiros, e nos reunimos de novo com o grupo. Ficamos entre esses dois grupos, os dos brasileiros e agora também o dos canadenses. Eu gosto dessas mudanças, pois elas nos permitem conhecer mais cruzeiristas pelo caminho, além do que, os canadenses adoram mergulhar, que é mais a minha praia, enquanto que o grupo de brasileiros prefere o kite surf e o surf. Depois de explorarmos a ilha, o Jack e o Rene foram explorar os recifes de fora da ilha com o GPS para marcar o ponto de mergulho para a noite, enquanto eu fiquei um pouco com o grupo de brasileiros que estavam na praia.

Às oito da noite, o Rene e o Jack passaram pelo Matajusi para me pegar, e fomos os três mergulhar nos lugares que eles haviam marcado. Eu fui o primeiro a entrar na água, e fui verificar se a ancora estava presa, e logo de cara vi uma cavaquinha, um tipo de lagosta sem antenas. Pensávamos que esse era um bom sinal, e íamos encher o barco delas, mas depois de mergulhar em três lugares diferentes por quatro horas seguidas, só conseguimos sete cavaquinhas, uma lagosta de antena, três budiões e uma garoupinha. Mesmo assim, nada mal. Dessa vez eu pedi uma roupa dupla emprestada, e usei dois gorros, e não senti o menor frio.

Voltamos para os barcos à meia-noite, e fui buscar a Lilian no Sarava, que estava ensinando a Mariana a fazer aquele pão que aprendemos a fazer com a Nelly, em Los Roques. Aperfeiçoamos a receita e esta cada vez melhor. Anida voltamos ao Matajusi, onde assamos o pão e cozinhei as lagostas, comi um pão quente com geléia de uva, tomei um banho quente e fomos dormir.

Os canadenses saíram na noite seguinte para TongaTapu, e eu preferi vir junto com o Sarava e o Bicho Vermelho ontem cedo. Saímos as seis da manha, com um vento que chegava aos vinte nós, que começou vindo aos quarenta e cinco graus da proa, excelente para nossa travessia, mas com um mar crespo e alto que não permitia que o barco deslanchasse com o vento. Com o tempo o mar foi abaixando e o vento mudando mais para Sul Este, ficando a trinta graus da nossa proa. O Matajusi navega bem a trinta graus, mas os outros dois barcos foram derivando. O Sarava derivou umas treze milhas, e eu e o Bob preferimos ajudar no motor. Pelo radio ouvimos que o Bicho Vermelho tinha duas linhas na água, e decidi jogar uma, que em alguns minutos rendeu um dourado de uns dez quilos. Chegamos todos juntos a TongaTapu e ancoramos no Pangaimotu as quatro e meia da tarde. Com vinte metros de profundidade e bem coberto dos ventos de Leste e Sul, mais comuns por aqui, usei sessenta e cinco metros de corrente para ancorar.

Convidamos o Marcelo e a Mariana e o Bob e a Bel para um sashimi a bordo, mas os dois casais tinham outros compromissos, então combinamos com o grupo dos canadenses que logo toparam. Eu limpei o peixe e passei os files limpos para o Rene cortar o sashimi, enquanto eu preparava uma ova de dourado com batatas, cebolas e pimentão vermelho no forno, e com a cabeça e espinha, um pirão. A Josie do Alexander VI preparou um arroz e um bolo, e fomos todos para o Cat Mousses para saborear nossas guloseimas. Os quatro filhos do Rene e da Dany do Cat Mousses topam experimentar qualquer coisa, e conseguimos acabar com toda a comida que fizemos. O pirão e a ova no forno foram o alto da janta!

O Rene ensina flauta doce para os quatro filhos, então levei minha flauta e tocamos um pouco juntos. Depois da janta o Rene serviu uns licores e eu tomei café quente com Baileys, meu aperitivo preferido. Para minha total surpresa, quando estávamos nos preparando para sair, o Rene perguntou se eu queria conhecer o Coconut Crab que eles criavam a bordo! Lógico que queria, um item na lista de coisas que queria ver! O caranguejo me surpreendeu, não esperava nada parecido com aquilo. Ele é de cores fortes, na maioria azul, com uma barriga marron avermelhada, massivo de forte, e se parece mais com um caranguejo eremita fora da concha do que com um caranguejo normal. Ele é muito forte, sua pinçada é perigosa e pode esmagar dedos. Outro maior que eles também criaram por um tempo, antes de por na panela, conseguiu quebrar vários CDs dentro do estojo de CDs daqueles que se usam em carros!

