"Dei ao projeto o nome de MaTaJuSi, pois não existe nada no mundo com esse nome, além de ser a primeira sílaba dos nomes dos meus dois filhos, Marcio e Tatiana, mais a do nome da minha ex-mulher e companheira de mais de 20 anos, Julie, mais a do meu nome, carregando assim comigo nessa empreitada, o que havia de mais importante na minha vida até aquele momento."
segunda-feira, dezembro 25, 2006
Compeão 2006 de Kart Endurance da Granja Viana!
bastante meu envolvimento com o kartismo durante 2006, mas acabei competindo junto com outros 3 pilotos no campeonato de endurance do kartodromo da Granja Viana e ganhamos o campeonato!
Os pilotos que correram comigo foram (esquerda) Alexandre Camargo, Paulo Farias e (direita) Fernando Gaspar. O Fernado foi meu parceiro no vice-campeonato de endurance de 2004. O Paulo, meu parceiro do campeonato de kart endurance do Parana em 2005 onde juntos com o Marcelo Richter e o Fabinho, conseguimos pela primeira vez trazer o campeonato para São Paulo, além de eu ter feito a pole. Na direita da foto, Felipe Giaffone.
Em 2005 fui vice-campeão da categoria Biland, juntamente com Reinaldo Yasbek.
segunda-feira, dezembro 18, 2006
A construção do Matajusi continua (5) ...
Aqui podemos ver o berço (base) onde será instalado o motor e a rabeta (parte que contém o helice que impulsiona o barco).
Nessa foto vemos o motor sendo instalado ainda seguro pelo guindaste.
Agora vemos a rabeta sendo instalada
No final, temos motor e rabeta acoplados e instalados
Na foto ao lado, vemos a instalação dos dois alternadores (dão carga às baterias) usados no motor do Matajusi. Seguindo o ditado que diz, "quem tem dois tem um", teremos sempre um alternador disponível. Esse motor da Yamar vem com um alternador original de 80 amperes. O alternador secundário escolhido foi um Balmar series 6, com 100 amperes de saida. Foi construido um suporte especial para manter o alternador em cima do motor, economizando espaço na passagem para a cabine de popa de bombordo (esquerda). Tenho a opção de usar os dois alternadores juntos, ou somente um, soltando a correia.
quarta-feira, dezembro 13, 2006
Estudos e pesquisas de um potencial navegador!
Como vocês devem imaginar, esse assunto é bastante extenso, e só posso falar sobre as pesquisas que já fiz, mas elas vão continuar até o Projeto Matajusi acabar. Isso porque as informações sobre os detalhes de cada perna, cada porto, cada ilha, cada oceano a ser navegado, cada ajuste das velas e equipamentos do barco ainda estarão sendo pesquisadas até o dia em que eu estiver me aproximando do porto, para completar a volta no planeta em que vivemos. E tem mais. Eu imagino que essas pesquisas darão início a novos projetos, que começarão antes mesmo do Matajusi acabar. Pois eu acredito, sem dúvida, que terei contraído o vírus da liberdade da vida no mar, da febre do conhecimento, da vontade de contar nossas histórias em outros lugares e de ouvir as histórias desses outros lugares.
Aqui segue uma lista das principais referências que eu usei e tenho usado no meu projeto, do amigo de infância Marcio Dottori ao guru dos cruzeiristas. Jimmy Cornell.
Marcio Dottori:
Livros lidos: Aventura no Atlântico Sul (esgotado)
Relata a travessia de ida e volta do Guarujá à Cape Town na África do Sul, em solitário, feito no Carapitanga.
Lógico que minhas primeiras conversas foram com o Marcio Dottori, meu amigo de infância de muitas jornadas, motocadas e aventuras, muitas delas a bordo de algum barco em algum lugar do litoral. No início de 1994, para comemorar o sucesso da abertura da Harte-Hanks da América Latina durante o ano de 1993, convidei minha mulher, filhos e alguns amigos e aluguei um iate de 45 pés com dois motores em San Juan, Porto Rico. Saímos de Fajardo, extremo Leste da ilha, e motoramos para Leste, até as ilhas de Culebra e Culebrita, ficando por lá uma semana, retornando para Porto Rico, sem incidentes. Marcio, com seu extensivo conhecimento nos esportes náuticos, foi uma presença importante nessa minha primeira aventura em travessias mais longas e assim, saímos e voltamos sem qualquer incidente.
André Homem de Mello:
Livros lidos: Diário de Bordo
Neste magnífico livro com fotos, André narra um dos maiores feitos da vela oceânica brasileira: a volta ao mundo em solitário, sem escalas, pelo Oceano Austral. A viagem empreendida por André Homem de Mello durou seis meses e foi feita através da região mais perigosa para navegação do planeta. Em sua rota, André percorreu 19.390 milhas náuticas pelo hemisfério sul do planeta. André também conta duas outras importantes viagens que havia feito antes. Uma delas de São Francisco na Califórnia ao litoral paulista, e a outra comemorativa dos 500 anos do Brasil, que refez a rota de Cabral do ano de 1500. Diário de Bordo empolga da primeira à última página e leva ao leitor muito mais do que emoção. Um livro para ser lido e vivido.Meu segundo consultor foi o André Homem de Mello, durante minhas buscas pelo barco que iria usar para o projeto Matajusi. Conversamos muitas vezes, trocando idéias sobre opções a seguir. André foi acompanhando cada mudança discutida no Matajusi, com conselhos próprios. Ele também foi quem me deu direções para pesquisar a travessia do Canal do Panamá. Com suas indicações, me comuniquei com o pessoal do Canal e hoje tenho toda a documentação e informação necessária para fazer a travessia.
