quarta-feira, setembro 09, 2009

Ancorado do lado Oeste de Raiatea:


Exibir mapa ampliadoPosição S16 44.134 W151 29.268 08/09/09 13:58h local (-10UTC)
Dormimos bem e levantamos cedo para a travessia até Raiatea. Essa travessia é de apenas vinte milhas, então estimamos não mais do que três horas e meia, andando a uns seis nós e meio. Abri a genoa com o pau de spinaker e subi a mestra inteira. Assim fomos até a entrada do passe em Raiatea. Dormi umas boas duas das três horas da travessia e acordei melhor disposto.

Entramos pelo passe de Teavamoa, e logo reconhecemos o grande marae de Taputapuatea. Ancoramos em um baixio no meio da baia de Opoa e fomos de botinho visitar o marae. Essas construções dos ancientes Maoris são impressionantes, mas confesso não entender absolutamente nada do que quer dizer. Fico olhando e tentando entender o que ali se passava, mas não tenho qualquer conexão com essas construções. Bom, assim mesmo exploramos o lugar inteiro, e voltamos ao Matajusi para subir um pouco mais a costa leste de Raiatea e entrar na baia de Faaroa, onde tem um rio que sobe até dentro das montanhas de Raiatea e onde tem um Jardim Botânico local.

No caminho, fiz uma dessas cacas indescritíveis e as conseqüências poderiam ter sido maiores. Estávamos velejando pela laguna a uns seis nós, somente de genoa, ajudando no motor, e rebocando o botinho. Como estava um ventinho bom, resolvi subir o botinho na targa, mas sem antes parar o barco... e olha só a caca... puxei o botinho e amarrei a proa a um dos turcos da targa. Depois fui puxando o bote de lado, mas com o barco andando e com o motor do botinho na água, fazendo um arrasto incrível, para amarrar a popa ao outro turco da targa. Assim que consegui, fiquei em uma situação realmente complicada, pois, eu tinha que ficar segurando o bote de lado para ele não virar na água, e não conseguia alcançar o turco para subir a proa ou a popa do botinho, nem conseguia desacelerar o barco sem largar o botinho. Numa das tentativas de estivar o braço, deixei o botinho escapar, e ele abraçou a água que nem um pára-quedas, virando um breque do barco na água! Lógico que a pressão foi demais, e isso arrancou o espelho de popa de uma das bananas. O tanque de gasolina caiu na água, e o motor só não caiu também porque estava bem preso no espelho de popa e esse estava preso ao turco da targa. Nisso chegou a Lilian para ajudar... parei o barco, enrolei velas, e fomos buscar o tanque que ficou boiando lá trás.

Bom, esquece subir o rio de botinho, pois ele estava partido na metade... Passamos o resto do dia consertando o botinho e foi minha primeira vez consertando um bote inflável. Até que não é um bicho de sete cabeças... Terminamos a noitinha, e deixamos tudo pronto para ir no dia seguinte subir o rio de botinho.

Dormimos muito bem, ancorados em quatorze metros de água com fundo de lodo duro, com quarenta e cinco metros de corrente e um ventinho constante que manteve o barco bem refrigerado e sem mosquitos.

No dia seguinte levantamos cedo e fomos preparar o botinho para a subida do rio, depois de tomar nosso café da manha. Na entrada do rio tinha um nativo com um daqueles caiaques polinésios de corrida e ele foi subindo o rio emparelhado conosco. Ele não disse nada e nem eu também. Fomos subindo o rio juntos, mas sem uma palavra trocada entre nós. Eu até que estava meio desconfiado, mas armado do meu facão de mato, não esquentei muito a cabeça. À medida que o rio foi ficando mais raso, ele ia me dando sinais para ir para cá ou para lá, para evitar bater com o motor no fundo, e assim fomos até uma área onde havia um píer. Nisso ele nos convidou para conhecer o Jardim Botânico e só aí percebemos que ele era na verdade um guia do Jardim Botânico. Ele disse que não custava nada e ainda receberíamos varias frutas de graça, então paramos o botinho e o seguimos pela mata. Dois outros casais se juntaram a nós e fomos fazer um tour do Jardim Botânico.

James, era assim que se chamava o guia, explicou sobre todas as plantas que íamos encontrando pelo caminho, muitas tóxicas e venenosas, e foi apanhando algumas frutas que eu não conhecia e fomos experimentando. Foi um passeio muito instrutivo e nutritivo... No final, ele foi apanhar papaias e cachos de banana e cada casal levou um cacho grande de bananas de volta.

Acabado o tour, os outros dois casais voltaram ao barco deles, ancorados também na baia, e eu e a Lilian seguimos adiante até o final do trecho navegável do rio. Lá perto do final, encontramos muitas bananeiras com cachos enormes de bananas, e acabamos pegando mais um cacho, cheio de bananas maduras.

Retornamos ao Matajusi, e preparamos o barco para zarparmos para Uturoa, o centro comercial de Raiatea. Fomos o caminho todo com chuva e quase nada de visibilidade, mas a sinalização é muito boa assim como as cartas do local, então fui seguindo em vôo cego até o píer da cidade. Chegamos a atracar, mas, sem saber se poderíamos passar a noite atracados ao píer decidimos seguir adiante, pois estava ficando tarde rapidinho e precisávamos encontrar um local abrigado do vento para ancorar para a noite, então acabamos dando a volta pela frente da ilha e descemos um pouco do lado oeste, protegidos do vento leste que estava soprando. Achamos uma área já com muitos barcos ancorados e jogamos ancora por ali também. Minha primeira tentativa de ancorar não ficou muito do meu agrado e acabei ancorando novamente, agora mais distante de todos os barcos que por ali já estavam.

Nisso notamos que dois dos barcos que estavam do nosso lado tinham bandeira brasileira hasteada. Logo estávamos conversando com a Márcia, de Belém do Para e a Semea, de Teresina. Elas eram casadas com franceses, o Jean e o Richard, e, grande coincidência, a Márcia e o Jean eram muito amigos do Jean Claude e da Monique que conhecemos em Curaçao. Esse mundo de barcos é mesmo pequeno...

Hoje achamos uma pessoa que lava roupas e deixamos nossas roupas para lavar, e achei um lugar para recarregar o bujão de gás de cozinha do Matajusi. Um deles havia acabado e eu já havia trocado pelo reserva. Cada bujão deve durar uns seis meses segundo nossos cálculos, mas é sempre bom ter backup se preciso for.

Amanha planejamos fazer supermercado, e depois de mais um dia sair para BoraBora.

Conectei hoje pelo wireless e entrei no skype. Consegui conexão com meu irmão Saulo e com meu filho Marcio. Foi bom ouvir a voz deles. Já estamos há nove meses fora, e a saudades esta apertando.

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