quinta-feira, setembro 24, 2009

Continuo ancorado em Aitutaki:


Posição S18 51.546 W159 48.843 19:36h Local (UTC -10)

Uma nova e fascinante experiência que tivemos foi ouvir o respirar de uma baleia do lado do barco à noite, e quando saímos para ver a baleia, outra respirou bem na proa do barco, borrifando água na nossa cara. Depois disso, ouvimos uma longa conversa entre uma baleia mãe e seu filhote, que reverberava dentro do barco, refletida pela água.

Mudei a ancoragem para tentar evitar o balanço lateral à noite, mas não melhorou muito. Ancorei ao sul do passe, onde tem mais areia no fundo do que o lugar onde estávamos antes, para tentar jogar uma ancora de proa e manter o barco de frente para o swell. No final não deu certo porque o fundo é muito irregular, com picos de coral e vales de areia que variam uns 15 metros entre uns e outros.


Combinamos um almoço de comemoração dos aniversários do Hugo do Beduína e meu para o dia 21, pois não conseguimos entrar pelo passe a noite do dia 20 para comemorar o do Hugo. A Lilian preparou o almoço consistindo de tortilhas mexicanas de milho com dois recheios a escolher, carne moída com berinjela ou frango desfiado com azeitona, cebola e alho e preparou também os brigadeiros. A Paula do Pajé contribuiu com uma torta de limão, e a Gislayne do Beduína se encarregou de fazer o bolo.

Antes do almoço fomos à vila para tratar da documentação de entrada nas Ilhas Cook, e caminharmos um pouco pela cidade. Não custou nada fazer a entrada dos barcos nem a dos tripulantes. Vamos ver na saída se custa algo.

No dia vinte e dois, fomos de botinho para o outro lado do atol, levando o kite do Mario do Pajé. O Mario, a Paula e o Hugo andaram de kite, e eu fiquei treinando dominar o kite, mas sem prancha. Depois de ter o kite na mão, tentei usar a prancha mas não consegui andar muito. Foi minha segunda experiência com o kite e preciso treinar mais para dominar o bicho.

Ontem à noite fomos todos jantar em um restaurante com show de danças locais, e tivemos a sorte de ver um grupo de dançarinos locais que vieram da Nova Zelândia para as competições que estão acontecendo em Aitutaki essa semana. Comemos e dançamos muito, e voltamos tarde para os barcos. Tivemos que sair para fora do passe tarde da noite, e posso dizer que foi punk. Eu havia esquecido de ligar alguma luz no Matajusi, então ficamos caçando ele no mar do lado de fora do atol com uma lanterna pequena. Finalmente o encontramos e foi um alivio!

Hoje alugamos um carro e fomos conhecer o atol inteiro e estivemos em lugares muito bonitos. Um desses lugares foi o topo da ilha, de onde se tem uma vista da beleza desse atol. Depois fomos ao extremo da ilha onde se cruza a pé mesmo um canal que separa a ilha principal de um motu com um hotel. Eu e a Lilian atravessamos com uma balsa que fica por lá, e do outro lado do motu encontramos com o Hugo e a Gislayne que haviam atravessado a pé mesmo, caminhando pelas águas rasas que separavam os dois motus.

No final do dia, retornamos ao cais e ficamos conversando um pouco, enquanto o Mario ia devolver o carro alugado. Como o carro era pequeno e não cabíamos nós sete, o Mario fez duas viagens para ir e para voltar. Eu e a Lilian voltamos na primeira leva, e paramos em um mercado para comer e beber algo. Quando estávamos começando a arrumar as coisas para levar para o bote, parou uma mulher de moto perguntando se tinha algum Silvio no grupo. Logo pensei que seria algum problema com meu barco ou minha documentação, mas ela tirou do bolso a MINHA carteira, que sem eu saber, havia caído do meu bolso no mercado onde paramos para tomar um lunch. Eu tinha todos meus cartões de credito, mais dólares, euros e dólares zelandeses, e mais meus documentos. Ela havia encontrado no chão do mercado, abriu e saiu procurando pelo Silvio da foto da carteira de motorista. Foi primeiro ao aeroporto e depois, viu minha carteira de capitão e resolveu ir até o píer da cidade, onde me encontrou. Eu disse para ela ser eu um cara de sorte, e que minha sorte continuava, com a devolução da carteira que nem eu sabia que havia perdido, e que ela era uma pessoa honesta, que continuava a ser honesta, devolvendo uma carteira cheia de documentos e de dinheiro.

Voltamos aos barcos, já cansados, e quando estávamos indo de volta para o Matajusi e Pajé ancorados fora do atol, entrou um Pirajá de chuva com ventos fortíssimos, e eu e o Mario ficamos preocupados com a ancoragem dos nossos barcos. Fomos rápido para os barcos, chegando lá completamente encharcados dos respingos de água salgada que o vento borrifava na gente. Felizmente os dois barcos estavam bem ancorados e seguraram firme.

Do lado do meu barco havia ancorado um veleiro enorme, com cento e setenta pés, fazendo o Matajusi parecer um botinho de brinquedo. Como estava ventando muito forte, fui varias vezes ver se ainda estávamos no mesmo lugar, usando o veleirão como referencia. Numa dessas saídas, quando retornava para dentro do barco pisei na farpa do arpão que havia deixado no pé da escada quando saímos de manha, o que me custo um belo corte embaixo do dedo do meio do pé, que se estendeu por baixo da sola do pé por quase dois centímetros. Limpei bem o corte, com água e sabão, passei triplo-antibiotico e fechei com um curativo. Se precisar uns pontos vou amanha ao centro medico da vila.

Estamos planejando sair amanha para Beveridge Reef, um recife desabitado no caminho entre Palmerston e Niue, onde podemos ficar ancorados dentro dele e descansarmos por uns dias, pois fazem mais de uma semana que dormimos mal. Primeiro com a travessia sacudida entre BoraBora e Aitutaki, e depois com o balançar forte do barco na ancoragem do lado de fora de Aitutaki.

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