Depois da janta no Cat Mousses, pegamos uma carona no bote do Jack, e voltamos a meia-noite para o Matajusi. Tem outros vinte barcos ancorados aqui, e mais chegando. Todos vieram para participar do jantar no Big Mama's, um restaurante que promove uma reunião dos barcos que estão partindo para a Nova Zelândia. Hoje vamos cuidar da papelada, combinar comprar diesel dutty-free para encher os tanques, em preparação para nossa travessia de mil e duzentas milhas para a Nova Zelândia. Muitos barcos vão para a Nova Zelândia para se esconder da estação dos furacões do Pacifico, que começa no mês que vem e dura até final de Abril.

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sábado, outubro 24, 2009

Ancorado em Nomuka Iki, Haapai, Tonga:



Exibir mapa ampliadoPosição: S20 16.596 W174 48.258 24/10/2009 18:31h Local (UTC -13)
Saímos para Uoleva cedo, com vento forte e mar picado, enquanto o Beduína saia para ir se encontrar com os outros barcos brasileiros que estavam mais a Oeste de Haapai. Íamos para outra ancoragem, mas o vento forte não permitiu, e acabamos gostando muito de Uoleva. Bem protegida do vento e da ondulação, com fundo de areia e coral, mas com areia suficiente para ancorar bem, uma praia de areia branca muito bonita, muitos coqueiros e côcos, além daqueles morcegos frutíferos enormes que são comuns por aqui.

Havíamos combinado de ir comer um sushi preparado pelo Brian do Wassabi, e cada um de nós contribuiu com alguma coisa. Eu preparei um sashimi de dourado e um doce de abobora com côco, meu primeiro, e a Lilian preparou um abacaxi e um rabanete chinês ralado, e para as bebidas contribuímos com um vinho. A Dany do Cat Mousse preparou uma torta deliciosa para suplementar a sobremesa, e eles trouxeram também lagosta para complementar o sushi que Brian estava preparando com o wahoo que eles pescaram e o dourado que eu pesquei. O jantar foi delicioso, e depois da sobremesa, a Isabel do Wassabi pegou um violão, eu peguei minha flauta, e o Rene e o Jack ajudaram na cantoria. Fizemos um bom e gostoso som até tarde.

No dia seguinte fomos eu e a Lilian de botinho para a praia para fazer um reconhecimento do local. Encontramos um marae polinésio no meio da ilha, escondido pelas arvores e coqueiros. É um quadrado erguido com pedras, com uma entrada e uma saída, na mesma linha do sol. Fiquei a pensar o que já havia se passado naquele lugar. Encontramos também muitos rastros de porcos, e algumas galinhas selvagens, daquelas que levantam vôo melhor do que o nosso Jacu. Lá conhecemos a Patti, uma americana que construiu um hotel na ilha. Ela acabou de por o negocio para funcionar e comentou que no ano passado, logo depois da construção, passou um furacão por lá e quase arrancou o telhado das cabanas que ela aluga para seus hospedes.

Depois de toda a propaganda que o Brian do Wassabi e o Jack do Alexander VI fizeram sobre minha técnica no mergulho, o Rene do Cat Mousse quis ir mergulhar a tarde. Enquanto as mulheres faziam ioga e pilates na praia, nós homens fomos mergulhar, explorando a área com um GPS portátil para definir o nosso mergulho noturno, mas somente eu e o Rene mergulhamos, pois havíamos combinado o mergulho à noite para pegar lagostas, e o Briam e o Jack não queriam molhar suas roupas de mergulho para ficarem mais quentinhos a noite.

Peguei uma garoupinha e uma lagosta. A lagosta era de antena, mas bem diferente da nossa lagosta, pois era mais fina, e tinha as antenas e as patas brancas. Nunca havia visto uma como aquela. As antenas eram muito longas, e foi assim que eu a descobri no meio dos corais. Fiquei com a lagosta e dei a garoupa para eles.

Voltamos para os barcos para descansar e comer, e combinamos de sair às oito da noite para mergulhar à procura de lagostas. Depois da janta, às oito horas, o Brian passou pelo Matajusi para me apanhar. Eu já havia preparado minha roupa e equipamento de mergulho, então fomos para a área que havíamos explorado durante o dia, guiados pelo GPS portátil do Jack, que foi com o Rene em outro bote, por segurança.