João Sombra:
Livros lidos: Conversando com o Guardian
Conheci o Sombra na praia dos Vagabondos em Parati, quando eu e o Marcio fomos dar uma mergulhada para caçar e trouxemos muitos peixes para um churrasco de cruzeiristas que estava acontecendo naquela praia. Fiquei maravilhado com as histórias do Sombra! No final do churrasco, já tarde da noite, fomos dar uma carona para ele até o Guardian e tive a oportunidade de conhecer o Guardian e todos os amuletos mencionados pelo Sombra nos seus livros e conversas do mar. Encontrei com o Sombra mais algumas vezes, uma no Rio Boat Show, onde comprei seu livro “Conversando com o Guardian”, devidamente autografado e de novo no encontro organizado pela associação dos cruzeiristas, a ABVC, em Bracuhy. Depois disso, o Sombra me convidou para entrar no seleto grupo Guardian Group do Yahoo, do qual hoje faço parte.
Marçal e Eneida Ceccon:
Livros lidos:
Rapunzel – Uma família ao redor do mundo, Rapunzel nos mares do sul, Cozinhar a bordo,
Guia Náutico da Costa Brasileira.
Em dezembro de 1991 o veleiro Rapunzel largava as amarras e partia de Ubatuba - SP para uma viagem ao redor do mundo que durou 4 anos e meio.
Outros grandes cruzeiristas que conheci no Rio Boat Show foram o Marçal e a Eneida Ceccon. Na época, comprei vários livros autografados, mas não quis comprar o guia náutico da costa brasileira. Erroneamente, eu pensava que não iria precisar, já que navegaria direto do Guarujá até Trinidad! Pena, pois tive que comprá-lo depois e minha cópia não esta autografada. Pelo menos por enquanto não, mas com certeza vou pedir seu autógrafo na próxima vez que nos cruzarmos no mar. Visitei o Rapunzel e Marçal me mostrou o barco por dentro, seus equipamentos e instalações e conversamos um pouco sobre suas histórias. Foi ótimo ter visitado o Rapunzel, para poder relacionar algumas descrições nos livros do Marçal sobre as instalações do barco. Dentre os livros que já li alguns que mais gostei foram os livros do Marçal, que tem sempre alguma sátira engraçada sobre suas passagens.
Aleixo Belov:
Livros lidos: A Terceira Volta ao Mundo do Veleiro Três Marias.
No encontro da ABVC em Bracuhy, conheci também o Aleixo Belov e comprei seu último livro, no qual ele relata a sua terceira volta ao mundo. Como ainda não tinha lido os livros do Jimmy Cornell, desconhecia o problema que o Aleixo relatou, quando teve que desviar sua travessia do Tahiti (rota normal para quem vai cruzar o mundo pelos ventos alísios) para o Havaí, quando soube que estava chegando a época dos ciclones na Polinésia Francesa. Segundo ele, os livros que ele tinha lido sobre o assunto da estação de ciclones eram muito antigos e mencionavam estações de ciclones diferente das que ocorrem atualmente, errando portanto em algo que poderia ter trazido sérias conseqüências para sua última viagem. O Aleixo não tinha carta eletrônica e também não tinha as cartas detalhadas da rota até o Havaí, ficando bastante preocupado com os muitos obstáculos que existem por ali. Por sorte, e muita habilidade de um cruzeirista muito experiente, ele chegou são e salvo ao Havaí. Gostei muito da leitura do livro da terceira volta ao mundo de Aleixo Belov, pois ele relata muito suas necessidades de ajustes nas velas devido às esperadas mudanças de tempo, vento, mar e correntes.
Gunther Weber:A partir da minha decisão de construir um RO 400, Gunther Weber passou a ser meu grande consultor náutico, tendo participado de todas as decisões sobre as modificações do Matajusi. Fico impressionado com a memória do Gunther quanto às nossas conversas e decisões, e sempre que checo se um item discutido e concordado está sendo construído ou montado, a confirmação é sempre positiva. Sem ainda conhecer muito as diferentes opções na armação do equipamento vélico do Matajusi, Gunther me recomendou usar uma montagem diferente no RO 400, com duas catracas de cada bordo e o traveller atrás do cockpit, na frente das rodas de leme, quando normalmente os RO 400 construídos no Brasil têm o traveller montado na frente do dog-house. Gunther me explicou que essa montagem facilita a navegação em solitário, porque o comandante não tem que sair da área das rodas de leme para soltar a escota da vela mestra na frente do dog-house, principalmente em caso de rajadas fortes.
Jimmy Cornell:
Livros lidos: World Cruising Routes 5th Edition, World Cruising Handbook 3rd Edition, World Cruising Essentials.
Sites pesquisados: www.noonsite.com
O próximo grande influenciador nas decisões da minha rota foi o Jimmy Cornell. Tentei um contacto fortuito no e-mail do site dele e ele próprio respondeu. Comprei os 3 livros escritos pelo Jimmy para cruzeiristas e praticamente já li todos. Como esses livros são muito intensos em detalhes de cada área, pulei as áreas onde minha rota não vai passar. Acredito que seus livros sejam os mais importantes para quem vai se preparar para um cruzeiro, pois discutem todas as variáveis sobre cada aterragem, além de informar as melhores estações para se estar ali, e as piores. Outras informações muito importantes dos livros e do site são as documentações e processos legais para se entrar e sair de qualquer lugar no mundo, quando se chega por mar. Também tem informações sobre piratarias recentes, tripulantes procurando por barco e avaliação de muitos tipos de equipamentos usados nas travessias. Outra informação valiosa que pode ser encontrada nos livros e site do Jimmy são referências a livros e guias de navegação, e através dessas referências, comprei meu próximo livro.
