sexta-feira, julho 30, 2010

Outras ancoragens de Efate:

Bom, a peça da geladeira funcionou bem, mas o problema era no compressor novo, então, continuamos sem geladeira. Não vou entrar em todos os detalhes, mas acredito que um dia vamos conseguir ter a geladeira de volta, só não sei se esse dia será ainda esse mês, ou esse ano, ou nessa viagem...
Acabamos ficando mais tempo em Port Vila por conta da peça da geladeira que vinha da Nova Zelandia, e com isso ficamos vivendo mais vida de cidade do que de cruzeirista, mas fizemos novos amigos e solidificamos outras amizades antigas. De novos amigos agora temos o Brian do Second Winds, o André, brasileiro que veio com o Fraternidade do Aleixo até as Marquesas mas agora esta como tripulante em uma escuna de um alemão, depois de alguma confusão a bordo onde todos os tripulantes debandaram, o Jaison, um mergulhador australiano que vive em Port Vila, e de amigos antigos mas que temos solidificado amizades como os QOVOP, os três garotos franceses que primeiro vimos em Balboa, e que já partiram rumo as ilhas do sul de Vanuatu, indo depois ate a Nova Caledonia, antes de rumar para a área Leste de Papua New Guine, onde nos re-encontraremos para seguir viagem juntos para a Asia. Também o casal rastafári Karlo e Jackie que conhecemos em Opua e que compraram o veleiro de cimento Free Spirit, passando de mochileiros para cruzeiristas, com quem temos estado nos últimos tempos.
Eles são ótimos companheiros, de uma paz de fazer o cabelo alisar. Eles saíram no dia 25 de Port Vila, rumo as ancoragens a oeste de Efate, e nós os seguimos no dia seguinte, nos juntando a eles em Ai Creek, uma ancoragem no começo da Havanah harbor do Oeste de Efate.
No caminho, parei perto da Paul´s Rock, uma ancoragem temporária onde me disseram haver muitos polvos, mas não achei nenhum. Chegamos no final da luz na Ai Creek e tive que navegar um pouco pelos barcos ancorados para analisar o fundo onde eu poderia jogar a ancora. No final, acabei ancorando bem ao lado do Free Spirit. Estava tão ocupado com a ancoragem que nem percebi que eram nossos amigos rasta que estavam bem ao nosso lado.
A Lilian me alertou que eram eles, e percebi uma fogueira na praia em frente à ancoragem, então baixei o Caribe, nosso novo bote de cruzeiro, e fui para lá, encontrando o Karlo e a Jackie junto com um casal de franceses de outro barco, cozinhando pão e côco na fogueira. Nas conversas que tivemos Karlo mencionou ter visto um polvo grande nas redondezas, então combinamos de mergulhar no dia seguinte para eu mostrar para ele como caçar, limpar e preparar polvos.
No dia seguinte, acordei cedo e já fui logo para a água, já caçando uma garopeta e um xareu, aqui chamado de travali. Depois veio o Karlo e fomos procurar pelo polvo. Enquanto estávamos procurando, pegamos um mexilhão gigante, algumas conchas e eu cacei um travali grande. Enquanto trabalhava o travali, o Karlo encontrou o polvo. Passei o travali e as conchas para a Jackie no botinho deles, e fui ajudar o Karlo com o polvo. Mostrei como se atira no polvo, como se apaga ele com um corte na cabeça entre os olhos, e como se limpa, virando a cabeça ao contrario, e voltamos para o barco. No caminho, vi uma concha gigante mais no fundo e mergulhei para trazê-la também. Com isso, garantimos churrasco de peixe feito na fogueira da praia para o almoço, com os três peixes que eu havia fisgado, onde também convidamos os franceses do catamaram Zozie, que havíamos conhecido na noite anterior, o Remi e a Sophie, com a Marrie e o Louis, seus dois filhos. Comemos a vontade e voltei para o barco para preparar o polvo para a janta.
No final, não consegui congelar o polvo pela falta da geladeira, e mesmo cozinhando do jeito que eu cozinho agora, na panela de pressão por cinco minutos e depois deixar esfriar sem abrir a panela, o polvo não ficou do jeito que eu gosto, bem macio, mas estava gostoso e comemos assim mesmo, juntamente com um risoto de polvo.
Ontem o Zozie e o Free Spirit partiram cedo, indo para a ancoragem a Oeste da ilha de Lelepa, e logo o seguimos. Essa ancoragem, onde agora estamos, é um paraíso, com água rasa e transparente, cercada por uma barreira de corais, com um pequeno passe para adentrar na ancoragem, em uma praia de areia branca e fofa, como há tempos não víamos. Peguei um começo de resfriado com o mergulho prolongado que fiz em Ai Creek, então estou meio de molho, mas amanha vou mergulhar e procurar por polvos, conchas e lagostas.
Hoje fomos explorar a ilha, e encontramos a caverna que diziam haver por aqui, uma caverna escura e profunda que segue montanha adentro, onde os nativos puseram velas pelo caminho, que a gente vai acendendo a medida que se chega na próxima, deixando assim, uma trilha de velas acesas para marcar o caminho de volta. Não levamos uma lanterna e sem encontrar a próxima vela, acabamos retornando sem chegar ao fim, além da Lilian ter desistido de continuar por conta de falta de ar, e eu me recusar a ficar sozinho la dentro...
Depois da caverna fomos a procura dos destroços de um avião de guerra americano que caiu na ilha em 1942, e perguntamos a um nativo local se ele podia nos mostrar a trilha que nos levaria até la. Ele nos acompanhou e chegamos ao local onde o avião parece ter mergulhado de cabeça na terra, ficando completamente destruído em uma pilha de destroços de metal destorcidos. No caminho de volta achei um poleiro de galinha selvagem, que pode virar sopa uma noite dessas...
Hoje no final da tarde fomos para a praia para preparar o almoço, penne com molho de concha gigante, que preparei no barco antes de irmos. Usei um pouco da receita da Eneida Ceccon do Rapunzel, cozinhando a concha depois de limpa, em panela de pressão, mas usei meus próprios temperos, alho, alho poro e cebolinha, cozinhando por dez minutos com um pouco de água e azeite de oliva. Não preciso dizer que ficou uma delicia! O Karlo e a Jackie prepararam um bolo de chocolate, que comemos acompanhado do café que a Lilian levou.
Amanha vamos explorar a caverna novamente, na companhia do Karlo e da Jackie, mas dessa vez vamos levar lanternas de cabeça para termos mais luz la dentro...
Vamos continuar explorando a ilha de Efate antes de navegarmos para as ilhas mais ao Norte de Vanuatu, esperando a solução das peças da geladeira que não funcionaram. Do Norte da ilha, pego uma condução até Port Vila e apanho as peças que devem chegar da Nova Zelandia a semana que vem, aproveitando e dando baixa da ilha de Efate, pegando o Cruizing Permit das ilhas mais ao Norte...

