quinta-feira, março 01, 2012

01/03/2012 Terceiro dia de travessia (Galle, Sri Lanka a Uligamu, Maldivas)

Nossos últimos dois dias em Galle foram de muito trabalho de provisionamento, talvez o melhor até hoje, com o Batu nos ajudando a buscar itens e a nos levar nos lugares que precisávamos, mais o transporte e embarque do novo tripulante do Matajusi, o elefante Kumara (esculpido em Mohogany maciço, pesando cinqüenta quilos), com lidar com um grupo de seguranças corruptos do Porto, lavar as frutas e vegetais e as bicicletas, posicionar tudo no barco, enfim, muito trabalho, muitas horas por dia. Ficamos tristes de partir, principalmente por conta do Batu, que foi um excelente ajudante, companheiro e amigo. Gostamos de Sri Lanka, da comida, do povo, dos lugares visitados, sendo o único negativo, alguns dos seguranças do Porto, mas poucos em comparação com todas as pessoas que conhecemos.
Um dos high-lights da nossa estadia em Galle foi aprender a cozinhar com os temperos que eles chamam de Curry, um mistura de muitos ingredientes para dar sabor nos alimentos. Quem nos ensinou foi a mulher do Ekka, um parceiro de Tuk Tuk (triciclo) do Batu, que preparou muitos pratos conosco filmando e fotografando, e o Batu, que nos indicou os temperos para comprar.
Mas, nessa vida de travessias, temos que continuar com as nossas, e partir deixando para trás os sabores e dissabores fazem parte e já nos acostumamos com isso, então levantamos ancoras, literalmente, pois alem de serem duas lançadas, ainda tivemos que nos livrar de mais duas e mais um cabo que prendeu na nossa, e partimos de Galle para Uligamu, Maldivas, no dia vinte e oito passado as nove e trinta da manhã, ajudando com o motor, pois o vento ficou fraco a maior parte do tempo.
Na primeira noite, tivemos muita mudança de vento, com vento chegando a vinte nós, então trabalhamos a noite inteira. Segundo dia sem problemas, continuando com vento fraco e ajuda do motor, mas essa noite passada foi um pouco desconfortável, não pelo mar, que estava de almirante, mas pela aparência, com uma nevoa fina, que dificultava visão, com a ausência total de navios, o que nos deixava sozinhos em uma área considerada dentro da zona de pirataria (Norte de Lat10S, Oeste de Long78E), e ter visto os navios que passavam cheios de parafernálias para evitar que os piratas subam por seus costados, não ajudou muito. Passamos a noite em Black-out total, incluindo o AIS, e só ligávamos a cada quarenta e cinco minutos para dar uma olhada na área. As conversas sobre o que fazer em caso de ataque de piratas foi, picante! Mas, manha chegou com sol e mar bons, a cabeça se ocupa de outras obrigações. Temos mais dois dias para chegar a Uligamu, nas Maldivas. Agora pela manha, cruzamos o Cabo Camorin, extremo Sul da Índia e acabamos de cruzar o Golfo de Mannar, entrando agora no Mar de Lakshaweep. Já perdi a conta de quantos mares já cruzamos...
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