sexta-feira, janeiro 13, 2012

20120112 Explorando Pucket

Passamos os últimos doze dias explorando a costa Oeste de Pucket. Ancoramos em quase todas as ancoragens, visitamos quase todas as cidades costeiras dessa região, então já temos uma boa visão de pelo menos essa área da Tailândia, podendo resumir assim: Povo muito simpático, comida muito saborosa e barata, lugares bonitos, mas com isso, muitos turistas, principalmente russos e escandinavos, e, infelizmente, muitas prostitutas a ponto de logo nos cansarmos dessa característica do local. Mas, fora isso, um lugar muito acomodante. As ancoragens protegidas dos ventos Nordeste e Leste são as melhores nessa época de Monsoon de Nordeste, mas ficam abertas ao mar aberto e recebem ondulação normal de mar aberto, o que provoca um pouco de balançar principalmente nos topos e baixas de maré.
Até ontem, seguíamos juntos com o Cat Mousses, mas hoje eles puseram o barco no seco para pintar o fundo, devendo ficar em seco entre um mês, então vamos continuar com nossa exploração da Tailândia com outros amigos, e já encontramos vários amigos que conhecemos no Pacifico e na Nova Zelandia. Do nosso lado está ancorado o Too Much, com a Marcia (brasileira) e o Jean (francês) , e até ontem estava o Canela, com o Gustavo e Augusto de Canela, RS, mas eles levantaram ancora partindo para Langkawi na Malasia. A ultima vez que havíamos estado com os Canela tinha sido em Fiji em 2010, então foi um prazer encontrá-los de novo, além de um alívio!
Explico. Quando ancoramos na baia de Chalong do lado Leste de Pucket ancorei bem, com vinte e cinco metros de corrente em quatro metros e meio de profundidade, e com o motor e transmissão quentes, aproveitei para tirar o óleo da transmissão, e retirar a transmissão inteira para checar o problema do cone derrapante que tem me perseguido. Mas com isso, fiquei sem a possibilidade de manobrar o barco em caso de algum problema com a ancora, e, por Murphy, foi exatamente o que aconteceu! Assim que retirei e lavei a transmissão e o sistema de engate, a Lilian me chamou a atenção de que o Matajusi estava em posição diferente dos outros barcos à nossa volta! Qual seria o problema? A ancora estava garrando? O barco estava travado no fundo? Sem saber a resposta, chamei o Canela pelo VHF 16 e eles responderam. Expliquei a situação e eles prontamente vieram ajudar. Depois de tentarmos arrastar o barco com o botinho deles, que tem motor de quinze HP, chegamos à conclusão de que estava tudo bem, e assim ficou, até hoje à tarde, quando um pouco antes de uma chuva e vento forte passarem, veio um dos meus vizinhos de ancoragem perguntar se meu barco não estava garrando. Eu disse que estava pensando a mesma coisa e se ele não podia me ajudar a mudar o barco de lugar, pois eu estava sem motorização. Ele me ajudou, mas sem olhar nos instrumentos, acabei ancorando próximo a uma área mais rasa. Depois, com calma, fui estudar a situação, e percebi que pelo menos na carta, eu ficaria a vinte metros da área rasa, mesmo se o vento mudasse.
Mas, com Murphy ainda por perto, durante a tarde, chegou um vento e chuva fortes, e o barco ficou travado no lugar que ancorei a tarde. Também, usei quarenta e cinco metros de corrente com cinco metros de fundo! Mas, durante o temporal, o Too Much acabou garrando. Enquanto eu estava no cockpit checando se tudo estava bem com o Matajusi, ouvi pelo radio uma gritaria de barco correndo solto pela ancoragem, e não é que era o barco dos nossos amigos Jean e Marcia?! Eu sabia que o Jean estava em terra, então pulei no botinho para ir ver o que eu podia fazer. Nisso vi a Marcia a bordo e fiquei mais sossegado, pois pelo menos ela conhecia o barco. Chegando a bordo, ajudei a Marcia a re-ancorar o barco, que, com a chuva forte e sem visibilidade, teve que ser feito duas vezes, pois na primeira acabamos ancorando no meio do canal de entrada do porto de Al Chalong, o que deixou o barco exposto aos muitos barcos retornando dos passeios turísticos.