terça-feira, julho 20, 2010

Galo selvagem na fogueira para almoço:

Ontem passei o dia em uma caçada ao porco selvagem, onde não tinha porco algum, e andamos mais de quinze quilômetros abrindo picadas na mata para descobrir isso, mas foi um ótimo exercício, donde cheguei exausto e coberto de lama dos pés a cabeça. O alto da caçada foi o nosso guia caçar um galo selvagem no vôo, usando somente um pedaço de pau, que por aqui eles atiram com uma destreza incrível. Assim colhem frutas, e caçam. Eles prepararam o galo para o almoço, em uma fogueira improvisada em uma clareira na mata, depois servido em folhas colhidas por ali mesmo. Fiquei impressionado pelo sabor do galo cozido sem tempero algum, duro, sim, mas delicioso, o qual comemos com pão para reforçar no estomago.

A peça para ver se a geladeira funciona chega amanha, e já vamos nos preparando para ir mais para o norte de Vanuatu, onde as ilhas são ainda mais selvagens do que as do sul que já conhecemos. De lá, grande decisão. Se ainda der tempo, seguimos conforme rota planejada, se não, vamos para o norte conhecer ilhas da Asia...

sábado, julho 17, 2010

Port Vila, Efate, Vanuatu:

Antes de sairmos para Port Vila, limpamos o barco inteiro, pois o vulcão tinha, de novo, vomitado lava em pó em cima da gente. O barco fica completamente negro. A lava em pó entra em todos os lugares. Acho que vamos ficar limpando o barco uns meses antes de tê-lo limpo novamente. Alem disso, o sereno mistura com a lava em pó e deixa manchas, que só vão sair na próxima polida do deck.
Velejamos para fora da baia de Port Resolution as nove e meia da manha, e abri mais a rota noroeste que preparei para seguir, pois víamos a fumaça do vulcão no ar por muitas minhas para fora da área de Tana. Mesmo assim, pegamos mais lava em pó pelo caminho.
Um vento entre quinze e vinte nós soprava de sudoeste e ficava zero de popa, uma armação de velas sempre mais complicada. Armei em asa de pombo e assim fomos. O problema com essa armação de velas é o sacolejo, que somado ao swell alto que estava vindo pelo sudoeste, fazia o barco se mexer de um lado para o outro sem parar. Acabei percebendo que poderia marear com essa condição e tomei um stugeron só para garantir., pois estávamos navegando perto da costa, com corrente, vento e swell fortes. Fiquei menos preocupado depois que passamos por Erromango, pois depois dessa ilha, tínhamos mar aberto até Efate. Preparei o barco para a noite, com somente a trinqueta e a mestra no riso três, e mesmo assim íamos perto dos sete nós, e fui dormir.
Durante a noite levantei algumas vezes para ajustar velas e conferir rota e condições, com a Lilian fazendo os turnos de vigia de hora em hora. As cinco da manha, com a aproximação de terra, levantei e fiquei de vigia até aterrarmos em Port Vila, as 9:30 da manha.
No meio do caminho a geladeira nova parou, e la fui eu de novo tentar tudo que sei e mais um pouco para fazê-la funcionar novamente. Para tirar a duvida da instalação feita pelo eletricista, fiz uma ligação direta, eliminando o interruptor do painel, para ver se ele não estava roubando amperagem. Não funcionando, fiz uma ligação direta da bateria, usando fio de grosso calibre. Essa funcionou um pouquinho. Determinei que o problema deveria estar no modulo de controle, e pedi dois novos da Nova Zelândia, via o Bob da Cater Marine em Opua, e estamos esperando eles chegarem para eu finalizar a geladeira e partirmos para as ilhas do norte de Vanuatu. Já decidimos que se não funcionar, ficamos sem geladeira e partimos para continuar com nossa rota planejada.
Enquanto esperamos, usamos internet, comemos fora muitas vezes, vamos visitar museus e o que mais a cidade oferece, e estou organizando uma caçada ao porco selvagem com uns nativos de uma aldeia no meio da ilha. Vendi meu AIS antigo para o Brian do Second Wings, um cruzeirista Australiano, militar aposentado, e coincidentemente foi o campeão de arco e flecha da Austrália, então estou aprendendo muito com ele, e vamos juntos nessa próxima caçada.
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At 17/7/2010 13:50 (local) our position was 17°44.67'S 168°18.73'E, our course was 136T and our speed was 0.0.
No dia 17/7/2010 as 13:50 horas (local) nossa posição era 17°44.67'S 168°18.73'E, nosso curso era 136T e nossa velocidade era 0.0.
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segunda-feira, julho 12, 2010

sábado, julho 10, 2010

Porco selvagem para a janta:

Esses últimos três dias foram cheios de atividades. No dia seguinte à caça da galinha selvagem, fui com o Tom e mais alguns garotos caçar porco selvagem, mas acabamos não vendo nenhum, então, caminhamos muito e só vimos alguns patos selvagens. Difícil de tentar acertar um pato com o arco e flecha, ia servir somente para perder a flecha, então, ficamos sem atirar nenhuma vez, mas passamos um bom tempo sevando uma área com muitos coqueiros, abrindo cocos caídos no chão. O cheiro atrai os porcos e combinamos de voltar no final do dia, mas, o Tom não apareceu. Acho que ele foi experimentar a kava que eu dei para ele, e acabou gostando mais da kava do que da caça. Decidi partir para as ilhas do norte, e enquanto estava preparando o barco, a Marcia do Too Much viu e chamou pelo radio perguntando se não íamos assistir à dança nativa no Iate Clube a noite. Não sabíamos nada sobre isso e não íamos perder uma dança nativa.
Ficamos e, junto com outros quinze barcos da World ARC que chegaram, participamos da festa organizada pela aldeia para os barcos da ancoragem. Houve troca de presentes, e a aldeia ofereceu um jantar de comida local. Tinha porco, galinha, arroz, mandioca, tarô, banana frita, frutas diversas, e finalizaram com água de coco verde. Eu levei uma flauta e toquei para as crianças da aldeia, que até cantaram algumas musicas comigo. Quando estávamos saindo, encontramos um american, o Jô, e ouvi ele falando para o Jader, filho dele, que eles iam caçar porcos no dia seguinte. Não resisti à tentação e me ofereci para ir junto. Combinamos para as oito da manha.
Exatamente as oito, eles vieram me pegar no Matajusi e rumamos para o fundo da baia, onde ele havia combinado de se encontrar com o Jake, da aldeia que fala francês do fundo da baia. Sem demora, pegamos uma trilha na floresta ao norte da baia, de onde todos os dias saem centenas de morcegos gigantes que voam por cima dos barcos para chegar do outro lado da baia e comer frutas. Seguimos a trilha montanha acima, passando por buracos quentes que expeliam fumaça com cheiro de enxofre, até chegar a uma plantação de taro, mandioca, e bananas. Lá, começamos a ver os rastros e buracos que os porcos haviam feito para desentocar as raízes, alguns, bem recentes. Estávamos com três cachorros e logo os cachorros farejaram um porco, pois começaram a latir e correr para dentro da floresta. Corremos atrás deles, e isso aconteceu varias vezes, até que eu, que caminhava por ultimo, percebi rastros bem recentes, e comecei a seguir. Sai do grupo e fui indo meio que por intuição e por ruídos na floresta, e, de repente, percebi os arbustos bem na minha frente se mexerem. Comecei a preparar uma flecha, mas vi um leitão preto correr do arbusto e começar a descer a encosta. Gritei para os outros, os cachorros ouviram e vieram correndo, cercando o leitão e depois o prendendo com os dentes. O Kennedy, um garoto que tinha ido conosco agarrou o leitão e depois o passou para o Jake. Quando o Jô chegou, ele pegou o leitão da mão do Jake e bateu forte com a cabeça dele em uma arvore, pondo fim à miséria do leitão, e enchendo todo mundo de sangue, que espirrou longe...
Já com a janta garantida, continuamos a caçada, mas não vimos mais nenhum porco. Vimos somente uma colônia de morcegos gigantes, mais um item da minha lista de coisas que queria ver ou fazer, clicado. Voltamos quase no final do dia, exaustos da caminhada pelas montanhas e florestas. O Jader, filho do Jô preparou o leitão e me convidou parta jantar no barco deles. A Lilian não foi, pois alem de não comer porco, lá só tinha homem falando de caça então ela preferiu ficar assistindo um filme no Matajusi. Estava uma delicia! Leitão assado, Tarô, Arroz com curry, pêra em lata e suco de kava!
No final da noite, decidi comprar um motor Yamaha 9,9 que o Jô estava vendendo, e montamos no meu botinho para testar. Gostei do motor e levei ele para o Matajusi, mas ai começaram as perguntas de difícil respostas... O motor pesa quarenta e dois quilos, como eu ia carregar no bote e voltar ele para o Matajusi? Como iríamos levantar o bote e arrastar quando chegamos à uma praia? Onde eu iria guardar os dois motores quando navegando em mar grosso? Tive que desistir, ou pelo menos até resolver esses problemas. Preciso de um braço móvel para descer o motor para o bote e subir o motor de volta para o barco. Preciso de mais um suporte de motor de popa na minha targa, hoje só tenho um, a bombordo. Preciso instalar rodinhas no bote para poder subir o bote em praias sem arrastar o fundo na areia. Vamos ver se consigo resolver algumas dessas coisas em Porto Vila, para onde estamos saindo amanha cedo, se conseguir, fecho o negocio com o Jô.
No meio da tarde, o Tom passou pelo barco vindo de volta de um mergulho que tinha ido fazer. Perguntou se eu não queria ir pegar umas lagostas, e como eu não havia mergulhado ainda em Vanuatu, ocupado com as outras caças, vesti meu equipamento de caça submarina e fomos mergulhar fora da arrebentação. Comecei no raso, e fui indo mais para fora. No final, estava na área com fundo entre doze e vinte metros, e ai comecei a ver uns peixes grandes, mas com água clara, muito difícil de chegar perto deles. Fiquei procurando por lagostas, e acabei matando duas, uma grande e uma media, que logo viraram molho de espaguete. Usei somente os rabos e dei a cabeça com as pernas para o Tom levar para a casa dele.
Depois disso começamos a limpar o barco, pois o vento veio do norte e trouxe de novo a areia preta das explosões do vulcão para cima da gente. Nisso decidimos partir, então preparamos o barco e vamos partir amanha cedo, com destino de Porto Vila que fica a cento e trinta e sete milhas daqui, ou seja, vinte e quatro horas mais ou menos. Saímos de manha, chegando na manha do dia seguinte.
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At 9/7/2010 15:18 (local) our position was 19°31.55'S 169°29.71'E, our course was 216T and our speed was 0.0.
No dia 9/7/2010 as 15:18 horas (local) nossa posição era 19°31.55'S 169°29.71'E, nosso curso era 216T e nossa velocidade era 0.0.
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terça-feira, julho 06, 2010

Galinha selvagem para a janta.

