sexta-feira, setembro 29, 2006

Por que uma volta ao mundo?


20/09/2006
Após a apresentação do primeiro relato, chegou a hora de eu explicar um pouco melhor o projeto que vai me levar a dar a volta ao mundo em um barco a vela. E é sobre esse projeto que vou escrever nesta segunda coluna.

Diferentemente de outros velejadores como Aleixo Belov — que já deu sua terceira volta ao mundo a vela — ou a família Ceccon — que decidiu morar em um barco e dar a volta ao mundo — eu não nasci e cresci com essa idéia de volta ao mundo ou morar em um barco. Isso se desenvolveu como resultado do meu crescente interesse pela navegação a vela, combinado a meu gosto por riscos. O risco da alta velocidade vai diminuir, mas outros riscos a serem discutidos nos próximos capítulos devem substituir a alta velocidade.

Minha maior experiência na vela foi uma travessia que fiz no Caribe em 2003, da ilha de Granada até a Ilha de Union, quando, sem nunca ter saído sozinho em um barco a vela, aluguei um veleiro de 40 pés da Moorings e, na companhia de minha então esposa, Julie, passamos 10 dias navegando entre Granada, Carriacou, Union, PSV e de volta até Granada.

Fora uma vela mestra rasgada — quando eu navegava com todo pano bem próximo à costa de Carriacou e não vi uma tempestade chegando — e alguns dribles das fortíssimas correntes na “kick them Jenny” e na entrada na baía de Clinton, em Union Island, a viagem foi muito boa e meu deu um gosto por aventuras à vela.

De repente, reuniram-se todos os ingredientes necessários para desenvolver esse projeto de volta ao mundo: uma vontade de fazer mais viagens como a de Granada; algumas economias que me possibilitassem a construção de um barco a vela; adicionados a meu gosto por risco, tive todos os ingredientes necessários para desenvolver esse projeto de volta ao mundo. Lógico que eu deveria começar por umas viagens longas pela costa do Brasil, mas aquele gosto pelo risco, me pegou de novo!
Estamos em setembro de 2006, e nesse momento estou começando a documentar meu projeto. Estarei relatando cada aspecto do projeto na medida em que ele vai se desenvolvendo. Esses relatos serão publicados em todo ou em partes pela revista Náutica, e, depois do projeto encerrado, o relato completo, que deve incluir períodos e eventos da minha vida, será publicado em livro.

Nos próximos relatos, estarei discutindo:

a procura do barco;
a escolha do estaleiro;
as modificações feitas no barco para esse tipo de viagem;
o desenvolvimento da rota, com definição das datas de partida e de passagem por cada perna definida;
estudos e pesquisas necessários para o projeto;
os ajustes às idéias iniciais;
a documentação necessária, seguros e outras providências do ponto de vista financeiro;

Tudo isso continua até os preparativos finais e a partida oficial, que será do Guarujá em São Paulo e esta estimada para o inicio do inverno de 2007, para aproveitar ventos e correntes mais favoráveis para a subida da costa brasileira.

Mas minha idéia não é parar por aí. Os capítulos seguintes serão escritos do próprio barco e relatarão cada perna da viagem, até o termino dela, estimado para Dezembro de 2008, cruzando o Atlântico de Cape Town na África, passando por Santa Helena e chegando de volta ao Guarujá.

Dei ao projeto o nome de Matajusi, pois não existe nada no mundo com esse nome, além de ser a primeira sílaba dos nomes dos meus dois filhos, Marcio e Tatiana, mais o nome de minha ex-mulher e companheira de muitos anos Julie, e o meu, Silvio, assim, carregando comigo nessa empreitada, o que há de mais importante na minha vida até esse momento.

Até o próximo relato!