sábado, outubro 31, 2009

Partindo para Nova Zelandia:

Posição: S21 07.583 W175 09.722 01/11/09 07:15h Local (UTC +13)
Em mais meia hora partimos para nossa ultima perna nesse ano, a Nova Zelândia, com uma parada no Minerva Reef, um recife desabitado a um terço do caminho para Nova Zelândia.

Fico impressionado quando penso que chegamos até aqui por nossa conta e risco! Como é grande o nossa terra! No final desse ano terei navegado mais de quinze mil milhas, mais de duas mil horas, e aqui estamos.

Quando penso pelo que passamos, percebo que com a experiência fomos dominando melhor as situações, e olhando daqui, o quanto não sabíamos quando saímos de Natal para nossa primeira perna em águas internacionais. Na memória mantemos muitos momentos, tanto de preocupação quanto de prazer. Nossa maior tempestade foi aquela onde os ventos mantiveram acima dos quarenta nós por uma noite inteira e mais meio dia, no caminho entre Galapagos e Marquesas. Nossa pior ancoragem fui na nossa chegada em Fatu-Hiva nas Marquesas, onde nossa ancora prendeu na corrente da ancora do Independence e os barcos acabaram se chocando. Nossa noite mais mal dormida em ancoragem foi quando a ancora não prendia ao fundo, com ventos de quarenta nós, em Huahine, mas teve também a nossa segunda noite em Ilês Du Salut, na Guiana Francesa, onde havíamos nos escondido da primeira tempestade que passamos no mar, pois ancorei no lugar errado e o barco sacudia com nunca havíamos visto antes. Nosso pior mar foi na costa as Colômbia, chamado o quinto pior mar do mundo. Poucos cruzeiristas passaram por lá sem algum apuro. E estivemos no meio de um Tsunami onde morreram mais de cem pessoas, mas nós não sofremos qualquer efeito dele por estarmos em alto mar, e ancorados dentro de um recife, do lado contrario onde a onda deve ter batido.

Mas também tivemos os momentos muito bons, como participar da dança dos Kunas em San Blas, nossa estada em Fatu-Hiva, os inúmeros mergulhos, e todos amigos que fizemos por onde passamos.

Vamos agora enfrentar o ultimo desafio do ano, que é a navegada para Nova Zelândia. Serão uns oito dias, com mais um dia de ancoragem no Minerva Reef, e a tendência dos ventos parece boa. Muitos barcos seguiram para lá ontem, e decidimos ficar para ouvir pelo radio como esta sendo a viagem deles. Instituímos uma NET pelo SSB e serei o NET controller nas quarta-feiras. Pela NET ficamos sabendo de todas as condições de todos os barcos, as vezes ajudando um barco em apuros, mas sempre levando em conta a situação de mar e vento dos barcos mais a frente ou as vezes mas para trás, para tomarmos decisões em mudanças na nossa rota, para evitarmos uma situação ruim e procurarmos bons ventos e mar mais calmo.

No dia trinta, fomos à festa no Iate Clube de Pangaimotu, onde o restaurante Big Mama faz uma festa para comemorar o aniversario da Big Mama. Os tripulantes de mais de trinta barcos estavam presentes lá e foi uma festa muito divertida, com boa comida, servida de graça pelo restaurante, apenas com a bebida paga.

Fizemos os papeis de saída, com o custo total de quarenta dólares tongueanos, equivalente ao nosso R$. Provisionamos o barco para a nossa ultima travessia do ano, e distribuímos algumas das nossa provisões que não iríamos consumir ate Nova Zelândia entre outros barcos, alem de deixar algumas para o pessoal de Pangaimotu. Na Nova Zelândia eles jogam fora quase toda a comida a bordo, além de coisas construídas de palha, sementes, conchas entre outras.

Vamos navegar juntos com o Cat Mousses do Rene e Dany, e o Alexander VI do Jack e Josie, ambos canadenses. O Rene é um desses aventureiros que topa qualquer parada, combinando muito com meu Próprio jeito, então formamos um grupo muito bom.

Dos outros brasileiros, alguns partiram ontem, e os outros estão indo hoje. Devemos todos nos encontrar no Minerva Reef.

Fico por aqui pois os outros barcos já estão saindo e estamos atrasados...

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terça-feira, outubro 27, 2009

Ancorado em Pangaimotu, TongaTapu, Tonga:




Exibir mapa ampliadoPosição: S21 07.583 W175 09.722 28/10/09 06:15h Local (UTC +13)
Levantamos ancora cedo em Uoleva e velejamos em direção a Nomuka Iki, a umas quinze milhas de distancia. Vento forte, quase na cara, e logo o Cat Mousses e o Alexander IV mudaram de rota e foram mais para Oeste, enquanto que o Matajusi e o Wassabi continuaram pela rota traçada pelo Brian do Wassabi, que ia costurando um monte de baixios e recifes. Essa rota permitia fazer a distancia quase que somente no vento, com um pequeno trecho ajudando no motor, com o vento a menos de 30° da proa. Chegamos a Nomuka Iki, uma das ultimas ilhas do grupo de Haapai, e logo fomos fazer um reconhecimento da pequena ilha completamente desabitada, não fosse pelos morcegos gigantes, comedores de frutas, comuns por essa região. Interessante, que era uma das coisas que eu tinha na lista de coisas que eu queria ver, os Fruit Bats. Agora só falta ver um caranguejo de côco, os já raros Coconut Crabs.

A pequena ilha tem muitos coqueiros, então subi em um carregado de côcos e fui cortando vários para bebermos a água. Depois, nós homens fomos explorar a ilha, atravessando para o outro lado pelo meio da mata, enquanto as mulheres faziam seus exercícios na praia e as crianças de vários barcos brincavam na areia. Dizem os livros que tinha uma prisão nessa ilha, mas não conseguimos encontrar os escombros dela. As arvores tomaram todo o terreno. São arvores que dão um fruto como o do chapéu de sol, comum nas praias do Brasil, e que os morcegos gigantes gostam de comer, e pude ver de perto alguns desses animais.

Logo chegaram os outros barcos brasileiros, e nos reunimos de novo com o grupo. Ficamos entre esses dois grupos, os dos brasileiros e agora também o dos canadenses. Eu gosto dessas mudanças, pois elas nos permitem conhecer mais cruzeiristas pelo caminho, além do que, os canadenses adoram mergulhar, que é mais a minha praia, enquanto que o grupo de brasileiros prefere o kite surf e o surf. Depois de explorarmos a ilha, o Jack e o Rene foram explorar os recifes de fora da ilha com o GPS para marcar o ponto de mergulho para a noite, enquanto eu fiquei um pouco com o grupo de brasileiros que estavam na praia.

Às oito da noite, o Rene e o Jack passaram pelo Matajusi para me pegar, e fomos os três mergulhar nos lugares que eles haviam marcado. Eu fui o primeiro a entrar na água, e fui verificar se a ancora estava presa, e logo de cara vi uma cavaquinha, um tipo de lagosta sem antenas. Pensávamos que esse era um bom sinal, e íamos encher o barco delas, mas depois de mergulhar em três lugares diferentes por quatro horas seguidas, só conseguimos sete cavaquinhas, uma lagosta de antena, três budiões e uma garoupinha. Mesmo assim, nada mal. Dessa vez eu pedi uma roupa dupla emprestada, e usei dois gorros, e não senti o menor frio.

