segunda-feira, novembro 23, 2009

Inclusão de novas informações no blog:


A pedido de muitos dos meus leitores, adicionei no final da barra direita do blog, as especificações técnicas do Matajusi.

Adicionei também no final do blog as rotas percorridas durante 2008 e 2009, com os detalhes da rota de 2009.

Temos preparado o barco para a nossa partida na semana que vem, além de trabalhar na lista de ações de manutenção e alterações do barco. Essa semana tiramos as velas e revisei o mastro e retranca, mudando um pouco o sistema de risos no cockpit para facilitar o manuseio dos cabos de riso. Mandei o pau de spinaker para fazer ponteiro novo, e mandei fazer os roletes do bico de proa, que ficaram prontos hoje. Amanha eu os apanho e já instalo.

Comprei bote novo, um Caribe L9. Agora sim vamos ter um bote de cruzeiro! Talvez tenha que comprar motor de popa novo mais potente, de uns quinze cavalos, mas vou primeiro testar com o meu Mercury cinco HP e ver se plaina bem.

Encomendei um teclado para poder controlar o sistema E80 de dentro do barco e vou instalá-lo quando chegar. Isso vai me facilitar navegar de dentro da cabine quando as condições de temperatura, mar e vento não forem convidativas para ficarmos do lado de fora. Uma das principais funções do teclado vai ser a de cancelar mensagens de navegação que são postas em cima da tela quase inteira, tapando assim a razão da mensagem aparecer, por exemplo, algo que o radar pegou. Agora vamos poder ligar e modificar os parâmetros do radar de dentro do barco.

Vou tirar o mordedor e moitão que foi instalado em Joinville para o ajuste do Estai Volante (Running Back), e montar um sistema com redução onde a adriça fica presa ao brandal quando não esta em uso, pois da forma como esta hoje ela raspa na vela, causando um desgaste desnecessário. Os mordedores vou instalar junto com os outros do cock-pit para adicionar mais cabos do lado de dentro, como por exemplo o ajuste da esteira da mestra. Hoje tenho que ir ou mastro para soltar ou tensar a esteira.

Estou considerando fazer um alongamento da popa em fibra, para parafusar e soldar na popa, tampando assim a plataforma de popa evitando o arrasto na água que ela faz hoje, além de aumentar o espaço na popa para, por exemplo, instalar dois botijões de gás e talvez a balsa.

Estou cotando um enrolador novo para a trinqueta e devo instalar um para evitar minhas idas à proa quando com o barco esta em travessias.

A Lilian esta fazendo uma limpeza completa da parte de dentro do barco, lavando e secando cavernas e outras áreas que acabam ficando molhadas com os constantes vazamentos dentro do barco. Vamos agora trabalhar nos vazamentos.

Fiz lavagem e manutenção no motor de popa, mas parece que vou ter que levar para uma assistência mecânica especializada, pois não esta passando água de refrigeração. Amanha ponho o botinho de brinquedo à venda no Allan, onde esta o Guardian do Sombra e onde vou pintar o barco e consertar o hélice e leme.

Tirei toda a corrente nova para fora, lavei e remarquei com tie-up de plástico a cada dez metros. Lavamos o barco inteiro e amanha devemos começar a fazer o polimento das partes com aço inox. Vamos usar uma cera fabricada na Nova Zelândia que é só passar com um pincel, e lavar depois de dez minutos. Fica tudo novinho em folha!

Estamos procurando alguém que trabalhe com canvas para re-costurar o bimini e o dog-house que estão completamente descosturados. Vamos usar o material da capa de cobertura do barco em cima da retranca para fazer outras partes que queremos usar, como um telhado feito em duas partes, que junta o bimini ao dog-house. Como meu traveller é atrás, a escôta da mestra fica no caminho, então podemos usar somente a metade contraria de onde a retranca esta, ou levar a retranca para fora da área do telhado para poder fechar o telhado duplo. A partir do telhado vamos fazer uma parede de plástico transparente para cada lado, podendo fechar o cockpit completamente quando parados, ou somente a metade de barla quando navegando. Isso vai evitar os banhos de água salgada que estamos levando. Além disso, vamos instalar aquelas saias que vão presas no guarda-mancebo para evitar os respingos das ondas que batem no costado.

Enfim, vamos usar a experiência adquirida até agora para melhorar nossa segurança e conforto quando navegando.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Nossa vidinha em Opua:

No churrasco oferecido pela Patricia, Silvio na flauta, Sombra no bumbo, Gustavo (Canela) cantando, e Hugo/Talita (Beduina) e Augusto (Canela) de audiência:



Posição: Atracado na Asby’s Marina, 20/11/09, 21:08h Local (UTC +13)
Desde que chegamos temos tratado de uma lista enorme de manutenções alterações que queremos fazer no barco para a nossa volta ao cruzeiro depois da estação dos ciclones no Pacífico, entre Abril e Maio de 2010. Isso e muita convivência social entre os outros barcos, tanto de brasileiros como de outros amigos que fizemos no caminho, além dos brasileiros que por aqui vivem, incluindo o Comandante João Sombra.

