segunda-feira, agosto 09, 2010

De volta a Port Vila, Efate, Vanuatu:

(Lindas novas fotos postadas, confira!)
Acabamos ficando em Lelepa mais alguns dias, curtindo primeiro a companhia dos nossos amigos rastafári, Karlo e Jackie, que por sinal, não são os nomes verdadeiros deles, são os nomes de back packers. Fomos novamente visitar a caverna, e agora na companhia de um guia local que eu contratei para nos dar mais informações sobre a caverna e seu passado. Nessa caverna eles mantinham seus parentes velhos que não tinham mais condições de viver por conta própria, levando-os de volta para a aldeia somente após a sua morte. A caverna ficava claramente debaixo da água do mar, pois vemos conchas gigantes incrustadas no teto da caverna. Vemos também mãos dos habitantes antigos da ilha pintados dentro da caverna e alguém pendurou umas bruxinhas em alguns lugares, que pensei serem morcegos gigantes.
Conosco estavam também o Remi, Sophie, Louis e Marrie, uma família francesa em um catamaram de quatorze metros construído pelo próprio Remi. Esse é o terceiro catamaram construído por ele. Idéia muito interessante, para um barco enorme, muito simples, que até hoje não deu problema estrutural...
No dia que eles foram para o Norte, eu ainda tendo que ficar por conta da geladeira nova que estava vindo da Nova Zelandia, enquanto pensávamos em voltar para Port Vila, chegaram nossos amigos do Too Much, o Jean e a Marcia (brasileira), e o Herve e a Leticia com suas lindas duas filhas, do catamaram Khansa, e decidimos ficar com eles em Lelepa.
Combinei um mergulho a noite com o Jean me acompanhando no meu bote, pois ele não mergulha a noite, e tentei durante algumas horas encontrar alguma lagosta. Encontrei trocas (conchas comestíveis), e cacei um Lether Jack (peixe com carapaça de couro muito forte) , mas tive que disputar a posse com um galha branca que parecia estar mesmo com muita fome, e queria por que queria ficar com o meu peixe! O pior era que peguei o peixe com um arpão havaiano, que ficou enfiado no peixe se debatendo dentro de uma caverna na parede do coral, levantando muita sedimentação na água, e eu não conseguia mais ver a situação por lá, então minha alternativa foi ficar empurrando o tubarão com os pés de pato, ao mesmo tempo que bombeando água limpa da superfície na área para clarear a minha visão. Em nenhum momento o tubarão me atacou, somente tentava achar um jeito de passar por mim e pegar o peixe se debatendo. Eventualmente consegui tirar o peixe do buraco que estava e levei ele para o botinho. Em seguida, vi mais ao largo um tubarão bem maior, com olhos enormes que brilharam quando eu pus a lanterna para o lado que ele estava. Achei mais prudente ficar por cima da barreira de coral que só tinha um metro de água, não permitindo que um tubarão daquele tamanho pudesse me causar problemas naquela área.
Encerrei meu mergulho logo em seguida, com o Jean dizendo que já estava cansado e queria voltar para o barco, pois eles iriam partir cedo para o Norte no dia seguinte.
O dia seguinte, o Too Much e o Khansa partiram para o Norte e nós voltamos para Port Vila para checar no estado da geladeira nova que deveria estar por chegar da Nova Zelândia. A geladeira acabou chegando no dia seguinte mas só consegui retirar da aduana em mais um dia, sem custo local nenhum. Foi pegar, voltar para o barco e começar com o trabalho de substituir o evaporador (prato que esfria dentro da geladeira, em geral o frízer) . Com a ajuda da Lilian desmontei o prato anterior, e montei o prato novo, um pouco maior do que o anterior. Instalei também o compressor já completo, com unidade de controle, radiador e ventilador, adicionei meu duto improvisado, feito de garrafa pet, e liguei, funcionando de primeira e conforme especificação.
Com geladeira resolvida, ficaram as pendências por conta do compressor novo anterior, que funcionou por alguns dias, e os excessos de peças que acabaram vindo a mais por conta da falta de comunicação do distribuidor da Nova Zelândia. Ter algumas peças para reposição não é uma má idéia, mas não vou precisar de três unidades de controle novas, então estou discutindo o retorno e reembolso de algumas dessa peças. Todas as peças que trouxe da Nova Zelândia foram com a inestimável ajuda do Bob, gerente de vendas da Cater Marine em Opua, um cara muito simpático que ajuda muitos cruzeiristas com encomendas de partes da Nova Zelândia para onde for preciso e que foi a melhor ajuda que tive com soluções para problemas no barco enquanto eu estava em Opua.
Passamos os últimos dias provisionando o barco, pois estimamos uma viagem longa antes de termos de novo um lugar bom para provisionar como Port Vila, e no meio tempo participei de uma outra expedição aventureira na companhia do Bryan do Second Winds, o mesmo com quem havia ido caçar porcos selvagens de arco e flecha. Dessa vez organizamos uma expedição onde fomos para uma área privada e ainda completamente selvagem, onde primeiro eu fui com o Frank, o mesmo caçador que havia nos levado na caçada ao porco selvagem, preparar muitos côcos já abertos e cortados na metade ou três quartos e espetados em pedaços de pau de meio metro, em frente às possíveis tocas dos caranguejos de côco, trabalho que durou uma hora de caminhada na mata, seguido por um mergulho para caçar peixes, onde fui o único a trazer alguns, seguido por cozinhar com espetos na fogueira os peixes e umas carnes que o Bryan havia levado para garantir alguma comida, seguido por um mergulho a noite para pegar lagostas, seguido de outra caminhada pela floresta para checar os côcos de seva para os caranguejos de côco, seguido de uma panelada de lagostas e caranguejos acompanhados de pão local em fartura, seguidos por uma longa espera pelo taxi que ia nos levar de volta, o que conseguimos fazer à meia-noite. Um dia completo, com muita atividade, do jeitinho que eu gosto!
Agora esta um tempo muito ruim, com vento forte e muita chuva, e estamos esperando melhorar para seguir para o Norte, enquanto isso e para nossa surpresa chegou o Alexandre IV do Jack e da Josie, nossos amigos de aventuras anteriores que conhecemos em Tonga, que disseram nos acompanharam até as ilhas do norte de Vanuatu de onde eles partirão para a Nova Caledônia e nós para a Ásia.