Voltamos para os barcos à meia-noite, e fui buscar a Lilian no Sarava, que estava ensinando a Mariana a fazer aquele pão que aprendemos a fazer com a Nelly, em Los Roques. Aperfeiçoamos a receita e esta cada vez melhor. Anida voltamos ao Matajusi, onde assamos o pão e cozinhei as lagostas, comi um pão quente com geléia de uva, tomei um banho quente e fomos dormir.

Os canadenses saíram na noite seguinte para TongaTapu, e eu preferi vir junto com o Sarava e o Bicho Vermelho ontem cedo. Saímos as seis da manha, com um vento que chegava aos vinte nós, que começou vindo aos quarenta e cinco graus da proa, excelente para nossa travessia, mas com um mar crespo e alto que não permitia que o barco deslanchasse com o vento. Com o tempo o mar foi abaixando e o vento mudando mais para Sul Este, ficando a trinta graus da nossa proa. O Matajusi navega bem a trinta graus, mas os outros dois barcos foram derivando. O Sarava derivou umas treze milhas, e eu e o Bob preferimos ajudar no motor. Pelo radio ouvimos que o Bicho Vermelho tinha duas linhas na água, e decidi jogar uma, que em alguns minutos rendeu um dourado de uns dez quilos. Chegamos todos juntos a TongaTapu e ancoramos no Pangaimotu as quatro e meia da tarde. Com vinte metros de profundidade e bem coberto dos ventos de Leste e Sul, mais comuns por aqui, usei sessenta e cinco metros de corrente para ancorar.

Convidamos o Marcelo e a Mariana e o Bob e a Bel para um sashimi a bordo, mas os dois casais tinham outros compromissos, então combinamos com o grupo dos canadenses que logo toparam. Eu limpei o peixe e passei os files limpos para o Rene cortar o sashimi, enquanto eu preparava uma ova de dourado com batatas, cebolas e pimentão vermelho no forno, e com a cabeça e espinha, um pirão. A Josie do Alexander VI preparou um arroz e um bolo, e fomos todos para o Cat Mousses para saborear nossas guloseimas. Os quatro filhos do Rene e da Dany do Cat Mousses topam experimentar qualquer coisa, e conseguimos acabar com toda a comida que fizemos. O pirão e a ova no forno foram o alto da janta!

O Rene ensina flauta doce para os quatro filhos, então levei minha flauta e tocamos um pouco juntos. Depois da janta o Rene serviu uns licores e eu tomei café quente com Baileys, meu aperitivo preferido. Para minha total surpresa, quando estávamos nos preparando para sair, o Rene perguntou se eu queria conhecer o Coconut Crab que eles criavam a bordo! Lógico que queria, um item na lista de coisas que queria ver! O caranguejo me surpreendeu, não esperava nada parecido com aquilo. Ele é de cores fortes, na maioria azul, com uma barriga marron avermelhada, massivo de forte, e se parece mais com um caranguejo eremita fora da concha do que com um caranguejo normal. Ele é muito forte, sua pinçada é perigosa e pode esmagar dedos. Outro maior que eles também criaram por um tempo, antes de por na panela, conseguiu quebrar vários CDs dentro do estojo de CDs daqueles que se usam em carros!

Depois da janta no Cat Mousses, pegamos uma carona no bote do Jack, e voltamos a meia-noite para o Matajusi. Tem outros vinte barcos ancorados aqui, e mais chegando. Todos vieram para participar do jantar no Big Mama's, um restaurante que promove uma reunião dos barcos que estão partindo para a Nova Zelândia. Hoje vamos cuidar da papelada, combinar comprar diesel dutty-free para encher os tanques, em preparação para nossa travessia de mil e duzentas milhas para a Nova Zelândia. Muitos barcos vão para a Nova Zelândia para se esconder da estação dos furacões do Pacifico, que começa no mês que vem e dura até final de Abril.

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sábado, outubro 24, 2009

Ancorado em Nomuka Iki, Haapai, Tonga:



Exibir mapa ampliadoPosição: S20 16.596 W174 48.258 24/10/2009 18:31h Local (UTC -13)
Saímos para Uoleva cedo, com vento forte e mar picado, enquanto o Beduína saia para ir se encontrar com os outros barcos brasileiros que estavam mais a Oeste de Haapai. Íamos para outra ancoragem, mas o vento forte não permitiu, e acabamos gostando muito de Uoleva. Bem protegida do vento e da ondulação, com fundo de areia e coral, mas com areia suficiente para ancorar bem, uma praia de areia branca muito bonita, muitos coqueiros e côcos, além daqueles morcegos frutíferos enormes que são comuns por aqui.

Havíamos combinado de ir comer um sushi preparado pelo Brian do Wassabi, e cada um de nós contribuiu com alguma coisa. Eu preparei um sashimi de dourado e um doce de abobora com côco, meu primeiro, e a Lilian preparou um abacaxi e um rabanete chinês ralado, e para as bebidas contribuímos com um vinho. A Dany do Cat Mousse preparou uma torta deliciosa para suplementar a sobremesa, e eles trouxeram também lagosta para complementar o sushi que Brian estava preparando com o wahoo que eles pescaram e o dourado que eu pesquei. O jantar foi delicioso, e depois da sobremesa, a Isabel do Wassabi pegou um violão, eu peguei minha flauta, e o Rene e o Jack ajudaram na cantoria. Fizemos um bom e gostoso som até tarde.

No dia seguinte fomos eu e a Lilian de botinho para a praia para fazer um reconhecimento do local. Encontramos um marae polinésio no meio da ilha, escondido pelas arvores e coqueiros. É um quadrado erguido com pedras, com uma entrada e uma saída, na mesma linha do sol. Fiquei a pensar o que já havia se passado naquele lugar. Encontramos também muitos rastros de porcos, e algumas galinhas selvagens, daquelas que levantam vôo melhor do que o nosso Jacu. Lá conhecemos a Patti, uma americana que construiu um hotel na ilha. Ela acabou de por o negocio para funcionar e comentou que no ano passado, logo depois da construção, passou um furacão por lá e quase arrancou o telhado das cabanas que ela aluga para seus hospedes.

Depois de toda a propaganda que o Brian do Wassabi e o Jack do Alexander VI fizeram sobre minha técnica no mergulho, o Rene do Cat Mousse quis ir mergulhar a tarde. Enquanto as mulheres faziam ioga e pilates na praia, nós homens fomos mergulhar, explorando a área com um GPS portátil para definir o nosso mergulho noturno, mas somente eu e o Rene mergulhamos, pois havíamos combinado o mergulho à noite para pegar lagostas, e o Briam e o Jack não queriam molhar suas roupas de mergulho para ficarem mais quentinhos a noite.

