sexta-feira, julho 30, 2010

Outras ancoragens de Efate:

Bom, a peça da geladeira funcionou bem, mas o problema era no compressor novo, então, continuamos sem geladeira. Não vou entrar em todos os detalhes, mas acredito que um dia vamos conseguir ter a geladeira de volta, só não sei se esse dia será ainda esse mês, ou esse ano, ou nessa viagem...
Acabamos ficando mais tempo em Port Vila por conta da peça da geladeira que vinha da Nova Zelandia, e com isso ficamos vivendo mais vida de cidade do que de cruzeirista, mas fizemos novos amigos e solidificamos outras amizades antigas. De novos amigos agora temos o Brian do Second Winds, o André, brasileiro que veio com o Fraternidade do Aleixo até as Marquesas mas agora esta como tripulante em uma escuna de um alemão, depois de alguma confusão a bordo onde todos os tripulantes debandaram, o Jaison, um mergulhador australiano que vive em Port Vila, e de amigos antigos mas que temos solidificado amizades como os QOVOP, os três garotos franceses que primeiro vimos em Balboa, e que já partiram rumo as ilhas do sul de Vanuatu, indo depois ate a Nova Caledonia, antes de rumar para a área Leste de Papua New Guine, onde nos re-encontraremos para seguir viagem juntos para a Asia. Também o casal rastafári Karlo e Jackie que conhecemos em Opua e que compraram o veleiro de cimento Free Spirit, passando de mochileiros para cruzeiristas, com quem temos estado nos últimos tempos.
Eles são ótimos companheiros, de uma paz de fazer o cabelo alisar. Eles saíram no dia 25 de Port Vila, rumo as ancoragens a oeste de Efate, e nós os seguimos no dia seguinte, nos juntando a eles em Ai Creek, uma ancoragem no começo da Havanah harbor do Oeste de Efate.
No caminho, parei perto da Paul´s Rock, uma ancoragem temporária onde me disseram haver muitos polvos, mas não achei nenhum. Chegamos no final da luz na Ai Creek e tive que navegar um pouco pelos barcos ancorados para analisar o fundo onde eu poderia jogar a ancora. No final, acabei ancorando bem ao lado do Free Spirit. Estava tão ocupado com a ancoragem que nem percebi que eram nossos amigos rasta que estavam bem ao nosso lado.
A Lilian me alertou que eram eles, e percebi uma fogueira na praia em frente à ancoragem, então baixei o Caribe, nosso novo bote de cruzeiro, e fui para lá, encontrando o Karlo e a Jackie junto com um casal de franceses de outro barco, cozinhando pão e côco na fogueira. Nas conversas que tivemos Karlo mencionou ter visto um polvo grande nas redondezas, então combinamos de mergulhar no dia seguinte para eu mostrar para ele como caçar, limpar e preparar polvos.
No dia seguinte, acordei cedo e já fui logo para a água, já caçando uma garopeta e um xareu, aqui chamado de travali. Depois veio o Karlo e fomos procurar pelo polvo. Enquanto estávamos procurando, pegamos um mexilhão gigante, algumas conchas e eu cacei um travali grande. Enquanto trabalhava o travali, o Karlo encontrou o polvo. Passei o travali e as conchas para a Jackie no botinho deles, e fui ajudar o Karlo com o polvo. Mostrei como se atira no polvo, como se apaga ele com um corte na cabeça entre os olhos, e como se limpa, virando a cabeça ao contrario, e voltamos para o barco. No caminho, vi uma concha gigante mais no fundo e mergulhei para trazê-la também. Com isso, garantimos churrasco de peixe feito na fogueira da praia para o almoço, com os três peixes que eu havia fisgado, onde também convidamos os franceses do catamaram Zozie, que havíamos conhecido na noite anterior, o Remi e a Sophie, com a Marrie e o Louis, seus dois filhos. Comemos a vontade e voltei para o barco para preparar o polvo para a janta.
No final, não consegui congelar o polvo pela falta da geladeira, e mesmo cozinhando do jeito que eu cozinho agora, na panela de pressão por cinco minutos e depois deixar esfriar sem abrir a panela, o polvo não ficou do jeito que eu gosto, bem macio, mas estava gostoso e comemos assim mesmo, juntamente com um risoto de polvo.
Ontem o Zozie e o Free Spirit partiram cedo, indo para a ancoragem a Oeste da ilha de Lelepa, e logo o seguimos. Essa ancoragem, onde agora estamos, é um paraíso, com água rasa e transparente, cercada por uma barreira de corais, com um pequeno passe para adentrar na ancoragem, em uma praia de areia branca e fofa, como há tempos não víamos. Peguei um começo de resfriado com o mergulho prolongado que fiz em Ai Creek, então estou meio de molho, mas amanha vou mergulhar e procurar por polvos, conchas e lagostas.
Hoje fomos explorar a ilha, e encontramos a caverna que diziam haver por aqui, uma caverna escura e profunda que segue montanha adentro, onde os nativos puseram velas pelo caminho, que a gente vai acendendo a medida que se chega na próxima, deixando assim, uma trilha de velas acesas para marcar o caminho de volta. Não levamos uma lanterna e sem encontrar a próxima vela, acabamos retornando sem chegar ao fim, além da Lilian ter desistido de continuar por conta de falta de ar, e eu me recusar a ficar sozinho la dentro...
Depois da caverna fomos a procura dos destroços de um avião de guerra americano que caiu na ilha em 1942, e perguntamos a um nativo local se ele podia nos mostrar a trilha que nos levaria até la. Ele nos acompanhou e chegamos ao local onde o avião parece ter mergulhado de cabeça na terra, ficando completamente destruído em uma pilha de destroços de metal destorcidos. No caminho de volta achei um poleiro de galinha selvagem, que pode virar sopa uma noite dessas...
Hoje no final da tarde fomos para a praia para preparar o almoço, penne com molho de concha gigante, que preparei no barco antes de irmos. Usei um pouco da receita da Eneida Ceccon do Rapunzel, cozinhando a concha depois de limpa, em panela de pressão, mas usei meus próprios temperos, alho, alho poro e cebolinha, cozinhando por dez minutos com um pouco de água e azeite de oliva. Não preciso dizer que ficou uma delicia! O Karlo e a Jackie prepararam um bolo de chocolate, que comemos acompanhado do café que a Lilian levou.
Amanha vamos explorar a caverna novamente, na companhia do Karlo e da Jackie, mas dessa vez vamos levar lanternas de cabeça para termos mais luz la dentro...
Vamos continuar explorando a ilha de Efate antes de navegarmos para as ilhas mais ao Norte de Vanuatu, esperando a solução das peças da geladeira que não funcionaram. Do Norte da ilha, pego uma condução até Port Vila e apanho as peças que devem chegar da Nova Zelandia a semana que vem, aproveitando e dando baixa da ilha de Efate, pegando o Cruizing Permit das ilhas mais ao Norte...