Earl R. Hinz:
Livros lidos: Landfalls of Paradise – Cruising guide to the Pacífic Islands, 4ª edição
Nesse livro, Earl descreve a navegação no maior oceano do mundo e aquele com os povos mais amigáveis do planeta, segundo suas experiências. Considerada a bíblia de cruzeiro das ilhas do Pacífico, o livro cita algumas mudanças radicais que têm acontecido nas ilhas do Pacífico mais recentemente, como o “amolecimento” das regras de visita a Galápagos e nas ilhas do arquipélago de Tuamotu, a explosão do vulcão Rabaul, na ilha de New Britain na Nova Guiné, considerado um dos lugares mais bonitos do Pacífico, a mudança nos horários de Kiribati, decisão similar ao do nosso Presidente, que decidiu mudar o dia da troca de horário de verão do Brasil, mas “esqueceu” de modificar todos os sistemas do mundo, que automaticamente mudaram nosso horário para o previsto, e muitos vôos e reuniões foram perdidos. O guia do Earl Hinz é muito parecido com o do Jimmy, mas traz detalhes adicionais de cada lugar no Pacífico, pois é dedicado somente à essa região.
Ricardo Negrini: Ricardo, além de um experiente navegador e dono do segundo RO 400 construído no Brasil é também engenheiro elétrico e profundo conhecedor das opções para instalações dos equipamentos elétricos de um barco. Ele tem me ajudado na escolha e na montagem dos equipamentos eletrônicos do Matajusi. Um conselho muito interessante foi o de ter 3 bancos de baterias, um para arranque do motor, uma para os induzidos (bombas de porão, bombas de pressão) e uma para os eletrônicos, dessa forma evitando-se a interferência que induzidos podem ter sobre os equipamentos eletrônicos onde aparecem aquelas riscas nas telas. Ricardo esta também me ajudando com a montagem de um sistema de cargas de baterias com múltiplas formas de geração de energia, como alternadores, carregadores AC quando atracado em marinas, geradores a gasolina, de reserva, AC/DC, geradores eólicos e de arrasto na água e placas solares. Ricardo também me sugeriu alguns vídeos sobre navegação durante tempestades, como o Storm Tactics de Lin e Larry Pardey.
Lin e Larry Pardey:
Vídeo assistido: Storm Tactics
Vídeo bastante interessante e ilustrativo, onde Lin e Larry discutem e demonstram a preparação da embarcação antes de mau tempo, incluindo ajustes de velas e a opção de entrar em capa, que quer dizer, posicionar o barco de forma tal que ele se arraste meio de lado no temporal, criando uma esteira que inibe o estouro de ondas em cima do barco. Eles explicam e demonstram muito bem essa opção de se encarar tempestades em mar aberto, e descrevem os equipamentos usados e preparação desses equipamentos, como as âncoras de arrasto para diminuir a velocidade do barco evitando surfar e perder o controle, com possível capotagem, ou equilibrar o arrasto quando capeando.
Interessante são também as estatísticas anunciadas por eles sobre a porcentagem de tempo total de navegação em travessias oceânicas, onde os ventos são considerados acima do normal de cruzeiro, sendo na ordem de 6% para ventos fortes e 1% para ventos muito fortes, no nível de furacão. Lógico que em ocasiões como essas um comandante prudente deve procurar porto seguro, a não ser que esteja atravessando algum oceano onde o porto seguro está além dos limites de alcance, e nesse caso, deve-se procurar a área menos afetada pela tempestade, além de se preparar o barco para o encontro com a tempestade. Lembro de como ficou marcado na viagem do Marçal a tempestade que eles pegaram logo na saída de sua viagem, no caminho para Salvador, quando, depois de alguns dias brigando contra a tempestade, eles resolveram simplesmente deixar o barco em capa e ir dormir.
Centauro Navegador - Edwin Rudyard WolffDick:
Por ocasião do São Paulo Boat show de 2006, conheci o Edwin, conhecido como Centauro Navegador. Foi interessante ouvir de Centauro sobre suas capotadas! Foi também interessante ouvir sua opinião sobre navegar as tempestades ao invés de capear, pois, segundo ele, os veleiros novos tem fundo chato e, portanto não causam uma grande esteira quando arrastados de lado. Com isso, não teriam tanta influência sobre quebrar o mar antes do mar quebrar o barco. Capear ou não, eis a questão, e vou ter que testar o Matajusi nessas condições para decidir qual seria a melhor opção no meu caso.
Roberto de Barros Mesquita:
Livros lidos: Do Rio à Polinésia
“Cabinho" conta a sua iniciação no mundo da vela e sua viagem no final dos anos 60 entre o Rio de Janeiro e Tahiti num pequeno veleiro reformado. Gostei muito do livro do Cabinho, onde ele descreve como saiu do Rio a bordo do seu barco See Bird, modelo Light Crest, construído em compensado forrado com fibra, sem motor, e reformado por Cabinho para a inclusão de um mastro de Mezena, opção que depois de navegar meio mundo, retirou.
No Matajusi, ao invés de montar mais um mastro, estou adicionando um estai volante para montar uma vela de tempestade que seja menor do que a mestre rizada (abaixada) e mais ao centro do barco do que a genoa.
