Tahuata:
Tahuata - Baie de Hanamoenoa:
Posição 09°54'512S 139°06'229W
Saímos de Atuona lá pelas onze da manha e fomos na vela só com a genoa para Hanamoenoa em Tahuata. Na chegada vimos o catamaran americano Pura Vida saindo e o chamei no radio VHF. Conversamos um pouco, e ele me disse que o lugar era muito bom, que tinha muitos limões, torranjas e côcos, e que a parte norte da baia balançava menos com o swell.
Fomos entrando na baia e alinhamos atrás do Independence e do lado do Galapagos. A água é muito limpa, azul transparente, e ancoramos em oito metros de água com fundo de areia branca, usando 30 metros de corrente com a ancora Bruce de vinte kilos. Dei toda a corrente me preparando já para trabalhar no guincho. Ficamos até o final da tarde no barco arrumando coisas e fazendo água, e só lá pelas quatro horas fomos até a praia. Lá encontramos o pessoal do Independence, do Green Coral e do Galapagos. Aterrizamos na areia, pois o swell estava forte e as ondas estavam estourando. Deu tempo de eu pular fora do bote e controlá-lo para não capotar, mas a Lilian já não teve tanta sorte. Caiu sentada na onda e subiu a praia arrastada pela força da água. Eu aproveitei a onda para levar o bote mais para cima, mas a força da água foi tanta que bote e água passaram por cima de mim... Bom, nada mal para a nossa primeira aterragem em uma baia com praia em muitos meses. A gente vai perdendo a forma...
Depois que nos recompusemos, fomos correr um pouco na praia. Do outro lado havia um pequeno córrego seco, mas com uma mangueira de água doce que descia a encosta então aproveitamos para tomar um banho de água doce. Vimos muitos pés de limão e coqueiros e ficamos de voltar para pegar sacolas de limão. Estamos pensando em usar como moeda de troca nas Tuamutus, que não tem frutas, além de usar também para fazer muita limonada. A água dessalinizada não tem gosto diferente, mas só de pensar que aquela água veio do mar, prefiro por um limãozinho e mudar o gosto, mesmo que não tendo gosto nenhum.
Na volta para o barco, a arrebentação estava ainda mais forte, mas, agora melhor treinados, conseguimos voltar o bote para a água sem maiores incidentes.
No segundo dia cedo fui mergulhar na ponta da baia. Não vi muito peixe nos primeiros mergulhos, perto da encosta, mas mais para dentro da baia, e mais para o meio dela, havia formações de corais e lá estava lotado de vermelhos e garoupas. Escolhi um vermelho e atirei. Pus o peixe no cinto e comecei a voltar para o botinho, que havia deixado lá fora da baia. Enquanto pensava se podia ou não comer um vermelho por causa da ciguatela (químico de coral prejudicial à saúde), um tubarão ponta negra de um metro e meio me ajudou a definir a resposta. Ele queria o peixe, eu estava longe do bote, ia dar trabalho mantê-lo a distancia, a água estava ficando turva da arrebentação na ponta e eu não sabia se podia comer ou não aquele peixe, então, deixei o tubarão cuidar dele enquanto eu nadava para o bote. No final, os locais disseram que não se podia comer peixes que não fossem de passagem. Final feliz para todos.
No dia seguinte cedo, comecei o trabalho com o guincho. Desmontei tudo e pela primeira vez vi o serviço porco que foi feito na instalação do guincho. Sem qualquer medida ou preparação, quem instalou o guincho foi fazendo furos e mais furos até conseguir encaixar os quatro parafusos, e mesmo assim, o guincho ficou mais de um centímetro fora de alinhamento. Então, Andre, desculpe se você já esta cansado de ler minhas criticas sobre a construção do meu barco, mas a fotos vão demonstrar quantos furos são necessários para um porco montar um guincho. E aqui vai uma correção ao comentário deixado no blog, eu não tenho criticas ao RO 400, tenho criticas, e muitas, à construção do meu RO 400. O RO 400 tem demonstrado ter raça em muitas das situações que nos encontramos. O barco até me perdoou muitas vezes pelos meus erros dados à minha falta de experiência e ignorância. Minha única critica é ao formato do banco traseiro, que deixa uma abertura muito grande para a entrada de água em ondas estourando na popa.
Tirei o guincho, e não deu outra, a conexão feita pelo eletricista do estaleiro estava completamente comprometida pela oxidação. Cortei o pedaço comprometido fora. Desmontei o guincho inteiro novamente, e troquei a engrenagem e o rolamento que havia desmanchado antes, e que eu havia substituído por um pedaço da bucha usada no parafuso que prendia o braço do piloto ao quadrante, aquele que eu substitui por uma peça construída em aço inox, que nunça mais me deu problemas. Lubrifiquei tudo, testei, e já ia instalar lá na frente quando notei uma peça que havia ficado de fora!!! Isso sempre acontece! Desmontei tudo de novo e refiz novamente, agora não sobrando nenhuma peça. Melhor assim. Refiz a furação. Agora com uma linha me indicando o alinhamento da corrente com o guincho, e deixei tudo pronto para instalar, pois faltaram os conectores para ligar os fios novamente. Pelo radio VHF falei com o Green Coral e o Gabian, e perguntei se eles teriam conectores para fio de seis milímetros, e o Ethiene tinha, então fui lá para trocar com ele dois conectores de quatro milímetros por dois de seis. A Lilian foi comigo e acabamos ficando para uma visita mais longa. Depois combinamos de ir para a praia para catar limões, torranjas e côcos. Fomos com meu bote, e dessa vez foi o Ethiene que capotou com uma onda estourando na praia, pois eu e a Lilian já estávamos mais expertos...
Passamos um bom tempo colhendo limões e torranjas, e uns quatros sacos de supermercado depois, voltamos para a praia. Lá, subi em um coqueiro para apanhar alguns côcos verdes que abri para bebermos a água. Colhi também uns cocos mais secos, para abrir depois e usarmos a polpa para pratos e aperitivos.
A Chantal convidou nós e o Peter e Rose para aperitivos no Gabian, e voltamos ao Matajusi para um banho e para prepararmos algo para levar. Preparei um prato de salame Colombiano com queijo emental comprado em Atuona. O Ethiane e a Chatal são ótimos anfitriões e nos divertimos muito com os casos e estórias contados por todos, com uma em destaque quando a Chantal disse ter acordado o Ethiene na noite anterior para ver uma estrela piscando. Quando o Ethiene acordou, percebeu que a estrela nada mais era do que o strobe do mastro do Matajusi!
Devemos ficar aqui mais uns dois dias, pois tenho que finalizar a manutenção no guincho. Depois disso, podemos estar descendo para as Tuamutus ou subindo para as Marquesas do norte, ainda não resolvi. Mas é assim mesmo, sem muito compromisso, a gente vai onde a gente quer, o tempo permitindo.
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