domingo, outubro 31, 2010

Lovina Beach, Norte Bali:

Temos ficado mais tempo em Lovina Bech, Norte Bali, por uma serie de razões. O Batista foi levar a Julie para o aeroporto em Java e estamos esperando ele voltar, e o William esta gripado então também estamos aguardando ele apresentar melhoras para eliminar a possibilidade de Dengue ou outra doença fácil de se contrair por mordida de mosquitos. Outro problema é que o vento esta quase nulo. Estamos esperando pela entrada de vento, conforme previsão local, para zarparmos na direção da Malásia. O Matajusi tem autonomia para ir até a Malásia ajudando no motor, mas o QOVOP não tem tanta reserva de diesel e não sabemos se vamos conseguir carregar com diesel pelo caminho, então dependemos um pouco do vento ajudar.
Enquanto esperamos, continuamos explorando essa área de Bali, e ontem, novamente, alugamos motinhos (US$3.00/dia) e fomos conhecer pela primeira vez um templo Budista. Interessante como me senti em paz nas imediações desse templo.
De lá fomos para uma fonte térmica de água vulcânica onde passei boa parte do tempo fazendo massagem debaixo de um jato de água quente, pois me deu uma inflamação na cervical como há tempos não tinha. Talvez tenha dormido de mau jeito...
Depois fomos até uma fazenda de perolas onde comprei algumas para os presentes de Natal. Aqui eles não produzem as perolas negras como encontramos em Apataki, as perolas são de tons diferentes de branco.
Aproveito para falar da documentação necessária para se navegar na Indonésia. O mais importante é um documento chamado de CAIT. Sem ele você não pode nem chegar na Indonésia. Esse documento tem a lista da tripulação além de todos os lugares por onde o barco vai ancorar. É preciso também um visto, que em alguns lugares pode ser obtido quando se chega, mas na maioria dos lugares, é preciso já ter o visto antes de se chegar. Alem do CAIT e do visto, é preciso ter uma carta de um "sponsor" que alega que você só vai passar pela Indonésia de barco, sem ficar ou deixar o barco na Indonésia. O CAIT é preparado por agentes especializados, alguns recomendados no NoonSite do Jimmy Cornell. Eles também organizam os vistos e a carta, que devem ser pegos em algum consulado ou embaixada da Indonésia por onde se passa antes de chegar à Indonésia. O visto que se consegue na chegada, sem se passar pela embaixada, e somente em poucos lugares, Bali sendo um, só tem validade por trinta dias e não é renovável, se bem que ouvi dizer que se consegue renovar por mais trinta dias no aeroporto de Bali, e o visto tirado na embaixada tem validade de sessenta dias. Na chegada tem-se que fazer Harbor Master, Quarentine, Customs, Emigration, and Navy, e na saída os mesmos, mas finalizando com o Harbor Master.
A vida em Bali é razoavelmente barata, podendo-se comer uma refeição entre hum e quarenta dólares, sendo que a media fica entre os quinze e vinte dólares.
Em Bali existe algum tipo de bactéria que afeta a todos que chegam a Bali, chamada de Bali Belly, ou barriga de Bali. Dos vinte e poucos dias que estamos em Bali, eu fiquei com desarranjos mais de noventa por cento do tempo. Todas as vezes que comi peixe, mesmo os que eu mesmo pesquei, fiquei com desarranjo, o mesmo não acontecendo quando como carne em restaurantes. Tenho praticamente vivido de arroz e batata!
O povo dos lugares por onde já passamos é muito simpático e não sentimos qualquer descriminação desde que chegamos. Até agora já passamos por Bali e Lombok, somente nas ilhas Gili, ambos lugares muito acostumados com turistas. Daqui para a frente, a caminho da Malásia, vamos passar por lugares pouco visitados por turistas mas, tendo conhecido o povo de Bali e Lombok, nossa expectativa é boa, além do mais, o pessoal do QOVOP já praticamente domina a língua nativa da Indonésia, ajudando bastante na comunicação, pois poucos por aqui falam ou entendem inglês...
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At 29/10/2010 12:30 (local) our position was 08°09.57'S 115°01.35'E, our course was 062T and our speed was 0.0.
No dia 29/10/2010 as 12:30 horas (local) nossa posição era 08°09.57'S 115°01.35'E, nosso curso era 062T e nossa velocidade era 0.0.
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quinta-feira, outubro 28, 2010

Terremotos, Tsunamis, Vulcões...