O Sombra esta reformando o Guardian, depois da quebra da retranca e mais tarde do mastro. Ele estava em solitário a caminho da Nova Zelândia quando o vento e o mar apertaram e ele foi jogado ao mar quando estava fazendo um riso no mastro. O navegador experiente estava de colete e amarrado à linha de vida, então foi arrastado nas águas geladas até conseguir embarcar novamente, o que demorou um bom tempo. Exausto, voltou ao trabalho de finalizar o riso, mas entrou outra onde grande e com rajada de vento forte, que causou a quebra do mastro. Ficou em seu barco e acionou o EPIRB, equipamento que transmite a posição do barco em perigo para as equipes de salvamento mundiais. Trocou de roupa, se esquentou e foi dormir, sendo acordado algumas horas depois pelos aviões e helicópteros de resgate. Quando o paramédico embarcou descido do helicóptero e quis levá-lo para o helicóptero, Sombra disse que não sairia do seu barco, o que foi publicado nos grandes jornais da Nova Zelândia. Sombra mora no barco no seco, dentro do hangar que alugou para trabalhar no barco, que está completamente desmontado e sendo reformado, repintado e envernizado completamente. Ele espera terminar o barco para navegar a estação do ano que vem. Tomara, pois seria mais um amigo cruzando conosco, e um amigo excepcional, que tem sido extremamente prestativo a todos os brasileiros que por aqui estão. Ele tem um carro que põe a disposição de todos os amigos, quando não nos leva pessoalmente para conhecer lugares. Já nos levou para Paihia, Kerikeri, e Whangarei. Balbina, sua esposa esta passando uma temporada com ele aqui em Opua, mas deve retornar logo para Maceió, onde reside quando não esta embarcada.

Além dos amigos brasileiros de outros barcos como Pajé, Beduína, Bicho Vermelho, Canela, Ituska, Too Much, Azizah, e Lá Masquerade, aqui conhecemos também o Christiano do Vagabond, e o João Pescador, do Zazoo, cada um com suas historias, mas todos com o mesmo objetivo, conhecer mais do mundo, embarcado e vivendo a bordo.

O Christiano, um baiano jovem que era diretor da AMBEV e já acumulou algum patrimônio, largou tudo e foi dar a volta ao mundo em seu BB 36, fabricado no Brasil.

O João Pescador, de Búzios, já fez de tudo, teve pousada, construiu, foi pescador, e viu um anuncio de um barco brasileiro a venda na Nova Zelândia. Não teve duvidas, embarcou e veio checar o barco. Comprou na hora e hoje esta morando a bordo. Deve partir para uma meia volta ao mundo em sua viagem de volta ao Brasil. Continua excelente pescador como é conhecido em Búzios, além de um grande contador de historias e exímio cozinheiro, estando igualmente famoso pelo seu bolo de banana, já famoso em Búzios na sua pousada. Como não tem licença de pescador, distribui seu peixe entre os amigos brasileiros daqui.

Conhecemos também a Patrícia, gaucha agora casada com um neozelandês chefe de cozinha, e vivendo aqui já há sete anos. Ela ofereceu sua casa, com vista magnífica da baia das ilhas, para um churrasco onde foram todos os brasileiros vivendo aqui mais os que chegaram embarcados. Lá conhecemos o casal Ivan e Marizete, ambos brasileiros, ele mecânico da Yanmar e ela chefe de cozinha, e o Davi e a Silvana, ele dono da oficina Yanmar daqui, e ela é sua sócia na loja.

Além dos brasileiros ainda temos todos os nossos outros amigos que fomos fazendo pelo caminho, Canadenses, Americanos, Ingleses, Franceses, Neozelandeses, Austríacos, Suíços, Suecos, Argentinos, Sul-Africanos, Alemães, entre outros, e com isso nossa vida social está intensa, mas ainda temos muito trabalho para fazer no barco, uma para prepará-lo para hibernar até a nossa volta do Brasil no final de Março de 2010, e outra para melhorar o barco para a continuidade da nossa viagem de volta ao mundo.

Minha lista de manutenção e alterações no barco é razoável e já comecei a trabalhar em algumas coisas. Refiz e revisei o suporte de inox do piloto, agora adicionando uma junta feita de garrafa pet entre a base do piloto que é de alumínio e o suporte que é de inox, aproveitando para re-apertar o pino de conexão do braço do piloto no quadrante, que mandei fazer em inox em Curaçao.
Tirei a genoa, que vou mandar revisar e reforçar a amura que esta meio gasta, e vou tirar a mestra e consertar o moitão da bicha no topo da vela que esta descosturando a vela ao seu redor.

Mandei fazer dois roletes novos para a âncora no bico da proa e vou rejuntar todos os parafusos e equipamentos no deck para tentar parar com os vazamentos internos.

Vou tirar o barco da água, lixar e pintar o fundo de novo, lubrificar e revisar a hélice da kiwi-prop e refazer o ajuste do eixo do leme com peças novas que vou mandar fazer por aqui, além de instalar mais um furo no casco debaixo da proa para usar como entrada de água do dessalinizador, hoje utilizando a saída de águas negras do tanque de águas negras, que esta inoperante por causa disso. Aproveito que o barco esta fora e troco o óleo da rabeta. Além disso vou tentar instalar um cortador de cabos no eixo do hélice, se possível.

Estou procurando por um enrolador para adicionar ao babystay para não mais ter que ir para a proa quando quiser usar a trinqueta. Vou reformar a vela para tirar os garrunchos e incluir o encaixe no perfil de alumínio do enrolador novo. Vou também instalar um tensionador no estai de popa, trocando os terminais duplos por um estai flexível que passa por um moitão na base do estai principal. Isso vai me permitir folgar o estaiamento quando o barco estiver parado, além de caçar mais para ter uma orça melhor.

