terça-feira, fevereiro 07, 2012

07/02/2012 Quarto dia de travessia

Ontem pegamos uma boa chuva, e aproveitamos para lavar o barco, cabos e velas, pois o vento ficou abaixo dos quinze nós durante a chuva. Subimos a genaker, para lavar bem, pois da ultima vez que a usamos , deixamos ela cair um pouco na água pois a vela subiu rápido e perdi o cabo da camisinha (cobre a vela, protegendo do vento). Para recuperar e poder fechar a vela, tive que soltar uma escôta e tivemos um trabalho enorme para trazer a vela de volta para o barco. Mas a alegria de lavar a vela durou pouco, pois hoje, quando subimos a vela de novo, a Lilian prendeu a adriça em um mordedor pequeno e não na catraca, e o mordedor soltou, deixando a vela toda cair na água. Ouvi o barulho, senti o tranco, e quando olhei para cima, a genaker voava para fora do barco. Imediatamente desengatei, pois estávamos ajudando no motor, desliguei motor e engatei a ré para o hélice não girar sozinho, e começamos a puxar a vela de volta, mais fácil dito do que feito! Depois de trazer a vela para dentro, mais fácil dito do que feito, pois a Lilian quase foi para a água, como a adriça continuava no mastro, cacei novamente a adriça, içando de novo a vela, mas o cabo da camisinha ficou do lado de fora, e quando a vela abriu, ficou enganchada no cabo da camisinha, e foi outro duro trabalho acertar isso! Tive que soltar uma escôta (parece que estou ficando mestre nisso!), pegar o cabo da camisinha com o gancho, e encamisar a vela com um lado panejando... Muito tempo e muito esforço depois, consegui trazer a vela de volta. Mas agora precisava secá-la, então toca subir ela de novo...
Depois de seca, desci a genaker de novo para lavar e acertar a vela, camisinha e cabo da camisinha, pois ficou tudo torcido varias vezes. Aproveitei e lavei com a mangueirinha de água doce. Bom ter dessalinizador a bordo! E bom ter Advil também, pois fiquei com o corpo todo doendo dos esforços.
A noite, escutei dois navios discutindo no radio, para ver quem passava na frente do outro, e logo percebi, que nessa briga de gigantes, nós estávamos sobrando no meio, pois nenhum dos dois navios percebeu, ou se importou, com a nossa pequena presença. Um dos navios, um tanker chamado USAC Madigan, passou a menos de 0.2 milhas da gente, a vinte e seis nós, deixando o ar inteiro cheirando motor esmerilhado, e uma marola gigante que atingiu a gente em cheio, dando um tranco formidável no estaiamento! Enquanto isso, o outro vinha direto na nossa direção, com TCPA (tempo de aproximação máxima) de quatro minutos. Gritei no radio que estávamos ali, mas como os dois navios mais o Matajusi estavam muito perto, ficava mesmo difícil reconhecer qualquer um deles pelo AIS. O capitão do Maritime (segundo navio) perguntou onde estávamos, aí eu liguei meu farolete de caçar avião (!) e botei bem na cabine de comando do Maritime. Logo ele disse no radio que tinha nos visto (também!) e que estava desviando imediatamente.
Só ai deu tempo de agradecer ao capitão irresponsável do USAC Madigan, pela marola que quase pois o Matajusi a fundo! Ele, lógico., disse que passou a quase uma milha da gente! Além de irresponsável, mentiroso! Se alguém achar o email desse navio, mandem para ele nossos agradecimentos, e notícias para a senhora genitora do capitão...
Não preciso dizer que o estresse a bordo esta mais parecendo óleo de transmissão SAE 140!!!
Por outro lado, a janta que a Lilian preparou, ficou melhor do que ceia de Natal! Cocha e sobre cocha de peru, com direito a geléia de cranberry, purê de batata e cenouras! Mnham, mnham!
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