Ontem começamos a receber várias mensagens expressando preocupação com a nossa segurança na Indonésia, dados as noticias do terremoto com tsunami em Sumatra e do vulcão em erupção em Java. Por aqui não tivemos muitas noticias desses incidentes, e agradecemos as informações recebidas por email.
Como estamos do lado Norte dessas ilhas, estamos a salvo desses incidentes que tendem a acontecer mais do lado sul, portanto não vimos ou sentimos qualquer interferência por conta desses incidentes.
Acabamos levantando ancora da ancoragem em Singaraja, e navegamos algumas poucas milhas até a praia turística de Lovina. Na chegada, sem conhecer o passe entre os recifes, fiquei a boa distancia da costa tentando identificar o que eu via na costa com o que eu via na carta náutica. Nisso, um pescador se aproximou e ofereceu para nos guiar ate a ancoragem, o que aceitei aliviado.
Ancoramos em seis metros de profundidade, em fundo de areia vulcânica, com cinquenta metros de corrente. Logo após a ancoragem, entrou chuva com vento forte, acima dos vinte e cinco nós, e mexeu na ancoragem inteira, formando ondas e balançando muito o barco. Aguardamos ate a coisa amançar, e fomos para terra a remo. Chegando na praia, tivemos um trabalhinho para evitar capotar nas ondas que ainda estavam quebrando na praia, e virei o bote de frente para as ondas, remando para trás, para melhorar nossas chances de chegar em terra secos.
Caminhamos bastante, explorando essa área, cheia de lojinhas, bares, restaurantes, e vendedores ambulantes, que, coitados, fora de temporada e sem turistas, ficam todos desesperados tentando vender alguma coisa para os poucos turistas que estão por aqui. Aproveitamos para sacar um pouco mais de rupias (dinheiro da Indonésia, US$1 = RP$8.600) de um ATM local, e fomos localizar um SPA. Passamos por vários antes da Lilian aprovar um para usarmos, eu para um corte de cabelo e uma massagem no corpo inteiro, e ela para um tratamento de beleza e também massagem no corpo inteiro. Saímos do SPA renovados, procurando por um restaurante para jantarmos. Depois de muita caminhada, acabamos escolhendo um com musica ao vivo. Comi um belo filé apimentado e a Lilian um frango com molho de cogumelos, antes de retornarmos ao Matajusi para dormir.
No dia seguinte, chegou o QOVOP, retornando da ancoragem mais ao Norte que eles haviam ido, pois lá se cobrava até para ancorar. Agora, juntos novamente, fomos para terra para passear, fazer um pouco de internet, e negociar o aluguel de motinhos para outros passeios pela área.
Quando retornamos aos barcos depois da janta, o QOVOP cheirava queimado! Examinando o problema, o carregador do computador deles queimou, e agora estamos trabalhando em soluções para esse problema, pois eles usam somente o computador para as travessias. Vamos tentar algumas cirurgias nos aparelhos elétricos de bordo...
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At 27/10/2010 12:00 (local) our position was 08°09.61'S 115°01.35'E, our course was 068T and our speed was 0.1.
No dia 27/10/2010 as 12:00 horas (local) nossa posição era 08°09.61'S 115°01.35'E, nosso curso era 068T e nossa velocidade era 0.1.
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segunda-feira, outubro 25, 2010

Milhares de pescadores no caminho:

Zarpamos de Gili Air as sete da manha, rumo a uma ancoragem no Norte de Bali. Saímos juntos, mas fui um pouco mais ao sul, e acabei tendo vento e corrente melhores do que as que o QOVOP pegou, e com isso o Matajusi ganhou velocidade mais rápido, deixando o QOVOP para trás, chegando mais cedo na ancoragem programada. Na chegada, fui surpreendido por uma escotilha de jangadas sem ninguém a bordo. Achei aquilo muito estranho, pois elas pareciam estar alinhadas pela costa inteira, até perder de vista. Fui chegando devagar e com cuidado, procurando um barquinho com dois pescadores a bordo, para perguntar se eu podia passar para a costa por aquele rumo. Eles responderam que sim, e me aproximei mais da costa, procurando por uma área onde haviam dois barcos a motor, um ancorado e outro amarrado em poita. Procurei por uma área rasa perto de onde eles estavam, e achei um platô com profundidade na área de cinco a oito metros, logo descendo para mais de vinte. Soltei ancora, com quarenta metros de corrente em profundidade de oito metros, e mergulhei para ajudar o QOVOP a lançar ancora próximo do Matajusi.
A ancoragem era segura, mas a ondulação entrava de lado causando um pouco de desconforto a bordo. Ficamos duas noites em Amed, o nome daquela área de Bali, com um mergulho no segundo dia embaixo das jangadas, que a associação dos pescadores locais lançou ao mar para promover peixes a se agruparem em volta dos cabos com muitos sacos plásticos cortados em fatias que eles amarram embaixo das jangadas. Os peixes de passagem vem caçar por volta das jangadas, e nós acabamos com uma bela pescaria incluindo oito olhetes e mais uns seis peixes parecido com atuns.
Depois de dois dias em Amed, zarpamos com destino a Lovina Beach, uma área turística na costa Norte de Bali. O QOVOP fez a pequena travessia de cinqüenta milhas saindo a noite, e nós saímos as cinco e meia da manha. Com pouca luz, liguei o radar para ter certeza de que não ia atropelar nenhuma das dezenas de jangadas fantasmas em frente à baia que estávamos, e fiquei surpreso com o numero de alvos que o radar identificou. Fui saindo devagar, "costurando" os alvos vistos pelo radar, que acabei identificando, como as pequenas embarcações que os pescadores locais usam para a pesca. Com o raiar do dia, tudo que víamos até o horizonte, em qualquer direção, eram centenas desses pequenos barcos de pesca. Tive que ir com cuidado para evitar atropelar algum. Eles usam uma linha longa, com muitos anzóis, e corricam com essa linha, parando quando sentem que a linha pesou. Rapidamente eles recolhem dezenas de peixes da família dos atuns, menores que o bonito.
No caminho, ainda pegamos a chuva mais intensa que já tivemos em uma travessia, lavando de enxurrada o barco. Aproveitamos e escovamos o deck, mastro, retranca, velas, canvas e cockpit.
De longe já víamos onde o QOVOP havia ancorado, e nos dirigimos para perto deles, pedindo pelo VHF as coordenadas de entrada e ancoragem da área que eles estavam, e ancoramos em cinco metros de profundidade com fundo de areia, com quarenta de corrente.
Essa ancoragem fica próxima da Lovina Beach, e é bem segura e calma, proporcionando boas noites quando conseguimos dormir tranqüilos, sem muito balanço.
Na primeira noite nessa ancoragem, fomos assistir a uma dança Balinesa em um restaurante perto da ancoragem. Já no segundo dia, alugamos três motinhos e passamos o dia inteiro conhecendo o interior de Bali, lugares onde muito poucos turistas já foram, somente freqüentados pelos nativos locais. Ficamos maravilhados com o que vimos, e principalmente pela camaradagem como fomos tratados por todos, inclusive alguns batalhões de policia em treinamento nas montanhas de Bali por onde passamos. Vimos plantações, incluindo os terraços de arroz, comuns nessa área, muitos templos, inclusive um templo hindu no meio de um lago que fica no alto das montanhas de Bali, outros lagos no alto das montanhas, e o principal foi uma cachoeira com mais de cem metros de altura e umas seis quedas d'água, onde aproveitamos para um belo banho de cachoeira. No caminho, tivemos todas as estações do ano, começando com quente e abafado enquanto estávamos no nível do mar, passando para agradável a meio caminho do topo das montanhas, depois para quase frio no topo, pegando chuva torrencial e secando no caminho de volta para o barco. Para finalizar o dia, jantamos em um restaurante bem em frente onde estamos ancorados, experimentando mais alguns sabores da comida de Bali. Bali tem alguma coisa na água ou comida, que todos nós estranhamos, pois todos tivemos desarranjos intestinais desde que chegamos aqui. Alguns menos e eu, mais. Foi difícil descer os mais de quinhentos andares altos a caminho da cachoeira, nadar na correnteza e subir os andares de volta, somente no arroz e batata sem tempero que tenho comido! Estou exausto...
Amanha os QOVOP zarpam para outra ancoragem no nosso caminho para a Malásia, e nós ficamos mais um dia nessa ancoragem para passar um meio dia em algum SPA a ser ainda escolhido. Depois vamos nos encontrar com eles novamente...
Veja nossa localização no Google Maps
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At 25/10/2010 23:21 (local) our position was 08°07.66'S 115°03.49'E, our course was 081T and our speed was 0.1.
No dia 25/10/2010 as 23:21 horas (local) nossa posição era 08°07.66'S 115°03.49'E, nosso curso era 081T e nossa velocidade era 0.1.
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quinta-feira, outubro 21, 2010