Tenho que mandar fazer um pino novo para o pau de spinaker pois o pino original caiu na água.

Vou revisar o VHF principal e se preciso for, trocar a fiação da antena desde o mastro até o painel elétrico.

Além disso, faz parte dos planos a instalação de mais três baterias Óptima Marine no lugar da bateria de arranque, adicionando mais cento e cinqüenta amperes de carga de energia nas baterias. Se possível, ainda instalo mais uma placa solar de cento e trinta watts repondo a única de trinta e dois que ainda esta instalada. Se necessário, refaço a antena do SSB.

Vou instalar um painel de controle do E80 no salão, para não ter mais que sair para fora em temporal para cancelar mensagens do E80. Se conseguir, vou separar a fiação do SSB da do piloto automático numa tentativa de resolver o problema do piloto soltar quando falo em algumas freqüências do SSB, principalmente quando o motor esta ligado.

Como podem ver, não vai ser por falta de trabalho que vamos ficar de papo para o ar por aqui...

Notem que adicionei uma lista de links aos sites de outros barcos brasileiros, nossos amigos, viajando pelo mundo, além de uma lista técnica do Matajusi que muitos leitores já me pediram.

Chegamos ao Brasil no dia seis próximo e já temos nossa primeira palestra que será no Iate Clube de Ilha Bela no dia 6/12, onde a Tatiana minha filha também vai se apresentar, com voz e violão, cantando algumas das suas musicas próprias entre outras musicas de seu repertorio e aproveitando para vender seus CDs.

sexta-feira, novembro 13, 2009

Completamos nossa ultima perna de 2009, Opua, Nova Zelandia:


Atracados na Opua Marina.
Posição: S35 18.900 E174 07.251, 14/11/09, 11:00h Local (UTC +13)
Aqui estamos, em Opua na Nova Zelândia, depois de uma chegada dificultada pelos ventos fortes e contra o rumo que tínhamos que ir, e por correntes que não conhecíamos que nos desviavam o tempo todo do nosso rumo. Em cima disso, as ondas estavam altas e fortes, e cobriam o barco de água, dificultando nossa travessia, pois desviavam o barco do rumo além de provocarem uma enxurrada dentro do barco. Do lado de boreste, armários, roupas, camas, painel elétrico, paiol, tudo constantemente encharcado de água salgada, mais uma vez demonstrando a total falta de responsabilidade do estaleiro que construiu o Matajusi. Vamos acertar esses problemas enquanto aqui na Nova Zelândia, mas fato é que não deveríamos tê-los em primeiro lugar.
Todos os barcos que chegaram juntos conosco tiveram o mesmo problema de não conseguir velejar no rumo correto. Alguns testavam suas bussolas, outros iam para a mesa de navegação refazer a rota, outros davam bordo mudavam o rumo, tudo em uma tentativa de entender porque não conseguíamos seguir adiante. Mas, no final, todos chegaram, congelados, e no nosso caso, também encharcados.
Eu ainda não tenho as cartas Navionics para Nova Zelândia, e as cartas que tenho Garmin e CMap estavam completamente fora, então, como entramos de dia, vim consultando uma carta de um panfleto que pegamos na Marina Tainá em Papeete, de Opua. Agora vou comprar as cartas que me faltam para completar a viagem de volta ao mundo, incluindo Nova Zelândia, Austrália, Indonésia/Indico, e África do Sul dos dois lados, Indico e Atlântico.
Chegamos a Opua as onze e meia da manha do dia doze, e mesmo sem ser supersticioso, evitei entrar no dia seguinte, sexta-feira dia treze! Na reta final para o píer do Customs, onde ficaríamos em quarentena até passarmos pela vistoria, fritamos meus dois últimos filés de carne Uruguaia comprados congelados em Raiatea. Estavam deliciosos e seriam jogados fora durante a vistoria. Na vistoria, recolheram tudo que tinha semente, carne ou osso, mas já havíamos doado quase tudo que tínhamos para as famílias pobres de Tonga. Mesmo assim, encheram um saco de lixo dos grandes com caçarolas de pato em lata, molhos de macarrão com carne moída, feijões, grãos de bico, lentilhas, frutas e verduras.
Depois que passamos pela vistoria do barco e do casco, chamamos pelo VHF radio a marina de Opua para ver onde iríamos atracar, e fiquei surpreso de saber que eles estavam com a última vaga. Todos me disseram pelo caminho que eu não precisaria fazer reserva, pois tinha lugar para todo mundo! No final, fiquei na vaga D13 até hoje, e amanha mudo para outra marina, a Ashby's, aqui pertinho. O Beduína e o Canela estão lá.
Estou trabalhando muito no barco e nos contatos com profissionais locais e marinas, além dos emails, então vou escrever mais depois, contando sobre todos os outros brasileiros que encontramos por aqui. Amanha temos churrasco na casa da Patrícia, outra brasileira que mora por aqui, e vamos conhecer ainda mais brasileiros. Essa vida social está ótima, mas atrapalha minha rotina de trabalho para hibernar o barco até nosso retorno em Março de 2010...
----------
radio email processed by SailMail
for information see: http://www.sailmail.com/

segunda-feira, novembro 09, 2009

Quinto dia da travessia para a Nova Zelandia:





Posição: S32 14.397 E175 17.929, 10/11/09, 13:08h Local (UTC +13)
Estamos cansados! Depois de dois dias, continuamos batendo muito e o vento esta contra o nosso rumo desejado para Opua, então vamos em zigue-zague. Além disso, o vento muda de direção e intensidade o tempo todo, difícil de ajeitar as velas assim, então, deixo as velas reguladas para a orça (máximo contra o vento possível) e mudo a direção do barco para acompanhar a mudança do vento.