Outros livros lidos:
Albatroz: Livro escrito por Deborah Scaling Kiley, sobrevivente do naufrágio do Trashman, com 17 metros, que conta a história do naufrágio de um veleiro na costa leste dos Estados Unidos, onde, de cinco tripulantes, somente dois sobreviveram e mesmo assim, depois de muitos dias no mar, boiando em um caíque, sem comida ou água. Dos três tripulantes mortos, dois foram comidos por tubarões, ainda vivos, e a terceira, depois de morta. A idéia de se ler esse tipo de história não é para assustar, mas sim observar o que foi feito de errado, para, em situação similar, decidirmos por fazer o que for mais correto, promovendo a sobrevivência da embarcação se possível e dos tripulantes a qualquer custo.
Livros comprados esperando tempo livre para leitura:
Nos Mares do Sul: Considerado o melhor livro de travessias marítimas do século XIX, o livro de Robert Louis Stevenson, relata suas várias travessias pelas ilhas do Pacífico depois que, atacado de tuberculose terminal, decidiu ir viver seus últimos dias nesses paraísos.
The Panamá Guide: Escrito por Nancy Schwalbe e Tom Zydler, este guia tem a descrição de todas as baías e ancoragens dos dois lados do Panamá, Leste e Oeste, incluindo a travessia do canal do Panamá e a descrição das Ilhas de San Blas, com seus povos indígenas que se negam até hoje a misturar seus costumes com os do homem branco.
South Pacific Anchorages: Guia escrito por Warwick Clay descrevendo todas as ancoragens das ilhas do Pacífico, compreendendo a Melanésia, Micronésia, Polinésia, Nova Zelândia, Galápagos e Ilha de Páscoa.
Tenho certeza de que ainda vou ler muitos livros e guias, ver muitos vídeos, conversar com muitos comandantes e nativos experientes antes de chegar ao mesmo lugar, mas, vindo do lado oposto. Na medida do possível, vou relatando esses aprendizados e experiências nas minhas colunas, até o assunto ser tão intenso que seria mais bem divulgado se posto em formato do meu próprio livro, aí quem sabe, algum navegador iniciante poderia se basear também nas minhas experiências para acumular nas suas.
Fica muito claro que existem opiniões diversas entre os navegadores mais experientes e que cada comandante tem que tomar suas próprias decisões, baseado nas informações que tem em mãos e que essas decisões vão certamente variar entre um comandante e outro. A mudança mais clara em minha opinião está na disponibilidade de novos equipamentos usados nas travessias, mesmo sendo da opinião de alguns comandantes que esses equipamentos não são a prova de quebras e erros.
Até meu próximo relato onde estarei discutindo mudanças das idéias originais, pois projetos como esses não são como esculturas em pedra, mas sim, uma constante revisão dos planejamentos, até que se tornem trilhas percorridas.
sábado, dezembro 09, 2006
Projeto Matajusi na capa da Você S/A de Dezembro!
O projeto Matajusi foi matéria de capa da revista Você S/A de Dezembro, onde Silvio Ramos foi uma das 10 pessoas escolhidas para falar sobre projetos de vida. Silvio foi entrevistado e fotografado pela equipe de reportagem da Abril. Como o Matajusi não está ainda disponível para fotos, as fotos foram tiradas no Scirocco, o RO 400 número 1 fabricado no Brasil, que fica atracado na marina SupMar no Guarujá. A matéria explora o custo estimado do projeto e as economias e investimentos que Silvio fêz para concretizar seu objetivo de construir o veleiro-escritório.
Silvio Ramos na nova diretoria da ABVC!
Confira na Nautica!
sexta-feira, dezembro 08, 2006
Projeto Matajusi na revista Nautica de Novembro!
quarta-feira, dezembro 06, 2006
A construção do Matajusi continua (4) ...
A primeira foto nos mostra o deck, ainda de ponta cabeça, sendo feita a colagem do contra-molde do deck. Depois do deck preparado, ele vai ser montado e ajustado, em preparação para a colagem do deck com o casco.
Essa segunda foto mostra o interior do barco, da proa para a popa, onde podemos ver as cabines de bombordo e boreste (esquerda/direita) onde ainda serão instaladas as camas e armários, e o lugar no centro onde ainda vai ser instalado o motor.
Agora podemos observar o interior do barco, da popa para a proa, vendo a divisória estrutural que separa a cabine de proa da sala. Já podemos ver também o piso da sala, ainda um piso de serviço, e um pedaço dos dois tanques de agua do barco, um de cada lado.
Nessa próxima foto podemos observar o deck montado no casco, em preparação para ser colado, com a ajuda desses equipamentos que mantem as bordas de contato sobre pressão. Essa é a primeira de quatro montagens, que são feitas para o ajuste perfeito de todos os contatos entre o deck e o casco.
E finalmente, o primeiro teste do barco fechado, mantido nos guindastes para o próprio peso do deck ajudar nos ajustes finais antes da colagem com o casco.
terça-feira, novembro 28, 2006
Detalhando a Rota e ajuda de irmão velejador de Natal:
Comecemos pelas ferramentas de trabalho, os sistemas de navegação eletrônica e a internet:
Uso basicamente dois sistemas de navegação. Um deles é muito popular, chamado MapSource versão 6.10.2, já o conheço há muito tempo e tenho boa familiaridade com ele. O outro é mais recente, e faz parte do sistema de navegação eletrônica do Matajusi. Ele chama-se RayTech Navigator versão 6.0 build 6275, da Raymarine. O MapSource usa cartas digitais da Garmin, muito boas para os Estados Unidos e Europa, mas pouco detalhadas e com muitos erros grosseiros para todo o resto do mundo. Já o RayTech, assim como o sistema E 80, da RayMarine usa as cartas digitais da Navionics no formato Gold CF.Eu já tenho as cartas mais recentes da Navionics para a América dos Sul, Caribe, América Central e Pacífico. Ainda faltam as costas Leste, Sul e Oeste da África do Sul, Oceano Índico e mar de Arafura (ao norte da Austrália). Eu já solicitei (mas ainda não recebi) as cartas mais recentes para o MapSource, portanto uma comparação entre elas fica para o futuro.
