sábado, fevereiro 11, 2012

11/02/2012 Oitavo dia de travessia

Cento e cinqüenta milhas para chegar a Galle, com chegada estimada para cedo do dia treze, e manerando na velocidade para não chegar no Domingo, e algumas boas estórias para contar...
Ontem a noite, fui acordado pelo alarme do AIS avisando de rota de colisão com um navio tanker. Vi pelo AIS o nome e outros dados do navio e chamei pelo radio. Não respondendo o radio, peguei o farolete caça avião e mandei na torre de comando. O piloto do navio disse pelo radio "barco pesqueiro, não vi nenhuma rede, estou seguindo com minha rota!". Vamos lá, piloto de navio que se presta, olha no AIS e verifica o tipo de embarcação que tem pela frente! Ele não olhou, me confundiu com um pesqueiro, mesmo seu sistema dizendo que eu era um veleiro, e veio para cima. Mesmo que fosse um pescador?! Grande e poderoso! Peguei no radio e disse que era um veleiro, navegando a vela, sem capacidade de muita mobilidade. Sem resposta, mas percebi que ele estava mudando a sua rota para me dar mais espaço, pena que foi muito tarde, e ele nos deu uma marola daquelas de entrar água pela popa do barco.
Pensei bem no que queria dizer, peguei o radio e disse no canal dezesseis (prioridade/chamada). "Aqui fala o capitão do veleiro que foi confundido por um pesqueiro pelo capitão do Manah. Disse o MMSI, o Call Sign, o IMO, o destino, o ETA, o tamanho, e disse que agradecia o capitão que não sabia ler seus instrumentos, que me confundiu com um pesqueiro, que não foi camarada e quase causou um desastre, e que eu estava falando com os pés molhados da água salgada que ele havia jogado dentro do meu veleiro!"... Percebi que ele desacelerou e mudou sua rota! Pensei. Será que ele vai vir me caçar?! Apaguei o barco, e fiquei no escuro, mudando de rota. Ele ficou por ali um tempo, mas depois seguiu viagem...
A segunda estória foi hoje pela manha, quando eu estava dentro da cabine estudando a aterragem para Galle e ouvi uma voz do lado de fora! Corri para a porta da cabine, e do nosso lado, estava um pesqueiro com uns seis pescadores a bordo. Como foi que ele chegou ali sem perceber,mos?! Primeiro pensamento que vem é de pirata, mas, já mais experiente do que quando sai do Brasil, comecei um dialogo por gestos com eles, enquanto em português dava instruções para a Lilian. Na proa do pesqueiro tinha um pescador com um belo atum na mão! Fez sinal de bebida primeiro, disse que não bebia, depois fez sinal de cigarro, disse que não fumava, aí fez sinal de comida, e pedi para a Lilian ir procurar algo. Ele pedia para eu desacelerar, mas estávamos na vela e eu não queria seis pescadores pulando no meu barco, então mantive as velas e pedi para a Lilian ficar pronta para ligar o motor. Fiz um sinal de troca com eles, o peixe deles por algo meu. Eles deram sinal que sim e começaram a chegar mais perto. Pedi para eles manterem distancia, enquanto a Lilian pegou uma garrafa de rum pela metade, que eu havia ganho do Peter Brown, um Canadense que conhecemos em Johor pois eu havia mergulhado na água da marina e queria algo para limpar a garganta e o estomago. Os pescadores deliraram quando viram uma garrafa! Fiz sinal para o pescador com o atum atirar o atum dentro do Matajusi e ele assim o fez. Depois atirei a garrafa de rum, que ele pegou no ar. E assim fizemos nossa troca, a contento dos dois, indo logo limpar o atum e preparar o sashimi, que estava ótimo!
Mais a tarde o vento pegou, o mar subiu, e a noite esta prometendo ser desconfortável...
----------
radio email processed by SailMail
for information see: http://www.sailmail.com