sábado, julho 10, 2010

Porco selvagem para a janta:

Esses últimos três dias foram cheios de atividades. No dia seguinte à caça da galinha selvagem, fui com o Tom e mais alguns garotos caçar porco selvagem, mas acabamos não vendo nenhum, então, caminhamos muito e só vimos alguns patos selvagens. Difícil de tentar acertar um pato com o arco e flecha, ia servir somente para perder a flecha, então, ficamos sem atirar nenhuma vez, mas passamos um bom tempo sevando uma área com muitos coqueiros, abrindo cocos caídos no chão. O cheiro atrai os porcos e combinamos de voltar no final do dia, mas, o Tom não apareceu. Acho que ele foi experimentar a kava que eu dei para ele, e acabou gostando mais da kava do que da caça. Decidi partir para as ilhas do norte, e enquanto estava preparando o barco, a Marcia do Too Much viu e chamou pelo radio perguntando se não íamos assistir à dança nativa no Iate Clube a noite. Não sabíamos nada sobre isso e não íamos perder uma dança nativa.
Ficamos e, junto com outros quinze barcos da World ARC que chegaram, participamos da festa organizada pela aldeia para os barcos da ancoragem. Houve troca de presentes, e a aldeia ofereceu um jantar de comida local. Tinha porco, galinha, arroz, mandioca, tarô, banana frita, frutas diversas, e finalizaram com água de coco verde. Eu levei uma flauta e toquei para as crianças da aldeia, que até cantaram algumas musicas comigo. Quando estávamos saindo, encontramos um american, o Jô, e ouvi ele falando para o Jader, filho dele, que eles iam caçar porcos no dia seguinte. Não resisti à tentação e me ofereci para ir junto. Combinamos para as oito da manha.
Exatamente as oito, eles vieram me pegar no Matajusi e rumamos para o fundo da baia, onde ele havia combinado de se encontrar com o Jake, da aldeia que fala francês do fundo da baia. Sem demora, pegamos uma trilha na floresta ao norte da baia, de onde todos os dias saem centenas de morcegos gigantes que voam por cima dos barcos para chegar do outro lado da baia e comer frutas. Seguimos a trilha montanha acima, passando por buracos quentes que expeliam fumaça com cheiro de enxofre, até chegar a uma plantação de taro, mandioca, e bananas. Lá, começamos a ver os rastros e buracos que os porcos haviam feito para desentocar as raízes, alguns, bem recentes. Estávamos com três cachorros e logo os cachorros farejaram um porco, pois começaram a latir e correr para dentro da floresta. Corremos atrás deles, e isso aconteceu varias vezes, até que eu, que caminhava por ultimo, percebi rastros bem recentes, e comecei a seguir. Sai do grupo e fui indo meio que por intuição e por ruídos na floresta, e, de repente, percebi os arbustos bem na minha frente se mexerem. Comecei a preparar uma flecha, mas vi um leitão preto correr do arbusto e começar a descer a encosta. Gritei para os outros, os cachorros ouviram e vieram correndo, cercando o leitão e depois o prendendo com os dentes. O Kennedy, um garoto que tinha ido conosco agarrou o leitão e depois o passou para o Jake. Quando o Jô chegou, ele pegou o leitão da mão do Jake e bateu forte com a cabeça dele em uma arvore, pondo fim à miséria do leitão, e enchendo todo mundo de sangue, que espirrou longe...
Já com a janta garantida, continuamos a caçada, mas não vimos mais nenhum porco. Vimos somente uma colônia de morcegos gigantes, mais um item da minha lista de coisas que queria ver ou fazer, clicado. Voltamos quase no final do dia, exaustos da caminhada pelas montanhas e florestas. O Jader, filho do Jô preparou o leitão e me convidou parta jantar no barco deles. A Lilian não foi, pois alem de não comer porco, lá só tinha homem falando de caça então ela preferiu ficar assistindo um filme no Matajusi. Estava uma delicia! Leitão assado, Tarô, Arroz com curry, pêra em lata e suco de kava!
No final da noite, decidi comprar um motor Yamaha 9,9 que o Jô estava vendendo, e montamos no meu botinho para testar. Gostei do motor e levei ele para o Matajusi, mas ai começaram as perguntas de difícil respostas... O motor pesa quarenta e dois quilos, como eu ia carregar no bote e voltar ele para o Matajusi? Como iríamos levantar o bote e arrastar quando chegamos à uma praia? Onde eu iria guardar os dois motores quando navegando em mar grosso? Tive que desistir, ou pelo menos até resolver esses problemas. Preciso de um braço móvel para descer o motor para o bote e subir o motor de volta para o barco. Preciso de mais um suporte de motor de popa na minha targa, hoje só tenho um, a bombordo. Preciso instalar rodinhas no bote para poder subir o bote em praias sem arrastar o fundo na areia. Vamos ver se consigo resolver algumas dessas coisas em Porto Vila, para onde estamos saindo amanha cedo, se conseguir, fecho o negocio com o Jô.
No meio da tarde, o Tom passou pelo barco vindo de volta de um mergulho que tinha ido fazer. Perguntou se eu não queria ir pegar umas lagostas, e como eu não havia mergulhado ainda em Vanuatu, ocupado com as outras caças, vesti meu equipamento de caça submarina e fomos mergulhar fora da arrebentação. Comecei no raso, e fui indo mais para fora. No final, estava na área com fundo entre doze e vinte metros, e ai comecei a ver uns peixes grandes, mas com água clara, muito difícil de chegar perto deles. Fiquei procurando por lagostas, e acabei matando duas, uma grande e uma media, que logo viraram molho de espaguete. Usei somente os rabos e dei a cabeça com as pernas para o Tom levar para a casa dele.
Depois disso começamos a limpar o barco, pois o vento veio do norte e trouxe de novo a areia preta das explosões do vulcão para cima da gente. Nisso decidimos partir, então preparamos o barco e vamos partir amanha cedo, com destino de Porto Vila que fica a cento e trinta e sete milhas daqui, ou seja, vinte e quatro horas mais ou menos. Saímos de manha, chegando na manha do dia seguinte.
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At 9/7/2010 15:18 (local) our position was 19°31.55'S 169°29.71'E, our course was 216T and our speed was 0.0.
No dia 9/7/2010 as 15:18 horas (local) nossa posição era 19°31.55'S 169°29.71'E, nosso curso era 216T e nossa velocidade era 0.0.
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