Além das cartas internacionais, recorro a vários guias locais. Para a costa brasileira, consulto o do Marçal Ceccon. Para as ilhas do Pacífico, o Land Falls of Paradise, de Earl R. Hinz. Isso, lógico, além da bíblia de cruzeiros globais, o World Cruizing Routes, do Jimmy Cornell. Pela internet, acesso o Google Earth Plus, que uso para uma "olhada aérea" sobre os portos e costas por onde vou passar. Algumas dessas áreas têm imagem bem limpa e sem nuvens, como a Cidade do Cabo na África do Sul, onde quase podemos ver as placas dos carros passando pela estrada ao lado das marinas.
Juntando os dados:
Começo o detalhamento sempre lendo a informação no guia disponível para a área. Depois, eu consulto a carta digital e, por último, "tiro uma foto" aérea do local, usando o Google Earth. Os pontos de referência no Google Earth vão servir para referência visual quando eu passar por aquele lugar. Assim, vejo os detalhes explicados no guia, detalhados na carta, e fisicamente visíveis na foto por satélite. O sistema RayTech, assim como o E 80, permite a sobreposição de múltiplos tipos de cartas digitais com a posição do barco medida por GPS, fotos digitais do local, a imagem gerada pelo radar dos obstáculos rastreados e até os detalhes do fundo medidos pela sonda. Tudo isso nos dá a segurança de estarmos no lugar em que deveríamos estar. Lógico que aqui vale uma ressalva, pois muitos comandantes (principalmente os mais antigos) acreditam que toda essa parafernália eletrônica sempre pode parar de funcionar no lugar errado e na hora errada. Pra ser sincero, acho que eles têm um pouco de razão, mas se tivéssemos continuado a acreditar que a terra era quadrada, nunca teríamos dado a primeira volta ao mundo.
Ilustrando esse detalhamento:
Exemplo, Natal: Vamos supor que estamos navegando pela costa Norte do Brasil e queremos entrar em Natal para descansar, reabastecer ou mesmo para esperar até o mau tempo passar. Usando o Guia Náutico da Costa Brasileira, do Marçal Ceccon, na página 28 temos uma figura com o detalhamento da rota de entrada em Natal. Usando as informações ilustradas pelo Marçal, criamos uma rota exatamente idêntica à sugerida por ele, usando nosso sistema de navegação RayTech, plotando tudo sobre a carta digital do Leste da América do Sul. À medida que fazemos isso, vamos checando as referências do guia na carta digital. No final, temos algo bastante equivalente às referencias feitas pelo Marçal:
A notar, existe uma bóia verde fora da entrada do porto de Natal na carta digital, mas ela não está mencionada no guia. Nessa altura, temos que fazer uma avaliação mais detalhada. Vamos ao Google Earth e damos um zoom sobre essa mesma área de Natal. No Google Earth podemos ver exatamente a área indicada pelo Marçal, com vários barcos e veleiros ancorados. Podemos ver também barcos do outro lado (NW), a direção das ondas, o recife Cabeça de Negro mencionado no guia e na carta digital. No entando, não conseguimos confirmar ou não a existência da bóia verde da carta. Ainda assim, com toda essa informação, já me sinto mais apto para aterrar e ancorar em Natal.
Esse trabalho de detalhamento é feito para toda a rota. As informações são guardadas em arquivos digitais para serem usadas depois, durante a viagem. Outro trabalho de preparação consiste na análise detalhada das cartas digitais, e não somente nos portos. Eu anoto os perigos da navegação na rota, na forma de waypoints e círculos de zona de perigo, para me alertar se a rota real chegar perto desses perigos. Como exemplo, vou ilustrar a rota entre Rarotonga e Tongatapu no Sul do Pacífico, onde existem perigos no caminho, alguns ainda sem registro nas cartas.
Começo a pesquisa no guia de cruzeiro (World Cruizing Routes) do Jimmy, pagina 397. Ali ele detalha essa rota e menciona alguns perigos conhecidos, como o Harran’s Reef e o Albert Meyer Reef, e comenta dois acidentes conhecidos naquela região. Um veleiro bateu em obstáculo não identificado nas cartas na posição estimada de 21°43’ S com 167°46’ W durante a noite, afundando logo em seguida. Essa posição não esta marcada em nenhuma carta disponível. Na dúvida, o que faço? Entro a posição na minha carta digital, marco com o ícone de perigo e coloco um círculo em volta para me alertar no caso de estar navegando por aquela área.
Noto o NoName Reef pegado ao Harran’s Reef, demarcado na carta. Jimmy menciona outro acidente com um veleiro que foi afundado por uma onda gigante na altura do Breaker’s Reef. Esse recife está marcado na carta, então realço ele com meu próprio waypoint, além do ícone de perigo e o círculo em volta, que não podemos ver nesse nível de zoom, mas que fica muito evidente quando estou em zoom de navegação. Agora vou ao Google Earth e faço as mesmas marcações:
Noto que os waypoints estão muito distantes das formações que se vêem nas fotos do satélite. Acredito que isso seja parte da falta de acuracidade das marcações de latitude e longitude do Google, muito por causa da curvatura da terra, onde essas linhas são aproximadas e não reais. Mas, de qualquer forma, consigo perceber que tem algo por ali, e que é necessário tomar todos os cuidados necessários para não estar em nenhum desses lugares com recifes desconhecidos e onde estouram ondas gigantes.