Passamos a manha lavando o barco para tirar a areia negra do vulcão que caiu em cima da gente quando o vento mudou ontem. Quando já estávamos terminando, chegou o Tom, um nativo que havia combinado uma caçada comigo hoje. Dei para ele a kava e o amendoim que eu havia comprado a seu pedido e ele pediu se eu podia consertar o gerador deles em terra. Disse que faria o que podia, mas que não entendia da parte elétrica do gerador. De qualquer forma, levei algumas ferramentas e meu medidor de eletricidade, além do meu arco e seis flechas.
Chegando na sua aldeia, trabalhei um pouco no gerador, e consegui fazê-lo funcionar, mas não estava gerando o que devia, uma área que desconheço. De qualquer forma, já dava para carregar o celular deles, então ficaram todos contentes comigo, e fomos à caçada da galinha selvagem.
Um grupo de uns seis garotos nos acompanharam, pois todos queriam ver como funcionava esse meu arco e flecha. Logo eles cercaram uma galinha e um galo e o Tom me fez sinal para atirar na galinha. Armei, puxei, mirei e atirei, e, ninguém ficou mais surpreso do que eu ao ver a flecha atravessar a galinha bem no meio. Ela ainda saiu correndo pela floresta com a flecha atravessada, e os garotos todos atrás dela. Logo retornaram com ela já morta. Pedi para uma nativa tirar as penas e limpar, com todos já muito impressionados com a minha destreza no arco, inclusive eu mesmo!
Depois, o Tom me desafiou para um tiro ao alvo com o arco e flecha dele, um nativo com flechas bem longas, com ponta em arames feitos tridentes de caçar rans. Pusemos um mamão verde a uns vinte e cinco metros, e atirei primeiro, acertando a hum centímetro do mamão. Ele atirou e passou por cima. Depois ele me pediu para mostrar até onde ia a minha flecha, então sugeri atirar para cima, assim poderíamos ver ate onde ia e cairia por perto. A flecha subiu muito, pegou um ventinho e andou um pouco, indo cair dentro da mata, e lá fomos todos nós procurar por ela. Assim passamos boa parte da tarde, até que um dos garotos a encontrou.
Aí tentei um tiro a uns trinta metros do mamão verde no meio da clareira, e, de novo, ninguém mais surpreso do que eu de ver a flecha bem no meio do mamão!
Retornei ao barco, acabei de limpar a galinha, preparei na panela de pressão e convidei o Jean e a Marcia do Too Much para vir jantarem conosco. Estava uma delicia...
Para amanha, vamos percorrer a floresta a procura de porcos selvagens e mais galinhas. Pedi para o Tom me levar até a colônia dos morcegos gigantes, pois sempre tive vontade de ver uma. Vou levar a maquina e tirar algumas fotos.
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At 6/7/2010 22:57 (local) our position was 19°31.55'S 169°29.72'E, our course was 013T and our speed was 0.0.
No dia 6/7/2010 as 22:57 horas (local) nossa posição era 19°31.55'S 169°29.72'E, nosso curso era 013T e nossa velocidade era 0.0.
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segunda-feira, julho 05, 2010

Lenakel e o vulcao Yansur:

Levantamos as seis horas da manhã para nos prepararmos para ir para terra pegar a caminhonete que nos levaria para Lenakel, e fomos surpreendidos pela poeira negra vulcânica que cobria nosso barco! Em algum momento durante a noite o vento deu uma mudada e a poeira do vulcão caiu em cima da gente! Vai Dara trabalho limpar tudo isso...
Saímos as sete horas da manhã para Lenakel, sentados em tabuas de madeira, na caçamba aberta de uma caminhonete de cabine simples. Fomos em seis cruzeiristas mais nove nativos da aldeia próxima á baia. Com um dos pneus traseiros baixo, e sem estepe, foram duas horas de trilhas entre florestas, montanhas, e a área de lava do pé do vulcão. Avisados, levamos uma almofada do cockpit do barco para amortecer os choques.
Em uma área de muito verde, o vulcão se sobressai pela aridez e cor quase negra do seu cume e área a sua volta. Percebe-se a trilha de lavas maiores, que rolaram pela costa do vulcão.