Chegamos ao local demarcado, jogamos ancora, vestimos o resto do equipamento e fomos mergulhar. Que frio! Eu e o Brian estávamos com roupa muito fina e ficamos com muito frio depois de uns quarenta minutos na água. Não achamos nenhuma lagosta, mas estávamos mergulhando nos lugares mais fundos. O Rene e o Jack pegaram cinco, em menos de um metro de água. Eu peguei três trocas, aqueles caramujos grandes, mas esses um pouco diferentes dos que já havia pego em Aitutaki. Vou cozinhá-los amanha e ver se é a mesma coisa.

As mulheres combinaram uma seção de ioga e pilates para amanha bem cedo, e nós homens vamos mergulhar e ver se achamos um lugar para pegar lagostas a noite.

Já jantamos e agora vamos assistir um filme.

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quarta-feira, outubro 21, 2009

Ancorado em Haano, Haapai, Tonga:


Posição: S19 40.269 W174 17.328 21/10/09 17:51h Local (UTC -13)
Perguntei ao Marcelo do Sarava que tipo, cor e comportamento de isca ele estava usando, e ele disse que usava uma rapala de meia água, cor azul e prateado.

Logo troquei minha isca por uma rapala azul e prateada com chocalho, e não deu outra, logo embarcamos um atum pequeno que limpei rapidinho e preparei para o sashimi da tarde. Depois troquei de isca e pus uma lula pequena de cor azul e prateado, com anzol grande especial para água salgada. Um pouco depois e um peixe fisgou forte. Do barco víamos os pulos que o peixe dava, saindo alguns metros da água. Mantive a linha esticada e fui recolhendo enquanto a Lilian diminuía a velocidade do barco, pondo a dez graus do vento. Enquanto eu e Lilian trabalhávamos o peixe, o piloto soltou e foi uma encrenca conseguir manter o peixe e a linha, que queria roçar em cada quina do barco. Mas, conseguimos trazer o peixe até a borda, reconhecendo nele um dourado de bom tamanho. Passei a vara para a Lilian segurar enquanto eu pegava a fisga e fisgava o dourado pela cabeça. Suspendi o peixe e o embarquei, criando uma tremenda sujeira de sangue pelo cockpit todo. Não pesamos, mas estimo uns doze quilos ou mais. Como ele não parava de se debater, pedi para a Lilian pegar o martelo e dei umas boas marteladas na cabeça dele até ele apagar.

Tirei os dois filés e mais uma ova gigante, e joguei a carcaça de volta na água. Da água veio e para a água retornas!

Chegamos a Haano lá pelas quatro e meia da tarde, e ancoramos junto com os outros barcos que chegaram conosco e os outros que já estavam por aqui. Ficou meio apertado e acabei ancorando mais perto dos corais do que gosto. Passamos uma noite tranqüila, com água bem calma, e na manha de hoje levantei ancora e ancorei em um lugar mais fundo.

Todos os barcos brasileiros partiram hoje cedo para outra ilha mais a sudoeste daqui, mas eu estava com preguiça e acabei ficando. O Beduína esta trabalhando em um dos motores e ficou também. Nisso acabei trocando uns arquivos de guias de varias áreas no Pacifico com outros que eu já tinha, com o pessoal do Wassabi, um barco que havíamos conhecido na regata de Neiafu. Conversando, soube que eles iam mergulhar à tarde, e me convidei para ir junto. Eles gostaram da idéia, principalmente pela minha experiência em caça submarina, e quando mergulhamos, eles ficaram sempre próximos de mim observando minha técnica. No final, voltei com um sargo (ou similar) de uns cinco quilos e um budião verde de uns três quilos, que dei para o pessoal do Wassabi. Combinamos uma cerveja para conversarmos sobre minhas experiências com caça submarina.

Para amanha, vou seguir um pouco com o Wassabi, Alexandre VI e Cat Mousse e vamos para outra ancoragem umas quinze milhas a sudeste de onde estamos. Depois penso em ir direto para TongaTapu para conseguir pegar uma ancoragem descente, pois tem muitos barcos descendo para lá para aguardar a janela de saída para a Nova Zelândia. O vento e a água estão esfriando a ponto de começar a ficar desconfortável. Vou precisar comprar uma roupa de mergulho apropriada.