Peguei uma garoupinha e uma lagosta. A lagosta era de antena, mas bem diferente da nossa lagosta, pois era mais fina, e tinha as antenas e as patas brancas. Nunca havia visto uma como aquela. As antenas eram muito longas, e foi assim que eu a descobri no meio dos corais. Fiquei com a lagosta e dei a garoupa para eles.

Voltamos para os barcos para descansar e comer, e combinamos de sair às oito da noite para mergulhar à procura de lagostas. Depois da janta, às oito horas, o Brian passou pelo Matajusi para me apanhar. Eu já havia preparado minha roupa e equipamento de mergulho, então fomos para a área que havíamos explorado durante o dia, guiados pelo GPS portátil do Jack, que foi com o Rene em outro bote, por segurança.

Chegamos ao local demarcado, jogamos ancora, vestimos o resto do equipamento e fomos mergulhar. Que frio! Eu e o Brian estávamos com roupa muito fina e ficamos com muito frio depois de uns quarenta minutos na água. Não achamos nenhuma lagosta, mas estávamos mergulhando nos lugares mais fundos. O Rene e o Jack pegaram cinco, em menos de um metro de água. Eu peguei três trocas, aqueles caramujos grandes, mas esses um pouco diferentes dos que já havia pego em Aitutaki. Vou cozinhá-los amanha e ver se é a mesma coisa.

As mulheres combinaram uma seção de ioga e pilates para amanha bem cedo, e nós homens vamos mergulhar e ver se achamos um lugar para pegar lagostas a noite.

Já jantamos e agora vamos assistir um filme.

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quarta-feira, outubro 21, 2009

Ancorado em Haano, Haapai, Tonga:


Posição: S19 40.269 W174 17.328 21/10/09 17:51h Local (UTC -13)
Perguntei ao Marcelo do Sarava que tipo, cor e comportamento de isca ele estava usando, e ele disse que usava uma rapala de meia água, cor azul e prateado.

Logo troquei minha isca por uma rapala azul e prateada com chocalho, e não deu outra, logo embarcamos um atum pequeno que limpei rapidinho e preparei para o sashimi da tarde. Depois troquei de isca e pus uma lula pequena de cor azul e prateado, com anzol grande especial para água salgada. Um pouco depois e um peixe fisgou forte. Do barco víamos os pulos que o peixe dava, saindo alguns metros da água. Mantive a linha esticada e fui recolhendo enquanto a Lilian diminuía a velocidade do barco, pondo a dez graus do vento. Enquanto eu e Lilian trabalhávamos o peixe, o piloto soltou e foi uma encrenca conseguir manter o peixe e a linha, que queria roçar em cada quina do barco. Mas, conseguimos trazer o peixe até a borda, reconhecendo nele um dourado de bom tamanho. Passei a vara para a Lilian segurar enquanto eu pegava a fisga e fisgava o dourado pela cabeça. Suspendi o peixe e o embarquei, criando uma tremenda sujeira de sangue pelo cockpit todo. Não pesamos, mas estimo uns doze quilos ou mais. Como ele não parava de se debater, pedi para a Lilian pegar o martelo e dei umas boas marteladas na cabeça dele até ele apagar.

Tirei os dois filés e mais uma ova gigante, e joguei a carcaça de volta na água. Da água veio e para a água retornas!

Chegamos a Haano lá pelas quatro e meia da tarde, e ancoramos junto com os outros barcos que chegaram conosco e os outros que já estavam por aqui. Ficou meio apertado e acabei ancorando mais perto dos corais do que gosto. Passamos uma noite tranqüila, com água bem calma, e na manha de hoje levantei ancora e ancorei em um lugar mais fundo.

Todos os barcos brasileiros partiram hoje cedo para outra ilha mais a sudoeste daqui, mas eu estava com preguiça e acabei ficando. O Beduína esta trabalhando em um dos motores e ficou também. Nisso acabei trocando uns arquivos de guias de varias áreas no Pacifico com outros que eu já tinha, com o pessoal do Wassabi, um barco que havíamos conhecido na regata de Neiafu. Conversando, soube que eles iam mergulhar à tarde, e me convidei para ir junto. Eles gostaram da idéia, principalmente pela minha experiência em caça submarina, e quando mergulhamos, eles ficaram sempre próximos de mim observando minha técnica. No final, voltei com um sargo (ou similar) de uns cinco quilos e um budião verde de uns três quilos, que dei para o pessoal do Wassabi. Combinamos uma cerveja para conversarmos sobre minhas experiências com caça submarina.

Para amanha, vou seguir um pouco com o Wassabi, Alexandre VI e Cat Mousse e vamos para outra ancoragem umas quinze milhas a sudeste de onde estamos. Depois penso em ir direto para TongaTapu para conseguir pegar uma ancoragem descente, pois tem muitos barcos descendo para lá para aguardar a janela de saída para a Nova Zelândia. O vento e a água estão esfriando a ponto de começar a ficar desconfortável. Vou precisar comprar uma roupa de mergulho apropriada.

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segunda-feira, outubro 19, 2009

A Caminho de Haapai, Tonga:


Exibir mapa ampliadoPosição: S19 02.554 W174 11.680 20/10/09 09:06h Local (UTC -13)
Já no nosso caminho para Nova Zelândia, saímos, juntos com o Sarava, Pajé e Beduína, rumo às ilhas do meio de Tonga, chamadas Haapai. Pouco vento, mar baixo, com seguimento entre três nós e meio e cinco e meio, todo pano para cima, velejando no rumo 184° com nossa aterragem prevista para daqui a oito horas. Todos com linhas na água, mas o Sarava esta nos dando uma surra, com três peixes já fisgados e nós continuamos sem nada...

Nossa estadia em Vavau foi excelente! Muito envolvimento social com os barcos com brasileiros a bordo, além de com outros barcos que vamos conhecendo pelo caminho.

No Sábado fui mergulhar e voltei com duas lulas grandes, que Mariana preparou ontem à noite em um estupendo molho de macarrão. Peguei também um mexilhão gigante e também duas ostras gigantes, as quais comi e guardei uma das conchas para depois polir e fazer um porta aperitivos para o barco.

O mexilhão e uma das conchas dei de presente para Sir Robert do Lá Masquerade, que havia convidado eu e Lilian para almoçar. Depois do almoço a Lilian ficou com a Cleide, e eu e Sir Robert passamos a tarde conversando e tomando vinho. Conversamos sobre oportunidades, negócios, governos, família entre outros. Formidável a experiência de Sir Robert, que começou do nada e construiu um império de bom tamanho. Com sua fortuna hoje ele patrocina sessenta e cinco estudantes pobres todo ano, além de ter vários centros de tratamento psicológico e social de pacientes com câncer terminal. Com residências em Yorkshire na Inglaterra e em Montecarlo, onde tem como vizinho Paul Allen, ex-CEO da Microsoft, eles passam um tempo em cada residência e mais um tempo viajando o mundo com o Lá Masquerade. Seu jato particular construído pela Marcel Dassault na França o acompanha em todos seus passeios e fica sempre a disposição no aeroporto mais próximo de onde está. O barco, com tripulação de treze profissionais, entre Capitão e até pajens é seu quinto barco e foi construído por encomenda especialmente para ele, que participou de todos os aspectos do projeto.