Lenakel é uma vila muito simples, que se não se prestar atenção, passamos sem notar que havíamos passado. Chegando lá, fomos primeiro ao banco para trocar US$ por Vatu, a moeda local (+-1US$ / 100 Vatu). Depois fomos fazer a entrada e emigração em Vanuatu (+-100US$), uma casinha pequena no meio da vila pequena, mas com uma enorme foto do Ronaldinho Gaucho! Da Emigração seguimos a pé para o mercado, que era um apanhado de gente vendendo seus produtos debaixo de uma arvore Banian centenária. Compramos amendoins crus, alface, rabanetes, um tipo de couve, muitas mexericas, e um apanhado da kava local que dizem ser muito forte. Kava é uma raiz entorpecente que os homens mascam em áreas reservadas somente para homens. Mulheres são proibidas de experimentar kava. Vou experimentar depois e usar para dar de presente para os nativos que vão se tornando nossos amigos. Com exceção da kava, que custa mais caro, quase tudo que compramos vem em pacotes equivalentes a cem Vatu. A kava foi quatrocentos.
Almoçamos em um pequeno restaurante local que tinha dois pratos a escolher, um ensopado de carne moída ou um frango com curry, ambos servidos com um arroz no vapor e uma saladinha de alface e já fomos instruídos para montar de volta na caminhonete para retornar para a aldeia, pensávamos, mas na verdade, estávamos com metade do time de futebol local, conhecidos por serem os campeões da ilha, e eles tinham uma partida de futebol oficial do campeonato da ilha em um campo de futebol em uma aldeia no meio do caminho de volta. Sem nos avisar, eles pararam, trocaram a roupa pelo uniforme azul do time, e entraram em um campo de futebol já com um monte de nativos sentados em volta para assistir o jogo, que acabou 2 x 1, e o nosso time perdeu! Esperamos as três horas normais de uma partida de futebol, assistindo o jogo e torcendo para o nosso time.
Acabado o jogo, negociamos a visita ao vulcão na volta para a aldeia, o que não foi muito fácil, pois eles tinham um encontro com a kava e iriam se atrasar, mas, no fim, conseguimos parar e subir no vulcão. Subimos de carro por uma picada cortada, imagino, de quando em quando, na encosta do vulcão. Como aqui os ventos são predominantemente os alísios (SE), em geral, o vento força a lava e poeira vulcânica para o norte-oeste, então é mais ou menos previsível a direção onde a lava e poeira vão cair, e subimos pelo lado oposto.
Sem qualquer tipo de estrutura, subimos até onde dava para o carro ir, e de lá seguimos a pé. Alguns pararam em uma área com umas barreiras de pedra para cortar o vento, que sopra forte, e outros seguiram encosta acima até a boca da cratera, o nosso caso. Eu procurei ainda por uma área onde a fumaça e poeira vulcânica não atrapalhassem as fotos das explosões vulcânicas que acontecem a cada alguns minutos, algumas, lançando lavas incandescentes bem acima das nossas cabeças, que são empurradas pelo vento e caem de volta dentro da cratera ou do lado norte do vulcão. È uma verdadeira demonstração das forças poderosas da natureza! Magnífico, esplendoroso, arrepiante, coincidentemente, no dia quatro de junho nos Estados Unidos, conhecido pelos fogos de artifício que comemoram a independência daquele pais.
Depois de muitas explosões e fotos, retornamos à caminhonete para a viagem de volta à aldeia e nossos barcos, cobertos de poeira vulcânica, negra, para nos recordamos do que já havíamos visto.
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At 4/7/2010 20:16 (local) our position was 19°31.56'S 169°29.73'E, our course was 109T and our speed was 0.1.
No dia 4/7/2010 as 20:16 horas (local) nossa posição era 19°31.56'S 169°29.73'E, nosso curso era 109T e nossa velocidade era 0.1.
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domingo, julho 04, 2010