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segunda-feira, outubro 19, 2009

A Caminho de Haapai, Tonga:


Exibir mapa ampliadoPosição: S19 02.554 W174 11.680 20/10/09 09:06h Local (UTC -13)
Já no nosso caminho para Nova Zelândia, saímos, juntos com o Sarava, Pajé e Beduína, rumo às ilhas do meio de Tonga, chamadas Haapai. Pouco vento, mar baixo, com seguimento entre três nós e meio e cinco e meio, todo pano para cima, velejando no rumo 184° com nossa aterragem prevista para daqui a oito horas. Todos com linhas na água, mas o Sarava esta nos dando uma surra, com três peixes já fisgados e nós continuamos sem nada...

Nossa estadia em Vavau foi excelente! Muito envolvimento social com os barcos com brasileiros a bordo, além de com outros barcos que vamos conhecendo pelo caminho.

No Sábado fui mergulhar e voltei com duas lulas grandes, que Mariana preparou ontem à noite em um estupendo molho de macarrão. Peguei também um mexilhão gigante e também duas ostras gigantes, as quais comi e guardei uma das conchas para depois polir e fazer um porta aperitivos para o barco.

O mexilhão e uma das conchas dei de presente para Sir Robert do Lá Masquerade, que havia convidado eu e Lilian para almoçar. Depois do almoço a Lilian ficou com a Cleide, e eu e Sir Robert passamos a tarde conversando e tomando vinho. Conversamos sobre oportunidades, negócios, governos, família entre outros. Formidável a experiência de Sir Robert, que começou do nada e construiu um império de bom tamanho. Com sua fortuna hoje ele patrocina sessenta e cinco estudantes pobres todo ano, além de ter vários centros de tratamento psicológico e social de pacientes com câncer terminal. Com residências em Yorkshire na Inglaterra e em Montecarlo, onde tem como vizinho Paul Allen, ex-CEO da Microsoft, eles passam um tempo em cada residência e mais um tempo viajando o mundo com o Lá Masquerade. Seu jato particular construído pela Marcel Dassault na França o acompanha em todos seus passeios e fica sempre a disposição no aeroporto mais próximo de onde está. O barco, com tripulação de treze profissionais, entre Capitão e até pajens é seu quinto barco e foi construído por encomenda especialmente para ele, que participou de todos os aspectos do projeto.

Ontem retornamos para Neiafu para tratar da documentação de saída, e aproveitamos para fazer mais umas compras de provisionamento do barco. No final do dia rumamos para o ultimo ancoradouro ao sul de Vavau para ficarmos prontos para sair hoje ao raiar do dia para Haapai.

Esse mês eu começo a escrever para a Pefil Náutico, e já preparei minha primeira coluna, o uso do SailMail a bordo, que deve ser publicada em mais algumas semanas. Tenho também trabalhado nas apresentações que farei sobre o Projeto Matajusi em vários lugares no Brasil, durante minha estada entre Dezembro de 2009 e Março de 2010. Além de palestras para minha staff, minha família e meus amigos, alguns dos outros lugares onde farei palestras incluem a Camara Americana de Comercio de São Paulo, o Iate Clube de Ilhabela, o Museu do Mar em Bombinhas, o Iate Clube de Santos, entre outros. Quando tiver uma agenda confirmada posto no blog para os interessados.

Agora vou voltar para o comando do barco, pois com vento fraco e mudando de direção a toda hora, preciso estar constantemente ajustando as velas...

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sábado, outubro 17, 2009

Outras atividades em Vavau:

Tripulação do Matajusi, Beduina, Pajé, Canela, Bicho Vermelho e Saravá a bordo do La Masquerade.


Posição S18 41.963 W174 01.849 17/10/09 18:39h local (UTC -13)
Continuando com nossa vida de cruzeirista, no dia seguinte ao nosso jantar comunal depois do mergulho, fui para uma ancoragem bem calminha na ilha de Kapa, com água cristalina e bem protegida dos ventos predominantes, pois precisava fazer manutenção nas catracas, que, de tanta água salgada sempre borrifando nelas, estavam começando a ficar mais duras. Passei o dia todo trabalhando nas catracas, e mais a manhã do dia seguinte, e interrompi o trabalho somente para irmos a um jantar árabe oferecido pela Bel e Bob do Bicho Vermelho, que estavam na mesma ancoragem onde estávamos.