Outro trabalho que faço é comparar as informações dos guias com as das cartas e as do Google Earth. Anotei no Google os waypoints do Albert Meyer Reef do livro do Jimmy, e os relacionados na carta digital, e fiz uma medição contra a imagem que aparece de uns recifes no Google Earth e noto as diferenças! O waypoint do livro do Jimmy está a 46,04 milhas do recife na foto do Google e o waypoint da carta está ainda mais longe, diferindo também da anotação feita pelo Jimmy. Ou seja, além de termos que nos ater aos mínimos detalhes de todas as informações disponíveis, tanto nas cartas náuticas, como nas cartas digitais e nos guias náuticos, temos também que ficar de olhos constantemente atentos ao nosso redor, além de deixar os nossos ouvidos abertos para os mais experientes, como os nativos locais. E, além de tudo isso, conforme mencionei no meu último relato, devemos considerar a nossa estrela, o nosso santo e a nossa sorte, pois de nada adiantariam todo esse detalhamento, se tivermos o azar de estar no lugar errado, na hora errada, como a exemplo dos dois veleiros perdidos mencionados acima.
Conforme já disse anteriormente, cada comandante vai definir o seu barco, as suas rotas e os seus métodos. Eu espero que meu método venha a ajudar alguns desses novos comandantes do futuro, que, como eu, vão acreditar que a era digital veio para ficar e para ajudar.
No próximo relato, voltarei a falar sobre a construção do barco, algumas mudanças do plano original e os próximos passos estimados para o andamento do projeto.
Nosso irmão de mar Nelson Mattos Filho, nos mandou o seguinte comentario, confirmando a existência da boia verde na entrada do porto de Natal:
"Olá Silvio Ramos, sou velejador, cruzeirista, sou de Natal/RN. Moro com minha esposa em um veleiro velamar 33 com o nome AVOANTE I, estamos fazendo um cruzeiro pelo Nordeste brasileiro. Por enquanto estamos de volta a Natal. Participamos da ultima regata Recife-Fernando de Noronha, e resolvemos dar uma passada em nossa terrinha. Lí seu artigo na Nautica On-line, com o titulo "Detalhando a rota com auxilio de guias e eletronicos ". Voce exemplificou a Carta do Porto de Natal, e falou da Boia Verde, na entrada do canal, e não ter certeza de sua existencia. Ela existe sim e esta muito bem detalhada nas cartas nauticas. Quero dar os parabéns pelo projeto MATAJUSI, e dizer que se precisar de alguma colaboração de nossa parte, pode contar desde já."
Essa colaboração dos irmãos de mar definem bem um dos objetivos desse projeto, compartilhar informações sobre nossas travessias e aventuras pelos mais longínquos cantos do mundo!
sexta-feira, novembro 24, 2006
Almoçando com Izabel Pimentel e Ricardo Negrini:
quinta-feira, novembro 23, 2006
Me Despedindo do kartismo!
Visita de Secretarios do Estado de SC ao Matajusi!
quarta-feira, novembro 22, 2006
A construção do Matajusi continua (3) ...
Aqui a área onde será instalado o motor do Matajusi. A abertura que vemos no casco é para acomodar a rabeta do motor.
Esse é o motor do Matajusi, um Yamar 3JH4E a diesel, de 4 tempos, com 3 cilindros, 40 cavalos, injeção direta, consumo de 2,2 galões/hora e pesando 173 kilos. Ele trabalhará com a rabeta SD50 pesando 40 kilos, instalada invertida com relação à essa foto.
Agora vemos o Matajusi por dentro, antes do deck fechar o barco. Visíveis em primeiro plano vemos o contra-molde de popa, e as duas cavernas que serão usadas para a instalação dos tanques sobressalentes de diesel, com 150 litros cada. Em segundo plano o pessoal do estaleiro trabalhando, e em terceiro a cabine-suite de proa.
Na foto ao lado, vemos os contra-moldes sendo furados para a instalação das tubulaçoes do banheiro de popa, tanques de agua e conduites.
quinta-feira, novembro 16, 2006
Ajuda do grupo Navegando por el Mundo (NpeM):
Esse cruzeiro tem o propósito de testar o Matajusi em condições mais radicais de mar e vento e terá o suporte de velejadores Argentinos, bons conhecedores daquelas aguas.
Ainda não existe data planejada para essa primeira aventura internacional do Matajusi, que vai depender das sugestões de datas dos parceiros de vela da NpeM.
Silvio Ramos no Conselho da ABVC!
Fernando, assim como os outros membros da ABVC, ficaram bem impressionados com a velocidade com que Silvio conseguiu o atual nivel de divulgação do projeto Matajusi.
quarta-feira, novembro 15, 2006
segunda-feira, novembro 13, 2006
A construção do Matajusi continua (2) ...
Foto dos contramoldes de popa e proa (fundos), com o de popa já com as tubulações e conduites adicionais para a passagem dos fios de equipamentos a serem instalados na targa (Antenas GPS e satelite, placas solares, cameras) e espelho de popa (DuoGen, dessalinizador).
sexta-feira, novembro 10, 2006
quinta-feira, novembro 09, 2006
terça-feira, outubro 31, 2006
Layout do barco com nome e logo:
segunda-feira, outubro 23, 2006
As Modificações do Barco:
domingo, outubro 22, 2006
よい旅行 Matajusi
sexta-feira, outubro 20, 2006
Grafico de acessos, depois do ultimo email!