Estamos navegando ajudando no motor, mas descobri ontem que o tanque de boreste tinha somente uns vinte litros. Achei que estava cheio e não completei com diesel em Nuku Alofa, então temos que ser mais conservadores no uso do diesel antes de chegarmos a Opua. Que vamos ter que empurrar no motor não tem a menor duvida. Todos os barcos que já chegaram ajudaram no motor. Alguns nem vela usaram, foram direto no motor. Também, quando foram, na semana passada, estava calmaria a travessia toda. Esses não sofreram nada. Nós que paramos no Minerva acabamos pegando uma daquelas condições pela qual a Nova Zelândia é conhecida pelos navegadores. Parece que os deuses de lá não querem que cheguemos... Mas, não somos os únicos... tem mais de trinta barcos na mesma travessia hoje, alguns mais para a frente e outros mais para trás.

O problema de mar bravo e irmos na orça adernados para bombordo (lado esquerdo) é que nessa posição entra muita água pelos vazamentos ainda a serem encontrados e corrigidos no barco. Hoje de manha tiramos mais de uma panela cheia de água salgada de dentro da fralda de plástico que adaptei dentro do painel de eletricidade! Que saco! Eu tenho que viver com a incapacidade e a irresponsabilidade do estaleiro que escolhi para construir meu barco! Eles sabiam que eu ia fazer uma volta ao mundo e eu insisti para eles capricharem nas vedações!!! Ninguém merece!

Estamos a cento e oitenta milhas de Opua, mas no momento só estamos conseguindo VMG (velocidade medida entre minha posição e a posição que quero ir) de três nós. Mais umas vinte milhas e vou dar o bordo (virar o barco para o outro lado do vento) para o leste de novo, torcendo para aumentar meu VMG para Opua. De qualquer forma, não parece que chegaremos lá amanha, ou se chegarmos, deve ser à noite. Sem problema, pois Opua é muito bem sinalizada, então entro a noite mesmo.

----------
radio email processed by SailMail
for information see: http://www.sailmail.com/

Silvio Ramos chegará ao Brasil


Silvio Ramos chega ao Brasil

A chegada da estação de ciclones no Pacífico vai trazer os brasileiros que fazem a volta ao mundo no veleiro Matajusi, Silvio Ramos e Lilian Monteiro, para uma temporada no Brasil. Além de aproveitar para matar a saudade da família e amigos, a dupla também promoverá o projeto em marinas, associações e espaços culturais/náuticos.

A ideia é compartilhar as experiências da viagem, trocar informações de navegação e ainda falar da vida em um veleiro, onde o espaço é pequeno e quase sempre a terra firme está distante. Prestabilidade e disposição são um dos temas que Silvio ressalta em sua palestra, além dos belos relatos de seu contato com a natureza e diferentes culturas. Filmagens feitas ao longo da viagem também serão apresentadas.

Como não se desligou das atividades da empresa onde Silvio é gerente-geral da América Latina, a Harte-Hanks, ele aproveita a oportunidade para visitar a empresa e se encontrar com clientes. Enquanto isso, o blog do projeto (www.matajusi.blogspot.com) é atualizado pelo contato de Silvio em terra firme, o irmão e médico do projeto, Sergio Ramos. Além de realizar consultas e dar orientação médica para a dupla, ele também se encarrega de postar fotos, atualizar o blog com os textos enviados por Silvio e resolver assuntos pessoais.

A viagem de Silvio Ramos e Lilian Monteiro está para completar um ano. Desde janeiro de 2009 a dupla vem se aventurando por diferentes destinos como Trinidad e Tobago, Galápagos, Fatu Hiva, Apataki e Bora Bora, estas últimas ilhas localizadas na Micronésia.

Daqui até dezembro, os preparativos para sua chegada são muitos. Fique de olho para saber a programação de Silvio Ramos e Lilian Monteiro e confira uma de suas palestras! Em breve divulgaremos agenda.

Contato para palestras e informações:
Susan Eiko Togashi

domingo, novembro 08, 2009

Quarto dia da travessia para a Nova Zelandia:

Posição: S30 59.213 E175 50.230, 09/11/09, 11:04h Local (UTC +13)
Ontem assistimos dois filmes enquanto estávamos na calmaria, depois vimos as nuvens chegando pelo Sueste, e já deixamos o barco preparado para os dois pirajás (squalls) que vinham se aproximando, um de cada bordo (lado) do barco. Fui logo para o segundo riso da mestra, e já estava sem genôa, somente com a trinqueta bem caçada, então deixei assim. No final, não pegamos muito vento, pois estávamos bem no meio dos dois squalls, mas o vento vinha de todas as direções, impossível de ajustar as velas para aquilo, então deixei a mestra no meio, com o traveller meio solto dos dois lados assim ele podia correr sozinho. Ficou indo para lá e para cá por um bom tempo, e aí começamos a pegar um vento de dez nós de Sueste. Mudei o rumo e as velas para aproveitar melhor esse vento, e ficamos assim até hoje de manha, quando o vento foi mudando para Sul, e depois para Sul-Sudoeste, onde estamos até agora. Balançamos muito a noite toda e não conseguimos dormir bem dentro da maquina de lavar roupas! Muito frio lá fora e toda vez que saímos da cabine é uma rotina enorme de vestir tôca, macacão próprio para esse tempo e a prova d'água, e colete com boné a prova d'água. Às vezes temos que sair sem essa rotina toda, como por exemplo, quando o barco aderna muito e temos que ir soltar o traveller ou a escôta da mestra, e logo em seguida começam os espirros!