Na volta do jantar, lá pelas onze da noite, quando chegávamos ao Matajusi, vi uma lula daquelas grossas e grandes na popa do barco que eu havia deixado iluminada. A Lilian foi se preparar para dormir, enquanto eu fiquei de tocaia com a arma de mergulho esperando para ver se a lula voltava, pois ela havia sumido quando chegamos com o botinho. Não deu outra, ela voltou, disparei de cima do barco, calculando o ângulo de reflexo na água e o tiro foi certeiro. Fiquei mais um tempo por ali e consegui acertar mais uma, que depois preparei com arroz e ficaram deliciosas.

No dia seguinte fui me reunir com os outros barcos brasileiros em uma ancoragem na ilha de Avalau, para velejarmos de kite-surf. Eu tentei mais algumas vezes, mas ainda não consegui dominar a prancha. Já domino o kite, mas quando tento sair com a prancha acabo velejando de corpo, deixando a prancha para trás.

Quando estávamos falando pelo radio VHF combinando a próxima ancoragem, depois que a conversa acabou, ouvi uma voz feminina chamando em português, perguntando onde estávamos nós brasileiros. Eu respondi e perguntei quem estava indagando. Ela respondeu que era a Cleide, do La Masquerade. Sem conhecer o barco, batemos o maior papo e eu convidei-os para também irem à Tapana, onde estávamos indo para um jantar com paella, e onde, os que tocavam algum instrumento iriam fazer o som.

Quando quase todos os barcos brasileiros já estavam ancorados em Tapana, chega o La Masquerade, um mega iate a motor, de cento e oitenta pés! Não demorou e recebemos um convite para uma recepção no La Masquerade. Eles convidaram os quatorze brasileiros que estavam em Tapana. Todos nos arrumamos para a ocasião, sem conhecer muito mais do que o nome da Cleide e do Capitão do barco, Michael. Quando lá chegamos, fomos apresentados para o dono do barco, Sir Robert Ogden. Sir Robert é um Knight da corte de Londres e Cleide, uma paulista, é sua companheira.

O barco é algo do outro mundo, com quatro andares sociais, mais os de serviço. Tudo é meticulosamente detalhado. Sir Robert, Cleide e toda a tripulação do barco foram extremamente simpáticos e nos receberam muito bem. Depois da recepção, fomos nos preparar para o jantar com paella e música ao vivo, tocada por nós mesmos...

O jantar foi uma festa e, como sempre, os brasileiros dominaram... Eu na flauta, o Gustavo do Canela ou a Bel do Bicho Vermelho no violão, Mariana do Sarava no bongô, Lilian, Gislayne e outros no chocalho, um Neo Zelandês no teclado, e o barulho foi dos bons, com quase todos cantando e dançando.

No dia seguinte velejamos de volta de Tapana para Avalau, para mais umas tentativas no kite, e no final da tarde rumamos para Neiafu, pois ia ter um jantar típico Tonganês, com dançarinos locais, e queríamos participar. No caminho tivemos o primeiro, e espero que último, fogo a bordo do Matajusi.

A Lilian foi passar aspirador na sala enquanto eu velejava para Neiafu, e a tomada DC onde o aspirador estava conectado derreteu e entrou em curto. A Lilian me disse que o fio estava muito quente, então eu disse para ela usar a outra tomada DC, que era mais forte. Não sabia que o fio já tinha derretido e entrado em curto e que continuou derretendo e esquentando até queimar também o encosto do sofá da sala. Eu percebi a fumaça e corri para dentro, pegando o fio em chamas com uma canga da Lilian que estava por lá e desencostando ele do sofá. Depois desliguei o desjuntor, que pelo próprio nome deveria ter desjuntado mas não desjuntou, e quase pôs fogo no barco. Tinha já muita fumaça dentro do barco, então abrimos todas as gaiutas para ventilar um pouco. Uma vez desligado o desjuntor, acabou o curto e o problema, mas ficou a marca do fio queimado no sofá.

Enquanto estávamos resolvendo o problema do fogo, o motor começou a falhar e corri para fora para desligá-lo, pois sabia que o diesel estava baixo e devia estar acabando. Estávamos com uma ilha a uns vinte metros na nossa sota (lado onde o vento empurra), e, como estávamos velejando e ajudando com o motor, orcei (subi no vento) mais um pouco e pus o barco para fora para garantir nossa segurança. Tentei ligar várias vezes, com a Lilian bombeando no purgador da bomba de combustível, mas o motor não pegou. Tive que descer e sangrar o filtro de combustível e aí, depois de mais muitas bombeadas, pegou. No final, tudo certo exceto pela cicatriz no sofá. Aproveitei e ensinei a Lilian a trabalhar com desjuntores e extintores.