Port Resolution, Tana, Vanuatu.

Desde criança que Vanuatu me interessa, e finalmente, aqui estou. Vou descrever um pouco por aqui. Estamos em uma baia de frente para o norte, ancorado com duas ancoras, a principal na proa e uma fortress na popa, para manter o barco de frente para o swell, que vem da entrada da baia. Estamos basicamente no pé do vulcão Yasur, donde vemos água fervendo descendo da floresta e caindo no mar. Em algumas poças que se formam, os nativos cozinham, principalmente bananas, que eles prendem ao fundo da poça com pedras. De onde estamos vemos a fumaça do vulcão, que não para 24h por dia. Essa área é pura floresta, e no final da tarde vemos uma revoada de fruit-bats, aqueles morcegos gigantes que comem fruta. Alguns nativos comem esses morcegos e o Tom, um nativo que conheci hoje, me ofereceu um para comer, que eu declinei. Mas, aceitei ir caçar com ele na terça-feira e vou explorar as florestas aqui por perto. Quero ver se consigo chegar nos poleiros dos morcegos gigantes pois sempre tive vontade de ver uma colónia de perto.
Ao sul da baia, fica o Iate Clube, uma área que foi construída para acomodar os velejadores que por aqui chegam. Tem algumas tendas e uma choupana maior com algumas mesas.
Estamos rodeados por varias aldeias, e o interessante é que os nativos parecem se ajuntar pela língua que falam, se inglês ou francês. Hoje passamos por uma vila grande, onde a parte sul fala francês e a parte norte fala inglês. Muito interessante.
A água da baia parece ser mais quente, talvez por efeito da proximidade com o vulcão, ou mesmo por receber vários riachos com água de quente a fervendo que desce pela floresta, deixando um rastro de vapor que pode ser visto de longe.
Ontem quando navegávamos pela baia de bote visitando as termas, rumamos para o lado oeste da baia, o fundo dela, e fomos ouvindo como se fosse alguém praticando saxofone, só que tocando somente três notas graves um tipo de tu tuu tu tuuu tu tuu tu tuuu, a medida que fomos chegando mais próximo o som foi ficando mais alto. Não dava para perceber exatamente de onde vinha. Quando chegamos à praia, o Roberto do Caminata perguntou em francês para uma nativa que estava por lá e ela disse ser a cerimônia de circuncisão dos garotos das aldeias próximas. Nisso vimos os garotos na pedras, nus, com alguns homens mais velhos acompanhando. Soubemos depois que essa cerimônia dura vários dias e, durante o dia de hoje, ouvimos varias vezes esse mesmo som, por varias áreas da baia. O som é feito por homens e garotos soprando caracóis grandes de tamanhos diferente, por isso as três notas. Cada tocador toca na sua vez, formando a musica de três notas que ouvimos.
Os nativos são muito simpáticos, e todos te cumprimentam, até as crianças. Quando eles querem, te oferecem frutas como presentes, e vc não tem que retribuir. Hoje pedi para o Tom se ele tinha abacates, e ele foi buscar quatro abacates em terra. Trouxe também um palmito de coqueiro que eu havia pedido para ele, e fizemos refogado para o almoço, acompanhado de purê de batata doce e postas da coxa traseira da cabra que cacei, que estavam uma delicia.
Amanha vamos cedo de pick-up para Lenakel, a cidade principal de Tana. Vamos fazer compras e trocar moeda, para ter como pagar pelos serviços de transporte e visita ao parque onde fica o vulcão.
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At 4/7/2010 19:31 (local) our position was 19°31.56'S 169°29.73'E, our course was 021T and our speed was 0.1.
No dia 4/7/2010 as 19:31 horas (local) nossa posição era 19°31.56'S 169°29.73'E, nosso curso era 021T e nossa velocidade era 0.1.
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sábado, julho 03, 2010

Otimo barco pronto para circunavegar a venda no Bracuhy.