As ilhas Gili, de Lombok:

Nos preparamos para zarpar na madrugada do dia dezenove, com destino as Ilhas Gili em Lombok, uma ilha a Leste de Bali. O QOVOP zarpou umas dez da noite, pois eles são mais lentos e não usam tanto o motor, e nós programamos para zarpar as cinco e meia da manha. Quando deu o alarme, resolvi não sair ate de manha, pois a Lilian passou mal a noite toda e queria dar um tempo para saber se ela iria ficar bem para a travessia estimada de doze horas. Acabamos zarpando as nove e meia da manha, e tivemos vento e corrente a favor em toda travessia, amarrando em poita na Ilha Gili Air, a mais próxima de Lombok, as cinco da tarde, com tempo para um mergulho nos corais na frente da ilha que renderam um polvo e dois peixes locais, que usei para preparar um pirão. Comemos todos no Matajusi, com os QOVOP fazendo o arroz e uma mistura de vegetais.
No dia seguinte saímos para explorar a ilha, uma área freqüentada por mergulhadores de cilindro, com muitos barcos de mergulho e hotéis especializados em mergulho, incluindo piscina para cursos de scuba. Algumas coisas interessantes são as carrocinhas a cavalo, usadas para transportar os turistas por volta da ilha, e um restaurante que tinha uma placa confirmando que havia cogumelos (alucinógenos) disponíveis!
A tarde os QOVOP foram para um mergulho, e eu fiquei para limpar o casco, conferir hélice, rabeta e leme do Matajusi. O leme continua com um pequeno movimento lateral, mas que não aumentou desde a ultima vez que chequei. Enquanto limpava o casco, apareceu um cardume de cirurgiões grandes e aproveitei para garantir o sushi da noite. Os QOVOP voltaram com mais peixe e organizamos outra janta no Matajusi, pois tem o cock-pit maior, que acomoda o grupo todo. Eu preparei sushi de peixe frito no shoyo e tarê, com cebolinha, semente de gergelim, pepino e wasabi, enquanto a Lilian preparava uma sopa de missô com caldo de barbatana de peixe. Os QOVOP prepararam um sushi de peixe cru com cenoura, completando nossa janta comunal, que estava uma delícia! Enfim, vivendo bem, com bons amigos a nossa volta, comendo bem, curtindo esses novos lugares, com seus povos, costumes, religião e gostos diferentes dos nossos, mantendo sempre a nossa boa qualidade de vida...
Amanha devemos partir rumo a Singapura, parando no caminho para deixar a Julie, namorada do Batista, uma francesa que mora da Nova Zelândia. Nosso plano é ir parando pelo caminho e conhecendo novos lugares da Indonésia.
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At 21/10/2010 11:19 (local) our position was 08°21.91'S 116°04.98'E, our course was 186T and our speed was 0.1.
No dia 21/10/2010 as 11:19 horas (local) nossa posição era 08°21.91'S 116°04.98'E, nosso curso era 186T e nossa velocidade era 0.1.
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sábado, outubro 16, 2010

Matajusi corre solto pela ancoragem...