Ontem retornamos para Neiafu para tratar da documentação de saída, e aproveitamos para fazer mais umas compras de provisionamento do barco. No final do dia rumamos para o ultimo ancoradouro ao sul de Vavau para ficarmos prontos para sair hoje ao raiar do dia para Haapai.

Esse mês eu começo a escrever para a Pefil Náutico, e já preparei minha primeira coluna, o uso do SailMail a bordo, que deve ser publicada em mais algumas semanas. Tenho também trabalhado nas apresentações que farei sobre o Projeto Matajusi em vários lugares no Brasil, durante minha estada entre Dezembro de 2009 e Março de 2010. Além de palestras para minha staff, minha família e meus amigos, alguns dos outros lugares onde farei palestras incluem a Camara Americana de Comercio de São Paulo, o Iate Clube de Ilhabela, o Museu do Mar em Bombinhas, o Iate Clube de Santos, entre outros. Quando tiver uma agenda confirmada posto no blog para os interessados.

Agora vou voltar para o comando do barco, pois com vento fraco e mudando de direção a toda hora, preciso estar constantemente ajustando as velas...

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sábado, outubro 17, 2009

Outras atividades em Vavau:

Tripulação do Matajusi, Beduina, Pajé, Canela, Bicho Vermelho e Saravá a bordo do La Masquerade.


Posição S18 41.963 W174 01.849 17/10/09 18:39h local (UTC -13)
Continuando com nossa vida de cruzeirista, no dia seguinte ao nosso jantar comunal depois do mergulho, fui para uma ancoragem bem calminha na ilha de Kapa, com água cristalina e bem protegida dos ventos predominantes, pois precisava fazer manutenção nas catracas, que, de tanta água salgada sempre borrifando nelas, estavam começando a ficar mais duras. Passei o dia todo trabalhando nas catracas, e mais a manhã do dia seguinte, e interrompi o trabalho somente para irmos a um jantar árabe oferecido pela Bel e Bob do Bicho Vermelho, que estavam na mesma ancoragem onde estávamos.

Na volta do jantar, lá pelas onze da noite, quando chegávamos ao Matajusi, vi uma lula daquelas grossas e grandes na popa do barco que eu havia deixado iluminada. A Lilian foi se preparar para dormir, enquanto eu fiquei de tocaia com a arma de mergulho esperando para ver se a lula voltava, pois ela havia sumido quando chegamos com o botinho. Não deu outra, ela voltou, disparei de cima do barco, calculando o ângulo de reflexo na água e o tiro foi certeiro. Fiquei mais um tempo por ali e consegui acertar mais uma, que depois preparei com arroz e ficaram deliciosas.

No dia seguinte fui me reunir com os outros barcos brasileiros em uma ancoragem na ilha de Avalau, para velejarmos de kite-surf. Eu tentei mais algumas vezes, mas ainda não consegui dominar a prancha. Já domino o kite, mas quando tento sair com a prancha acabo velejando de corpo, deixando a prancha para trás.

Quando estávamos falando pelo radio VHF combinando a próxima ancoragem, depois que a conversa acabou, ouvi uma voz feminina chamando em português, perguntando onde estávamos nós brasileiros. Eu respondi e perguntei quem estava indagando. Ela respondeu que era a Cleide, do La Masquerade. Sem conhecer o barco, batemos o maior papo e eu convidei-os para também irem à Tapana, onde estávamos indo para um jantar com paella, e onde, os que tocavam algum instrumento iriam fazer o som.

Quando quase todos os barcos brasileiros já estavam ancorados em Tapana, chega o La Masquerade, um mega iate a motor, de cento e oitenta pés! Não demorou e recebemos um convite para uma recepção no La Masquerade. Eles convidaram os quatorze brasileiros que estavam em Tapana. Todos nos arrumamos para a ocasião, sem conhecer muito mais do que o nome da Cleide e do Capitão do barco, Michael. Quando lá chegamos, fomos apresentados para o dono do barco, Sir Robert Ogden. Sir Robert é um Knight da corte de Londres e Cleide, uma paulista, é sua companheira.

O barco é algo do outro mundo, com quatro andares sociais, mais os de serviço. Tudo é meticulosamente detalhado. Sir Robert, Cleide e toda a tripulação do barco foram extremamente simpáticos e nos receberam muito bem. Depois da recepção, fomos nos preparar para o jantar com paella e música ao vivo, tocada por nós mesmos...

O jantar foi uma festa e, como sempre, os brasileiros dominaram... Eu na flauta, o Gustavo do Canela ou a Bel do Bicho Vermelho no violão, Mariana do Sarava no bongô, Lilian, Gislayne e outros no chocalho, um Neo Zelandês no teclado, e o barulho foi dos bons, com quase todos cantando e dançando.

No dia seguinte velejamos de volta de Tapana para Avalau, para mais umas tentativas no kite, e no final da tarde rumamos para Neiafu, pois ia ter um jantar típico Tonganês, com dançarinos locais, e queríamos participar. No caminho tivemos o primeiro, e espero que último, fogo a bordo do Matajusi.

A Lilian foi passar aspirador na sala enquanto eu velejava para Neiafu, e a tomada DC onde o aspirador estava conectado derreteu e entrou em curto. A Lilian me disse que o fio estava muito quente, então eu disse para ela usar a outra tomada DC, que era mais forte. Não sabia que o fio já tinha derretido e entrado em curto e que continuou derretendo e esquentando até queimar também o encosto do sofá da sala. Eu percebi a fumaça e corri para dentro, pegando o fio em chamas com uma canga da Lilian que estava por lá e desencostando ele do sofá. Depois desliguei o desjuntor, que pelo próprio nome deveria ter desjuntado mas não desjuntou, e quase pôs fogo no barco. Tinha já muita fumaça dentro do barco, então abrimos todas as gaiutas para ventilar um pouco. Uma vez desligado o desjuntor, acabou o curto e o problema, mas ficou a marca do fio queimado no sofá.

Enquanto estávamos resolvendo o problema do fogo, o motor começou a falhar e corri para fora para desligá-lo, pois sabia que o diesel estava baixo e devia estar acabando. Estávamos com uma ilha a uns vinte metros na nossa sota (lado onde o vento empurra), e, como estávamos velejando e ajudando com o motor, orcei (subi no vento) mais um pouco e pus o barco para fora para garantir nossa segurança. Tentei ligar várias vezes, com a Lilian bombeando no purgador da bomba de combustível, mas o motor não pegou. Tive que descer e sangrar o filtro de combustível e aí, depois de mais muitas bombeadas, pegou. No final, tudo certo exceto pela cicatriz no sofá. Aproveitei e ensinei a Lilian a trabalhar com desjuntores e extintores.

