segunda-feira, outubro 12, 2009

Alguns passeios por Vavau:

Posição: S18 43.341 W174 06.085 12/10/09 23:30h local (UTC +13)
Com a recomendação do Marcelo, que já conhece bem o lugar, fizemos alguns bons passeios com todos juntos. Começamos por uma caverna na Ilha de Nua Papu, onde se tem que mergulhar a uns dois metros de profundidade e por uns três metros de distância para se entrar em uma câmera de ar embaixo da terra. Sem maiores atrações, depois que explorei a caverna, fui explorar um pouco as áreas mais fundas por perto, e encontrei uma concha aranha, e um caracol grande, que deixei por lá mesmo, depois de observá-los mais de perto.

Depois fomos todos para ilhota de Tuungasika, uma área mais funda, com uns vinte e dois metros de fundura, onde tem uma pedra grande rachada no meio, e com uma vida animal e de coral bastante intensa. Depois de dar uma explorada na pedra rachada, fui para as áreas mais fundas para ver se o lugar era bom para caça submarina. Um pouco adiante encontrei uma toca com uma garoupa e um vermelho dentão de bons tamanhos, todos acima dos cinco quilos. Planejei voltar depois, e caçar por ali.

Com isso já estávamos no final da tarde e todos voltamos para Neiafu para a noite.

Todas as sextas-feiras tem regata no final do dia, organizada pelo Yacth Club de Vavau, e resolvi correr com o Matajusi. Durante o dia passeamos um pouco pela cidade, fizemos mais algum provisionamento para o barco, e nos preparamos no final da tarde para correr a regata. Convidei o Marcelo e o Bob para correr comigo. Deixei a Lilian com a Mariana, e fomos treinar um pouco, para que o Marcelo e o Bob conhecessem o sistema de velas do Matajusi. Tiramos a ancora e a corrente, a balsa salva-vidas, o bote e motor do bote, mas mesmo assim continuávamos com o barco pesado, com toda nossa tralha dentro, além dos tanques de água cheios e os de diesel pela metade, e corremos assim mesmo. A regata é uma mistura de barcos grandes, médios e pequenos, mono-cascos e catamarans, e alguns barcos sem nenhuma tralha de cruzeiro, como targa, bimini e dog-house. Saímos bem, em terceiro lugar, passando para quinto na primeira perna, conseguimos recuperar uma posição no final da primeira perna, e perdemos de novo na segunda perna, pois fui pela linha de cima e esta estava com vento mais fraco. Continuamos na mesma posição até o final da regata, mas aí soube que os barcos pequenos faziam uma regata menor, e acabou entrando mais um na nossa frente. Acabamos em sexto, mas foi bem divertido, além de competirmos com um barco brasileiro.

À noite houve um happy-hour no Yacth Club, onde ficamos até tarde da noite dançando e conversando. De premio pelo sexto lugar, ganhamos duas taças de vinho em um restaurante local.

No dia seguinte, todos os barcos saíram juntos para uma ancoragem no sul de Vavau, pois eles iriam surfar. Eu, como não surfo, fui para aquele lugar ande havia visto a garoupa, só que lá não dá para ancorar, então, pela primeira vez, a Lilian ficou com o barco. Ela ia até perto de onde eu estava mergulhando, depois deixava o barco em capa até ele chegar próximo do outro lado daquele canal, e daí voltava de novo para perto de onde eu mergulhava. Acabei não vendo a garoupa, mas fisguei um xarel de bom tamanho. Percebi que o arpão não havia transpassado o peixe e vi a farpa aberta dentro dele, pela pele, então fui dando linha até quase o fundo, quando vi um tubarão galha branca vindo para o meu xarel! Comecei a puxar o peixe rápido para cima, com o tubarão seguindo de perto, mas já próximo da superfície, a pele arrebentou e ele se foi. Logo desceu para abaixo dos vinte metros, e o perdi de vista. No final, fisguei outro xarel um pouco menor do que o primeiro, e voltei para o barco.