Conforme previsto, chegamos a Bali no dia cinco de Outubro, depois de treze dias de travessia desde Port Moresby, na Papua New Guinea. Fomos direto para a Bali Marina, onde ficamos por oito dias. A marina é a mais cara que o Matajusi já ficou (US$23/dia), mas sem muitos recursos, água doce paga e ruim, muito sujo o mar em volta, com internet de dez dólares por 50 MB, com diesel caro e ainda estavam sem, mas cobram se você comprar de fora, ou seja, não vale a pena ficar lá. A única razão seria que a marina fica próxima de quatro dos cinco lugares que se tem que fazer documentação quando se chega de barco a Bali, Emigração, Customs, Quarentena e Harbor Master. Só a Marinha (Navy) fica em Serangan. Da para fazer os primeiros quatro a pé mesmo, mas fomos de taxi.
Uma vez feita toda a documentação, começamos a explorar Bali, nossa primeira experiência com a cultura Indonésia, Hindu, e Muçulmana. Alugamos uma motocicleta e estamos explorando muito por aqui, uma mistura de shopping centers, grandes baladas, artes locais, e algumas das melhores características geográficas e turísticas de Bali, incluindo os campos de arroz nas montanhas, alguns parques com animais, um vulcão, muitos restaurantes, artesãos de esculturas em madeira e jóias em prata, enfim, o máximo que podemos aproveitar enquanto aqui estamos.
Ontem fomos com o Manu, William e Baptiste, os garotos do QOVOP, que re-encontramos aqui em Bali depois de estarmos juntos em vários lugares a partir do Panamá , a uma danceteria no marco zero da cidade. Marco zero é onde uns terroristas explodiram uma bomba no dia doze de Outubro de 2002, matando umas duzentas pessoas, na maioria turistas, incluindo dois brasileiros. Isso depois de termos ido de moto até Ubud, a área artesanal de Bali, onde passamos o dia. Voltamos de madrugada para o barco, e hoje passamos o dia meio de molho no barco, cansados de tanta coisa que fizemos ontem.
Aproveitei para trocar a água doce do motor, pois a que estava lá estava muito enferrujada. De novo, pela lei de Murphy, exatamente na hora em que drenei a água do motor, assim sem poder ligá-lo, sentimos um impacto no barco acompanhado de um barulho de alguma coisa esmagando.
Corri para fora e vi um barco de pesca atravessado na proa (frente) do Matajusi. Perguntei para eles o que havia acontecido com eles para baterem no meu barco, e no inglês que eles conseguiam falar, responderam que fui eu que bati no barco deles... Olhei ao redor e percebi que não estávamos mais na bóia, que continuava no mesmo lugar, ou seja, o cabo que amarrava a bóia ao Matajusi e ao QOVOP, pois estamos amarrados de través, rompeu, nossa primeira experiência com esse tipo de problema. Parece que o cabo foi roçando dentro da amarra da bóia e acabou rompendo. Foi um corre-corre danado, primeiro amarrando mais cabos ao Matajusi e pedindo aos pescadores para segurarem os barcos na mão, enquanto corri para fechar os drenos da água doce do motor e encher de água sem mistura mesmo, para poder ligar o motor e poder sair de cima deles. Quando consegui fazer isso, e no meio dos outros muitos barcos ancorados ou amarrados em bóias na ancoragem, não consegui manobrar o barco de volta para a bóia, pois o peso e arrasto do QOVOP amarrado no través do Matajusi forçava os dois barcos a irem para a direita, o lado que estava o QOVOP. Fui manobrando para frente e para trás para ir evitando os outros barcos e deixando a corrente e o vento fazerem o resto, enquanto pedi para a Lilian pular para o QOVOP para ajudar com o leme dele também. Ai, juntos, conseguimos dirigir os dois barcos de volta para a bóia, e amarramos de novo, agora com dois cabos, um no Matajusi e outro no QOVOP. Aproveitei para limpar a cráca da amarra da bóia, a razão do corte do cabo.
Depois que o pessoal do QOVOP chegou em Bali e pudemos conversar sobre os nossos planos, desistimos de cruzar o Indico ainda esse ano, pois já estávamos duas semanas dentro da estação dos ciclones no Indico, e isso, se tivéssemos ventos bons até a África. Nosso novo plano agora inclui explorarmos mais da Indonésia, e depois do Sul da Ásia, passando por Singapura, Malásia e Tailândia, antes de voarmos de volta para o Brasil, deixando o Matajusi na Malásia.
Na próxima estação de travessia do Indico, voltamos para pegar o Matajusi na Ásia e levá-lo para a África, e de lá, de volta para o Brasil.
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At 15/10/2010 09:01 (local) our position was 08°43.17'S 115°14.39'E, our course was 048T and our speed was 0.0.
No dia 15/10/2010 as 09:01 horas (local) nossa posição era 08°43.17'S 115°14.39'E, nosso curso era 048T e nossa velocidade era 0.0.
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quarta-feira, outubro 06, 2010

domingo, outubro 03, 2010

O Oceano Indico nos mostrando o que temos pela frente:

Fora aquele mar bravo que pegamos logo na saída de Port Moresby, o pior da nossa experiência, essa travessia tem sido uma maravilha, com ventos bons e mar bom. Com isso, aprendemos a usar a Genaker, que tem ficado armado o dia todo, só descendo durante a noite, e a exemplo, ontem estávamos com o genaker e a genoa armados, andando entre sete e nove nós, mas no meio da tarde, o vento começou a crescer, chegando, e as vezes passando dos vinte e cinco nós. Eu fiquei entre a cruz e o caldeirão, a cruz sendo o Mario Buckup, que me ensinou a usar o balão e, respondendo à minha pergunta sobre até que velocidade de vento eu poderia usá-lo, respondeu "até uns trinta nós", e o caldeirão sendo o Marçal Ceccon, que sempre diz que, se eu tiver que fazer alguma coisa e não fizer, que pago o preço depois...
O preço dessa vez foi muito esforço, muita adrenalina, e um pouco de experiência em sair voando junto com a vela!
A coisa se passou mais ou menos assim: Vento passando dos vinte e cinco nós, vindo pela popa, com genoa e genaker armados. Mar engrossando, com ondas entre dois e quatro metros. O barco estava andando perto dos dez nós, quando veio uma onda mais forte e jogou o barco de lado, expondo mais a genaker e tirando o vento da genoa, que estava armada no pau de spinaker. A genaker encheu de lado para o barco, e adernou o barco a ponto do deck começar a correr debaixo d'água. Nisso a genoa aquartelou e armou do outro lado. Tomei o controle do piloto, e, com genoa e genaker agora empurrando o barco de lado, não estava conseguindo voltar a condição de vento de popa, então pedi para a Lilian soltar a escota do genaker. Assim que ela fez isso, o genaker desinflou e foi para a frente do barco, e consegui voltar a velejar com a genoa. Correndo, expliquei para a Lilian o que eu precisava que ela fizesse com os cabos, pus o cinto e as luvas, e corri para a frente do barco. Desamarrei o cabo da camisinha, a que se usa para encamisar a genaker e tira-la do vento, e comecei a baixa-lá. Veio bem até a metade, depois o vento era tão forte que, somente a camisinha no vento e estava me levantando do deck! Tive que soltar o conjunto para não voar para fora do barco. A Lilian percebendo meu apuro, soltou mais um pouco da escota de barla, a que fica presa no púlpito do barco (bico da frente), o que fez o conjunto todo voar mais alto, mas parou de armar um balãozinho na base do genaker. Fui pegar a escota de sota, que estava presa pelo nó no moitão armado no cunho de spring, e voltei para a frente puxando o conjunto todo pela escota de sota. Consegui trazer o conjunto para baixo, com a Lilian ajudando e soltando um pouco da adriça (segura a genaker no topo do mastro) e prendi em um elástico com ganchos que havia posto no guarda-mancebo exatamente para o caso de eu não conseguir ficar segurando o conjunto, e fui baixando o conjunto para dentro do saco da genaker com a Lilian dando cabo na adriça. Ufa!!!
Ensaquei a genaker e deixei tudo preso no guarda-mancebo, e retornei ao cockpit, somente aí notando que, mesmo estando com o cinto, não o havia prendido em nenhum lugar!
Mantive a genoa no pau de spinaker e armei a staysail em asa de pombo.
Outros acontecimentos do dia incluíram o Bizul (Gaivota de bico azul) que já estava conosco a mais de um dia, saia para voar, mergulhava, se limpava todo na água e retornava ao barco, me procurando. Onde eu ia ele vinha atrás. Ficava lá em cima do bimini olhando para baixo para ver onde eu estava. Deve ter sido amor à primeira vista, que correspondi enquanto não havia notado seu terrível habito de levantar a traseira e cuspir (longe) por trás! O cockpit inteiro estava ficando, comprometido, e tínhamos que ficar fora da mira. Acho que era uma fêmea, e estava com ciúmes da Lilian, pois ficava mirando nela e as vezes ate conseguia acertar!!!
Essa noite, durante as constantes atravessadas do barco no mar bravo, ela se foi, e de manhã não retornou, ainda!!! Não posso dizer que estou com saudades! Estou sim, contente, de ter aceitado a Bizul fraquinha, ter alimentado ela com mahi-mahi e atum, e ter proporcionado para ela a chance de se fortalecer e continuar lutando pela vida.
Estamos a um dia de Bali, com previsão de chegada por volta das nove da manha, velejando com a genoa e a staysail armadas em asa de pombo, com uma escôta preguiçosa na amura da staysail para segura-lá por fora do brandal, mantendo-a assim mais aberta ao vento de popa que continuamos tendo. O mar esta melhorando, com os ventos agora na área dos quinze nós, e o barco velejando entre seis e sete nós. Vou mantê-lo assim, pois é a media que preciso para chegar amanha perto das nove horas em Bali. Se aumentarmos a velocidade, com o uso da genaker, vamos chegar muito cedo e ter que esperar fora antes de entrar, então não faz sentido ir mais rápido agora.
Não pude deixar de notar todos os mares que navegamos desde Vanuatu. Começamos pelo Mar de Salomão, vindo depois Mar de Coral, Mar de Arafura, Mar de Timor, Mar de Savu, Mar de Flores e Mar de Java.
Uma coisa importante, aos que estiverem planejando uma viagem desse tipo, são os remédios de bordo, dentre eles, um remédio para matar os vermes do intestino, que deve ser tomado a cada seis meses. Pergunte ao seu medico que remédios trazer.
Um caso interessante que me esqueci de mencionar foi quando estávamos em Port Moresby e eu reclamei de uma coceira nos pés e o Brian me indicou seu medico de medicina chinesa, o Dr. Ma. Eu já havia discutido esse problema com minha dermatologista, mas não encontramos solução, mesmo porque, não fiz nenhum exame de fungus para saber se tinha algum. Fato é que, essa vida de barco, de muita umidade e todos andando descalços, uns acabam passando fungus para outros e é preciso estar sempre atento a essas mudanças, que devem ser examinadas e tratadas. No caso do Dr. Ma, ele me receitou um frasco de remédio chinêz, que tem sido tiro e queda! Usei nos pés, nas unhas, no buço, que estava com umas marcas vermelhas, nas narinas que estavam coçando e descascando, e tem eliminado tudo. Não sei do que se trata, mas é tiro e queda.
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At 4/10/2010 08:29 (local) our position was 09°56.20'S 117°35.94'E, our course was 292T and our speed was 5.7.
No dia 4/10/2010 as 08:29 horas (local) nossa posição era 09°56.20'S 117°35.94'E, nosso curso era 292T e nossa velocidade era 5.7.
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sábado, outubro 02, 2010