Na área de manutenção do barco, o último problema foi os painéis solares que pararam de funcionar. Fiz uma vistoria completa na fiação e achei uma emenda externa completamente oxidada, sem qualquer proteção contra a oxidação, e um fusível interno com mal contato. Cortei fora a emenda mal feita pelo eletricista e fiz uma nova, que cobri com fita isolante vulcânica para evitar o problema de oxidação de se repetir. Muitas das ligações elétricas no meu barco foram feitas assim. Sei que vou ter ainda muito trabalho para consertar esse serviço mal feito pelo eletricista, mas, a vida de cruzeirista é isso mesmo, muita manutenção, entre uma velejada e outra...

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segunda-feira, outubro 12, 2009

Alguns passeios por Vavau:

Posição: S18 43.341 W174 06.085 12/10/09 23:30h local (UTC +13)
Com a recomendação do Marcelo, que já conhece bem o lugar, fizemos alguns bons passeios com todos juntos. Começamos por uma caverna na Ilha de Nua Papu, onde se tem que mergulhar a uns dois metros de profundidade e por uns três metros de distância para se entrar em uma câmera de ar embaixo da terra. Sem maiores atrações, depois que explorei a caverna, fui explorar um pouco as áreas mais fundas por perto, e encontrei uma concha aranha, e um caracol grande, que deixei por lá mesmo, depois de observá-los mais de perto.

Depois fomos todos para ilhota de Tuungasika, uma área mais funda, com uns vinte e dois metros de fundura, onde tem uma pedra grande rachada no meio, e com uma vida animal e de coral bastante intensa. Depois de dar uma explorada na pedra rachada, fui para as áreas mais fundas para ver se o lugar era bom para caça submarina. Um pouco adiante encontrei uma toca com uma garoupa e um vermelho dentão de bons tamanhos, todos acima dos cinco quilos. Planejei voltar depois, e caçar por ali.

Com isso já estávamos no final da tarde e todos voltamos para Neiafu para a noite.

Todas as sextas-feiras tem regata no final do dia, organizada pelo Yacth Club de Vavau, e resolvi correr com o Matajusi. Durante o dia passeamos um pouco pela cidade, fizemos mais algum provisionamento para o barco, e nos preparamos no final da tarde para correr a regata. Convidei o Marcelo e o Bob para correr comigo. Deixei a Lilian com a Mariana, e fomos treinar um pouco, para que o Marcelo e o Bob conhecessem o sistema de velas do Matajusi. Tiramos a ancora e a corrente, a balsa salva-vidas, o bote e motor do bote, mas mesmo assim continuávamos com o barco pesado, com toda nossa tralha dentro, além dos tanques de água cheios e os de diesel pela metade, e corremos assim mesmo. A regata é uma mistura de barcos grandes, médios e pequenos, mono-cascos e catamarans, e alguns barcos sem nenhuma tralha de cruzeiro, como targa, bimini e dog-house. Saímos bem, em terceiro lugar, passando para quinto na primeira perna, conseguimos recuperar uma posição no final da primeira perna, e perdemos de novo na segunda perna, pois fui pela linha de cima e esta estava com vento mais fraco. Continuamos na mesma posição até o final da regata, mas aí soube que os barcos pequenos faziam uma regata menor, e acabou entrando mais um na nossa frente. Acabamos em sexto, mas foi bem divertido, além de competirmos com um barco brasileiro.

À noite houve um happy-hour no Yacth Club, onde ficamos até tarde da noite dançando e conversando. De premio pelo sexto lugar, ganhamos duas taças de vinho em um restaurante local.

No dia seguinte, todos os barcos saíram juntos para uma ancoragem no sul de Vavau, pois eles iriam surfar. Eu, como não surfo, fui para aquele lugar ande havia visto a garoupa, só que lá não dá para ancorar, então, pela primeira vez, a Lilian ficou com o barco. Ela ia até perto de onde eu estava mergulhando, depois deixava o barco em capa até ele chegar próximo do outro lado daquele canal, e daí voltava de novo para perto de onde eu mergulhava. Acabei não vendo a garoupa, mas fisguei um xarel de bom tamanho. Percebi que o arpão não havia transpassado o peixe e vi a farpa aberta dentro dele, pela pele, então fui dando linha até quase o fundo, quando vi um tubarão galha branca vindo para o meu xarel! Comecei a puxar o peixe rápido para cima, com o tubarão seguindo de perto, mas já próximo da superfície, a pele arrebentou e ele se foi. Logo desceu para abaixo dos vinte metros, e o perdi de vista. No final, fisguei outro xarel um pouco menor do que o primeiro, e voltei para o barco.

Chamamos o pessoal pelo VHF para saber onde eles iriam ancorar para a noite, e seguimos também para Vakaeitu, uma ancoragem protegida de quase todos os ventos. Eu havia comprado um balde de vongoles no mercado, e preparei um fusili ao vongole e o xarel fritinho para o nosso jantar comunal. Todos nos reunimos para o jantar, com os outro contribuindo cada um com algum prato diferente.

Para hoje, combinamos que alguns iriam tentar surfar ou fazer kite, e outros iriam fazer caça submarina. Acabou que ventou pouco, então a única opção foi fazer caça. Fomos no bote do Pajé para trás da ilha onde estamos ancorados e mergulhamos em uma ponta de face Oeste, lugar excelente e de peixes de bom tamanho. Com água muito limpa, o peixe não deixa a gente se aproximar, então, tem-se que conhecer muita manha para pegar algum peixe. Eu usei o truque de caçar uns peixinhos menores, que passavam por cardumes, e cortá-los em pedaçinhos, deixando os pedaçinhos afundar devagar. Isso atrai os peixes maiores, e não demorou e apareceram dois vermelhos dentão grandes, acima dos cinco quilos. Eu descia e me escondia embaixo de umas pedras, próximo ao lugar onde os pedacinhos de peixe estavam caindo, e ficava esperando algum peixe grande se aproximar, até o limite do meu fôlego. Logo apareceu um xarel de uns seis quilos, e veio direto para mim. Tiro fácil e certeiro, apagou o peixe completamente. Enquanto eu tirava o peixe do arpão, vieram dois vermelhos grandes e ficaram próximos, procurando os pedacinhos de peixe que eu havia cortado. Não tinha onde por o xarel, então desci e o enfiei debaixo de uma cabeça de coral, somente com o rabo para fora.

Usei o mesmo truque de me esconder debaixo de umas pedras e não demorou chegou um vermelho de uns seis quilos também. Deixei ele se aproximar até o máximo e quando ele me viu e virou, atirei. O tiro entrou pelas costas e foi até a cabeça, e o peixe também apagou, ou pelo menos foi o que eu pensei. Como a farpa não estava aberta, tirei logo o arpão, e aí o peixe acordou de novo e deu uma arrancada, escapando da minha mão. Armei rápido o arpão e sai atrás dele, que estava nadando em círculos. Atirei uma segunda vez, mas, na pressa, errei o tiro, e o peixe rumou para o fundo. Acompanhei para onde ele descia, mas nisso chegou o Mario com o Hugo no botinho.