Minha lista de distribuição esta crescendo, mas no email de ontem, muitos não receberam, pois o nosso IP estava registrado em um dos sites de spam! Problema corrigido, depois mando novamente para os que foram excluidos.
Essas medições, são um excelente argumento para que potenciais patrocinadores se interessem pelo projeto, pois o nivel de exposição do projeto esta crescendo bastante.
A Nautica Online tambem teve uma chamada na primeira folha, mas para a nova coluna sobre a construção do MaTaJuSi na Nautica, então isso não refletiu aumento de acesso nesse blog.
Mas, sintam a vontade em distribuir esse blog para seus amigos, e não se esqueçam de me deixarem seus comentarios com sugestões e pedidos.
quarta-feira, outubro 18, 2006
O Casco do MaTaJuSi!
Pedaço a pedaço, o sonho vai se materializando!
Agora estou envolto com alguns componentes que vou precisar na viagem, como as cartas digitais de todos os lugares por onde posso passar, o gerador de arrasto, com uma novidade encontrada nas minhas pesquisas sendo o DuoGen, um gerador que trabalha tanto com o vento, qdo o barco esta ancorado, qto com a agua, qdo o barco esta navegando.
Na especificação do DuoGen consta que ele gera mais de 20 amperes qdo o barco esta navegando a 8 nós! Isso seria mais do que suficiente para manter o Piloto automatico, Radar, GPS, e medidores de vento e velocidade, ligados, sem acabar com o banco de baterias dos eletronicos. Mas, temos que testar toda essa teoria para provar que realmente funciona!
Matéria publicada na revista Mercado Brasil:
www.editoramercadobrasil.com.br
Velejar e trabalhar
Lidar com altos níveis de risco. É assim que Sílvio dos Passos Ramos, gerente comercial da Harte-Hanks para a América Latina, define a ousadia que fará em 2007 a bordo de um RO 400 sem deixar de trabalhar. Numa fase de resultados, uma vida confortável e da prospecção da aposentadoria, Ramos decidiu diminuir o ritmo de adrenalina que ele gosta como dirigir carros, motos, barcos e tudo que inclui alta velocidade.
Incluindo as corridas de Kart há cinco anos – tempo de conquistas em alguns campeonatos – e participar das 500 milhas de Kart da Granja Viana com os melhores pilotos da atualidade como Rubinho Barrichello, Felipe Massa, Kannan e Juan Pablo Montoya. “Quero usufruir daquilo que construí até então, mas continuo agregando bastante valor à empresa para a qual trabalho e, por isso, não quero parar agora. Portanto, a única opçãoseria montar um escritório a bordo” , explica. A escolha pelo mar vem de uma paixão antiga, desde os 17 anos ele mergulha em muitos lugares do Brasil e do mundo, pratica também apnéia e caça submarina. “Minha idéiaé diferente de outros velejadores como Aleixo Belov, que conheci há pouco em Bracui e que já deu sua terceiravolta ao mundo a vela, e da família Cecon, que decidiu morar num barco ao dar a volta ao mundo”. Ramos afirma não ter nascido e crescido com esse objetivo.
Ele conta que tudo começou como resultado do crescente interesse pela navegação à vela, combinado pelo gosto por risco. “O risco da alta velocidade vai diminuir, mas outros riscos a serem discutidos nos próximos capítulos devem substituir a alta velocidade”, acredita. A maior experiência na vela Ramos realizou no Caribe em 2003, da ilha de Granada até a Ilha de Union, quando, sem nunca ter saído sozinho em um barco à vela, alugou um de 40 pés, e, na companhia então da esposa, Julie, passaram 10 dias navegando entre Granada, Carriacou, Union, PSV, e de volta a Granada.
O projeto atual chamado Matajusi – iniciais dos nomes dos filhos Márcio e Tatiana e da ex-mulher e companheira de muitos anos, Julie. “Já encontrei o barco e fiz a seleção de estaleiro. Estamos no momento finalizando o desenvolvimento da rota”.
Atualmente, o gerente comercial intensifica os estudos e pesquisas necessárias para preparar a realização do projeto, somado aos ajustes iniciais, documentação, seguros e outras providências do ponto de vista financeiro. Nos preparativos finais está a partida oficial, que será do Guarujá, em São Paulo, estimada para o início do próximo inverno. Ramos deseja aproveitar ventos e correntes mais favoráveis para a subida da costa do Brasil.
Aos 58 anos e com muita disposição para encarar mais uma aventura, ele conta que a família está acostumada com os projetos dele, considerado perigosos. "Coincidentemente, com esse eles estão mais apreensivos. Mas também me conhecem e sabem que quando decido por um projeto, tem duas posições que eles podem tomar, vem comigo, ou saem da frente", brinca.
Quanto ao nome do projeto – Matajusi –, foi uma forma que ele encontrou para carregar a família junto nesta empreitada.
Para montar um escritório dentro do barco de 40 pés, construído no estaleiro ILS, foram necessárias algumas modificações. “As principais alterações são com relação aos reforços de vela, mastro e estaiamento, a inclusão de uma vela de tempestade (tormentim), a preparação dos conduites de cabos para as diferentes opções de cargas das baterias e conexões via satélite para ter acesso a e-mail durante toda a viagem”, explica.
Ramos também fala da atenção especial aos equipamentos de abandono do barco em caso de necessidade, como uma balsa, mantimentos e um dessalinizador manual. “Estou treinando um recurso na empresa onde trabalho, para centralizar toda a correspondência de mim e para mim, assim os e-mails que vou ler e responder já terão sido filtrados e sumarizados, para facilitar na comunicação via satélite e diminuir custos de comunicação”. Outras necessidades são os espaços para guardar os mantimentos e equipamentos que levará, além do uso de uma das três cabines do barco como uma oficina e paiol.
segunda-feira, outubro 16, 2006
Rota Prevista:
Encontros no São Paulo Boat Show
sábado, setembro 30, 2006
A Escolha do Barco
sexta-feira, setembro 29, 2006
Por que uma volta ao mundo?
