Ancorado em Aitutaki
Exibir mapa ampliadoPosição S18 50.873 W159 48.257 17:36h Local (UTC -10)
Viemos na vela até a ancoragem, mas tive que reduzir bastante as velas, pois precisava chegar depois do amanhecer. Lá pelas quatro da manha abri mais dez graus para boreste, para ter certeza de que, se dormíssemos, não acertaríamos o atol, passaríamos direto pelo norte. Deu tudo certinho e aterramos as seis e meia da manha. Baixei mestra e mais tarde enrolei genoa e baixei trinqueta e entrei na área do ancoradouro no motor. Para nos saudar, vieram duas baleias, uma mãe e um filhote. Depois de procurar um pouco, joguei ancora a nove metros e dei quarenta metros de corrente.
Assim que arrumamos o barco fui dar um mergulho para checar a ancora e por via das duvidas levei meu arpão havaiano que é só o arpão preso a um elástico na ponta. Ele não tem muita força, e precisa atirar de muito perto, mas como defesa no caso de um tubarão mais assanhado, serve bem, pois é bem longo e mantém o bicho a distancia.
A âncora e corrente estão completamente enroladas em corais e já sei que vai dar trabalho para sair. Aproveitei e peguei uma garoupinha para um filezinho de peixe mais tarde. Primeiro temos que perguntar se podemos comer esse peixe aqui e, se não, vai para os tubarões. Tem muita garoupa por aqui, e são muito mansas, fácil de pegar, mas eu prefiro as pequenas que tem menos risco de ciguatera.
Voltei ao barco, limpei o peixe e o Mario do Pajé chamou no VHF perguntando se queríamos ir à terra com eles. Logo topamos, pois nosso bote de brinquedo não agüenta passar pelo passe, e fomos com eles dar um abraço no Hugo do Beduína, que hoje faz quarenta e cinco anos. Ficamos por lá batendo papo um pouco e o Mario sugeriu um mergulho para tentar umas lagostinhas. Lá fomos de volta para a água e ficamos boa parte da tarde mergulhando. Muito peixe, mas nada que soubéssemos que podíamos comer. Em geral, somente os peixes de passagem podem ser consumidos. Logo que cai na água vi um peixe parecido com a nossa sororoca, mas achei que iria ver outros e não peguei. Acabou que foi o único peixe de passagem que vi no mergulho. Aproveitei e catei uma dúzia de trocas, um caramujo em forma de cone que esta ficando raro em algumas ilhas por ser comestível e por ter uma concha muito bonita depois de polida. O Mario disse que não ia comer, então devolvi todas menos cinco e voltei ao barco. Pelo VHF chamei o Dallas do PuraVida, aquele catamaran americano que salvei de se arrebentar nos recifes em Huahine, pois eles estão dentro do passe, ancorados no píer da cidade, e pedi para ele checar com os locais se esses caramujos eram comestíveis e como se preparava. Ele foi buscar dois garotos da cidade e os trouxe até o barco para ver os caramujos. Os garotos confirmaram que eram trocas e que eram comestíveis, e que para preparar tinha que ferver em água (usei 30% de água do mar) e depois só tirar a coisa toda de dentro. Tem muita coisa lá, então, sem conhecer melhor, separei somente a carne firme. Tem uma carne clarinha, e depois de tudo limpo e cortado em pedaçinhos, fritei na margarina. Ficou uma delicia com uma cervejinha gelada! Uma pena jogar as conchas fora porque elas são mesmo lindas depois de polidas, mas, parece que são proibidas na Nova Zelândia, então vamos evitar conflitos por lá.
Às dezenove horas entramos na freqüência 8143 e tinham seis barcos brasileiros falando, incluindo o Matajusi, Beduína, Pajé, Ituska, Canela e Bicho Vermelho. Os três primeiros estão em Aitutaki, o Ituska esta indo para um recife desabitado no caminho de Palmerston, o Canela esta em Rarotonga e o Bicho Vermelho esta em Niue. Trocamos informações sobre os lugares que os outros já passaram para aproveitarmos melhor nossa passagem por lá.
Amanha vamos à cidade fazer a documentação de entrada nas Ilhas Cook, e depois vamos comemorar meu aniversario e o do Hugo no Beduína, com almoço preparado pelas namoradas e esposas do grupo. Vou levar um pouquinho das trocas para eles experimentarem. Interessante que não achei nenhum polvo, mas troquei por troca!
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