Deixei o vermelho como perdido, e fui pegar o xarel para embarcar no botinho. Falei para o Mario que o lugar era bom de peixe, e ele mergulhou também. Ele estava com sua arma de pressão, com tiro muito mais forte do que os arbaletes que usamos hoje em dia.

Depois de embarcar o xarel, voltei para onde o vermelho tinha descido, e não demorou o vi a uns vinte metros, parado, com a marca do primeiro tiro nas costas. Chamei o Mario e apontei o peixe para ele. Ele desceu devagar, e atirou. O tiro pegou na barriga, atravessou o peixe e ainda foi se fincar em um coral mais para o fundo. O Mario subiu, mas não conseguia puxar o peixe, com seu arpão travado no fundo, então, desci e dei o terceiro tiro nele, dessa vez no apagador. O peixe travou, e fui subindo com ele, pela linha do arpão do Mario. Em cima, para garantir, enfiei a faca no apagador dele, e passei ele para o Hugo levar para o bote. O Mario já estava com meu segundo arbalete armado e estava indo para o seu segundo tiro, mas viu que o peixe já estava em cima.

Retornamos aos barcos, limpei os dois peixes e preparei o meu já famoso pirão. A Paula preparou uma muqueca, a Gislayne a sobremesa, a Mariana uma salada e a Bel uns aperitivos e um arroz. Jantamos muito bem e ficamos ate mais tarde batendo papo e contando historias. Enfim, vivendo vida de cruzerista...

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quinta-feira, outubro 08, 2009

Nossa vidinha em Neiafu:


Posição: Em poita na baia de Neiafu, Vavau, Tonga, 09/10/09, 11:07h Local (UTC +13)
Nossa vidinha esta muito gostosa com todos os amigos que re-encontramos por aqui. Temos sete barcos com bandeiras brasileiras hasteadas, um marco histórico para a vela de cruzeiro do Brasil. Além do Matajusi, estão por aqui o Sarava com o Marcello e a Mariana, o Bicho Vermelho com o Bob e Bel, o Pajé, com o Mario e Paula, o Beduína com o Hugo, Gislayne e Talita, o Canela com o Gustavo, Augusto e Claudio, e o TwoMuch com o Jean e Márcia.

Com todos esses amigos por perto, nunca falta uma atividade gostosa de se fazer, além dos happy hours todas as noites, cada noite num barco diferente. Na primeira noite jantamos com o Marcelo e a Mariana do Sarava e ontem, depois de uma festinha no Two Much para comemorar o aniversario da Márcia, fomos juntos com o Marcelo e a Mariana jantar com o Bob e a Bel do Bicho Vermelho. Hoje chegaram o Pajé, Canela e Beduína, então devem ter mais happy hours por perto. O Jean e a Márcia do Two Much partiram hoje cedo.

A Lilian e a Mariana estão fazendo um curso sobre trabalhos a mão usando palha e outras matérias naturais, e temos tido um interesse nessas áreas, pois queremos depois passar esses conhecimentos para nativos da Ilha do Montão de Trigo em São Paulo para que eles possam também viver de outras atividades além da pesca. É incrível o que se consegue fazer com uma simples folha de coqueiro! Enfeites, cestas, chapéus, toalhas de mesa, entre outras.

Devemos ficar por aqui uma semana, e começar a descer para as ilhas do meio e do sul de Tonga, antes da partida para Nova Zelândia.

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quarta-feira, outubro 07, 2009

terça-feira, outubro 06, 2009

Amarrado em poita em Neiafu, Vavau:


Exibir mapa ampliado
Posição: S18 39.343 W173 58.990 07/10/09 03:40h Local (UTC +13)
Acabamos de chegar a Neiafu e tive que motorar as ultimas dez horas, pois o vento acabou completamente.

A carta daqui esta um pouco fora para Oeste, e metade das luzes de entrada da baia de Neiafu estão fora de serviço, então foi uma ginástica entrar até aqui no escuro sem esses dois recursos importantes. Por sorte a lua esta nova e o céu limpo, aumentando a visibilidade a olho nu à noite.

Mesmo à noite, já deu para perceber que a água aqui é translúcida, e graças a isso eu não bati em um recife na frente do porto, enquanto procurava o cais da Emigração, que acabei não encontrando então parei em poita na frente da cidade.

Aqui é proibido dar descarga para fora do barco, tem que usar o tanque de águas negras e depois esvaziar fora da baia.

Levantamos a bandeira amarela, e de manha temos que fazer documentação, antes de sair do barco. Aqui eles são muito exigentes quanto a isso.

Viemos sozinhos porque o Pajé, Beduína e Canela foram para Niue. Nós estávamos cansados de ancorar fora dos atóis, então decidimos incluir Beveridge Reef e Vavau na nossa rota, excluindo Palmerston e Niue. Por outro lado, amanha nos encontramos com o Bicho Vermelho e o Sarava, mais dois barcos brasileiros por esses lados. Somos ao todo sete barcos brasileiros na área, acho que um recorde absoluto e um momento histórico, demonstrando o interesse crescente dos brasileiros na vela de cruzeiro.

domingo, outubro 04, 2009

Primeiro dia da travessia para Vavau:

Posição: S19 37 W170 16 04/09/09 09:48h Local (UTC-10)
Singramos 148 milhas nas ultimas vinte e quatro horas, e poderia ser um pouco mais não fosse um temporal que pegamos as duas da manha, que durou até as cinco. Pela primeira vez tive que por o barco em capa. Com mestra quase que totalmente aberta e no riso três e a trinqueta do mesmo lado da mestra (sota), andávamos a dois nós, e em um ângulo de trinta graus do vento, que chegava aos trinta e sete nós. As ondas entravam pela bochecha da popa com algumas batendo com força e passando por cima do barco.

A um certo ponto achei que ia perder o Dog-House que esta descosturando todo, pois a linha não resistiu ao sol. Quase todas as costuras do bimini e do dog-house feitas pelo Alex do Píer 26 estão arrebentando. Ele deve ter misturado linhas com resistência a UV com linhas simples, pois deveria durar bem mais.

Estimamos nossa aterragem para amanha a tarde, e se não der, fica para o dia seguinte.

De hoje para amanha, vamos adiantar um dia, e vamos estar um dia na frente do Brasil.

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sábado, outubro 03, 2009

A Caminho Das Ilhas Vavau, Tonga:

Posição: S19 58 W167 56 03/09/09 10:24h Local (UTC -10)
Hoje as oito da manha, saímos do Beveridge Reef a caminho de Tonga. Temos trezentas e setenta e cinco milhas até o waypoint do norte de Vavau, depois mais umas quinze milhas até a ancoragem em Neiafu. Nossa aterragem está estimada para a manhã do dia seis. O vento esta variando entre dez e quinze nós entrando pela popa. Estamos no rumo duzentos e setenta magnético, com as velas armadas em asa de pombo, e a mestra risada no primeiro riso, andando em media cinco nós e meio. O tempo está nublado, com algumas chuvas. A previsão sugere ventos de quinze nós vindos de leste, rondando um pouco para nordeste e depois firmando por uns dois dias em sudeste, todos bons para nos empurrar para Vavau.