Diferentemente de outros velejadores como Aleixo Belov — que já deu sua terceira volta ao mundo a vela — ou a família Ceccon — que decidiu morar em um barco e dar a volta ao mundo — eu não nasci e cresci com essa idéia de volta ao mundo ou morar em um barco. Isso se desenvolveu como resultado do meu crescente interesse pela navegação a vela, combinado a meu gosto por riscos. O risco da alta velocidade vai diminuir, mas outros riscos a serem discutidos nos próximos capítulos devem substituir a alta velocidade.
Minha maior experiência na vela foi uma travessia que fiz no Caribe em 2003, da ilha de Granada até a Ilha de Union, quando, sem nunca ter saído sozinho em um barco a vela, aluguei um veleiro de 40 pés da Moorings e, na companhia de minha então esposa, Julie, passamos 10 dias navegando entre Granada, Carriacou, Union, PSV e de volta até Granada.
Fora uma vela mestra rasgada — quando eu navegava com todo pano bem próximo à costa de Carriacou e não vi uma tempestade chegando — e alguns dribles das fortíssimas correntes na “kick them Jenny” e na entrada na baía de Clinton, em Union Island, a viagem foi muito boa e meu deu um gosto por aventuras à vela.
De repente, reuniram-se todos os ingredientes necessários para desenvolver esse projeto de volta ao mundo: uma vontade de fazer mais viagens como a de Granada; algumas economias que me possibilitassem a construção de um barco a vela; adicionados a meu gosto por risco, tive todos os ingredientes necessários para desenvolver esse projeto de volta ao mundo. Lógico que eu deveria começar por umas viagens longas pela costa do Brasil, mas aquele gosto pelo risco, me pegou de novo!
Nos próximos relatos, estarei discutindo:
a procura do barco;
a escolha do estaleiro;
as modificações feitas no barco para esse tipo de viagem;
o desenvolvimento da rota, com definição das datas de partida e de passagem por cada perna definida;
estudos e pesquisas necessários para o projeto;
os ajustes às idéias iniciais;
a documentação necessária, seguros e outras providências do ponto de vista financeiro;
Tudo isso continua até os preparativos finais e a partida oficial, que será do Guarujá em São Paulo e esta estimada para o inicio do inverno de 2007, para aproveitar ventos e correntes mais favoráveis para a subida da costa brasileira.
Mas minha idéia não é parar por aí. Os capítulos seguintes serão escritos do próprio barco e relatarão cada perna da viagem, até o termino dela, estimado para Dezembro de 2008, cruzando o Atlântico de Cape Town na África, passando por Santa Helena e chegando de volta ao Guarujá.
Dei ao projeto o nome de Matajusi, pois não existe nada no mundo com esse nome, além de ser a primeira sílaba dos nomes dos meus dois filhos, Marcio e Tatiana, mais o nome de minha ex-mulher e companheira de muitos anos Julie, e o meu, Silvio, assim, carregando comigo nessa empreitada, o que há de mais importante na minha vida até esse momento.
Até o próximo relato!
terça-feira, setembro 19, 2006
Quem sou eu e o que é o Projeto Matajusi
Voltando a minha apresentação, sou brasileiro, tenho 58 anos, divorciado 3 vezes e com dois filhos, a Tatiana com 27 anos, do segundo casamento e o Marcio com 19, do terceiro. Sempre fui um apaixonado pelo mar. Tenho casa em Juquehy, barco a motor em Barra do Una, e pratico mergulho em apnéia e caça submarina desde os 17 anos de idade, tendo mergulhado em muitos lugares do Brasil e do mundo.
Entre os amigos e colegas de trabalho, minha característica mais conhecida é gostar e lidar bem com altos níveis de risco. Gosto de velocidade em quase tudo que faço. Dirigir carros, motos, lanchas, trabalho e tudo mais em alta velocidade, além de correr de kart há cinco anos, tendo ganho muitas corridas, e conquistado alguns campeonatos. Participando das 500 milhas de Kart da Granja Viana já tive a oportunidade de correr com vários dos melhores pilotos da atualidade, como Rubens Barichello, Felipe Massa, Tony Kanaan e o colombiano Pablo Montoya.
Há algum tempo venho analisando os níveis de risco a que me submeto no meu dia a dia, e resolvi investir na diminuição deles, principalmente nos relacionados às altas velocidades.
Sou amigo de infância do Marcio Dottori, quem eu considero o maior especialista em barcos do Brasil. Ele sempre me incentivou a desenvolver minhas habilidades na vela. Tenho livre acesso e navego bastante sozinho com o Carapitanga, o veleiro de 29 pés que o Marcio usou para cruzar o Atlântico até Cape Town, na África do Sul.
Profissionalmente, sou gerente geral de uma multinacional americana, responsável pela região da América Latina, com escritório no Brasil, e trabalhando na abertura de escritórios no México e Argentina. Estou em uma fase onde os resultados do meu trabalho já me garantem uma vida confortável, e em alguns anos devo estar me aposentando para curtir o resto da vida, usufruindo do que construí até então.
Toda essa introdução serve para explicar um pouco a razão pela qual resolvi desenvolver um projeto que vai me levar a dar a volta ao mundo em um barco a vela. E é sobre esse projeto que vou escrever.