segunda-feira, outubro 23, 2006

As Modificações do Barco:


Segunda-feira, Outubro 23, 2006
Eu pedi que algumas modificações fossem feitas na construção do Matajusi. Isso porque o barco vai passar por situações como, por exemplo, velejar durante um ano seguido com ventos quase sempre vindos da mesma direção e ficando às vezes mais de 30 dias sem vista de terra.

Os barcos de cruzeiro precisam de muito mais autonomia do que barcos que ficam em águas costeiras.
Para tanto, estamos usando algumas das cavernas que são vistas nos contramoldes para a armazenagem de 300 litros extras de combustível. Como parte do tanque original vai dar espaço a um armário maior, o barco vai terminar com capacidade de armazenagem de 410 litros de combustível, contra os 160 litros originais.
Além disso, o barco terá também espaço para 500 litros de água doce, 100 litros a mais de água potável do que o previsto no projeto do RO 400. Essas mesmas cavernas servem também para armazenar mantimentos e equipamentos, e tudo o mais que fará parte do conjunto de grandes travessias do Matajusi.

Além dos reforços originais do RO 400, o Matajusi tem outros reforços adicionais, tanto no casco quanto no deck. Um desses reforços serve para a instalação da tormentim, uma vela para tempestades, que está sendo adaptada à estrutura original do RO 400. O estaiamento da tormentim será montado de uma maneira que ele pode ser armado e desarmado. Assim, o estaiamento só será usado quando a tormentim for necessária, permitindo assim, o livre movimento da genoa nas mudanças de bordo. Esse estai sobe até cerca de dois terços da altura do mastro, paralelamente ao estai de proa, no qual fica enrolada a genoa. Essa força é compensada na parte posterior do mastro por estais volantes na popa. Esses estais volantes são armados em condições de tormenta ou, às vezes, para auxiliar no suporte do mastro no caso de qualquer outro problema no estaiamento.

O deck terá reforços para receber os estais volantes e a targa. O espelho de popa terá reforços para receber uma plataforma e, possivelmente, um leme de vento ainda a serem definidos. Em todo caso, o casco já estará pronto como se fôssemos usar realmente esses itens.

Eu vou precisar também de uma targa, para instalação das placas solares, antena de satélite, antena SSB, luz de trabalho, e para pendurar o caíque quando estivermos parados em baías ou navegando pequenas distâncias. Por isso os púlpitos de popa estão sendo modificados e vão formar a estrutura da targa. Em cruzeiro, o caíque será esvaziado, dobrado e guardado dentro do paiol, para evitar desgastes desnecessários do sol, ou de ondas. A capota bímini será construída a partir da targa, dando assim um aspecto mais estético, alem de aumentar o espaço protegido contra a exposição solar e chuva. O barco terá também um dog-house, para proteger os tripulantes de chuva, vento e respingos de água vindos da proa.

O paiol de popa, oficina de bordo e escritório, serão construídos depois do barco pronto, pois não fazem parte do projeto original do barco. No lugar onde vamos construir esses itens importantes de um barco de cruzeiro, estamos deixando inacabada a finalização original do RO 400.

A âncora principal será uma Bruce, em aço galvanizado a fogo, com 20 quilos, ou seja, um número maior do que o recomendado para um barco de 40 pés, presa por 60 metros de corrente. O barco tem um guincho elétrico com comando duplicado no cockpit, para ajudar a recolher a âncora. Teremos também uma âncora menor, para acorrentarmos à âncora maior, para ajudá-la a ficar agarrada, quando existir risco de arrasto por ventos ou maré muito fortes.

As lâmpadas serão de led da Optolamp, para economizarmos energia. Como referência, uma lâmpada comum gasta tanta energia, quanto todas as lâmpadas do barco juntas, quando se usa a lâmpada led. Outra vantagem é que as lâmpadas para navegação em led, são vistas à distância maiores do que as lâmpadas comuns de navegação, facilitando a visualização do barco por outras embarcações.

O enrolador de genoa, que no RO 400 original fica dentro do paiol da âncora, será posto para fora, para facilitar sua manutenção assim como para levantar a saia da genoa, evitando-se que essa fique roçando no guarda-mancebo, causando desgaste. A genoa com saia alta também é melhor para quando se navega com ondas muito grandes, que podem passar por cima da proa, rasgando a genoa.