A temperatura da água está a vinte graus, às vezes dezenove, e a do ar vinte e três e baixando na medida em que vamos indo mais para o sul. Não tínhamos planejado estar nesse frio, e não trouxemos roupas apropriadas, vamos ter que comprar na Nova Zelândia. Outro erro foi tirar o aquecedor elétrico do barco, pensando que não iríamos precisar mais! O usávamos quando estávamos em São Francisco do Sul durante o inverno, na revisão do barco pelo estaleiro.

Estou ajudando no motor, pois Opua fica a menos de trinta graus desse vento, esperando que a previsão esteja certa e que o vento mude mais para Nordeste enquanto vamos nos aproximando de Opua, assim vamos corrigindo a rota para a aterragem.

Estamos a trezentos e sessenta milhas de Opua, e estimamos nossa aterragem na Bay Of Islands, na ilha Norte da Nova Zelândia para o dia onze de Novembro, com mais umas sessenta horas de navegação.

O Bicho Vermelho já chegou a Opua, e nos passou um email descrevendo a revista do barco e procedimentos de entrada na Nova Zelândia. O Sarava esta chegando essa manha. Os dois foram direto de TongaTapu para Opua, não parando no Minerva como nós outros.

Essa noite, quando não conseguia dormir, fui rever os comentários que chegam no blog do Matajusi. Com exceção dos do pessoal ligado ao estaleiro, 99% são positivos e me inspiram e motivam a continuar descrevendo o melhor que posso essas aventuras. No início de Dezembro voamos, eu e a LiLian para SP, e vou fazer varias palestras e apresentações de fotos e dos filmes que temos até agora. Vou postar no blog as agendas para informação daqueles leitores que queiram assistir a alguma palestra. Aos que quiserem ser informados sobre nossa agenda, deixem seu email com seu comentário no blog, assim os incluímos na nossa lista de distribuição. O blog parece estar agradando, pois os acessos têm subido a cada mês e já ultrapassamos os três mil acessos/mês. Obrigado pelo seu interesse nas nossas aventuras...

----------
radio email processed by SailMail
for information see: http://www.sailmail.com/

sexta-feira, novembro 06, 2009

Segundo dia da travessia para Nova Zelandia:


Posição: S27 47.442 W178 39.470, 07/11/09, 12:43h Local (UTC +13)
A Nova Zelândia já passou para horário de verão, então vamos continuar com UTC +13, igual ao horário de Tonga.

Estamos em calmaria quase que total, com uma pequena brisa abaixo de quatro nós vindo quase que no nariz, então estamos indo no motor, a mil e oitocentos giros, que deve dar um consumo de um ponto oito litros por hora. Estou somente com a mestra inteira, bem caçada com o burro e com retranca no meio do barco para ajudar a empurrar o barco um pouco. O dia esta absolutamente lindo, com mar de almirante, uma pequena ondulação longa ajudando a empurrar o barco para a frente, sol forte, céu e água azuis, temperatura da água de vinte e três graus e do ar de vinte e seis graus.

Alguns barcos já com problemas, o Carinthia quebrou a retranca, e o Nine Of Cups esta com vazamento grande de óleo diagnosticado como anel quebrado, e acabou o óleo de reposição que tinham a bordo. O Cat Mousses e o Alexander VI desviaram da rota em que estávamos e seguiram quarenta e cinco milhas a Oeste para suprir o Nine of Cups com os quinze galões combinados de óleo que tem a bordo. Eu continuei na rota mais a Leste para testar como vão ser as diferentes rotas de chegada na Nova Zelândia. A maioria dos outros barcos esta vindo pelo Oeste, pela rota sugerida pelo Jimmy Cornell.

Estamos devorando toda a comida a bordo, pois na chegada à Nova Zelândia eles jogam fora tudo que sobrar. Precisamos promover essas regras para barcos da Nova Zelândia que chegam ao Brasil! Isso promove a economia local, pois todos os barcos que chegam tem que provisionar quase que do zero de novo. A ABVC poderia trabalhar nesses lobbies, aliás, a ABVC poderia reconhecer e divulgar os muitos barcos brasileiros que estão em cruzeiro pelo mundo. Fica aí a sugestão.

Continuando com equipamentos a bordo, as bombas e o aquecedor comprados na Regatta continuam funcionando bem, com exceção da bomba de água salgada, mas pode ter tido um engraçadinho no estaleiro que resolveu abri-la e não fechou direito. Desmontei inteira, toda enferrujada, e refiz, engraxando tudo e por incrível que pareça, ainda funciona.

