segunda-feira, novembro 22, 2010

Cruzamos a linha do Equador pela terceira vez:

Nessa ultima travessia, entre o paraíso desconhecido de Karimata e a Ilha de Pejantan, saímos do Hemisfério Sul e passamos para o Hemisfério Norte, cruzando a linha do Equador pela terceira vez em dois anos.
Dessa vez, chegamos ao próximo ancoradouro depois do QOVOP porque eles saíram dois dias na nossa frente, pois além deles irem mais devagar, nós queríamos aproveitar Karitama ao máximo. Trocamos de ancoragem e ancoramos bem na frente da cachoeira, e curtimos mais dois dias daquele paraíso virgem, só nós dois, com exceção da tardinha e noite, porque convidamos o Tomi e seu primo Bruno para passarem a noite no Matajusi. Lilian preparou um fetucini com molho a bolonhesa, comida rara por essas bandas, que nossos convidados aprovaram, deliciando-se nessa comida do mundo Oeste. No nosso ultimo dia, Lilian lavou muita roupa na água corrente da cachoeira, e eu fiquei fazendo caça submarina por quase metade do dia, conseguindo uma lagosta de bom tamanho, que saboreamos para o almoço, reforçada com o macarrão da noite anterior, sempre com melhor sabor no dia seguinte. Enchi um saco de peixes, com somente quatro peixes de bom tamanho, os quais preparei em filés que congelamos para os dias que não fazemos caça submarina. Simplesmente um dia especial, único, em um lugar especial, único.
Levantamos ancora as seis da manha do dia seguinte, e logo que pus o barco em movimento e levantei a mestra, o motor parou, sem combustível. Primeiro ganhei velocidade abrindo a genoa e pondo o barco no vento, depois fui trocar os tanques. Fique surpreso quando após uma hora, o combustível acabou novamente, uma situação quase que impossível, pois tinham cento e dez litros nele quando enchemos os tanques em Porto Moresby, então preciso verificar o problema e consertar. Possíveis problemas seriam um ou os dois filtros de combustível sujos, mas troquei os dois a menos de cem horas, e para comprovar que esse não era o problema, mudei de novo para o tanque da frente, depois de esvaziar o ultimo galão de diesel de quarenta e cinco litros nele, e o motor funcionou direto por trinta horas, ajudando contra o NorthWest Monsoon, com ventos e corrente contra. Decidi ir em linha direta de uma ilha a outra, sem tentar mudar o rumo para aproveitar melhor o vento, pois o VMG (resultante) do waypont estava melhor dessa forma. Quando o vento ajudava, eu armava a genoa, senão, ia com a trinqueta e a mestra alinhadas no meio do barco. Acredito ganhar um décimo de nó quando armo a trinqueta no meio do barco. Para conseguir isso, uso ela risada a ponto da amura quase encostar no mastro, sem tocar o radar, e caço as duas escôtas para manter a vela no meio, um pouquinho aberta para sota (por onde o vento sai).
Na passagem, encontramos água rocha (azul translucida) e muitos golfinhos, alguns nos acompanhando por um bom tempo. Tenho desenvolvido alguns assobios, parecidos com os barulhos que já ouvi os golfinhos fazendo, e imito esses barulhos, acreditando que os golfinhos permaneçam mais tempo acompanhando o barco, curiosos por esses assobios. Hoje, um desses golfinhos ficou muito tempo nos acompanhando, e fazia tudo para olhar e entender que barulho era aquele, chegando até a nadar de ponta cabeça para ver melhor. Ele saia da água por mais tempo, e me olhava de lado, com um dos olhos. Como seria bom saber falar com eles... mas, enquanto continuamos sem entender um o que o outro diz, parece que os dois lados apreciam a companhia do outro.
Chegamos à ilha combinada como a próxima ancoragem, mas não achei o QOVOP, então dei a volta na ilha inteira, e já estava desistindo quando encontramo-los ancorados do lado Sudoeste da ilha. O Manu mergulhou e veio me indicar onde jogar a ancora para não prender em alguma das muitas cabeças de coral por aqui, e logo estávamos ancorados e comendo um arroz com garopa recém assada em espeto na fogueira da praia, que saboreamos antes de sairmos para mais um mergulho. Eu fui atrás de lagostas, mas não encontrei nenhuma, e o Manu caçou um merote de uns seis quilos, que logo foi preparado em tiras que, depois de temperadas com alho e sal, e enroladas em farinha de mandioca, foram para o forno, saboreadas no nosso jantar comunal no Matajusi, acompanhado da cerveja caseira que os garotos do QOVOP aprenderam a fazer na Nova Zelandia, deliciosa depois de gelada na geladeira do Matajusi.
Vamos passar mais um dia por aqui, e partimos para uma ancoragem no lado sul do canal do Porto de Singapura, aguardando a hora certa para cruzar o canal de acesso do segundo porto mais ocupado do mundo, depois de Hong Kong, indo depois para uma marina do lado da Malásia, que usaremos como nossa base enquanto visitamos Singapura.
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At 23/11/2010 01:34 (local) our position was 00°06.53'N 107°12.73'E, our course was 068T and our speed was 0.2.
No dia 23/11/2010 as 01:34 horas (local) nossa posição era 00°06.53'N 107°12.73'E, nosso rumo era 068T e nossa velocidade era 0.2.
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