Ontem me despedi do Beveridge Reef com uma boa pescaria, para suprir o PuraVida com peixes. Eles não sabem muito de caça submarina, então fui com eles e mostrei algumas técnicas do mergulho livre. Peguei três garoupinhas, um jaguariça (ou primo dele...) e dois xareis brancos, todos entre um e dois quilos. À noite eles me chamaram no VHF agradecendo e disseram que o sashimi de xarel e as postas de garoupa estavam deliciosos.

Ontem começou a me doer o rim esquerdo, e desde então estou bebendo tanta água quanto entra, ajudando com uma cervejinha aqui e ali, para dar uma boa enxaguada no sistema. Não preciso de uma pedra nos rins durante uma travessia...

Ontem também escutei pela primeira vez algumas rádios SSB do Brasil. O Dallas do PuraVida tem um livro com todos os broadcasts de noticias pelo SSB. Consegui ouvir radio Central do Brasil, em Goiânia e outra radio que acho que era do Senado. Foi bom ouvir um pouco do som do Brasil...

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sexta-feira, outubro 02, 2009

Beveridge Reef:

Posição: S20 00.820 W167 44.950 01/09/09 10:56h Local (UTC -10)
Agora que estamos livres de qualquer problema com relação ao Tsunami que ocorreu nas Ilhas Samoa, posso me concentrar em relatar nossa chegada e estadia no Beveridge Reef.

Aterramos em Beveridge Reef vindos de Aitutaki, por volta das dez horas da manhã, e já próximos ao recife lancei duas linhas na água para tentar um peixe de passagem antes de entrarmos no atol. Não demorou muito e uma das varas fisgou. Enrolamos a genoa, ficando somente com a mestra que já tinhamos risada no terceiro, e fui recolher o peixe. Vi que era pesado, mas estava bem fisgado, isso quando notei que estava recolhendo a vara errada! Na verdade as duas varas fisgaram ao mesmo tempo, mas não escutamos a outra. As linhas haviam se cruzado e o peixe estava na outra vara. Pedi ajuda para a Lilian, que enquanto continuava a recolher a primeira vara, eu fui trabalhar com a segunda. Vi que era um dourado, e conseguimos trazer até próximo ao barco, mas em um puxão mais forte, a linha arrebentou exatamente onde elas tinham se embaralhado... Pena, faz tempo que não comemos um dourado.

Rapidinho refiz uma das varas e lancei na água, enquanto ia contornando o recife para chegar ao passe. Não deu outra, bem no meio da entrada do passe, outro peixe fisgou. Esse muito maior, e quando fui fechando a fricção, vi que não ia segurar esse, pois a vara estava a ponto de quebrar, e é uma vara bem grossa. Nisso arrebentou a linha, bem na junção da linha com a isca, e lá se foi o segundo peixe.

Bom, sem peixe de passagem fisgado, entramos pelo passe, com uma corrente muito forte, segui um pouco mais para o meio do atol e virei para sul, para onde estavam ancorados os outros barcos que por aqui já estavam. Quando cheguei mais perto vi que eles estavam ancorados em uma parte bem mais rasa, e preferi voltar um pouco para o centro e ancorar em dez metros de água, pois nas imediações de onde ancorei haviam vários cabeços de coral e eu queria ir mergulhar.

Assim que ancoramos e preparamos o barco para a estadia no recife, vesti meu equipamento de mergulho e fui mergulhar. Água claríssima, parecia mais um aquário, e de cima já vi garoupas e caranhas de bom tamanho. Vi também conchas gigantes (pahuas) enormes, algumas com mais de trinta centímetros de diâmetro. Comecei a descer e colher pahuas, e trouxe cinco para o barco. Em um dos mergulhos, estava com a arma na mão e desci uns dez metros para pegar uma das pahuas, e quando cheguei perto, saiu debaixo do coral um xarel médio, de uns quatro quilos, e eu atirei instintivamente. O peixe ficou se debatendo e emaranhando o cabo do arpão por vários corais naquele cabeço, enquanto eu subi para respirar. Imediatamente reparei dois tubarões galha branca, maiores do que eu, vindo de longe. Eles ouviram o tiro e o peixe se debatendo e estavam procurando de onde vinha o barulho, e agora, o cheiro de sangue na água. Desci rápido para desembaraçar a linha e subir com o peixe, e enquanto estava fazendo isso me surpreendi com um deles passando no meio da minha perna e a menos de um metro da minha mão trabalhando o peixe. Consegui desvencilhar o peixe e subi, surpreendido pela agressividade do galha branca, que ficou procurando pelo peixe lá embaixo. Nadei de volta para o Matajusi, sempre olhando para trás para saber onde estavam os tubarões. De primeiro eles não me seguiram, mas depois começaram a farejar a trilha do peixe ferido e vieram atrás de mim. Cheguei à plataforma e pus o peixe para cima, ficando atento ao que os tubarões iriam fazer, mas eles não chegaram muito perto e se foram rapidinho. Voltei para o mergulho, mas dessa vez somente com um arpão havaiano e sem a parte do meio, só para me defender se algum tubarão chegasse perto demais, e fui explorar mais a área. Tinha muita corrente, então nadei contra a corrente examinando o fundo, e descia quando achava algo interessante. Em um desses mergulhos notei um linguado de bom tamanho no fundo, perto de onde eu tinha descido, mas desviei a atenção dele e ele sumiu na areia. Explorei bem a área, e colhi ao todo cinco conchas gigantes, com perto de trinta centímetros cada uma. Era o suficiente para comermos a bordo. Quando estava pondo mais duas conchas na plataforma do barco, notei o linguado, que estava me seguindo, embaixo do barco. Desci com a havaiana pequena mesmo e peguei o linguado.

Limpei os peixes e guardamos no freezer para outra hora, pendurando a carcaça do xarel na plataforma do barco para ver se os tubarões vinham pegar, enquanto eu me ocupava com a abertura e limpeza das conchas. Fui surpreendido de novo, quando um dos galha brancas mordeu a carcaça e, com a resistência do cabo que usei para amarrá-la na plataforma, ele começou a se debater e quase me deu uma rabada na cara. Em algumas debatidas e ele já tinha cortado o cabo e saiu levando a carcaça.

A Lilian preparou um molho de macarrão com as conchas, que ficou delicioso! Comemos, enquanto vimos todos os barcos ancorados levantarem ancora e atravessarem o atol até o lado leste, onde tem um pesqueiro que bateu no atol e ficou por ali. Almoçamos e levantamos ancora indo ancorar no leste do atol, junto aos outros barcos.

Por lá estavam o Canela, outro barco brasileiro na área, o Anima III e o Migration, que já conhecíamos de Aitutaki, e o Kovup, um pequeno veleiro que havíamos conhecido em Balboa, com três garotos franceses a bordo. Eu me lembrava deles bem, principalmente do Manu, que teve certa influência sobre minha travessia do Pacifico, pois quando ele disse que saía para as Marquesas no dia seguinte, eu perguntei se já não era tarde na estação para ir para as Marquesas, e ele respondeu que "nunca é tarde"! Isso me impressionou na hora e em seguida tomei a decisão de partir também. Se um garoto Francês ia com seu barquinho vermelho para as Marquesas, o Matajusi ia também, e aqui estamos, juntos novamente depois de seis mil milhas navegadas...