O Duo Gen não deu nenhum trabalho e o único problema foi na instalação que eu fiz, onde uma conexão precisou de re-aperto. Os rádios funcionam bem, mas a instalação do VHF no mastro precisa ser trocada. Algo esta errado na instalação e não consigo receber bem a distâncias maiores. O meu radio de reserva no cockpit, com antena em cima da targa, funciona muito bem, mas a instalação da antena foi eu que fiz.

O radio SSB, apesar de ter sido lavado com água salgada, em um dos muitos vazamentos deixados pelo estaleiro, é um dos melhores equipamentos a bordo, pois tem uma transmissão e recepção formidáveis e em geral sou um dos melhores rádios nas NETs SSB. A instalação do Pactor modem e o uso do Sailmail salvou a gente de morrer de tédio, pois estamos varias vezes por dia em contato com família, amigos e empresas.

A pia onde usamos água salgada esta completamente enferrujada, assumo que o material era de segunda. O trabalho de aço inox feito pelo Marcelo no Píer 26 esta perfeito até hoje! Usou aço de ótima qualidade, conforme o que paguei.

O alternador Balmar funciona até hoje, mas pela metade. Chegando na Nova Zelândia vou ver o problema. Desconfio que a instalação errada que o eletricista do estaleiro fez no inicio danificou esse equipamento, pois deveria carregar até cem amperes com as baterias vazias, mas no máximo carrega quarenta.

As placas solares são nota dez, e mantém tudo funcionando de dia e com bateria suficiente para passar a noite, depois de dias ensolarados. O Matajusi é até hoje o barco de melhor composição de energia X consumo que encontramos pelo caminho. As placas solares mantêm as baterias carregadas, e só tenho duzentos e vinte e cinco amperes no banco de serviço, o menor que já encontrei pelo caminho. O gerador de arrasto carrega as baterias durante a noite, quando em travessias. Todas as lâmpadas são de LED, mas como dito anteriormente, setenta e cinco por cento das de marca Optolamp já queimaram e algumas mais de uma vez. Acredito que o regulador usado pela Optolamp não previa alterações de voltagem entre onze e quatorze volts, muito comum em barcos a vela, e infelizmente eles nunca me deram qualquer atenção quanto aos problemas que tive.

O watermaker apresentou um pequeno vazamento em umas das tubulações originais, mas depois de um aperto ficou normal de novo. Outro equipamento formidável que tenho no Matajusi. Usa pouca energia das baterias (8ª), e gera até quarenta litros de água por hora. A água que bebemos hoje é dessalinizada por ele e deliciosa.

A instalação no painel de controle do Yanmar do lado de fora da cabine não foi uma boa idéia, pois hoje nenhuma lâmpada funciona e esta sempre com algum mal contato. Na entrada da cabine teria sido uma opção melhor.

As bussolas são de brincadeira e não tem a menor serventia para travessias ou mesmo cruzeiro. Preciso comprar novas e trocar.

As gaiutas Lewman, com exceção de um fecho que quebrou e não consegui a peça correta para trocar, então improvisei, não deram problemas maiores.

O bimini e dog-house feitos pelo Alex do Píer 26 estão completamente destruídos, mas o material continua bom, foram as costuras que estão abrindo todas, provavelmente uso de linha não própria para esse trabalho.

As velas da North Sales continuam boas, mas algumas costuras também estão abrindo. Preciso fazer uma manutenção nelas na Nova Zelândia.

A hélice da Kiwiprops esta dando trabalho, pois emperra na posição de ré e precisa acelerar forte para fazê-la virar para a frente de novo, e isso as vezes da um tranco na transmissão que preferia evitar. Vou revisar chegando na kiwiland.

O guincho, depois da troca das peças quebradas pela instalação errada feita pelo estaleiro, mais a re-instalação feita por mim, mais a troca da corrente, não deu mais nenhum trabalho.

O bote vai ser trocado na Nova Zelândia por um bote mais apropriado para cruzeiro.

Bom, hora de almoçar e ir ao cinema...

----------
radio email processed by SailMail
for information see: http://www.sailmail.com/

Primeiro dia da travessia entre Minerva e Nova Zelandia:


Exibir mapa ampliadoPosição: S26 02.000 E179 28.000, 06/11/09, 16:05h Local (UTC +13)
Depois de navegar cento e quarenta e oito milhas desde ontem, quando saímos do Minerva Reef Sul, ainda temos seiscentas e dezessete milhas pela frente antes de chegarmos à Nova Zelândia. O vento tem ajudado, mantendo entre dez e dezoito nós nessas primeiras vinte e quatro horas e estamos conseguindo uma boa singradura, com mares calmos e dias ensolarados.

A previsão diz que teremos pouco vento nos próximos dois dias, e depois um dia de vento na cara, mas isso não me preocupa, pois quando nossa velocidade baixar dos cinco nós, eu ajudo com o motor e temos diesel suficiente para chegar à Nova Zelândia somente no motor.

Na nossa frente vão o Bicho Vermelho e o Sarava, que fizeram rota direta sem parar no Minerva, e atrás vem o Canela, Pajé e Beduína. Pelo SSB falamos duas vezes ao dia na freqüência 8143 USB, as 9h e 19h local (UTC +13) então sabemos que todos estão bem e animados com esse mar calmo, mesmo com pouco vento.