Na área de manutenção do barco, o último problema foi os painéis solares que pararam de funcionar. Fiz uma vistoria completa na fiação e achei uma emenda externa completamente oxidada, sem qualquer proteção contra a oxidação, e um fusível interno com mal contato. Cortei fora a emenda mal feita pelo eletricista e fiz uma nova, que cobri com fita isolante vulcânica para evitar o problema de oxidação de se repetir. Muitas das ligações elétricas no meu barco foram feitas assim. Sei que vou ter ainda muito trabalho para consertar esse serviço mal feito pelo eletricista, mas, a vida de cruzeirista é isso mesmo, muita manutenção, entre uma velejada e outra...

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segunda-feira, outubro 12, 2009

Alguns passeios por Vavau:

Posição: S18 43.341 W174 06.085 12/10/09 23:30h local (UTC +13)
Com a recomendação do Marcelo, que já conhece bem o lugar, fizemos alguns bons passeios com todos juntos. Começamos por uma caverna na Ilha de Nua Papu, onde se tem que mergulhar a uns dois metros de profundidade e por uns três metros de distância para se entrar em uma câmera de ar embaixo da terra. Sem maiores atrações, depois que explorei a caverna, fui explorar um pouco as áreas mais fundas por perto, e encontrei uma concha aranha, e um caracol grande, que deixei por lá mesmo, depois de observá-los mais de perto.

Depois fomos todos para ilhota de Tuungasika, uma área mais funda, com uns vinte e dois metros de fundura, onde tem uma pedra grande rachada no meio, e com uma vida animal e de coral bastante intensa. Depois de dar uma explorada na pedra rachada, fui para as áreas mais fundas para ver se o lugar era bom para caça submarina. Um pouco adiante encontrei uma toca com uma garoupa e um vermelho dentão de bons tamanhos, todos acima dos cinco quilos. Planejei voltar depois, e caçar por ali.

Com isso já estávamos no final da tarde e todos voltamos para Neiafu para a noite.

Todas as sextas-feiras tem regata no final do dia, organizada pelo Yacth Club de Vavau, e resolvi correr com o Matajusi. Durante o dia passeamos um pouco pela cidade, fizemos mais algum provisionamento para o barco, e nos preparamos no final da tarde para correr a regata. Convidei o Marcelo e o Bob para correr comigo. Deixei a Lilian com a Mariana, e fomos treinar um pouco, para que o Marcelo e o Bob conhecessem o sistema de velas do Matajusi. Tiramos a ancora e a corrente, a balsa salva-vidas, o bote e motor do bote, mas mesmo assim continuávamos com o barco pesado, com toda nossa tralha dentro, além dos tanques de água cheios e os de diesel pela metade, e corremos assim mesmo. A regata é uma mistura de barcos grandes, médios e pequenos, mono-cascos e catamarans, e alguns barcos sem nenhuma tralha de cruzeiro, como targa, bimini e dog-house. Saímos bem, em terceiro lugar, passando para quinto na primeira perna, conseguimos recuperar uma posição no final da primeira perna, e perdemos de novo na segunda perna, pois fui pela linha de cima e esta estava com vento mais fraco. Continuamos na mesma posição até o final da regata, mas aí soube que os barcos pequenos faziam uma regata menor, e acabou entrando mais um na nossa frente. Acabamos em sexto, mas foi bem divertido, além de competirmos com um barco brasileiro.

À noite houve um happy-hour no Yacth Club, onde ficamos até tarde da noite dançando e conversando. De premio pelo sexto lugar, ganhamos duas taças de vinho em um restaurante local.

No dia seguinte, todos os barcos saíram juntos para uma ancoragem no sul de Vavau, pois eles iriam surfar. Eu, como não surfo, fui para aquele lugar ande havia visto a garoupa, só que lá não dá para ancorar, então, pela primeira vez, a Lilian ficou com o barco. Ela ia até perto de onde eu estava mergulhando, depois deixava o barco em capa até ele chegar próximo do outro lado daquele canal, e daí voltava de novo para perto de onde eu mergulhava. Acabei não vendo a garoupa, mas fisguei um xarel de bom tamanho. Percebi que o arpão não havia transpassado o peixe e vi a farpa aberta dentro dele, pela pele, então fui dando linha até quase o fundo, quando vi um tubarão galha branca vindo para o meu xarel! Comecei a puxar o peixe rápido para cima, com o tubarão seguindo de perto, mas já próximo da superfície, a pele arrebentou e ele se foi. Logo desceu para abaixo dos vinte metros, e o perdi de vista. No final, fisguei outro xarel um pouco menor do que o primeiro, e voltei para o barco.