O Piatã, um veleiro de aço, novinho, super equipado, do meu saudoso amigo Hamilton vai estar a venda no Bracuhy.
O barco esta prontinho para sair para uma volta ao mundo, para aqueles que estão pensando em comprar ou construir um barco para tal. Ja existem algumas ofertas e eu acho que o barco vai vender rapidinho...Interessados mandem email para matajusi@gmail.com pois eu ainda não tenho preço ou pessoa local de contato.

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sexta-feira, julho 02, 2010

Matajusi em área de terremotos...

Hoje pela manha recebemos pelo SailMail o boletim abaixo sobre terremoto nas Ilhas Vanuatu:
AN EARTHQUAKE HAS OCCURRED WITH THESE PRELIMINARY PARAMETERS
ORIGIN TIME - 0604Z 02 JUL 2010
COORDINATES - 13.6 SOUTH 166.4 EAST
DEPTH - 66 KM
LOCATION - VANUATU ISLANDS
MAGNITUDE - 6.7
Plotei a localidade na carta eletrônica e fica ao norte das ilhas do Norte de Vanuatu, então, um tsunami na nossa área seria difícil, pois as ondas geradas pelo terremoto teriam que passar por todas as ilhas de Vanuatu antes de chegar onde estamos, mas, continua preocupante, pois estamos ancorados com quatro metros de fundo, e não tem muita água abaixo da quilha caso houvessem as saídas radicais de maré comuns aos tsunamis.
Essa madrugada fomos assistir o jogo do Brasil na aldeia local, juntamente com muitos nativos das aldeias de perto de onde estamos, e deu no que deu, Brasil desclassificado. Acho que eles ficaram ainda mais desolados do que eu, pois depois do jogo, pouco se falou entre eles. Eu agradeci a hospitalidade da aldeia e disse que com certeza estaríamos na próxima copa. Quase todos aqui torciam para o Brasil. Eles iam assistir o outro jogo, mas deixei a bananada que havia feito para eles lá e voltei para o barco.
Hoje pela manha, outra surpresa, ancorou ao nosso lado o Too Much do Jean e da Marcia. Agora temos dois amigos ancorados juntos em Porto Resolution.
Hoje a noite vamos visitar o vulcão, pois a noite as explosões são mais impressionantes, com a lava incandescente voando pelos áreas...
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At 2/7/2010 18:22 (local) our position was 19°31.55'S 169°29.75'E, our course was 204T and our speed was 0.0.
No dia 2/7/2010 as 18:22 horas (local) nossa posição era 19°31.55'S 169°29.75'E, nosso curso era 204T e nossa velocidade era 0.0.
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Terceiro dia da travessia para Tana, Vanuatu

Não chegamos a completar o terceiro dia, pois as 10:30h jogamos ancora na baia de Port Resolution. Travessia difícil nos últimos dois dias, com ventos fortes e mar grosso e alto. Ontem a noite, reduzi mais as velas para não chegar muito cedo.
A chegada é única, pois vemos o vulcão Yasúr em erupção o tempo todo. Nossa primeira visão de um vulcão ativo verdadeiro, em erupção! Magnífico! Amanha vamos visitar a cratera em erupção. Já vimos algumas fotos, pois quando chegamos nos surpreendemos de ver o Caminata do Roberto e da Carmem, amigos nossos da Nova Zelandia, ancorados na baia, que só tem nossos dois barcos, e eles nos convidaram para almoçar e nos mostraram fotos tiradas ontem a noite da cratera. Disseram que o barulho das erupções é de dar arrepios no corpo de tão poderoso e forte. Vamos ver amanhã.
Depois do almoço nos dirigimos para a aldeia em terra e conhecemos vários dos nativos locais. Eles são extremamente simpáticos e dóceis, os mais que já encontramos pelo nosso caminho. São conhecidos por ficarem analisando as nossas fisionomias e sinais, e nos interpretarem dessa forma. Eles gostam de pessoas simpáticas e sinceras.
Na aldeia soubemos que eles iam assistir o jogo do Brasil amanhã as 1:30h da madrugada e nos convidaram para assistir com eles. Tem somente uma televisão entre varias aldeias desse lado da ilha, e todas as aldeias vem assistir nessa única televisão. Vai ser uma experiência única, para nós e para eles, que nunca tiveram um casal brasileiro assistindo uma copa do mundo com eles. Nós somos a atração do dia!
Perguntamos o que podíamos levar e o Stanley, um dos mais velhos e nosso anfitrião, disse que podíamos levar algo típico brasileiro. Perguntei se eles tinham banana bem madura, que logo encontraram e estou fazendo um doce de banana com açúcar e canela para levar. Não vai dar para todos, pois vão ter mais de setenta pessoas na casa com a única televisão, mas alguns vão se deliciar com a minha formula caseira de cozinhar bananas...
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At 2/7/2010 19:10 (local) our position was 19°31.55'S 169°29.75'E, our course was 232T and our speed was 0.1.
No dia 2/7/2010 as 19:10 horas (local) nossa posição era 19°31.55'S 169°29.75'E, nosso curso era 232T e nossa velocidade era 0.1.
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quinta-feira, julho 01, 2010

