domingo, novembro 07, 2010

Pequeno paraiso no meio do Mar de Java...

Chegamos à Pulau Bawean as dez e meia da manha e logo decidi por ancorar entre as ilhas de Menuri e Noko, uma enseada muito parecida com algumas ancoragens da Ilha Grande em Angra dos Reis, a diferença sendo que muito raramente se encontra alguém que fale uma língua que a gente entenda, então, improvisamos com gestos e nos fazemos entender. Pelo caminho, milhares de pescadores alguns completamente apagados, que somados com centenas de bóias e uma boa dúzia de navios toda noite, faz com que a travessia tenha que ser muito bem acompanhada por nós, portanto chegamos cansados e não fizemos nada no dia da nossa chegada, somente descansar e dormir.
O QOVOP chegou as oito e meia da manha do dia seguinte. Eles economizam no diesel e vem na vela o máximo possível. Eu já não tenho muita paciência para navegar entre um e três nós, então ajudo no motor. Andando a mil e quinhentos giros, o consumo fica próximo de um litro e meio por hora, e navego entre cinco e seis nós.
Preparei uma rota para a chegada deles, pois poderiam chegar à noite e a carta não bate com a geografia do lugar, e quando eles chamaram pelo VHF as sete e meia da manha, eu passei as coordenadas para eles entrarem na ancoragem, logo jogando ancora do nosso lado.
Passamos três dias maravilhosos em Bewan, mas temos que partir para continuar com nossa rota rumo à Malásia. No primeiro dia fomos de bote ate a vila que fica próxima à nossa ancoragem, e fomos recebidos por uma multidão de crianças e adultos, todos falando na língua Bahasa Indonésia, que não entendemos nada, mas percebemos que éramos bem vindos. Caminhamos algumas milhas por uma pequena estrada que leva até a cidade principal de Bewan, Sankapura, mas não fomos até lá, pois chovia torrencialmente e estávamos ensopados, mas foi muito bom ver as vilas e casas pelo caminho, e ter uma idéia de como eles vivem por aqui.
No final da tarde saímos para uma pesca submarina e voltamos com peixes suficientes para todos. Depois de uma boa mergulhada, voltamos cansados e com fome e para nosso alívio a Lilian já tinha preparado uma sopa de ossobuco comprado em Vanuatu, fritado os peixes que havíamos pego em Raas, nossa ancoragem anterior e assado pao. Jantamos fartamente e fomos dormir cedo, com um mergulho na ilha Noko programado para o dia seguinte.
A Ilha Noko é simplesmente um banco de areia cercado de bons recifes carregados de peixes, e alguns, bem crescidinhos. Fomos os cinco no bote para a ilha e enquanto a Lilian ficou procurando por conchas, eu e os garotos do QOVOP fomos mergulhar. Cruzamos a laguna entre a ilha e os recifes um pouco a nado, outro no mergulho e quando muito raso, caminhamos, chegando do outro lado e logo procurando pelos lugares mais fundos. Vê-se claramente que a dinamite foi muito usada por essas bandas também, mas o coral esta florescendo novamente com a proibição dessa pratica na Indonésia. Logo tínhamos bons peixes, incluindo um merote de uns cinco quilos, em abundancia por aqui. Tivemos a oportunidade de pegar o pai também, mas deixamos ele lá, procriando e gerando mais merotes para os próximos mergulhadores a passarem por aqui.
Retornamos para o Matajusi, e preparamos dois terços do mero em fish-sticks temperados com pimenta e sal, e cobertos com farinha de trigo, e um terço em sashimi, guardando a cabeça, nadadeiras e ossos para uma sopa de peixe, dessa vez preparada no QOVOP. Almoço no Matajusi, janta no QOVOP, e para mudar um pouco a rotina combinamos um mergulho para o dia seguinte com um pick-nick improvisado na praia da ilha Noko. Passamos o dia mergulhando hoje, quase dando a volta completa dos corais da ilha Noko, retornando as dezesseis horas para preparar os peixes e fazer a fogueira para assar os peixes em espetos de pau feitos na hora. A Lilian tinha organizado com a criançada local visitando a ilha no Domingo uma cata às garrafas pet espalhadas pela ilha e tinha feito uma bela pilha de plásticos, sandálias, garrafas pet, entre outros detritos encalhados na ilha pela maré, e quando chegamos ateamos fogo na pilha de lixo, demonstrando aos locais nosso zelo pela linda ilha deles. Tomara que agora eles sigam o exemplo e mantenham a ilha limpa de detritos.
No fim do dia, preparamos nossa refeição na praia, enquanto a fogueira de detritos continuava a arder e a outra fogueira para nosso almoço já dava condições de assar peixes e batatas doces cobertas em folha de alumínio. Logo ficamos rodeados de caranguejos, que farejaram os peixes e vieram cobrar a sua parte. A maré encheu e acabou apagando a fogueira dos detritos, mas a maioria já havia virado carvão e a ilha ficou com outra cara...
Amanha partiremos para a próxima ancoragem, uma ilha na costa de Borneo, aqui chamado de Kalimantan, antes passando por Sankapura para encher os tanques de diesel novamente.
Enfim, fazendo o que nos dispusemos a fazer, viver simples, mas viver bem, com qualidade de vida muito superior à que tínhamos antes. O que mais podemos querer? Ter saúde para aproveitar com nossos amigos, esses lugares que poucos tiveram a felicidade de conhecer...
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At 6/11/2010 08:11 (local) our position was 05°51.62'S 112°41.58'E, our course was 041T and our speed was 0.1.
No dia 6/11/2010 as 08:11 horas (local) nossa posição era 05°51.62'S 112°41.58'E, nosso curso era 041T e nossa velocidade era 0.1.
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