Um dia com muita adrenalina!

Hoje, quando estava fazendo algumas filmagens da armação de velas, do mar, e do barco, notei um pássaro tentando pousar nas placas solares. Uma gaivota de bico azul e patas laranja. Ela errou a aterragem umas três vezes, ate que conseguiu pousar em uma das placas, logo escorregando e caindo em cima do bimini, onde ficou. Nisso, notei pela filmagem, um barco de pesca logo atrás do Matajusi. Em si só isso não era um problema, pois eu já havia passado por eles e estava andando entre oito e dez nós, mas notei que eles faziam um circulo em volta do barco. Acenei com a mão, eles acenaram de volta, e aí pensei em olhar para a frente pára ver se havia outro barco, então assustei de ver entre a genoa e a genaker, que logo na frente do Matajusi, a apenas alguns metros, havia algo que parecia a primeira vista ser um píer de madeira, NO MEIO DO MAR??? Pulei para desligar o piloto automático e virei a proa do barco para não bater naquela, coisa! Consegui evitar a batida, mas passamos a apenas poucos metros do que agora parecia mais ser um caixão de madeira com um monte de cordas amarradas, sendo arrastado, por quem? Pelo barquinho dos pescadores!!!
Na hora o que mais pareceu é que eles haviam posto aquilo na minha frente para eu bater! Mas, porque fariam isso? Será que eles estavam corricando e a linha prendeu naquela coisa, e isso aconteceu bem na frente do Matajusi, como por obra do destino? Não tenho a resposta porque não fiquei por ali para perguntar... mas nisso, ao mesmo tempo que a Lilian tirava fotos de tudo aquilo, a vara correu, com peixe na linha! Ficou o dia inteiro na água e tinha que fisgar um peixe justo naquela hora? Bom, lidamos com o que aparece, então, pus o barco de volta no piloto, e fui trabalhar o peixe, um dourado pequeno, mas o suficiente para umas duas refeições para nós, e mais peixe de sobra para a gaivota no bimini.
Limpei o peixe, guardando algumas muitas sobras para a gaivota, e quando terminei, fui dar de comida na boca para ela, que aceitou com boas maneiras. Não me bicou nenhuma vez! Eu até punha o pedaço de peixe na minha palma da mão e deixava ela pegar com o bico.
Depois, quando tudo acalmou, almoçamos uma lasanha de berinjela feita na hora, e fomos analisar as fotos, aumentando para ver mais detalhes. Temos a foto nítida do caixão. Quando postar, vamos ver quem da a melhor definição do que seria aquilo! Começamos pela minha! Um japonês, fugindo de alguma ilha por aqui durante a segunda guerra mundial, construiu um caixão que boiava, e se lançou ao mar, estando ainda vivo, comendo os peixinhos e pássaros que estavam por perto. Acho que estou lendo muito livro de sobrevivência no mar! Mas, aguardo outras sugestões...
A Lilian perguntou, "porque essas coisas só acontecem com a gente?"
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At 1/10/2010 10:04 (local) our position was 10°50.12'S 124°59.21'E, our course was 260T and our speed was 6.5.
No dia 1/10/2010 as 10:04 horas (local) nossa posição era 10°50.12'S 124°59.21'E, nosso curso era 260T e nossa velocidade era 6.5.
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Mais tres dias e chegamos a Bali:

Por enquanto o Indico tem nos tratado muito bem! Ventos fracos mas com mar calmo. Fora o óleo esparramado na água, que desconfio seja de uma plataforma Australiana e eles estão quietinhos sobre isso, pois escrevi para eles e não obtive nem um obrigado, a água do Indico é claríssima. Não do mesmo tom roxo da água do Atlantico e Pacifico, mais clara. Ainda não mergulhei para ver como é debaixo d'água. Alias, uma grande diferença entre o Pacifico e o Indico, no Pacifico paramos muito mais e mergulhamos e passeamos em terra mais frequentemente. Já no Indico as distancias são muito grandes, e a janela de tempo parta ficar por aqui antes dos ciclones chegarem, pequena, então temos que ir voando de um lugar para outro. Só de pensar que dos últimos vinte e um dias, passamos dezoito dias velejando e somente três dias em terra...
Estamos nos divertindo com a Genaker (balão)! Agora que nos acostumamos com ela, vai ser usada até desgastar, pois os ventos por onde passamos entram na maioria pela popa, o uso ideal para um balão. Tenho ele montado junto com a genoa, e estamos navegando na metade da velocidade do vento, que tem variado entre dez e vinte nós, assim vamos passando mais e mais água pela proa. Fico testando o posicionamento das escôtas e o ajuste do ângulo do vento para ir conhecendo melhor a genaker. Vai ser interessante poder conversar com algum amigo regateiro depois e comparar esses conhecimentos com os dele.
Outro dia, a Lilian tirou um atum congelado da geladeira, e só de olhar, eu fui pescar... e logo em seguida estava com outro atum menor na linha. Trouxe o peixe para bordo, limpei e preparei metade em sashimi, e a outra metade fiz quatro sushis. Tudo muito gostoso. O tamanho ideal de um peixe é aquele que você consegue consumir sem congelar. Foi esse o caso desse atum.
Já no dia seguinte, ela fez o atum congelado com cuscus, para comer com uma moranga, e ficou uma delicia! Cuscus de atum na moranga, vai entrar pára o cardápio do barco!
Tivemos alguns encontros com pescadores, que acho, por curiosidade, sempre se aproximam da gente, o que nos põe a correr para montar mais velas e ajudar no motor para não permitir a aproximação deles. Nessas horas a adrenalina corre solta! À noite, quando tem pescadores por perto, velejo no escuro e passo a boa distancia deles. Uma para evitar redes e long-lines que eles podem ter na água, mas também para não ter que correr se eles resolverem chegar perto.
Nossos amigos do Qovop já estão velejando dentro da Indonésia, mas eles vão parar em Komodo, a ilha dos dragões de komodo, e nós estamos indo direto para Bali, então devemos chegar lá uns dias na frente deles. Vai ser bom estarmos com eles de novo.
Na área de manutenções, parou de funcionar o exaustor do compartimento do motor, então primeiro desmontei o blower (exaustor), limpando e lubrificando ele, e testando para ver se funcionava bem. Funcionou, então fui ver as conexões elétricas e encontrei o interruptor do exaustor com problema, não segurava mais, então troquei por outro que tinha de reserva no barco e tudo funcionando bem agora.
Estávamos com problemas na sonda, que hora funcionava, hora não funcionava, mas o pior é que ficava dando alarme a noite e a gente tem que ir ver, pois pode ser do radar. Depois de varias trocas de email com o William da Marine Express, fui trabalhar em todas as conexões do SeaTalk, abrindo, limpando e lubrificando com Corrosion X, e, depois que limpei todas as conexões do E80 e dos relógios de vento, piloto e sonda, parou de dar problema...
Que bom, barco bom, mar bom, vento bom, tempo bom, comida boa, companhia boa, êta vida boa!!! Se melhorar, estraga!
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At 1/10/2010 10:04 (local) our position was 10°50.12'S 124°59.21'E, our course was 260T and our speed was 6.5.
No dia 1/10/2010 as 10:04 horas (local) nossa posição era 10°50.12'S 124°59.21'E, nosso curso era 260T e nossa velocidade era 6.5.
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