Hoje fui o Net Controller da Big Mama's Net, minha primeira vez como Net Controller, usando a freqüência oito alpha e oito bravo como backup, respectivamente 8294 e 8297. Cadastrei a posição e condições de vinte e três barcos, e o único problema foi uma NET Australiana que pisou em cima da nossa NET, então mudei para a freqüência de backup no meio da NET.

O Cat Mousses e o Alexander VI, meus companheiros de mergulhos, que saíram do Minerva Sul umas quatro horas antes de mim, pois tive algumas manutenções para fazer antes de partir para uma travessia que poderia usar acima de duzentas horas de motor, se fosse o caso, estão à algumas milhas na minha frente, no mesmo rumo de 200° que estou indo. Esse rumo me leva direto para Opua. Muitos outros barcos usam um rumo onde eles primeiro vão para Oeste, e só viram para Sul quando chegam a uma posição diretamente ao norte da Nova Zelândia. Observando o Grib (previsão) todos esse dias, cheguei à conclusão que poderia ir mais a Leste e pegar ventos melhores. Ainda vamos ter que ver se essa estratégia vai dar certo, pois tem uma corrente de Oeste para Leste no norte da Nova Zelândia que pode me empurrar mais para fora da rota direta, ou posso pegar ventos do quadrante Norte, o que me empurraria também para fora da minha rota direta, mas se esse for o caso, ajudo no motor.

De manutenção, tive que trocar o óleo do motor, pois estava grosso e não seria bom ir nessas condições se tivesse que motorar muito durante essa travessia. Quando abri a tampa para limpar o filtro de combustível, aproveitei para dar uma olhada geral, e percebi a correia do alternador secundário, o Balmar, meio solta. Quando fui apertar, notei que o parafuso que segurava o braço de ajuste do alternador havia quebrado. Deu um trabalhinho, pois o parafuso quebrado ficou dentro do suporte, e tive que improvisar para tirá-lo de lá. Mas no fim deu tudo certo e quatro horas depois eu estava partindo do Minerva Sul...

Sempre critico o que acontece de ruim no meu barco, e sou muito conhecido (acho até que odiado por uns) por isso, e quero também comentar sobre os equipamentos que não me deram trabalho e funcionaram conforme minha expectativa. O mastro e retranca do Matajusi são da Farol, o estaiamento, enrolador, carrinho, traveler, burro, moitões e catracas são da Nautos, o motor é Yanmar e não tenho a menor reclamação desses equipamentos. Acho que o estaiamento é um dos pontos fortes do Matajusi, pois agüentou muito bem todos os meus maus tratos por falta de experiência, principalmente no começo.

Bom, tenho mais uns quatro a cinco dias pela frente, então vou parar por aqui e guardar um pouco para os próximos dias...

----------
radio email processed by SailMail
for information see: http://www.sailmail.com

quinta-feira, novembro 05, 2009

Ancorado no Minerva Reef do Sul:


Posição: S23 56.599 W179 07.156 05/11/09 10:53h Local (UTC +13)
Depois de comer um fusili com lagosta delicioso, dormimos no Minerva do Norte, relativamente bem, pois quando a maré enche, alguma ondulação passa por cima da barreira de coral e acaba balançando os barcos ancorados dentro do recife.

Levantamos ancora as oito da manha de ontem e velejamos ajudando no motor para o Minerva do Sul. Passamos pelo passe sem qualquer problema, pois a carta Navionics que eu uso a bordo descreve perfeitamente o passe e os cabeços em volta e pelo caminho da ancoragem a leste dentro do recife. Ancoramos do lado do Cat Mousses e do Alexander VI, e fomos nos preparar para um mergulho, onde acreditávamos iríamos pegar muitas lagostas.

Mesmo na maré baixa conseguimos entrar dentro da laguna do lado sul do recife, completamente cercada por uma barreira larga de coral. Aproveitamos os pequenos canais feitos pela saída da água das ondas de fora do recife que acabam despejando alguma água dentro da laguna para ir empurrando o bote com os remos para dentro. Atravessamos a laguna e fomos procurar algum lugar com uma parede de coral perto da barreira, mas não achamos, somente areia que acabava ficando muito raso e sem paredes para as lagostas ficarem.

Mergulhamos em vários cabeços no meio da laguna, e vi muitos peixes grandes, inclusive um mero. Deixei-os quietos por lá e fui caçar uma garoupa menor, de uns oito quilos e uma lagosta quase branca de antenas bem compridas. Procurei muito, em mergulhos rasos, médios e profundos, e nada das lagostas.

Resolvemos atravessar de volta e ir mergulhar nos passes. Lá peguei mais uma lagosta, um badejo de uns seis quilos, e aí começou uma farra das boas, quando um tubarão cinza comum no Minerva do Sul começou a mostrar sinais de agressividade, quando eles chegam perto e começam a se contorcer. Como a Danny tinha encomendado um tubarão para que eu pudesse ensiná-los a limpar e cozinhar, resolvi que aquele era do tamanho ideal para esse fim, e, na sua próxima demonstração de agressividade, atirei atrás da barbatana lateral, com ele de lado para mim. O arpão atravessou, e vi que ele estava bem preso. Ele ficou se debatendo muito, e espalhando sangue pela água. Nisso pedi a arma do Jack e dei mais um tiro na cabeça, mas não entrou e ele disparou para cima do Rene, que o manteve a distancia segura com uma fisga que ele tinha na mão. Puxei a linha do arpão ate conseguir ficar com o arpão na mão, onde poderia controlar melhor os movimentos dele, e peguei o meu arpão havaiano e atravessei de guelra a guelra com ele. Agora, com dois arpões espetados eu tinha um controle melhor da sua boca, que não parava de tentar morder algo! Trouxe-o mais para perto, e com a faca fui dando facadas dentro da guelra, espalhando ainda mais sangue pela água, e não deu outra, o papai tubarão e a mamão tubarão chegaram com mais três irmãos crescidos para checar o que estava acontecendo de diferente naquele passe.

