quinta-feira, novembro 05, 2009

Ancorado no Minerva Reef do Sul:


Posição: S23 56.599 W179 07.156 05/11/09 10:53h Local (UTC +13)
Depois de comer um fusili com lagosta delicioso, dormimos no Minerva do Norte, relativamente bem, pois quando a maré enche, alguma ondulação passa por cima da barreira de coral e acaba balançando os barcos ancorados dentro do recife.

Levantamos ancora as oito da manha de ontem e velejamos ajudando no motor para o Minerva do Sul. Passamos pelo passe sem qualquer problema, pois a carta Navionics que eu uso a bordo descreve perfeitamente o passe e os cabeços em volta e pelo caminho da ancoragem a leste dentro do recife. Ancoramos do lado do Cat Mousses e do Alexander VI, e fomos nos preparar para um mergulho, onde acreditávamos iríamos pegar muitas lagostas.

Mesmo na maré baixa conseguimos entrar dentro da laguna do lado sul do recife, completamente cercada por uma barreira larga de coral. Aproveitamos os pequenos canais feitos pela saída da água das ondas de fora do recife que acabam despejando alguma água dentro da laguna para ir empurrando o bote com os remos para dentro. Atravessamos a laguna e fomos procurar algum lugar com uma parede de coral perto da barreira, mas não achamos, somente areia que acabava ficando muito raso e sem paredes para as lagostas ficarem.

Mergulhamos em vários cabeços no meio da laguna, e vi muitos peixes grandes, inclusive um mero. Deixei-os quietos por lá e fui caçar uma garoupa menor, de uns oito quilos e uma lagosta quase branca de antenas bem compridas. Procurei muito, em mergulhos rasos, médios e profundos, e nada das lagostas.

Resolvemos atravessar de volta e ir mergulhar nos passes. Lá peguei mais uma lagosta, um badejo de uns seis quilos, e aí começou uma farra das boas, quando um tubarão cinza comum no Minerva do Sul começou a mostrar sinais de agressividade, quando eles chegam perto e começam a se contorcer. Como a Danny tinha encomendado um tubarão para que eu pudesse ensiná-los a limpar e cozinhar, resolvi que aquele era do tamanho ideal para esse fim, e, na sua próxima demonstração de agressividade, atirei atrás da barbatana lateral, com ele de lado para mim. O arpão atravessou, e vi que ele estava bem preso. Ele ficou se debatendo muito, e espalhando sangue pela água. Nisso pedi a arma do Jack e dei mais um tiro na cabeça, mas não entrou e ele disparou para cima do Rene, que o manteve a distancia segura com uma fisga que ele tinha na mão. Puxei a linha do arpão ate conseguir ficar com o arpão na mão, onde poderia controlar melhor os movimentos dele, e peguei o meu arpão havaiano e atravessei de guelra a guelra com ele. Agora, com dois arpões espetados eu tinha um controle melhor da sua boca, que não parava de tentar morder algo! Trouxe-o mais para perto, e com a faca fui dando facadas dentro da guelra, espalhando ainda mais sangue pela água, e não deu outra, o papai tubarão e a mamão tubarão chegaram com mais três irmãos crescidos para checar o que estava acontecendo de diferente naquele passe.

Pedi para todos subirem no bote, e continuei tentando matar o bicho, enquanto os outros cercavam e diminuíam o circulo. Quando eles chegavam muito próximos, eu batia com o pé de pato na superfície da água e isso os espantava por um tempo, mas eles foram se acostumando com aquilo e foram chegando mais próximos. Eu não queria entrar no bote com um tubarão vivo, pois alem do Jack e do Rene, tínhamos dois filhos do Rene a bordo, além da possibilidade do tubarão morder o bote, então continuei, e com o arpão havaiano batia na superfície da água próximo de onde estava vindo o papai deles. Isso o afugentava de novo.

Consegui tirar o arpão com o qual o havia segurado, e fiquei somente com o havaiano atravessado de guelra a guelra, e passei ele para o Rene já a bordo do bote. Olhei para baixo e vi que os outros estavam ficando agressivos e chegando muito perto para meu conforto, então subi a bordo. Acabamos de matar o bicho com algumas facadas atravessando a cabeça, e retornamos para o Cat Mousses para limpar aquilo tudo e preparar a janta comunal. O Rene havia pego umas seis conchas gigantes e com os músculos delas, o Jack preparou uns aperitivos deliciosos. As lagostas foram servidas cortadas em pedacinhos, para comer com maionese, e o tubarão cozido em postas com molho de tomate alho e cebola. No final, estava tudo uma delicia e ficamos entre comendo e batendo papo até depois da meia-noite.

Retornamos ao Matajusi e ainda fomos preparar um yogurt para dar para a Danny no dia seguinte, e um chá quentinho para tomarmos antes de ir dormir.

Hoje as sete e pouco o Rene já estava no radio chamando todos para partir, mas eu ainda preciso fazer umas manutenções antes de passar uma semana ou mais no mar, então eles acabaram de partir e eu fiquei sozinho nesse paraíso único, onde só se chega de barco, um desses lugares e alguns amigos que adicionam mais horas de prazer na nossa viagem...

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