À noitinha notei que vários botes haviam ido para o Canela, e chamei o Canela pelo VHF. Eles estavam fazendo um happy hour, e o Martin do Anima III e o Gustavo do Canela iam tocar violão. Na hora me convidei para me juntar a eles e tocar flauta. Fizemos um som muito gostoso, tocando até tarde da noite. Eu e o Martin tocávamos, com o Gustavo acompanhando algumas músicas, e os outros cantavam. Que gostoso! Essa é uma das atividades que mais gosto de participar.

Voltei tarde para o Matajusi e a Lilian estava assistindo um filme. Terminei de assistir com ela e fomos dormir.

No dia seguinte chegaram o Pajé e o Beduína e tivemos toda aquela movimentação sobre o Tsunami. Todos os barcos foram embora do recife, e Matajusi, o Pajé e o Beduína ficamos com o recife só para a gente, indo ancorar na mesma área ao leste do recife onde estávamos antes. Mesmo tendo dormido bem, o estresse causado pelo Tsunami nos cansou, e fomos todos dormir cedo nesse dia, mas combinando uma pescaria para cedo do dia seguinte.

Falou em pescaria e levanto a hora que for preciso, então as sete horas já estava de pé, e me preparando para o mergulho. Acabamos saindo só umas dez e meia, indo o pessoal do Beduína e do Pajé no bote do Beduína e eu e a Lilian no nosso botinho de brinquedo.

Explico. O nosso botinho laranjinha, um Flexboat de 8 pés, tipo Miniflex S, com fundo chato e feito de hapalon, é totalmente impróprio para esse tipo de viagem, pois o fundo chato não permite que plane, as bolachas são muito pequenas e baixas, entrando água na menor das ondulações, e elas entortam com a força do motor, dobrando o espelho de popa e fazendo com que o motor fique quase que debaixo do bote. Esse é o menor bote que já vimos na nossa viagem. Na verdade eu comprei errado, pois o propósito desse bote é ficar enrolado dentro do barco, como um bote reserva no caso de se perder o bote principal. O bote principal deve ter, bolachas largas, no mínimo duas vezes mais largas do que a do miniflex, fundo rígido, espelho de popa forte, para agüentar um motor de até quinze cavalos, muito mais comum nos outros barcos do que os motores menores, com 3 a cinco cavalos. Deve ser de hapalon, e ter no mínimo 8 pés, mas se puder ser maior, melhor, contanto que caiba no barco mãe. Na Venezuela fabricam o Caribe, que é um dos melhores botes que já vi por aqui, e muito comum entre os cruzeiristas fazendo essa viagem, pois todos passaram pela Venezuela. Tem também outro, o A&B, muito parecido com o Caribe. Quando chegar à Nova Zelândia, troco de bote e talvez de motor. Até lá, nos encharcamos em todas as nossas saídas no laranjinha. Por causa disso, aprendemos a andar de pé no botinho, o que é estranho, visto pelos outros barcos, mas se não fizermos isso, chegamos encharcados à festa!

Mergulhamos quase que o dia inteiro, começando por uma passada no veleiro afundado que está bem à nossa frente no leste do atol, com metade do barco acima da água e a outra metade encravada na areia e nos corais. Lá encontrei um rolo com centenas de metros de linha de pesca duzentos, vermelha, muito usada nos espinhéis de alto mar e tirei uns cem metros para usar no barco, talvez até como moeda de troca ou presente para pescadores encontrados pelo caminho. Depois fui caçar umas garoupinhas, evitando as grandes por causa da ciguatera, e trouxe sete garoupinhas em torno de um quilo no final do mergulho.

Fui no laranjinha sozinho, e fiquei tentando vários lugares, alguns nos corais próximo à barreira, outros mais no centro do atol, onde tinham vários cabeços próximos um do outro. Em um dos mergulhos vi um tubarão assustado que quando me viu saiu em disparada, e em outro um mais assanhado que chegava perto demais para meu conforto. Acabei atirando nele, mas o arpão bateu nele e voltou. Faz muito tempo que não atiro em tubarões, desde meus vinte e poucos anos de idade quando ia com alguma freqüência para Fernando de Noronha, só para caçar tubarões. Naquela época, tubarão era bicho ruim, melhor morto do que vivo. Lógico que hoje não se pensa mais assim, e os tubarões são uma grande fonte de renda pelos lugares onde passamos, pois muitos turistas pagam para vê-los debaixo d'água, sendo alimentados pelos mergulhadores treinados em fazer isso. Fiquei aliviado de não tê-lo matado, e ele ficou bem mais experto comigo, sem chegar mais perto. Não parece que o arpão tenha feito qualquer estrago. Ficou somente uma manchinha branca onde o arpão bateu. Logo ele se foi e eu continuei meu mergulho.

No final do dia, combinamos de jantar todos no Beduína, com a Gislayne preparando um cação que o Mario e o Hugo pegaram, a Lilian com o arroz e as batatas, e a Paula com os aperitivos de entrada. Tudo estava delicioso, e ficamos um bom tempo conversando, conversas de cruzeiristas.

Hoje de manhã, o Pajé e o Beduína levantaram ancoras e seguiram para Niue, e eu continuei ancorado, pois quero ir direto para Tonga, sendo Niue mais um lugar onde se ancora do lado de fora e estamos cansados disso por hora. Além disso, vimos o PuraVida dos americanos chegando à Beveridge e queremos devolver o convite de aperitivos a bordo que eles nos estenderam em Papeete. Temos encontrado com eles em vários lugares por onde passamos a acabamos zdesenvolvendo uma amizade. Hoje convidei-os para uns drinques a bordo do Matajusi.

Enquanto isso estamos arrumando o barco, fazendo água, e escrevendo.

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quinta-feira, outubro 01, 2009

Tsunami, Ultimo Boletim:


Informação da equipe de apoio no Brasil: Veja na figura em vermelho as coordenadas do terremoto e do tsunami Posição: Ancorado dentro do Beveridge Reef 01/10/09 08:22h Local (UTC-10)
Ontem ouvimos do Ituska pelo SSB e eles estão ancorados nas ilhas do sul de Tonga, pegando surf. Não sentiram qualquer alteração de maré por lá, e tem pego ondas boas. Ouvimos também do Bicho Vermelho e do Sarava, que estão ancorados nas ilhas norte de Tonga, e não tiveram mais qualquer alteração de maré ou ondas. O Canela esta chegando hoje em Niue e vão nos reportar estado de lá. O Pajé e o Beduína, continuam ancorados no Beveridge Reef, e devem sair hoje com direção a Niue. Nós ainda estamos avaliando a situação, e devemos sair entre hoje e amanha para Niue, ou Vavau em Tonga.

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