Pedi para todos subirem no bote, e continuei tentando matar o bicho, enquanto os outros cercavam e diminuíam o circulo. Quando eles chegavam muito próximos, eu batia com o pé de pato na superfície da água e isso os espantava por um tempo, mas eles foram se acostumando com aquilo e foram chegando mais próximos. Eu não queria entrar no bote com um tubarão vivo, pois alem do Jack e do Rene, tínhamos dois filhos do Rene a bordo, além da possibilidade do tubarão morder o bote, então continuei, e com o arpão havaiano batia na superfície da água próximo de onde estava vindo o papai deles. Isso o afugentava de novo.

Consegui tirar o arpão com o qual o havia segurado, e fiquei somente com o havaiano atravessado de guelra a guelra, e passei ele para o Rene já a bordo do bote. Olhei para baixo e vi que os outros estavam ficando agressivos e chegando muito perto para meu conforto, então subi a bordo. Acabamos de matar o bicho com algumas facadas atravessando a cabeça, e retornamos para o Cat Mousses para limpar aquilo tudo e preparar a janta comunal. O Rene havia pego umas seis conchas gigantes e com os músculos delas, o Jack preparou uns aperitivos deliciosos. As lagostas foram servidas cortadas em pedacinhos, para comer com maionese, e o tubarão cozido em postas com molho de tomate alho e cebola. No final, estava tudo uma delicia e ficamos entre comendo e batendo papo até depois da meia-noite.

Retornamos ao Matajusi e ainda fomos preparar um yogurt para dar para a Danny no dia seguinte, e um chá quentinho para tomarmos antes de ir dormir.

Hoje as sete e pouco o Rene já estava no radio chamando todos para partir, mas eu ainda preciso fazer umas manutenções antes de passar uma semana ou mais no mar, então eles acabaram de partir e eu fiquei sozinho nesse paraíso único, onde só se chega de barco, um desses lugares e alguns amigos que adicionam mais horas de prazer na nossa viagem...

----------
radio email processed by SailMail
for information see: http://www.sailmail.com/

terça-feira, novembro 03, 2009

Ancorado no Minerva Reef do Norte:


Posição: S23 39.459 W178 54.036, 03/11/09, 18:34h Local (UTC +13)
Completamos a travessia entre TongaTapu e Minerva Reef no tempo estimado, chegando ao Minerva hoje as 14:00h. Foi chegar, ancorar, comer um almoço rapidinho, feito com aquele mahi-mahi da foto, e ir mergulhar, o que me rendeu uma bela lagosta. Amanha eu serei o NET controller da Big Mama's NET, na frequencia 8294 USB, as 10:00 (UTC +13). Vou ter que rodar a NET a caminho do Minerva do Sul.

Vamos saborear a lagosta com um fusili para a janta, dormir, e levantar ancora amanha cedo para mudar ancoragem para o Minerva do Sul, a vinte e duas milhas daqui. Para lá foram o Cat Mousses e o Alexander IV, e combinamos um mergulho no meio do dia. Vamos tentar pegar mais lagostas. Olhem pela foto, elas são enormes por aqui. No mergulho vi muitos tubarões galha branca, mas eles parecem ser bem tímidos, sempre fugindo de mim. Mergulhei somente com um arpão havaiano, sem elástico, e somente para pegar lagostas, mas acabei cutucando uns tubarões que estavam dentro das tocas onde eu fui procurar lagostas, para eles saírem da frente. Em um dos mergulhos, vi uma tartaruga que tinha acabado de pegar uma lagosta. Ela já tinha comido o corpo e cabeça, e estava devorando as pernas. Agora, vou preparar a lagosta com fusili...

----------
radio email processed by SailMail
for information see: http://www.sailmail.com/

segunda-feira, novembro 02, 2009

Primeiro dia da travessia para Minerva Reef:


Posição: S22 49.000 W177 32.000, 02/11/09, 18:44h Local (UTC +13)
Com ventos entre dez e vinte nós vindos do sudeste, e ondas entre um e quatro metros, também do sudeste, navegamos em um mar hora calmo hora crespo, em uma media de 4,7 nós/hora. Estamos em um grupo de cinco barcos, três brasileiros e dois canadenses. Conosco navegam o Beduína, o Pajé, o Cat Mousses e o Alexander IV. Tempos mais oitenta milhas para chegar ao Minerva Reef do norte, e estimamos aterrar umas oito da manha de amanha. Tudo e todos bem a bordo. A temperatura continua abaixando, tornando incomodo ficar no cockpit. Tomar uma onda, nem pensar, então ficamos mais tempo dentro da cabine. Mais de trinta barcos estão a caminho da Nova Zelândia por essa mesma rota, alguns parando no Minerva Reef, outros seguindo direto para Opua. Serão mais cinco ou seis dias de Minerva até Opua.

----------
radio email processed by SailMail
for information see: http://www.sailmail.com