Chamamos o pessoal pelo VHF para saber onde eles iriam ancorar para a noite, e seguimos também para Vakaeitu, uma ancoragem protegida de quase todos os ventos. Eu havia comprado um balde de vongoles no mercado, e preparei um fusili ao vongole e o xarel fritinho para o nosso jantar comunal. Todos nos reunimos para o jantar, com os outro contribuindo cada um com algum prato diferente.

Para hoje, combinamos que alguns iriam tentar surfar ou fazer kite, e outros iriam fazer caça submarina. Acabou que ventou pouco, então a única opção foi fazer caça. Fomos no bote do Pajé para trás da ilha onde estamos ancorados e mergulhamos em uma ponta de face Oeste, lugar excelente e de peixes de bom tamanho. Com água muito limpa, o peixe não deixa a gente se aproximar, então, tem-se que conhecer muita manha para pegar algum peixe. Eu usei o truque de caçar uns peixinhos menores, que passavam por cardumes, e cortá-los em pedaçinhos, deixando os pedaçinhos afundar devagar. Isso atrai os peixes maiores, e não demorou e apareceram dois vermelhos dentão grandes, acima dos cinco quilos. Eu descia e me escondia embaixo de umas pedras, próximo ao lugar onde os pedacinhos de peixe estavam caindo, e ficava esperando algum peixe grande se aproximar, até o limite do meu fôlego. Logo apareceu um xarel de uns seis quilos, e veio direto para mim. Tiro fácil e certeiro, apagou o peixe completamente. Enquanto eu tirava o peixe do arpão, vieram dois vermelhos grandes e ficaram próximos, procurando os pedacinhos de peixe que eu havia cortado. Não tinha onde por o xarel, então desci e o enfiei debaixo de uma cabeça de coral, somente com o rabo para fora.

Usei o mesmo truque de me esconder debaixo de umas pedras e não demorou chegou um vermelho de uns seis quilos também. Deixei ele se aproximar até o máximo e quando ele me viu e virou, atirei. O tiro entrou pelas costas e foi até a cabeça, e o peixe também apagou, ou pelo menos foi o que eu pensei. Como a farpa não estava aberta, tirei logo o arpão, e aí o peixe acordou de novo e deu uma arrancada, escapando da minha mão. Armei rápido o arpão e sai atrás dele, que estava nadando em círculos. Atirei uma segunda vez, mas, na pressa, errei o tiro, e o peixe rumou para o fundo. Acompanhei para onde ele descia, mas nisso chegou o Mario com o Hugo no botinho.

Deixei o vermelho como perdido, e fui pegar o xarel para embarcar no botinho. Falei para o Mario que o lugar era bom de peixe, e ele mergulhou também. Ele estava com sua arma de pressão, com tiro muito mais forte do que os arbaletes que usamos hoje em dia.

Depois de embarcar o xarel, voltei para onde o vermelho tinha descido, e não demorou o vi a uns vinte metros, parado, com a marca do primeiro tiro nas costas. Chamei o Mario e apontei o peixe para ele. Ele desceu devagar, e atirou. O tiro pegou na barriga, atravessou o peixe e ainda foi se fincar em um coral mais para o fundo. O Mario subiu, mas não conseguia puxar o peixe, com seu arpão travado no fundo, então, desci e dei o terceiro tiro nele, dessa vez no apagador. O peixe travou, e fui subindo com ele, pela linha do arpão do Mario. Em cima, para garantir, enfiei a faca no apagador dele, e passei ele para o Hugo levar para o bote. O Mario já estava com meu segundo arbalete armado e estava indo para o seu segundo tiro, mas viu que o peixe já estava em cima.

Retornamos aos barcos, limpei os dois peixes e preparei o meu já famoso pirão. A Paula preparou uma muqueca, a Gislayne a sobremesa, a Mariana uma salada e a Bel uns aperitivos e um arroz. Jantamos muito bem e ficamos ate mais tarde batendo papo e contando historias. Enfim, vivendo vida de cruzerista...

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