Do Bracuhy a Buzios - Texto:
Do Bracuhy a Búzios:
(Fotos por Lilian Monteiro, Silvio Ramos)
Com a impossibilidade temporária de partirmos para nossa volta ao mundo, resolvemos nos juntar ao Cruzeiro Costa Leste 2008 para continuarmos com manutenções e preparativos do barco além de acumularmos mais experiências no convívio com comandantes muito experientes.
Fizemos supermercado em SP e fomos no dia 14 de Julho, no meu carro para o Bracuhy. A Jô, mãe da Lilian foi conosco para levar o carro de volta para SP. Interessante notar que os legumes e verduras que compramos em SP duraram mais tempo do que oaqueles que compramos no caminho.
Chegando ao RJ. Note enrolador e genoa mais alto, com extensor.
Partimos no dia 15 de Bracuhy, indo primeiro para o Shopping Pirata´s em Angra para mais algumas compras, depois para a Verolme para comprar duas escotas de genoa novas, pois a original já desgastou bastante,depois de somente 1 ano e meio de uso. Dessa vez comprei cabo importado para ver se dura mais. De lá, fomos dormir no Abraão, e partimos as 6:00 da manha do dia 16, chegando as 15:00 horas no Rio. Viagem sem maiores incidentes.
Ficamos atracados no pier novo, ainda inacabado, do ICRJ, em posição bastante desconfortável, pois ficávamos de lado para o vento e as ondas, fazendo o barco balançar muito, mas isso mais do que compensado pela hospitalidade do clube com os cruzeiristas. Aproveitamos para dar alguns passeios pela cidade e subir no Pão de Açúcar, pelo preço abusivo de R$ 44,00 por pessoa!!!
Era a nossa primeira participação em uma flotilha tão grande e ficamos sempre a procura das últimas informações sobre quando sair, que rota fazer, como aterrar, formas de contato entre os barcos, divisão das sub-flotilhas por tamanho dos barcos. Acabamos ficando na flotilha dos barcos de 40 pés e acima, liderados pelo Ricardo Montenegro navegando no veleiro Nirvana. Nesse veleiro foi instalado um rastreador e a posição da flotilha pode ser vista no site da ABVC (www.abvc.com.br).
Depois de muitas palestras, reuniões de comandantes, visitas ao shopping Rio Sul, e passeios pelo RJ, finalmente partimos para Búzios, uma navegada de 86 milhas, que em uma média de 6 milhas/hora, deveria levar 14 horas para completarmos. Saímos as 21:00 horas do dia 19 de Julho, e chegamos a Búzios as 14:30 horas do dia 20 de Julho. No começo, navegavamos entre 7 e 7,5 milhas/hora, até que batemos de frente com uma corrente contra que estimo ser de 3 nós, pois nossa velocidade baixou para 4 nós! Todos pensamos que tinhamos batido em alguma rede e estávamos arrastando algo. Percebendo que havia um barco mais próximo de terra que andava bem mais rápido, aterrei e notei que minha velocidade subiu novamente para os 7 nós. Avisei pelo rádio que o problema era a corrente e que acima da linha de 30 metros de profundidade a corrente era bem mais fraca. Alguns veleiros aterraram também, e a flotilha se separou bastante.
Já próximos da virada do Cabo Frio, avistei no meu novo AIS, um navio vindo contra a flotilha. Procurei por seus dados nas informações fornecidas pelo AIS e notei que se chamava Dundee. Chamei pelo canal 16 do VHF e ele respondeu em inglês. Foi a primeira vez que tive a oportunidade de perguntar como ele me via pelo AIS dele, pois meu novo AIS é agora ativo, ou seja, além de receber a informação dos outros barcos, navios, plataformas entre outros, ele também transmite os dados do meu barco. O comandante do Dundee confirmou que via o Matajus (sim, sem o i final) no plotter dele, e isso confirma que meu AIS esta transmitindo os dados do meu barco corretamente. A vantagem desse sistema é que, além de ver os navios, eles agora também me vêem! Uma razão a mais para eles evitarem abalroamento comigo. Bem mais tranquilo.
Chegando ao Cabo, decidi passar por fora, pois haviam sugerido isso na reunião dos comandantes. Agora me arrependo, pois quem passou por dentro disse ser o lugar muito bonito, além de cortar muito caminho. Com certeza na próxima passagem por lá, vou por dentro para conhecer e, quem sabe, dar uma mergulhadinha básica!
Montando o Cabo, fui muito próximo à costa para ver melhor as características naturais do lugar, mas a corrente me pegou de novo, e me arrastei até passar totalmente pelo Cabo e seus arredores. A vantagem é que ví a primeira das muitas baleias que veríamos nessa viagem.
No caminho, vimos muitos pinguins. Sei que eles todos vão acabar morrendo, pois não conseguem retornar contra a corrente para de onde vieram, e a temperatura os acaba matando. Que pena. Penso em o que poderíamos fazer, ou deixar de fazer, para evitar esse problema. Penso também quantos mais problemas vão ter os animais habitantes dos mares mais ao Sul, com o aquecimento global que parece estar acelerando cada vez mais.
Chegando em Búzios, procuramos por uma poita para ancorar o barco, arrumamos o barco, e ficamos a bordo até o dia seguinte, para descansar bem. Nos dias seguintes fizemos várias passeios pela cidade, e tivemos um belo churrasco organizado pelo Comandante Icaro, que esta a bordo do ChuvaNada.
Convidamos o Renato e a Luciana para um arroz com polvo a bordo. Uma das melhores coisas do cruzeirismo é a integração entre os cruzeiristas e procuramos por oportunidades para socializar com cada membro do grupo.
A genoa nova ficou muito boa, aproveitando para agradecer ao pessoal da NorthSails pela atenção, e a alteração feita no estai de proa também ficou muito boa. Nessa alteração, mandei fazer um extensor de aço inox para aumentar a altura do enrolador, para que a genoa nova ficasse presa diretamente no enrolador, ao invés de usar um cabo para mantê-la acima do guarda-mancebo. Mesmo assim, tive um problema muito sério durante a perna entre Búzios e Vitória, mas essa eu conto na próxima coluna que deve sair em mais uma semana.
Convido meus leitores a se comunicarem comigo pelo e-mail matajusi@gmail.com.