terça-feira, janeiro 03, 2012

Pinang a Phuket

Acabamos ficando uns dias a mais em Pinang por conta das duas bicicletas (Dahon Eco 7) que compramos, daquelas de alumínio, dobráveis, especiais para barcos, pois usam pouco espaço depois de dobradas, aproveitando para ir conhecer muito mais da cidade de Georgetown, e da ilha de Pinang. Fizemos uma ceia de Natal em uma discoteca pegado à marina, a QE2, eu escolhendo carneiro, e a Lilian experimentando o peru. Andamos muito de bicicleta, todos os dias, parando em shopping centers, dobrando as bicicletas, e entrando com elas shopping adentro, uma atração para os residentes, que nunca viram alguém andando pelo shopping com bicicletas dobráveis. A cidade de Georgetown fica na ilha de Pinang, e tem algumas características interessantes, uma delas sendo a área de Little India, uns quarteirões inteiros onde só se tem coisas indianas, tipo roupas, artefatos, comidas, musica, gente, tudo indiano.
Tem também uma área similar chinesa, onde tudo é chinês. O trafego é intenso, e perigoso para os pedestres e bicicletas.
No dia vinte e cinco, aproveitando a maré e o vento a favor, partimos para Langkawi, uma ilha dutty-free, a última da costa da Malásia, distante sessenta milhas de Pinang. Saímos depois do meio-dia, ajudando com o motor até o meio da tarde, quando entrou um vento entre vinte e vinte e cinco nós, que nos levou rapidinho para a área de Langkawi.
Chegamos às vinte e uma horas e trinta minutos no Sudoeste de Langkawi, e fomos entrando baia adentro, procurando uma área coberta para se esconder do vento Noroeste que continuava acima dos vinte nós. Como a carta e o radar não batiam, corrigi a carta pelo radar (chart-offset - Velejar Dezembro/2011), mas achei estranho que a carta continuasse tão fora de lugar, tanto, que nem com o offset eu conseguia ajeitar a carta. Fui muito devagar, entre radar, carta e olhos nus, procurando um lugar para ancorar, pegado a uma montanha relativamente alta, e ancorei em cinco metros, com cinquenta metros de corrente para garantir uma ancoragem segura durante a noite. Pelo radar conferi uma distancia de no mínimo trezentos metros entre o barco e qualquer outro obstáculo identificado pelo radar, liguei o pequeno GPS com alarme de ancora garrando (desgarrando) a mais de cento e vinte pés, e fomos dormir. Acabamos dormindo mal por conta das rajadas que sacudiam muito o barco, fazendo a corrente bater forte na proa (frente), o que causa um barulho enorme dentro da cabine de proa, onde dormimos.
Pela manha, levantamos ancora e fomos velejando a contra-vento, que continuava entre vinte e vinte e cinco nós, somente com a staysail aberta, até o Royal Yate Clube de Langkawi, onde atracamos em um dos piers disponíveis.
Assim que o barco estava bem atracado, fomos fazer a documentação de entrada em Langkawi e já aproveitamos e fizemos a de saída da Malásia, com destino à Tailândia. Compramos bebidas, que por conta do dutty-free são vinte e cinco por cento do preço normal em outros lugares, e voltamos para pegar as bicicletas e ir pedalar para conhecer a ilha. Pedalamos até a noite, parando em algumas áreas que também eram dutty-free, somente para ver que mesmo com desconto, havíamos pago bem mais caro na área da balsa onde fomos primeiro, do que nas áreas mais para dentro da ilha. Eu tenho a tendência de comprar a primeira que acho, mas sempre compro. Já a Lilian, procura muito, e às vezes fica sem comprar, pois não acha a mesma coisa nos próximos lugares nos quais foi procurar.
A ilha de Langkawi tem ótimas ancoragens, e está repleta de veleiros, que procuram essa área por conta do preço barato de tudo que se precisa. O povo vem das origens mais diferentes, e a maioria são turistas.
Acabamos ficando somente três dias em Langkawi, um lugar que merecia mais tempo de exploração, mas, queríamos passar o ano-novo com nossos amigos do Cat-Mousses que já estavam na Tailândia, então, no dia vinte e oito, partimos para Phuket na Tailândia. Velejamos a noite toda driblando os muitos barcos pesqueiros da região, e pela manha estávamos chegando em Ko Phi Phi, umas ilhas onde o Leonardo de Caprio fêz o filme "A Praia", mas acabamos parando dentro de Ko Phraya Nak, uma área com montanhas a pino, relativamente altas, mas com um passe pelo Oeste que da entrada para dentro da ilha. Lugar lindo, mas muito procurado pelos barcos que levam turistas a conhecer lugares como esse, pois foi o tempo de jogar ancoras e dar uma mergulhada, que teve que ser interrompida bem rapidamente por conta das minúsculas água-vivas que infestavam o lugar. Com algumas queimaduras que tiveram que ser tratadas com vinagre, fui tentar uma soneca, interrompida por uma horda de barcos chegando e fazendo a baia inteira ondular, sacudindo o barco em todos os sentidos.
Levantamos ancora e partimos para Chalong Bay em Phuket, um dos portos de entrada da Tailândia e onde iríamos encontrar nossos amigos do Cat-Mousses. Chegamos em quatro horas, ajudados pelo motor e velejando somente com a genoa, ancorando em cinco metros com trinta metros de corrente, e fomos rapidinho para o prédio onde operam simultaneamente a emigração, capitania dos portos e aduana, mas eles haviam acabado de fechar (quinze horas). Voltamos às nove horas do dia seguinte, já dia trinta, e fizemos a documentação de entrada na Tailândia, com uma autorização de ficar trinta dias. Talvez tenhamos que voltar para a Malásia antes de partir para Chagos, pois só podemos ir para Chagos em Março, então temos Janeiro e Fevereiro para ficar por aqui. Não me incomoda voltar para Langkawi, mesmo porque, talvez eu precise comprar uma transmissão nova para o motor Yanmar, pois o problema dos cones derrapantes esta cada vez pior.
No final do dia encontramos com o Cat Mousses e fomos juntos para terra, para fazer provisionamento dos barcos. Combinamos a comemoração para a passagem do ano, eu fazendo molho de macarrão com dois pacotes de rabada que comprei no supermercado local, a Lilian fazendo uma maionese de batatas, cenouras, maça e passas, a Dani do Cat-Mousses fazendo três pacotes de espaguete, e a Magali do catamaran Pirata, fazendo aperitivos para antes da ceia. Fomos, os três barcos, para a praia de Patong, para ver as comemorações por lá, que começaram as dezoito da tarde com balões de ar quente enchendo o céu, mais fogos de artifícios dos mais variados, e continuaram até as três da manha! Tudo correu muito bem e tivemos uma ceia maravilhosa, com ótima comida e bebidas, ótimos amigos, e apreciando um espetáculo ao mesmo tempo que diferente dos habituais, maravilhoso por conta dos balões e fogos, que não paravam e isso, acompanhados por muitos outros barcos também ancorados em Patong . Toda essa costa de Phuket, foram as áreas mais atingidas pelo Tsunami de 2004, e muita gente morreu por aqui. Não consegui parar de pensar sobre isso... Por conta disso, ancoramos bem fora, com doze metros de profundidade e cinqüenta de corrente.
Muito diferente o povo da Tailândia do povo da Malásia, mas muito simpáticos e prestativos, quando se consegue falar. O inglês é mais escasso por aqui.