Chamamos o pessoal pelo VHF para saber onde eles iriam ancorar para a noite, e seguimos também para Vakaeitu, uma ancoragem protegida de quase todos os ventos. Eu havia comprado um balde de vongoles no mercado, e preparei um fusili ao vongole e o xarel fritinho para o nosso jantar comunal. Todos nos reunimos para o jantar, com os outro contribuindo cada um com algum prato diferente.

Para hoje, combinamos que alguns iriam tentar surfar ou fazer kite, e outros iriam fazer caça submarina. Acabou que ventou pouco, então a única opção foi fazer caça. Fomos no bote do Pajé para trás da ilha onde estamos ancorados e mergulhamos em uma ponta de face Oeste, lugar excelente e de peixes de bom tamanho. Com água muito limpa, o peixe não deixa a gente se aproximar, então, tem-se que conhecer muita manha para pegar algum peixe. Eu usei o truque de caçar uns peixinhos menores, que passavam por cardumes, e cortá-los em pedaçinhos, deixando os pedaçinhos afundar devagar. Isso atrai os peixes maiores, e não demorou e apareceram dois vermelhos dentão grandes, acima dos cinco quilos. Eu descia e me escondia embaixo de umas pedras, próximo ao lugar onde os pedacinhos de peixe estavam caindo, e ficava esperando algum peixe grande se aproximar, até o limite do meu fôlego. Logo apareceu um xarel de uns seis quilos, e veio direto para mim. Tiro fácil e certeiro, apagou o peixe completamente. Enquanto eu tirava o peixe do arpão, vieram dois vermelhos grandes e ficaram próximos, procurando os pedacinhos de peixe que eu havia cortado. Não tinha onde por o xarel, então desci e o enfiei debaixo de uma cabeça de coral, somente com o rabo para fora.

Usei o mesmo truque de me esconder debaixo de umas pedras e não demorou chegou um vermelho de uns seis quilos também. Deixei ele se aproximar até o máximo e quando ele me viu e virou, atirei. O tiro entrou pelas costas e foi até a cabeça, e o peixe também apagou, ou pelo menos foi o que eu pensei. Como a farpa não estava aberta, tirei logo o arpão, e aí o peixe acordou de novo e deu uma arrancada, escapando da minha mão. Armei rápido o arpão e sai atrás dele, que estava nadando em círculos. Atirei uma segunda vez, mas, na pressa, errei o tiro, e o peixe rumou para o fundo. Acompanhei para onde ele descia, mas nisso chegou o Mario com o Hugo no botinho.

Deixei o vermelho como perdido, e fui pegar o xarel para embarcar no botinho. Falei para o Mario que o lugar era bom de peixe, e ele mergulhou também. Ele estava com sua arma de pressão, com tiro muito mais forte do que os arbaletes que usamos hoje em dia.

Depois de embarcar o xarel, voltei para onde o vermelho tinha descido, e não demorou o vi a uns vinte metros, parado, com a marca do primeiro tiro nas costas. Chamei o Mario e apontei o peixe para ele. Ele desceu devagar, e atirou. O tiro pegou na barriga, atravessou o peixe e ainda foi se fincar em um coral mais para o fundo. O Mario subiu, mas não conseguia puxar o peixe, com seu arpão travado no fundo, então, desci e dei o terceiro tiro nele, dessa vez no apagador. O peixe travou, e fui subindo com ele, pela linha do arpão do Mario. Em cima, para garantir, enfiei a faca no apagador dele, e passei ele para o Hugo levar para o bote. O Mario já estava com meu segundo arbalete armado e estava indo para o seu segundo tiro, mas viu que o peixe já estava em cima.

Retornamos aos barcos, limpei os dois peixes e preparei o meu já famoso pirão. A Paula preparou uma muqueca, a Gislayne a sobremesa, a Mariana uma salada e a Bel uns aperitivos e um arroz. Jantamos muito bem e ficamos ate mais tarde batendo papo e contando historias. Enfim, vivendo vida de cruzerista...

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