A vela mestre terá três rizos, com dois adaptados para serem risados de dentro do cockpit, não sendo assim necessário para o comandante sair do cockpit para ajustar as velas. Somente em caso de tormenta, as velas seriam recolhidas e a tormentim preparada para uso. Essa vela é a única que é montada com mosquetões, terá 3 risos para poder ser dimensionada de acordo com a intensidade do vento, e será também de saia alta para deixar as ondas passarem por baixo.

Na parte de energia elétrica, o barco terá três bancos de baterias, com uma para a arrancada do motor, uma para os induzidos e outra para os eletrônicos, sendo esse o maior banco, pois vai manter o radar e o GPS ligados durante travessias noturnas ou de pouca visibilidade. As baterias poderão ser recarregadas, pelo motor quando ligado, pelas placas solares durante os dias de sol, por um gerador de arrasto quando em cruzeiro, por um gerador a gasolina em emergências, e por um carregador ligado à corrente AC quando em marina. Estamos optando por não instalar os medidores de água e gasolina eletrônicos, para reduzir risco de perda de energia e evitarmos manutenção desnecessária. Ao invés de medidores, vamos usar linhas de visualização de nível. O barco terá vários conduítes elétricos adicionais, para serem usados por todos os outros equipamentos que ainda serão instalados depois do barco pronto.
Para termos sempre água doce a bordo, um item importante nas grandes travessias, teremos dois dessalinizadores, um de arrasto para quando em cruzeiro, que pode ser usado também manualmente na balsa, no caso de necessidade de abandono do barco, e outro portátil, com placa solar ou ligado à bateria, para quando em baías sem água potável.
No caso da necessidade de abandono do barco, teremos uma balsa de sobrevivência no mar para 6 pessoas, juntamente com um barril com todas as necessidades que teremos para caso de abandono do barco. Isso inclui mantimentos, remédios, um dessalinisador manual, GPS, além de um EPIRB, um localizador de naufrágio por satélite, que avisa às autoridades marítimas da ocorrência de um naufrágio e identifica o local e o barco naufragado, possibilitando a busca de possíveis sobreviventes.

A comunicação do barco inclui dois rádios VHF, um rádio SSB marítimo, com a capacidade de emitir sinal de perigo de naufrágio pelo simples apertar de um botão, além da capacidade de recolher automaticamente os e-mails mandados para o barco.Incluido nas comunicações automáticas, virão as previsões de tempo. Essas comunicações passarão diretamente para um notebook usado para ajudar na navegação do barco. Teremos a capacidade de receber essas previsões e projetá-las diretamente sobre as cartas digitais, para uma melhor escolha de alternativas de rota em caso de tempestades, ou mesmo para procurar áreas melhores de vento e corrente.

Além do radio SSB, teremos também comunicação por satélite, permitindo e-mails, acesso a internet, incluindo previsões de tempo. Por uma questão do custo de comunicação por satélite, essa opção esta dependendo de patrocínios, para podermos seguir em frente com ela.

A pia de cozinha terá três torneiras, uma para água filtrada, somente para beber, funcionando por bomba de pé, a segunda com água potável, funcionando por pressão ou bomba de pé, e a terceira para água salgada, funcionando somente por bomba de pé. Teremos também água salgada por bomba de pressão no paiol da âncora para lavar a corrente e a âncora antes de embarcar, quando ancorado em baias de fundo lodoso. Quando em cruzeiro, todas as bombas de pressão de água ficarão desligadas, para evitarmos perdermos água preciosa em caso de vazamentos ou mau funcionamento.

Os tanques de combustível extra terão filtros duplos para a passagem de combustível dos tanques extra para o tanque principal. Os tanques extras somente serão usados quando em cruzeiro e tem boca de alimentação separada da do tanque original. Isso para evitarmos problemas no motor com o uso de combustível duvidoso, embarcado em lugares com poucos recursos ou mesmo na eventualidade de precisarmos combustível de barcos de pesca.

Todas as portas terão prendedores magnéticos, para mantê-las sem bater quando navegando. Para preservarmos a natureza, o banheiro de proa terá opção de holding tanque e será o banheiro usado quando em baias ou marinas. Será esvaziado no mar quando em travessias.

A construção do Matajusi começou, e estimamos vê-lo na água pela primeira vez em Novembro de 2006.