Com o Too Much bem ancorado, retornei ao Matajusi para continuar a escrever esse relato, mas, Murphy ainda insistia em mostrar sua lei! Enquanto eu escrevia, a Lilian mexia com seu computador. Aí sentimos um baque no barco. Nada forte, mas algo diferente dos barulhos e movimentos a que estamos tão acostumados. Liguei instrumentos para checar nossa profundidade, e confirmei que tínhamos apenas dez centímetros de água abaixo da quilha. O mar estava calmo, mas mesmo assim dava umas encostadas no fundo. Enquanto as raspadas eram na quilha, sem problemas, mas, em uma das raspadas, percebi que o leme se mexeu! Ai gelei! Não existe outro leme desse barco, e seria um tremendo trabalho refazer um leme para ele. Tinha que tirar o barco dali! Peguei o botinho e corri para o Too Much, que me devia um favor pela ajuda nas re-ancoragens da tarde, então expliquei o problema o Jean, e ele veio de botinho também para o Matajusi. Com os dois botes juntos, empurramos o Matajusi de lado, o que inclinava um pouco o barco e permitia que ele deslizasse pelo fundo. Deixei o leme tudo virado, para não bater em nada de lado, e sim deslizasse pelo fundo também, mas ele não chegou a encostar no fundo. Viramos o barco ao contrário, com os dois botes, cada um amarrado de um lado do Matajusi, rebocamos o Matajusi para fora dessa área mais rasa. Quando a corrente esticou, lancei outra ancora pela popa (trás) com sessenta metros de cabo, para segurar o barco naquela posição, pois não podíamos recolher a ancora da frente, que estava em área sem profundidade para a proa (frente) chegar. Deixamos o barco assim toda a noite, com a proa de cara para o vento, mas evitando que o barco virasse e corresse com a corrente da maré. O barco ficou bem até de manhã, na outra maré baixa, e de novo, ficou com menos de trinta centímetros do fundo.
Hoje pela manhã, soltei mais vinte metros de corrente, indo para sessenta metros, e recolhi 20 metros do cabo da ancora de trás, para levar o barco mais para trás e mais distante da área rasa, e continuar a manter o barco alinhado com o vento predominante de Nordeste/Leste. Vamos aguardar a maré alta para tirar o barco daqui e re-ancorar mais no fundo. Essa foi a única vez em toda a viagem que passamos por uma situação como essa. Revisando, como já havia ancorado aqui antes, não olhei minuciosamente a carta e acabei muito próximo dessa zona rasa, que acumulada com a maré mais baixa do ano, acabou contribuindo para mais uma quase vitória do Murphy!
Mas, a vida a bordo não é só feita de sustos e problemas, tendo outras atividades que preenchem o nosso tempo e enriquecem a nossa aventura, como alguns mergulhos na ilha em frente à praia de Kata, tendo a oportunidade de ver a maior lula que já vi, maior do que um polvo grande, e de uma cor azul metálica (sépia?). Passeamos de bicicleta por várias das cidades da costa Oeste de Pucket, visitamos MUITOS shopping-centers, a atividade mais freqüente desse ano, alugamos uma moto e demos a volta em Pucket, além de termos ido visitar o grande Buda no alto da montanha no meio da ilha, onde fui abençoado por um monge budista que me pôs um bracelete no pulso e me benzeu com água santa. Andamos de elefante pelas montanhas, comigo como Mahud (homem guia do elefante) por grande parte do trajeto, o que gerou algumas reclamações da Pink, a elefanta que eu montava, espirrando saliva nos meus pés, que claramente não eram iguais aos do seu Mahud, que enquanto caminhava a pé tirando fotos das situações criadas pela minha inabilidade em tocar o elefante corretamente. Comemos em muitos restaurantes locais, experimentando os diferentes sabores da culinária Tailandesa, lavamos roupa, caminhamos bastante, comprando artesanatos locais para juntar com a nossa coleção de artesanatos de quase todos os lugares por onde passamos, enfim, uma vida sadia, rica, e cheia de emoções...
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