sexta-feira, julho 31, 2009

De volta a Hanamoenoa:

Baia de Hanamoenoa, Tahuata:
Posição 09°54'512S 139°06'229W
Chegamos em Hanamoenoa e ancoramos bem no meio da baia, com a ancora bruce e cinqüenta metros de corrente. Éramos o único barco por aqui. Que delicia! Roupa é um acessório totalmente dispensável quando se esta sozinho em uma baia.

Depois de ancorarmos, fomos de botinho colher limões, e enchemos a caixa de limões, que devem durar até o ano que vem... ou quase. Colhemos também algumas torranjas, aqui chamadas de pamplemousse ou algo assim. Depois da colheita, fui tomar um banho em um vazamento de um cano grosso de água que desce das montanhas, e o lugar estava repleto de vespas amarelas. Eu já estava meio que preocupado com essas vespas, pois são grandes, com cara de mal, e estão por toda a parte. Mas, em geral elas não mexem com a gente, ou não mexiam... quando abaixei para lavar a parte de cima do corpo, acho que espremi uma que devia estar entre minha perna e minha coxa, e a enfesadinha me meteu o ferrão. Fiquei assustado, pois na ultima vez que fui mordido por uma abelha tive um choque sei lá das quantas, mas que me interrompeu as vias respiratórias e tive que ir rapidinho para um hospital tomar uma injeção. O problema é que aqui não tem nada rapidinho, e muito menos hospital... então espremi o quanto podia a ferida, e voltei para a praia para chamar a Lilian que estava pegando conchas. Ela não entendeu muito bem quando disse que ela tinha que me dar uma sugada na minha perna, mas, companheira, concordou e ficamos por um tempo nessa situação constringente. Após o procedimento, voltamos para por o botinho de volta na água e corremos para o Matajusi para os medicamentos de prevenção. Tomei Celestamine e passei Verutex B na ferida. Fiquei no barco, prestando atenção se a garganta começasse a fechar, pois nesse caso, teríamos que tentar o pronto socorro de Vaitahu, a umas 4 milhas ao sul de Hanamoena. Parece que o remédio ou o procedimento resolveram e não tive seqüelas da ferroada, então fui mergulhar. Pensei, se vou ter alguma dificuldade em respirar, melhor segurar a respiração e aproveitar no mergulho.

Meu congelador esta repleto, mas com dois polvos já congelados, restava lugar para mais polvo e eu tiraria e prepararia alguns dos polvos congelados. Vesti o equipamento e fui dar um mergulhada em uma área de pedras um pouco para fora da baia, onde já havia pego dois polvos e visto mais alguns. Foi uma mergulhada rápida, pois achei o lugar onde havia visto um polvo de tamanho médio, de uns quatro kilos, que peguei com um tiro certeiro entre os olhos. Foi a primeira vez que peguei um polvo que não brigou. Preciso mirar melhor nas próximas arpoadas, pois parece que entre os olhos trava o bicho.

Voltei ao barco e limpei o polvo para prepará-lo para congelamento, onde o divido em dois, pois é muito grande para uma refeição e ponho em saquinhos de plástico ou potinhos de plástico com tampa e ponho no congelador.

Então aproveito e aqui vai minha receita de como fazer polvo:

Primeiro congelo o polvo, muito importante para amolecer a carne, principalmente em polvos grandes. Os pequenos podem ir para a panela sem congelar. Na panela de pressão, frito uns dez dentes de alho em azeite de oliva a vontade, e quando o alho esta dourado, ponho o polvo ainda meio gelado na panela e dou uma refogadinha rápida. Fecho a panela e espero até a pressão iniciar. Se o polvo é de tamanho até médio, cozinho na pressão por cinco minutos, um polvo grande cozinho oito a dez minutos, e desligo a panela. Só abro depois de ela estar completamente fria, e o polvo esta pronto para consumo.

Aproveito o caldo e faço um arroz ou cozinho um macarrão. O polvo, corto em pedaços de um centímetro, e misturo no arroz depois de pronto, ou faço um vinagrete com cebola e azeite, as vezes adiciono alho cru cortado. A vantagem que vejo nesse método é que o polvo fica inteiro, com pele, tentáculos e tudo, mas mesmo assim macio. Se cozinhar demais, ele derrete e só aparece o branco das pernas. Algumas pessoas limpam a pele e tentáculos e só comem o branco. Desperdício!

Bom, estamos voltando para Vaitahu agora para comprar umas provisões que devem durar até Papeete, caminhar um pouco e nos prepararmos para sair amanha cedo para Fatu-Hiva. Vamos nos encontrar com o Gabiam, que foi para lá ontem.

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