Posição do Matajusi em 2010-07-01 07:59Z (Brasil 04:59)

Segundo dia da travessia para Tana, Vanuatu

Fizemos cento e cinqüenta e seis milhas hoje, com mar grosso, vento forte e um vazamento na cabine da frente que não consigo localizar de onde vem. Molha lençol, colchões, entra água para as cavernas, e dá um trabalho danado limpar tudo depois... Hum...
Estou preocupado com a genoa, pois tive que ir para frente com tempo bravo para buscar a escota da genoa que soltou e enrolou na outra, e reparei em um corte na testa da vela causado pela maquina que o Charles da veleria WaiveSailsNZ usou para fazer uma costura sem pé nem cabeça na bolsa dos cabos que ficam na testa para facilitar enrolar a vela. A marca é paralela e do mesmo tamanho que a costura. Tenho que fazer um remendo mas o mar esta muito grosso e não consigo, e tem perigo da vela estourar ali. Ninguém merece uma porcaria irresponsável dessas! Informei ao Noon Site para prevenir outros cruzeiristas desavisados sobre os serviços prestados pelo Charles, e aí tomei o maior sermão do Comandante Sombra, que copiou vários cruzeiristas brasileiros nos sermões dele. Não entendi o interesse do Sombra nessa questão, mesmo porque, eu o havia copiado nas fotos dos problemas criados pelo Charles . Teria preferido que ele tivesse tido a menor consideração pelos problemas que estou enfrentando com as irresponsabilidades do Charles com as minhas velas, mas, c´est la vie...
Hoje tivemos um encontro interessante no mar, pelo AIS notei um navio de guerra da Nova Zelandia, o ZMCR, parado bem na minha rota. Confesso que cheguei a pensar que fosse o Charles que havia mandado os mariners me pegar (rsrsrs...)! Estávamos praticamente em rota de colisão, com um CPA (menor distancia de aproximação) de menos de 0.2 milhas em cinqüenta minutos. Chamei-o pelo radio, usando o call sign dele, registrado no AIS. Na primeira chamada ele não respondeu... fico imaginando a correria a bordo, eles serem chamados pelo call sign por um barco civil, sem antes terem identificado um barco se aproximando! Chamei a segunda vez depois de um minuto, obedecendo criteriosamente as regras de comunicação marítimas e essa vez eles responderam. Avisei da minha aproximação, que estávamos praticamente em rota de colisão, e pedi instrução deles, pois desconhecia a razão deles estarem ali, parecendo fazer algum salvamento no mar, ou treinamento dos pilotos de helicópteros nesse procedimento. O operador de radio que respondeu disse não poder passar essa informação e que ia consultar o Master dele. Depois de alguns minutos outra voz, dessa vez bem mais autoritária, entrou na freqüência e disse que eu não precisaria mudar meu curso, que eles iriam tomar todas as iniciativas de ficarem fora da minha rota. Eu ainda sugeri que poderia mudar meu curso caso eles estivessem em operação de salvamento ou treinamento, mas ele secamente informou novamente que eu seguisse meu curso.
Quando nos aproximamos bastante, já na sua proa, ele me chamou novamente, dizendo ser uma chamada de cortesia, se desculpando por ter criado uma preocupação a bordo. Agradeci e continuei tocando o barco na mão, pois as ondas estavam muito altas e com algum risco de virarem o barco, pelo curso paralelo que estávamos tomando. Depois da capotada do Vagabond, do Cristiano, fiquei mais preocupado com capotar em mar grosso.
Agora é de noite, o vento deu uma refrescada e o mar ficou um pouco mais navegável. Nas primeiras horas da madrugada, devemos estar vendo já as erupções.
Estimo chegar a Port Resolution em Tana amanha cedo, e, na chegada, se der sorte, ter um festival de fogos de artifício reais, saídos da boca do vulcão em erupção na ilha.
Quero dar os parabéns pelo aniversario da minha querida prima Sandra Diniz!!! Como estou um dia na frente, sou o primeiro a dar os parabéns para ela!
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At 1/7/2010 08:51 (utc) our position was 19°11.80'S 171°01.86'E

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